História Nada se iguala - Bom...mas e agora?

                  Touka P.O.V.s

Bom..eu tenho que sair daqui né?! Mas como? E onde eu deixaria esse cara??

- Pai, por onde começamos? - olhei para meu pai que mantinha o olhar longe.

Fiquei um tempo parada pensando no que fazer primeiro mas antes mesmo de eu me levantar meu pai havia se colocado em minha frente para pegar o ser que estava em meu colo para então aliviar minhas pernas que já doíam com algo pontudo que vinha das costas deste mesmo ser.

Meu pai colocou um dos seus braços embaixo dos joelhos alheios e , com o outro braço, segurou perto do pescoço para o puxar e o levar para o carro. Abri a porta do carro para que ele o colocasse lá enquanto pensava nos corpos jogados ao chão .. o que meu pai pretende fazer???

- Pai..E os outros caras?

Não obtive uma exata resposta .

- Eu ..Eu não sei !

Por um momento pensei ter visto uma lágrima cair dos olhos de meu pai mas acho que devo ter visto o reflexo das poucas luzes que se mantinham acesas na rua.. Acho !

Olhei para ele que ainda parecia olhar para o nada. Ao menos até ele olhar para o celular e digitar algo.

- Alô? Sou eu…..Eu achei eles mas..Só que estão mortos..Os dois. Não eu não achei ele…..Acho que fugiu deve estar longe a essa hora…..Ok tchau.

Assim ele disse, com um aparelho em mãos me deixando sem entender nada. Ele me olhou sério como se sentisse pressionado ou algo do tipo.

- Filha..Ah….vamos ..Pra casa. E-eu não sei se vai achar uma boa ideia mas ,vai ter de concordar comigo. - assim mais uma vez estou sem entender nada. É incrível como parece que todos têm o poder de me deixar mais confusa do que eu já sou !

Acenei com a cabeça e entrei no carro fechando a porta e colocando o cinto.

Meu pai fez o  mesmo . Assim deu a partida e seguimos rumo a nossa casa..Deixando os outros seres lá, onde pararam .

A ída para a casa foi mantida em silêncio , sem falas minhas ou do meu pai, só o barulho dos pneus no asfalto reinava, até chegarmos e emitimos sons de portas sendo abertas e fechadas . Meu pai pegou aquele que estava no banco de trás assim como levou o mesmo para tal lugar, e pediu passagem para a porta , assim, adentrando sua casa. Deixou o mesmo no sofá, enquanto eu apenas olhava enquanto acendia as luzes .

Não houveram muitas trocas de olhares por motivos constrangedores e sem resposta alguma. Mas esse silêncio foi cortado por mim.

- O que queria falar comigo?

- Eu ..Queria muito conversar com você sobre Tokyo.

- Ta , pai.. eu realmente não preciso de uma aula de geografia. Eu sei muitas coisas sobre aqui..

- Não, eu quis dizer ..Sobre como Tokyo funciona. Não é assim tão simples.. você já percebeu que não existem apenas humanos aqui. Não é ?

- Ah..Acho que sim…

- Pois então , sabe o que são? O que esses seres fazem ? O que são capazes de fazer com pessoas que andam sozinhas por becos no meio da noite?

- Ah..Não . - na verdade tenho uma teoria.

- Eu vou te esclarecer umas coisas, aqui não se pode andar pelas ruas depois que acaba a movimentação de pessoas . Principalmente sozinha! Esses “seres” podem te atacar, devorar e não estou brincando! Acredite em mim, nunca quis te botar medo de sair pois queria ao máximo te fazer perder aquele medo de quando era criança, mas agora me arrependo totalmente . Esse lugar não é bom pra pessoas “novas” como você que não sabe de certas leis que impedem pessoas  que tomam decisões erradas sobre sair a noite e fazer tais atos estúpidos.  O que estava realmente fazendo la? Nem estava perto de casa e nem daquele mercado.Não faça isso novamente entendeu?

Ele disse tudo isso me olhando sério . Cuspindo palavras que me assustaram desde o início dá frase, eu realmente não acreditei no que ele me disse. Não no momento.

Como assim devorar pessoas..?

- Entendeu??

- Ahn..Sim … mas, como assim leis? - perguntei como um certo medo. Eu realmente não estava entendendo onde ele queria chegar com aquela conversa . Ele já me assustou o suficiente , não estava disposta a ter que ouvir mais. Não agora, que mal tive tempo pra refletir sobre o que havia acontecido .

- Olha, filha . Sei que deve estar apavorada ...Eu realmente não queria que você viesse pra cá..Se acontecer algo com você a culpa certamente será minha. Eu só trouxe você aqui porque acho que tem o direito de visitar seu pai quando quiser e quando bem entender pode vir e ficar quanto tempo precisar, mas eu também acho que se quer mesmo continuar aqui, deve saber o que fazer e não fazer. Do contrário..Não sobreviverá fácil..!

Eu estava quase chorando novamente , eu não consegui acreditar no que escutei. E eu nem queria! Eu estava muito confusa, havia acabado de ver dois corpos mortos na minha frente, havia escutado palavras que eu nunca havia escutado vindo de meu pai, e ..Havia sido alertada de que aquele quem estava no sofá , há poucos metros de distância , pode simplesmente me matar. Como eu não me assustaria? Como digerir tudo isso de uma vez? Nem havia se passado três dias que eu estava no Japão e já havia acontecido tudo isso .

- Pai, e-eu preciso de um tempo..Não sei se percebeu mas já estou assustada de mais. Não estou acostumada a receber informações desse tipo ,ainda mais de uma só vez! Eu estou cansada! Mal cheguei aqui e já fico sabendo que meu pai não me quer em sua casa e que só me trouxe por direito.

- Não, filha, não foi isso que eu quis dizer! Eu amo passar o tempo com você..Me faz querer voltar no tempo em que éramos uma família completa sabe?..

- Pai..Eu vou dormir. Tenho aula amanhã e , se der tempo conversaremos melhor amanhã pode ser?

Meu pai acenou com a cabeça ,aprovando a ideia e se retirando de lá para trancar a casa.

- Ah..Pai?

- Sim?

- E-ele vai..Ficar aqui? - disse apontando para o ser no sofá.  eu realmente não queria transparecer meu medo, por mais que parecesse cômico vindo de minha parte..

- Sim , na verdade era outra coisa que eu queria conversar com você..Sei que está com medo e é só uma adolescente que talvez esteja com certas dúvidas em sua cabecinha mas..Se acostume com dois homens que verá quase todos os dias a partir de agora!

…..Como assim? Com meu pai eu sei que vou ter que conviver e olhar nos olhos mas..Ele?