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História Nameless Future - Cake


Escrita por: pinkblooded

Notas do Autor


Oi, gente. Me desculpem pela demora, eu tinha viajado de férias e não tinha como escrever e tal :x
Espero que gostem do capítulo, chu~
PS.: quem quiser entrar na vibe da primeira parte desse ch, é só ler ouvindo Miyavi - Kimi ni Negai Wo, do album [Room no.382]. Acho que fica mais legal, escrevi ouvindo ela :3

Capítulo 3 - Cake


Fanfic / Fanfiction Nameless Future - Cake

  Naquela manhã de domingo, Kai andava pelas ruas de Tokyo procurando por algum mercado simples que tivesse o que ele precisava. Não era de sua pretensão em pleno último dia da semana –aliás, primeiro- ter que passar por uma fila enorme de pessoas e crianças barulhentas só para comprar alguns ingredientes que normalmente costumam compor uma massa de bolo.

  Então você se pergunta: qual a necessidade de comprar ingredientes para fazer um bolo a essa hora?

  Apesar de veemente ser terrível na cozinha, sua mãe havia decidido jamais decidir desistir da, segundo ela, temporária causa perdida do filho. Seguindo essa linha de pensamento já a muito encravada em seu ser, decidira acordar o filho mais cedo e chama-lo para ajuda-la a fazer um bolo. Quanto ao primeiro quesito, Kai não dera sinal de relutância; já do segundo, não se pode dizer o mesmo. Em meio a bicos, choramingos e escondidas por baixo da coberta, sua mãe lhe convenceu a vir cozinhar. Talvez a definição melhor ao invés de “convencer” fosse “fazer cosquinhas nele até que pulasse da cama e imediatamente concordasse em fazer o tal bolo, já que sabia que ela só pararia se ouvisse o que queria.”

   Aquela era a família Uke.

  O problema é que antes, os ditos ingredientes estavam presentes nos armários brancos da casa. Após duas tentativas completamente falhas que levaram os respectivos bolos a ficar um com a massa pesada, mal assada e com bolinhas de farinha que eram visíveis ao cortar uma fatia, e o outro a ficar seco, queimado por baixo e doce demais, alguns ingredientes como farinha, margarina, ovos e açúcar já haviam se esvaído. Fazia algum tempo que sua mãe não ia –ou não pedia ao filho que o fizesse- ao supermercado, então não tinha mais para repor e por essa causa Yutaka teve que sair para comprar mais.

 Saiu do pequeno mercado segurando duas sacolas plásticas de cor branca que continham o logotipo do mesmo, resolvendo pegar um caminho diferente para a volta à sua casa. Nunca havia visto aquelas ruas pelas quais passava, mas em compensação pela sua falta de habilidade na cozinha, ele tinha uma facilidade incrível de se situar nos lugares onde ia, portanto assim tendo certeza absoluta de que aquele caminho o levaria até sua casa.

 Entrou por uma rua quase deserta, pela qual pouquíssimas pessoas passavam; eram tão poucas que era possível contar nos dedos. Era uma rua longa que não tinha nada mais que algumas casas e pequenas lojinhas de ervas ou artigos antigos. Certo silêncio pairava naquele local, silêncio esse que fora cortado quando se foi possível ouvir ao longe o bonito som de um violão. Kai era baterista, mas tinha certeza de que quem estava tocando o instrumento o fazia muito bem e tinha talento. Seus ouvidos se agradaram com o som que ouviam e seus pés como que de automático apertaram o passo, querendo chegar mais perto. Seus olhos passavam por cada canto daquela rua, querendo achar o mais rápido possível de onde vinha aquele som, que ficava cada vez mais próximo.

 À medida que a altura do som do violão aumentava, Yutaka começava a ouvir uma voz que discretamente acompanhava a melodia, completando-a de uma forma que ele nunca tinha visto. Foi aí que ao longe avistou alguém sentado na calçada, posicionado debaixo do toldo de uma loja que aparentemente estava abandonada já há algum tempo.

  Kai passou a andar mais rápido ainda, quase correndo, não se dando ao trabalho de disfarçar sua curiosidade e ansiedade. Seus olhos haviam se fixado na figura esguia que segurava e tocava o violão, e que mediante a sua concentração não havia se dado conta da chegada do outro. Agora que estava parado a menos de sete metros do homem sentado na calçada, o baterista podia ver que este tinha tatuagens nas mãos. Não apenas nas mãos: seus braços e colo eram também adornados com as escritas em preto, que ficavam visíveis por causa da regata larga e preta que usava.

