História Nada mais será como antes - A vida é feita de escolhas, eu escolhi você

No capitulo anterior:

Ao que parece, as coisas para Ichigo tinham se ajeitado na Soul Society. Ele não teria um cargo de capitão como lhe foi prometido há cinco anos, pois a vaga já fora preenchida. Mas o rapaz ia trabalhar na 11° divisão. O capitão Kenpachi o convidou assim que descobriu que ele moraria no Sereitei.

Apesar de Ichigo achar que era um emprego meio suicida, visto que o capitão passaria boa parte do período de expediente do rapaz tentando o matar, ele acho que se divertiria muito, e por outro lado, quem foi que disse que Ichigo não gostava de lutar com Kenpachi?

Agora só lhe restava ir ao mundo dos vivos falar com sua família e amigos. Isso não seria nada fácil. Mas para poder ficar com Rukia, valeria à pena qualquer sacrifício. 

A vida é feita de escolhas, eu escolhi você

O silencio era esmagador e o constrangimento dez vezes maior. Olhos atentos a qualquer gesto e movimento que o casal fazia. Ichigo, e tampouco pouco Rukia, imaginou que iria travar diante da família Kurosaki.

O casal estava na sala da casa do pai de Ichigo. Rukia sentada em uma poltrona, Ichigo ao seu lado sentado no braço e Isshin e as meninas em um sofá de três lugares que ficava de frente para eles.

 O ruivo havia alertado a família de que tinha um assunto de extrema importância para tratar com eles. Mas, fazia algum tempo que eles se encontravam nessa situação embaraçosa, pois Ichigo não sabia como contaria para sua família que estava namorando Rukia e que moraria na Soul Society com ela.  Na teoria parecia ser bem mais fácil que na prática.

-Ichi-nii qual é seu problema? Desembucha logo que não aguento mais esse silencio. - Karin fala de forma nada sutil.

Ichigo olhou para Rukia que retribuiu o contado visual. Ela notou que ele estava bastante nervoso. A última coisa que queria era causar algum tipo de desconforto para seu namorado. Mas não havia forma fácil para fazer isso.

- Fala, amor. Eu vou estar ao seu lado - sussurrou tão baixo que só ele pôde ouvir, com exceção de Isshin que leu seus lábios. Ela não costumava ser tão melosa com o rapaz, mas resolveu abrir uma exceção para poder ajuda-lo naquele momento que estava sendo difícil para ele.

- Eu e Rukia estamos namorando - apertou forte os olhos e disse de uma só vez.

- O QUE? - Isshin se levanta e berra descontrolado - VOCÊ NÃO PODE NAMORAR SUA IRMÃ. RUKIA-CHAN É MINHA TERCEIRA FILHA, ESQUECEU SEU PEVERTIDO? 

- Ela não é sua filha, seu velho surtado. - fala o ruivo já perdendo a paciência.

- Minha querida esposa, viu só com o nosso filho se tornou um rebelde? Agora está querendo namorar sua irmãzinha tão inocente e casta, isso é incesto. - ele corre para o pôster da esposa que estava exposto na parede e o abraça choramingando.

- Não seja ridículo seu louco. Rukia não é minha irmã. - Ichigo o puxa pelo colarinho tentando faze-lo se afastar do pôster de sua mãe.

- Papai, onii-chan, não comessem a brigar, por favor. - Yuzu tenta acalmar os ânimos.

Ichigo o larga e ele cai no chão. Volta a sentar-se no braço do sofá e vira a cara para o lado emburrado com um bico enorme na face. Isshin também se senta no sofá com a mesma expressão do filho, porem resmungando muito.

Rukia se divertia com a cena. Sempre gostou das briguinhas de Ichigo com seu pai.

-Muito bem! - Diz Yuzu orgulhosa de si por conseguir acalmar os dois encrenqueiros. - Continua, onii-chan.

- Como eu estava falando, eu e Rukia estamos namorand...

- Isso está mais que óbvio, Ichi-nii - Karin muito impaciente o interrompe - O que estou querendo saber é o que vem depois disso. Ao que parece, não é seu namoro com Kuchiki-san que é o ponto central dessa conversa.

- Tem razão. - Disse de cabeça baixa. O ruivo não se cansava de se surpreender com o pensamento rápido e inteligência de sua irmã. - Vocês sabem que com as novas leis da Soul Society ficou proibido pessoas de ambos os mundos transitarem pelo portal Senkai. A vinda de Rukia para cá foi um caso a parte que não vou entrar em questão agora, mas que possivelmente não tornara a acontecer tão cedo. - Ele suspira pesadamente. Era difícil continuar. Olhou para suas irmãs e pai que o observava atentamente. Talvez nunca mais olharia em suas faces novamente.

