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História Nada será como antes - Merda pra nós!


Escrita por: kindzu

Notas do Autor


Todas as personagens e acontecimentos relatados aqui não passam de mera imaginação. Em nenhum momento tenho a finalidade de ofender ou desrespeitar alguém. O meu intuito, como autora, é agradar e divertir os fãs dos atores com uma história claramente fictícia.

Capítulo 6 - Merda pra nós!


Na segunda-feira à tarde, os três se reencontraram num café do Rio. O lugar era aconchegante, arejado e bem enfeitado com anúncios modernos e vasos coloridos. Não possuía um espaço muito amplo, mas já era o suficiente para Amora, Nero e Giovanna conversarem com Tarcísio e Glória. O casal ainda não tinha chegado, por isso, os amigos aproveitaram para colocar o papo em dia e registrar o momento numa fotografia.

— Giovanna, você nem está aparecendo direito, mulher. — Amora falou com o braço esticado segurado o celular, pronta para tirar uma foto da atriz com Alexandre. A diretora estava sentada em uma cadeira, e do lado oposto da mesa, os atores se encontravam bem pertinho um do outro. — Junta mais vocês dois.

— Ai meu Jesus. — a atriz se aproximou mais dele, se é que aquilo era possível. — E agora?

— Mais um pouco. — a loira respondeu e gargalhou do incômodo de Giovanna, que argumentava estar cheia de posar para as mais de vinte fotos de Amora naquela tarde. Mas a diretora sabia que, na verdade, o que estava deixando a amiga inquieta era aquela mão de Nero, que ora apertava a cintura da atriz, ora a abraçava com apreço.

Giovanna já tinha contracenado e beijado aquela boca tantas vezes, que era até estranho todo aquele nervosismo. Mas é que na frente das câmeras, a atriz conseguia se jogar, sem medo de que algo acontecesse; já na vida real, no dia a dia, onde ela não tinha que provar nada para ninguém, a aproximação deles era diferente. Não era a Helô, nem a Atena que estava dentro daquele corpo. Era Giovanna. E a atriz ficava completamente desestabilizada consigo mesma porque, às vezes, sentia por Nero o que as personagens dela deveriam sentir.

“Porra, Giovanna! Não confunda as coisas. Vocês são só amigos.” — ela pensava focada, enquanto Nero a abraçava para a foto. Sua pele se arrepiava levemente com o toque dele, e a atriz iria morrer de vergonha se o moreno percebesse aquilo.

— Pronto, pronto. Terminei. — a diretora disse e eles se separaram. — Aff, vocês são fotogênicos demais. Vou enviar as imagens e quero que os dois postem.

— Agora? — Nero perguntou.

— Já!

Amora abriu o aplicativo de mensagens e mandou todas as fotos para os atores, que demoraram até escolherem qual iriam postar. Giovanna acabou optando por uma em que seu cabelo estava de lado, e sua blusa preta decotada não era totalmente coberta pelos braços de Alexandre, que a abraçava e sorria na imagem. Ela postou sem nenhum efeito, com a legenda ‘Vem aí projeto com o parceiro @alexandrenero!!! Nos divertindo muito, né @amoramautner?’ e ainda colocou uns emojis de coração e carinhas felizes.

Nero escolheu a foto em que sua mão esquerda segurava a cintura de Giovanna, e a direita estava acima da mesa. Diferente da outra imagem, nessa eles faziam facetas engraçadas, com a loira de língua pra fora e o ator mostrando todos os dentes de um jeito meio louco. Ele postou no Instagram alguns minutos depois da atriz, e colocou na legenda: ‘Merda pra nós!’, referindo-se a expressão artística de desejar sorte para um trabalho.

— Olha isso, suas fãs estão surtando. — a diretora falou rindo, enquanto visualizava a postagem e seus comentários pelo próprio celular. — Lindos! Gostosos! Meus amores! Se casem! — ela leu o que os fãs enviavam na imagem.

— Você ainda se surpreende?! — Alexandre disse. — Eu confesso que já me acostumei com essa psicopatia há muito tempo.

— Não fico surpresa não, já que não é novidade pra ninguém que a química de vocês arrasta multidões. Mas acho isso muito bacana, me divirto horrores.

— Imagina quando a peça estiver no ar... Nossa, vão levar cartazes. — Giovanna comentou pensativa.

— Cartazes? Vão levar um padre, isso sim. Pra fazer o casório lá mesmo. — Amora respondeu e gargalhou junto com Nero, enquanto a atriz estremecia só de pensar no dia da estréia do teatro.

Os três jogaram conversa fora, falaram um pouco do projeto e, depois de um tempo, pediram algo para comer. Ficaram nisso cerca de vinte minutos, até que Tarcísio e Glória entraram no local de mãos dadas, com um sorriso cortês no rosto.

— Boa tarde, queridos. — Glória disse, e os três se levantaram para cumprimentar o casal.