  Não pôde deixar de perceber como aquelas mãos tatuadas eram bonitas e pareciam de tornar um só com o violão preto customizado com kanjis e números brancos que se pareciam muito com os de sua pele. Suas unhas apesar de serem bem cuidadas e mais longas do que um homem normalmente usaria, continham um esmalte preto já descascado. E ao contrário do que deveria parecer, o esmalte descascado não lhe dava ar de desleixo: parecia apenas se acrescentar ao seu charme, deixando-o, talvez, mais bonito do que já era.

  Já faziam cerca de dois minutos que Yutaka estava parado ali e a pessoa que tocava o violão ainda não havia percebido sua presença –ou ao menos não tinha se dado ao trabalho de desviar a concentração de sua música para olhar para o estranho parado relativamente perto de si.

  O líder do GazettE ainda não tinha tido a oportunidade de ver o rosto do tal homem que ainda fazia com que o instrumento de seis cordas produzisse som, pois os fios de seu negro e levemente ondulado cabelo que ia até alguns centímetros abaixo do ombro tapavam sua face do ângulo do qual o via. Resolveu então chegar mais perto e ir para a frente do mesmo, tendo em mente conseguir ver as coisas direito. Quando parou na frente dele, a mais ou menos um metro e meio, o homem ainda de olhos fechados e cabeça baixa parou de tocar, mas mesmo assim Kai ainda se encontrava maravilhado com o que acabara de ouvir.

-Yo –disse o moreno de cabelos longos, olhando nos olhos do que estava à sua frente.

  Kai demorou alguns segundos para responder.

-...Yo –respondeu com um pequeno sorriso que mesmo que não fizesse com que seus dentes aparecessem, mostrava as covinhas que a todos tanto encantavam.

  Ficaram se encarando por alguns segundos. Kai não sabia o que dizer, apenas pensar que deveria ser muito estranho ter simplesmente parado na frente daquele homem e agora o ficar encarando, e imaginava que também fosse o que o outro pensava. Na verdade, não era.

-Toca bateria?

-Hã...hã?

-Perguntei se toca bateria.

-Sim, eu toco –franziu o cenho e levemente inclinou a cabeça, desviando os olhos para um lugar qualquer e logo novamente voltando a atenção aos orbes negros à sua frente.

  O tatuado riu divertido, mostrando um sorriso ligeiramente torto que o deixava muito bonito.

-Suas mãos –falou ainda com um sorriso no rosto, apontando para as mesmas. –Está segurando essas sacolas com força, mesmo que elas não pareçam muito pesadas, a julgar pelo que tem dentro. E na mão direita tem um calo –riu novamente. –Deveria comprar luvas novas e macias, ou ao menos usar as que talvez você tenha.

-De fato, minhas luvas são uma desgraça –riu também, olhando para a palma da própria mão, fazendo um movimento de abrir e fechar. –Mas como fez isso?

-Isso o que? –dirigiu-lhe um sorriso fechado.

-Sei lá, adivinhar as coisas.

-Eu não adivinhei, apenas observei. Observar é muito mais eficiente do que adivinhar, sabe –cerrou os dentes, fazendo um tipo de bico com os lábios e levantando as sobrancelhas.

-Não, eu não faço a mínima ideia. Não sou lá grandes coisas em fazer ambos –os dois riram. –Mas hey, tenho que ir, não quero preocupar minha mãe, ela está me esperando. Você toca muito bem, gostaria de poder ficar e ouvir mais –colocou a mão no bolso do jeans largo que usava e tirou algumas moedas de iene que lá estavam, jogando-os em cima do estojo de violão que mais tarde guardaria o instrumento do outro.

 Sorriu, colocando as mãos dentro dos bolsos da frente da calça e dando dois passos para trás ainda olhando nos olhos do homem o qual ainda não sabia o nome, para então finalmente virar-se e seguir caminho. Andou alguns metros, e quando se encontrava relativamente longe, ouviu uma voz de timbre levemente rouco chamar.

-Oe! –gritou devido à distância.

 Kai travou a caminhada e permaneceu curtos segundos parado ainda de costas até se virar. Encarou o que lhe havia chamado, curioso para saber o motivo de o ter feito.

-Miyavi! –soltou um daqueles sorrisos assimétricos. –Pode me chamar de Miyavi!

 Por um motivo que nem ele mesmo sabia, Kai não se apresentou. A única coisa que fez foi direcionar o sorriso mais sincero de sua vida à Miyavi e com as mãos ainda nos bolsos e as sacolas com ingredientes para fazer outro bolo batendo em sua coxa à medida que dava um novo passo, mais uma vez sair rumo à sua casa.

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-Tadaima! –disse em voz alta para que sua mãe pudesse lhe ouvir não importasse em que parte da casa estivesse, retirando os tênis que usava e deixando-os ao lado da porta.