- Ichigo, se preferir eu posso continuar - fala Rukia preocupado com ele.

- Tudo bem! Eu falo. - Voltou a encarar a família. - Eu vou para Soul Society com Rukia. - aquelas palavras doeram, doeram muito no coração do rapaz que nunca cogitou em hipótese alguma ter que deixar sua família um dia. Mas ele não poderia mais viver sem Rukia, a amava incondicionalmente e ela era seu mundo.

O silencio mais uma vez reinou naquela sala. Ichigo começou a ficar incomodado, pois suas irmãs abaixaram a cabeça e seu pai deu um longo suspiro e virou o rosto para o lado. Rukia também ficou apreensiva. O medo que sempre teve de fazer Ichigo e sua família sofrerem pelo fato dele estar indo embora por sua culpa estava cada vez mais eminente.

- Filho eu já tinha conversado com as meninas sobre isso assim que soube que Rukia-chan havia voltado para Karakura. - Isshin quebra o silêncio.

- O que? - grita o casal ao mesmo tempo.

- Relaxa Ichi-ni. Já estávamos preparadas para esse momento. - completa Karin.

- M-Mas... Eu não entendo - o ruivo não conseguia  entender nada.

- Onii-chan... - A atenção do rapaz volta para Yuzu ao ouvi-la o chamar - Nós vimos seu sofrimento quando voltou da Socul Society sem Kuchiki-san depois da guerra. Mesmo querendo nos convencer de que estava tudo bem, sabíamos que não estava. Sempre que abria um sorriso eu conseguia ver o tamanho de sua dor por detrás dele. Eu nunca mais quero te ver sofrer, onii-chan - Lagrimas começaram a descer do rosto da ruivinha - Se sua felicidade está com Kuchiki-san na Soul Society... - Ela respira fundo e seca as lagrimas -... Então vai com ela. Não importa a distancia que vai te separar de nós. Sempre vamos ser uma família que se ama muito.

As palavras cheias de sentimentos de sua irmã fez Ichigo se emocionar. Ele teve que usar todo seu autocontrole para não chorar. Rukia nada disse, apenas abaixou a cabeça. Mesmo escutando o que Yuzu falou, não podia evitar sentir-se triste por ser o motivo do rapaz estar deixando a família.

- Sua felicidade sempre vai ser a nossa também, Ichigo. Isso porque te amamos. É como Yuzu disse, nenhuma distancia vai mudar o que sentimos por você e nem nos tornar menos família por isso. - Diz Isshin. Ichigo nem acreditou que aquelas palavras tão sensatas haviam saído da boca de seu pai.

- Eu nem sei o que dizer - ele murmurou. Ainda estava sem ação.

- Diga que vai ser feliz, Ichi-nii, e nós seremos também - fala Karin de forma curta e grossa. Ichigo sorri para ela.

- Filhão vai para Soul Society e construa uma linda família com Rukia-chan, tenha filhos e viva da melhor forma possível, e não se preocupe, eu sempre estarei aqui cuidado de suas irmãs. - Isshin tenta abraçar o ruivo, mais ele o empurra para longe.

- Sai pra lá - fala mal humorado tentando esconder a emoção que sentiu com o apoio de sua família.

- O que? Filhos? Não, não. Eu não vou ter filho algum - retruca Rukia toda envergonhada. Todos que estavam na sala sorriram do jeito que ela falou.

- Ta rindo do que seu idiota?

Poow

Poog

Boom

E claro que tinha que sobrar para Ichigo. Rukia lhe deu uma voadora. O coitado ficou jogado no chão resmungando.

- Ho filhão acho melhor arrumar um jeito de domar essa ferra, senão você vai virar saco de pancada. - murmurou Isshin abaixando-se ate o chão para falar com o rapaz, coisa essa que deixou Ichigo ainda mais irritado que já estava.

A tarde fora agradável. Todos conversavam e sorriam muito das confusões armada por Ichigo e seu pai. E no final da tarde jantaram. O ruivo disse para sua família que voltaria para Soul Society pela manhã, por esse motivo passaria a noite em seu apartamento para colocar umas coisas em ordem. Antes de o casal ir embora, a família Kurosaki prometeu para eles que estariam na loja de Urahara a tempo de se despedirem.

•••

Já na casa de Ichigo...