— Olá. — Tarcísio falou simpático. Deu dois beijos nas bochechas de Amora e Giovanna, e depois apertou as mãos de Alexandre. — Nero, que bom te ver!

— Há quanto tempo, não é? — ele respondeu e o casal se sentou com o grupo em volta da mesa.

Os dois eram extremamente elegantes, gentis e educados. Eles já tinham se encontrado várias vezes com Giovanna, Alexandre e Amora, por isso, já tinham certa proximidade. Conversaram um pouco sobre a próxima novela das 21h que Tarcísio iria estrelar e não demorou muito para que emendassem no assunto da peça de teatro.

Embora Nero e Giovanna já soubessem toda a história de amor do casal, era importante que eles ficassem concentrados mesmo quando ela era contada novamente. Os cinco repassaram o script, lembrando que tudo começava 1960, ano em que Tarcísio estava ensaiando a peça “As feiticeiras de Salém” e viu Glória passar. Ele ficou encantado de cara, mas só 1 ano depois virou amigo daquela mulher, no teleteatro “Um pires Amargo.” De lá pra cá, os dois foram desenvolvendo um romance e dividiram a cena em mais de 15 trabalhos.

— Em casa, vocês batiam o texto? — Nero perguntou no meio da conversa.

— Em casa, cada um tem seu sistema de decorar. Batíamos o texto muito raramente. E víamos os personagens no estúdio, como se cada um estivesse vindo da sua casa. No set, ele é o Tarcísio Meira, e eu sou a Glória Menezes. Não somos casados

— Dividir a casa e o trabalho, aliás, nunca foi um problema. — Tarcísio alegou. — As pessoas falam que não pode ser casado e ter a mesma profissão, mas acho que o fato de termos a mesma profissão ornou a nossa relação. Isso nos alicerça.

— Que lindo. — Giovanna falou sorridente, encantada com o entrosamento do casal. — Mas, vem cá, nunca rolou nada no estúdio mesmo? Nem um estranhamento quando estavam em cena? — ela perguntou interessada.

— Ah, é claro que dependendo do trabalho a gente sente um certo conforto de saber quem está contracenando com você. Tem até uma cena da peça que fala disso, lembra? — Glória falou e a loira concordou com a cabeça. — Então, mas eu acho que o mais bacana da arte é isso. Toda essa troca de emoções que não é real, mas que também não é ilusão.

— É verdade... — Alexandre disse. — As coisas são muito fantásticas quando se trata de arte e de encenação, principalmente quando a gente trabalha com alguém muito próximo e tem que encarnar outro personagem, com uma personalidade completamente diferente da sua, para atuar com essa pessoa. — ele terminou, virou para o lado devagar e encarou Giovanna com aquele olhar descarado, mas quando a atriz percebeu que o moreno ia falar alguma coisa, ela cortou o clima e mudou de assunto.

— Glorinha, me conta, vocês dois tem personalidades muito diferentes?

— Temos sim, minha querida. Sou muito mais apressada do que ele. Uma ventoinha. — ela respondeu e todos em volta da mesa riram. — Tarcísio é mais tranquilo e me baixa a bola. Me dá segurança e calma para olhar as coisas antes de fazer.

— Nossa, parece esses dois. — a diretora comentou apontando para os atores que contracenaram em A Regra do Jogo.

— Não exagere, Amora. — a atriz semicerrou os olhos.

— Exagero?! Giovanna chega que nem um furacão, falando como uma matraca, cheia de idéias nessa cabecinha. Aí o Alexandre vem, fala “Calma, a gente pode ver por esse ponto...” e ela sossega.

— Ok, de certa forma, é verdade. — Giovanna disse se entregando e eles gargalharam.

— Vocês tem química demais. Desde que eu e o Tarcísio assistimos suas cenas juntos, vimos que os dois têm muito da gente. A troca, a cumplicidade, o companheirismo.

— Concordo totalmente. Giovanna e Nero são tipo vocês dois mais jovens numa geração mais tecnológica. Só falta o casamento, um filho e mais 12 trabalhos juntos pra substituírem o grande casal global. — a diretora falou debochada, enquanto Alexandre e Giovanna riam constrangidos.

Os cinco conversaram mais um pouco e ficaram até à noite num papo gostoso. Tarcísio e Glória falavam sobre eles mesmos com facilidade e carinho, e os atores que iriam interpretá-los na peça ficavam atentos aos gestos, ao jeito de falar e de olhar que tinham. Eles estavam bem descontraídos e o diálogo era interessante, mas quando começou a ficar tarde, o casal disse que precisava ir embora e se despediu dos três, que não demoraram muito para pagar a conta e sair do café.

Do lado de fora, Amora e Alexandre pegaram a chave de seus respectivos carros.

— Tchau, meus amores. Vejo vocês semana que vêm no aeroporto. Nada de atraso, viu?! — a diretora falou, deu um abraço na atriz e outro no moreno. Depois, entrou em seu carro e foi para a casa.

