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História Nada Ficou no Lugar - Posso escutar meu coração cantar


Escrita por: MissParrilla1

Notas do Autor


Um capítulo amorzinho pra vocês.
Me perdoem os erros e façam uma boa leitura <3

Capítulo 5 - Posso escutar meu coração cantar


Já estava no sétimo episódio consecutivo de sua série mais amada, Friends, quando decidiu por fim fechar a porta que dava para a varanda. O vento frio que entrava a proporcionava calafrios mesmo com o cobertor quente que a aquecia. Já que havia criado coragem para levantar foi até a cozinha e colocou água para esquentar a fim de fazer um chá quentinho. Enquanto esperava as bolhas da água começarem a subir, ela voltou sua atenção à janela de vidro que se posicionava acima da pia. Era o dia mais frio desde que chegou a cidade, o sol não aparecera durante quase toda a tarde, dando espaço a um conjunto de nuvens acinzentadas que ameaçavam cair a qualquer momento.

 Regina quase podia ouvir a felicidade de Zelena se ela estivesse ali. Diria que era o motivo perfeito para fazerem chocolate e passarem o dia deitadas na cama vendo filmes em preto e branco, enroladas até o pescoço. A falta que sua irmã mais velha fazia causava uma dor que chegava a ser física, um aperto, “porque temos que crescer?”, ela se perguntava sempre que lembrava de Zelena.

O resto do dia passou arrastado. Alternou entre séries, filmes e livros, sempre acompanhados de xícaras de chá. Não queria sentir-se ansiosa com seu trabalho que começaria no dia seguinte então ocupou sua cabeça com tudo que pôde. Ou ao menos fingiu que ocupou. Mesmo sua trigésima releitura de seu livro favorito, Orgulho e Preconceito, não conseguia impedir que sua mão suasse e seu coração acelerasse com o mínimo pensamento sobre o dia seguinte. Ficava dizendo para si mesma que tudo daria certo, seria uma ótima oportunidade e assim poderia alcançar seu tão sonhado sonho de se tornar uma verdadeira associada na firma.

 

****

 

O despertador alarmou a exatas 7 horas da manhã, mas seu uso poderia facilmente ter sido dispensado já que Regina se acordara antes das 6 depois de ter ido dormir as 3 da madrugada. Mesmo com poucas horas de sono regados de pesadelos levantou com disposição, a primeira impressão é muito importante em um novo trabalho, e por isso precisaria parecer determinada e principalmente bem acordada. Escolheu uma saia lápis preta que ia até seu joelho e uma blusa branca comprida com alguns detalhes rendados e finalmente nos pés um salto muito alto, como sempre. Seu cabelo liso estava solto e sua boca vermelha contrastava com sua pele.

O taxi a levou até o outro lado da cidade para o endereço por ela entregue, até chegar a Locksley LTDA e sua fachada imponente. O seu interior se assemelhava a qualquer outra empresa, pessoas correndo para todos os lados, mesas, salas.

- Bom dia, posso ajuda-la? – Um homem de terno se adiantou antes que ela se dirigisse ao que parecia ser a recepção.

- Hm, meu nome é Regina, Regina Mills.

-Oh sim! Regina, a advogada, certo? – Ele não esperou que ela respondesse. – Venha comigo. E por acaso eu sou Neal, trabalho na empresa e... – Ele foi explicando tudo que ela precisava saber enquanto lhe mostrava o lugar e Regina o acompanhava por entre os corredores. – Essa vai ser a sua sala, não é tão grande, mas a vista é maravilhosa, olhe lá. – E ele estava certo, não era tão grande, mas o suficiente para parecer aconchegante. A vista realmente lhe arrancou suspiros. A grande janela de vidro atrás de sua mesa revelava a vista da floresta e das montanhas como em uma foto ampliada e cem vezes mais real.

- Então? Difícil se acostumar com a cidade pequena depois de morar em Nova York? – Ele estava encostado na prateleira vazia que se posicionava na parede do lado direito.

- Não posso dizer que está sendo fácil. – Os dois sorriram.

- Bom, já que conheceu a sua sala, venha... Vou apresenta-la ao vice-presidente da empresa.

Ele a conduziu a uma sala que ficava no fim de um enorme corredor e entrou, com Regina ao seu lado, sem pedir que o anunciassem, o que fez a morena entender que ele deveria ter algum poder ali.

A sala era enorme e a parede de vidro atrás da mesa mostrava a mesma paisagem vista de sua sala, mas com um brilho ainda mais vivo, seja pela mobília do lugar que era toda em madeira entalhada com diversos desenhos que ela não os reconheceria agora, ou pelo enorme castiçal que descia do teto no meio do lugar, ou ainda pela enorme lareira que queimava e tornava o lugar um pouco mais quente. Tudo isso seria completamente associado em sua cabeça em algum momento mais tarde, mas agora a única coisa que ela sentia era o choque de ver quem sentava do outro lado da mesa. “Ai meu Deus, ele é meu chefe!”.

- Robin, essa é Regina Mills, a advogada que estávamos esperando. – Neal se adiantou não percebendo o clima confuso que se estendeu quando entraram.