Rukia estava sentada em uma poltrona no quarto do ruivo. Ele encontrava-se no banheiro tomando um banho. O casal estava exausto, pois passaram as ultimas horas colocando os pertences de Ichigo em caixas. O pai do rapaz ia alugar o imóvel para não ficar vazio.

Apesar da insistência do ruivo em tomarem banho juntos, Rukia aproveitou que ele estava distraído com algumas coisas e tomou seu banho sozinha. Não estava se sentindo muito disposta para nada. Todo o processo de ter que falar com a família Kurosaki sobre a ida de Ichigo para Soul Society a deixou bem abalada e triste. Amava demais a família do namorado e não queria fazê-los sofrer.

Bom, é claro que Ichigo surtou quando viu que sua namorada tomara banho sem ele, mas como ela não deu muita importância aos seus chiliques não teve outra alternativa a não ser fazer sua higiene sozinho.

            Após seu banho, Ichigo entrou em seu quarto vestindo apenas uma calça soltinha e uma toalha nos ombros a qual secava os cabelos. Rukia estava tão distraída sentada toda encolhida na poltrona e olhando para fora pela janela que nem notou que o rapaz havia entrado no quarto.

Ele ficou alguns minutos encostado na parede próximo a porta, olhando para ela. Parecia que tinha algo a incomodando, não era da característica de Rukia ficar tão quieta e apática largada nos cantos da casa.

- Você ficou calada o caminho todo da casa do meu pai, e agora ta tão quietinha.  Algum problema, Rukia? - ele se pronuncia. A morena olhou espantada ao perceber que não havia notado a presença do rapaz.

- Impressão sua - disse fria e volta sua atenção para a janela. Ichigo se aproximou dela e sentou-se ao seu lado encostando suas costas no peitoral dele. Mesmo ela negando, ele sabia o que a estava incomodando.

- Não existe uma maneira fácil de fazer isso, Rukia. Qualquer decisão que eu tomasse alguém que amo sofreria. Mas por outro lado, minha família entendeu que não posso ficar longe de você, eles querem meu bem, então não precisa ficar triste por eles. - beija o topo da cabeça dela e afaga seus cabelos.

Rukia suspirou fundo - É incrível como você me conhece né? - disse baixo.

- Sim eu conheço e muito. Essa carinha triste nunca vai conseguir me enganar - fala em tom de brincadeira.

- Eu só não queria vê-los sofrer, Ichigo. Me senti como se estivesse fazendo mal para sua família, e não é isso que quero, nunca quis. - aquele tom de melancolia na voz dela fez o rapaz ficar com o coração apertado no peito. Tristeza não combinava com sua morena linda.

- Relaxa! Com o tempo tudo se ajeita, meu amor. Infelizmente a vida é feita de escolhes e eu escolhi você. - Ele segura no rosto dela a fazendo fitá-lo -  Desta vez a opção escolhida não agradou a todos. Ok. Mas isso é apenas uma consequência. O que realmente importa é que minha família vai ficar bem, e eu não pretendo ficar muito tempo sem vê-los. Leis podem ser mudadas e eu vou dar um jeito nisso.

- Eu não duvido, afinal de contas você lutou contra toda Soul Society e suas leis para me livrar da pena de morte. - finalmente ela sorriu.

- Não duvide que faria isso quantas vezes fossem necessárias. Eu amo você, Rukia. - as mãos dele se emaranharam nos cabelos dela. A morena fecha os olhos para melhor aproveitar o carinho.

- Mesmo suas irmãs falando que entendem, sei que elas estão tristes. Seria perfeito se no fim todos fossem felizes, Ichigo. - ela encosta a cabeça no obro dele e o abraça.

- Quem foi que disse que esse é o fim, meu amor? É apenas o começo e muitas coisas podem mudar. Não se preocupe que todos serão felizes. É uma promessa que faço para você.

- Verdade? - Ela o fita com os olhinhos brilhante.

- Deixa ver - Coloca a mão no queixo e faz cara de pensador - Talvez se você me desse uns beijinhos e carinho me ajudaria a pensar com mais clareza. Faz tempo que não temos um momento só nosso desde que essa confusão toda começou - fala todo dengoso.

- Que chantagista - retruca emburrada.

- Não vai? - faz biquinho.

- Uns beijinhos e nada mais - quem resiste a esse homem lindo e sedutor? Pois é, nem Rukia consegue.

Continua...

Spoiler do próximo capítulo: Ichigo e Rukia aproveitam os últimos momentos na cama de Ichigo, lugar esse onde eles se amaram pela primeira vez.