— E você, vai ficar aqui? — Nero perguntou para Giovanna, que havia se sentado num banquinho próximo e começava a discar um número no celular.

— Vou embora de táxi. Nem vim de carro hoje. — ela respondeu categoricamente e o moreno se sentou ao seu lado, apoiou os braços nas próprias pernas e encarou-a, antes de dizer:

— Que táxi o quê. Tá tarde, eu te dou uma carona.

— Imagina Nero, sua casa é longe da minha. Não quero tomar seu tempo, eu chamo um Uber, relaxa.

— Não vai tomar meu tempo coisa nenhuma, tô livre a noite toda. Vem, prometo que não mordo. — ele brincou e sorriu quando arrancou uma risada dela.

— Tá bom, tá bom... eu vou. — ela levantou os braços se rendendo e os dois foram até o carro de Alexandre, um Tiguan 2015 preto, que tinha um leve aroma do perfume do ator e tocava baixinho uma música puxada pra bossa nova na rádio.

Giovanna abriu a porta e se sentou no banco carona, ao lado de Alexandre, que colocou a chave no veículo e começou a dirigir. Ela se encostou à cabeceira e ficou olhando lá fora, enquanto ele puxava assunto.

— Lindo ver a sintonia de Glória e Tarcísio. É óbvio que eles, como qualquer casal normal, devem ter suas discussões até hoje, mas olhando assim, parece até que viveram 52 anos na mais plena felicidade. — Nero comentou. — Aliás, 52 anos... meu Deus, eu não sei se conseguiria viver com uma só pessoa durante tanto tempo.

— Ah, eu tenho vontade, sabe? De ficar velhinha ao lado de alguém especial. — a loira falou e deu um suspiro triste, involuntariamente. — Mas acho difícil isso acontecer.

— Por que? Não é você a rainha do otimismo e das boas energias? — ele falou tentando arrancar um sorriso dela, pois percebeu o olhar baixo da atriz. Depois disse: — “A abundância entra na minha vida de maneiras milagrosas e...”

— Surpreendentes e milagrosas. — ela riu do mantra que o moreno havia repetido, mas depois voltou a ficar meio cabisbaixa. — Sei lá, já me envolvi tanto, entrei em tantos casamentos. Quando eu era mais nova, acreditava nessa coisa de ‘para sempre’. Bem sonhadora. Mas depois fui caindo na realidade.

Alexandre já tinha percebido no outro encontro que alguma coisa estava errada no casamento da atriz, e agora todo aquele ar melancólico só confirmava a sua desconfiança. — “Ela só deve ter tido uma discussão boba com Leonardo. Mas do jeito que a Giovanna é, amanhã eles se acertarão e ficará tudo bem.” — ele pensou tentando se despreocupar, sem sequer imaginar que o problema era muito grande para ser resolvido de uma hora pra outra. Então, deixou que o assunto morresse e seguiu falando de outras coisas.

Ao longo do caminho, os dois falaram sobre questões aleatórias. Giovanna ficou um pouco mais pra cima com o jeito descontraído do ator, que contava coisas divertidas e deixava o clima leve. Ele sempre conseguia alegrá-la, e a loira se sentia agradecida por ter um parceiro tão amigo como o moreno.

Quando se passou mais de meia hora, Alexandre chegou em frente ao prédio da atriz e estacionou o carro.

— Obrigada, Nero. Com esse trânsito, ia demorar muito até o bendito táxi chegar.

— Imagina. É sempre um prazer estar com você. — ele respondeu com afeto e soltou o cinto de segurança para se despedir da atriz, que virou o corpo esguio para o homem.

Ela ergueu levemente as mãos e transitou-as sobre os braços de Alexandre, até atingir os ombros e chegar às costas, num abraço delicado. O ator contornou a cintura dela e inspirou o perfume inebriante dos fios loiros de sua cabeça, que estava apoiada em seu pescoço. Giovanna já estava começando a se sentir tentada, com aquele homem irresistível tocando seu corpo, por isso, ela decidiu sair do abraço e ir embora.

Contudo, quando ela cogitou se afastar, Nero a prendeu. Não deixou que ela se movimentasse direito e apertou mais ainda sua cintura, como num aviso de que ele estaria lá para proteger, ajudar e escutar a loira sempre que ela precisasse. Depois, afrouxou os braços, se afastou um pouco para poder encará-la e tocou seu rosto.

— Fica bem, ouviu? — o ator falou num tom de voz atencioso.

— Você também. — ela sorriu tímida, sem mostrar os dentes. — Até semana que vem. Te espero no aeroporto.

— Estarei lá. Até.

— Tchau, Nerinho. — ela mandou beijos no ar, saiu do carro e passou pela portaria, mas Alexandre continuou estacionado, preso nos seus próprios pensamentos.

— Tchau, Giovanna. — falou abstraído para o nada, refletindo o quanto aquela mulher era importante na vida dele. E ela era mesmo.



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