- Regina Mills! É claro! – Ele quase gritava enquanto ficava em pé a fim de chegar próximo a ela. – Eu não acredito! – Ele ria enquanto se aproximava demais dela.

- Você é o meu chefe! Que ótimo. – Ela lutou com afinco para não revirar os olhos, o que o fez rir.

- Eu... Eu não estou entendendo, vocês já se conheciam? – Os dois finalmente olharam para a Neal por alguns segundos.

- Sim, sim. Você pode nos deixar a sós, Neal? Tenho assuntos a tratar com a senhorita Mills. – O mesmo sorriso brincalhão que Regina já vira antes dançava pelos lábios de Robin enquanto ele falava com o outro rapaz sem tirar os olhos dela.

Ele disse que ela o procurasse caso precisasse de algo e saiu da sala.

-Então eu venci! Finalmente descobri o que a trouxe a cidade.

- Não acho que constatar o que eu vim fazer aqui depois de ouvir de alguém que trabalha aqui – Ela enfatizou as ultimas palavras. – considera-se que você venceu.

- Eles me disseram que um advogado viria, por isso não me passou pela cabeça que seria você. – Ele disse enquanto abria uma garrafa de vinho.

- Algum problema por eu ser mulher? – Sua voz foi cortante e fria, ela jamais deixaria que tirassem o credito de seu trabalho por causa de machismo idiota.

-Não! De jeito nenhum, eu só... – Ele pareceu se assustar com o tom que ela usou, pois largou as duas taças em cima da mesa e voltou sua completa atenção a ela.

- É só que em seu estupido plano pra descobrir quem eu era, foi impossível imaginar que eu seria uma advogada?

- Não Regina, eu juro, eu... Me desculpe se essa foi a impressão que causei – Ele a tocou pelo braço, ficado a poucos centímetros de distância do rosto dela e na face ele tinha um semblante visivelmente desconcertado.

-Bom... Acredito que não tenha nada para tratar sobre negócios no momento. – Ela disse se afastando do seu toque. – Neal já me deixou diversos documentos para que eu possa revisar, então, estarei em minha sala, qualquer coisa que precisar.

-Eu preciso que fique e tome uma taça de vinho comigo, para que possamos conversar.

-Eu não tenho tempo para isso. De novo, se precisar, Senhor... – Ela deitou a cabeça para olhar a plaquinha na mesa. – Locksley – Ótimo, não era só o vice-presidente, era o dono!- estarei em minha sala. – Ela saiu depressa sem olhar para trás.

O resto da manhã foi tranquilo, ela conheceu algumas pessoas, como sua assistente Jasmine que passou a maior parte do tempo indo buscar café para ela. O sono da noite mal dormida finalmente resolveu aparecer. Começou a organizar todos os processos, quem quer que tenha sido o advogado antes dela deixou tudo uma bagunça que ela levaria dias para ajeitar. Então decidiu que esse seria seu trabalho essa semana, antes que pudesse começar a revisar todos.

Enquanto lia um por um para determinar em qual caixa os colocaria relembrou como tinha sido rude mais cedo com Robin. Ela odiava que fosse julgada por ser mulher. O mundo inteiro, mas principalmente o mundo jurídico pode ser muito cruel com aqueles que não tem um órgão no meio das pernas, e esse tipo de coisa realmente a chateava. Mas menospreza-la não parecia ter sido a sua intenção, e ela bem sabia que toda aquela raiva não era só pelo o que ele tinha dito. Imaginou se pediria desculpas, já que ele era o seu chefe. Não! Não o procuraria para isso e chega de pensar em Robin, tinha coisas mais importantes com o que se preocupar, como descobrir se o antigo advogado deixara tudo daquele jeito por vingança ou algo do tipo.  Já passava das 19 horas quando ela se deu conta de olhar o relógio.

- Trabalhando até depois do horário no primeiro dia. Hum, deve estar tentando impressionar o chefe. – Ela não conseguiu conter o riso reconhecendo a voz de quem entrara em sua sala.

- Eu consegui impressionar? – Ela levantou do chão, onde sentara para melhor organizar a enorme papelada, e se apoiou na mesa.

- Trabalhando até mais tarde e recusando bebidas alcoólicas no primeiro dia, bom, impressionou um tanto sim. – Ela podia observa-lo parado na entrada da porta. Ninguém diria que ele era o chefe ali, usando as mesmas roupas que ela já o vira usar das outras vezes, camisas simples e jeans.

-Então o vinho era um teste? – Ela soava sarcástica.

-Claro, acha mesmo que saio oferecendo vinho a todos os funcionários no primeiro dia? – Os dois riram juntos e ele foi até próximo à mesa, mais uma vez, chegando muito próximo a ela. – Me desculpe de verdade, se eu passei a impressão errada quando falei...

- Tudo bem, eu fui um tanto rude demais com você também então... Peço desculpas também.

- Bom, já passou o horário de trabalho então acho que você pode tomar uma taça de vinho comigo enquanto eu a ajudo com... Isso. – Ele olhou em volta para todos os papeis e caixas no chão fazendo-a rir.

- Isso – Ela apontou para o chão. – Vai levar mais do que uma taça de vinho e eu estou com fome, então estou indo para casa.

- Eu pedi comida. – Ele piscou para ela fazendo-a morder o lábio e abrir um sorriso.

 Comida japonesa não era das suas preferidas, mas ela se sentiu saciada e satisfeita enquanto comiam e bebiam sentados no chão da sala de Robin, que a convenceu de ir até lá. Eles sentaram próximo a lareira desfrutando do calor que ela emitia, enquanto ele lhe contava sobre as várias vezes que se perdia na floresta atrás de lugares para brincar e como seu pai, que era o verdadeiro dono da empresa, brigava com ele por ser tão infantil. Os dois riram bastante e por varias vezes passaram mais de alguns segundos com os olhos parados uns nos outros até que Regina virava o rosto e fazia qualquer comentário que não os levasse a ter algum tipo de aproximação maior do que os braços se tocando ocasionalmente enquanto conversavam.

- Coisas que você não saberia, e olha que brincar no Central Park não é o mesmo que brincar em uma floresta em. – Ela levantou a sobrancelha para ele.

- É ai que você se engana. Eu vivi minha infância em uma cidadezinha tão pequena quanto essa, se quer saber. E eu acredito que você nunca usou um pneu como boia no rio e acabou levando uma pisa por causa da pequena aventura. – Ele a olhou surpreso e os dois riram.

- Então é a sua vez de me falar da sua juventude, vamos ver se consegue me surpreender. – Ele sorria, mas Regina fechou o rosto rápido levantando-se em seguida.

- Está tarde e eu preciso ir, se você quiser que eu acorde para vir trabalhar amanhã. –Ele não entendeu a mudança rápida de humor da morena, mas levantou mesmo assim.

- Tudo bem, mas antes de irmos, venha cá. – Ele a pegou pela mão e a levou até a parede de vidro, que não era bem uma parede já que ele a abriu e a levou até uma pequena sacada. – Eu costumava ficar aqui olhando para o céu e a floresta quando era obrigado a vir para o trabalho com meu pai, traz uma paz enorme, não?

Lá estava a noite estrelada de novo. O vento batia frio nos dois, mas não se incomodaram, mal perceberam que ainda estavam de mãos dadas. Passaram alguns eternos minutos ali, enquanto a mente de Regina se desdobrava em milhões de pensamentos. Uma parte dizia para ela ir embora, outra parte não queria soltar a mão de Robin e ela não sabia o porquê.   

Robin a levou até a porta de seu apartamento, ignorando todas as ordens de Regina para que fosse embora antes de subir as escadas. Ele revirava os olhos fazendo questão que ela visse, fazendo-a rir todas as vezes.

- Obrigado por... Assegurar que eu subisse bem as escadas. –Ela disse enquanto abria a porta de seu apartamento.

- Bem, você tomou vinho, sabe-se lá o que poderia acontecer. – Os dois riram e ela abriu a porta. Tomou um susto quando ao voltar-se para Robin percebeu que ele chegara tão perto a ponto de sentir a respiração dele contra seu rosto.

- Bom eu estava pensando se eu estou cheirando a floresta hoje, ou se é só Henry que pode conseguir um beijo seu. –Eles se olharam por alguns instantes. O olhar de Robin era penetrante exatamente como na vez que dançaram juntos, suas respirações se encontravam com toda aquela proximidade e seu corpo sentia uma certa urgência em de fato beija-lo.

-Não podemos fazer isso, Robin. – Sua boca dizia isso, mas seu corpo inteiro pensava de forma diferente. – Você é meu chefe, lembra? Nós trabalhamos juntos, não podemos... – Ele pôs um dedo de leve na boca dela.

- Eu penso em beijá-la desde o dia que a vi no Granny’s, Regina, por favor, vamos esquecer isso de trabalho só por um momento.

Ele não esperou que ela respondesse aproximando sua boca da dela devagar. Ela não o impediu, seu coração acelerado deixou sua boca seca e a sensação da boca de Robin encostando na sua acelerou ainda mais o órgão em seu peito. O beijo começou lento enquanto uma boca conhecia a outra, e elas se encaixavam como se fizessem parte uma da outra. Robin pôs uma mão em um dos lados do pescoço da morena e outra em sua cintura, trazendo-a para mais perto e ela tinha suas mãos espalmadas no peito dele.

-Eu preciso entrar. – Ela falava com certa dificuldade enquanto ele ainda a tinha nos braços e a olhava com intensidade, como se decidindo se conseguiria ou não solta-la. 

- Tudo bem. – Ele a beijou na testa e ela se desvencilhou de seu abraço entrando e fechando a porta atrás de si.

Suas pernas não pareciam querer sair do lugar, por isso sentou ali mesmo, encostada na porta de entrada, tentando acalmar o coração que cantava acelerado em seu peito e a sua respiração descompensada. O que estava fazendo?  


Notas Finais


Música do título do capítulo: Rain, Madonna. <3


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