-Okaeri, filho –respondeu ela, agora parada à frente de Kai com um sorriso doce nos lábios. –Conseguiu achar o que precisava?

-Consegui, achei um mercadinho que quase não tinha movimento. Ainda bem, não queria precisar parar em uma daquelas filas que parecem não acabar nunca.

-Sim, está certo. Creio que ninguém queira, né? Vem, vamos fazer o bolo... de novo.

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-Kai...

 Ao ouvir seu nome, o moreno já foi se preparando para ouvir algum adjetivo sobre o bolo que tinha feito que significasse que o mesmo tinha ficado ruim, como sempre acontecia.

-Que foi, mãe? –colocou a mão por cima dos olhos, andando até perto do forno assim, já que não queria ver o desastre que provavelmente tinha feito. Ao chegar ao lado de sua mãe, sentiu a mão morna afastar as suas de seu rosto, permitindo aos seus olhos verem o que havia na sua frente.

 Mal pôde acreditar no que viu. Olhou incrédulo para a senhora ao seu lado, a qual o olhava da mesma forma.

-É brincadeira, né? Mãe? Isso...

-Uke Yutaka. Esse bolo...dá pra comer

 Kai arregalou os olhos, era isso mesmo que ele tinha ouvido? Um bolo que ele fez, dava pra comer? Não parecia verdade, mas ele experimentou uma fatia da massa assada ainda quente por ter recém saído do forno que sua mãe cortara, comprovando o que ela havia dito.

-Nem se compara aos seus mãe, mas dá pra comer. DÁ PRA COMER!  -não conseguia conter a felicidade de, finalmente, depois de tanto tempo tentando, ter feito uma comida que fosse possível ingerir.

 Sua mãe o abraçou, lembrando-o de que ela nunca desistira da causa. Só o que entristecia o moreno era que talvez aquele fosse apenas um golpe de sorte que jamais se repetiria novamente. “Mas definitivamente sorte não maior do que ter encontrado o talentoso Miyavi na volta para casa” pensou.

 Logo após cortarem o bolo, colocarem em uma bandeja e deixarem esfriando em cima da mesa, Kai lavou e secou os utensílios que haviam usado para fazê-lo. Enquanto isso sua mãe cozinhava o almoço, que como sempre, tinha um cheiro maravilhoso.

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-Eu também quero entrar para a banda.

-Você o que? –indagou Ruki, incrédulo.

-Entrar pra banda, Taka. Eu quero entrar pra banda. Quero fazer parte disso, quero ficar com vocês, com... Você. Te conhecer mais. Parece divertido, e além de tudo, você sabe que eu toco baixo há muito anos –carregava uma expressão séria no rosto.

-Mas Reita, não tem como cuidar da casa de shows e entrar pra banda ao mesmo tempo! Ou é um ou é outro, sabe que nã- –Ruki fora interrompido por Reita, que se atravessou no meio da frase do outro.

-Eu vou deixar a casa de shows, Taka. Dane-se a herança, eu nunca disse a eles que era isso que queria pro meu futuro, porque deveria seguir algo pelo qual nem fui eu quem pediu?

-Nee, Darling –disse em tom calmo, pousando a mão no rosto do outro com carinho. –Não pode decidir isso tão repentinamente, sabe que é uma decisão muito importante. Se largar isso seu futuro vai se tornar completamente incerto, não sabemos se vamos conseguir o que queremos para a banda, não vai saber se vai ter um emprego fixo e nem mesmo se vai ter dinheiro suficiente pra pagar as contas. Não se torne como e... –fez uma pausa, respirando fundo. –Apenas não quero que destrua o que tem.

 Reita pareceu incomodado com a frase incompleta do outro, mas as preces caladas do menor pareceram funcionar, já que nenhuma pergunta saiu da boca do outro. O loiro apenas olhava para o lado com o cenho franzido, pensando em tudo o que Takanori havia lhe dito. Mas apesar de tudo, sua decisão continuava a mesma.

  Ouviram batidas na porta, som que interrompeu o momento dos dois, que se sentaram devidamente no sofá longo e preto que havia na não muito grande sala de escritório de Suzuki Akira, o atual diretor –por herança- daquela casa de shows em que o primeiro “show” do the GazettE havia acontecido, e a mesma em que todos os membros haviam conhecido Aoi.

  Logo quando se entrava pela porta, de frente se via uma mesa feita de madeira em formato de L. Em cima da mesma não havia nada mais do que um computador, algumas bugigangas, papéis, CDs, um recipiente com alguns lápis e canetas dentro e a típica plaquinha preta com seu nome gravado. Fora o longo sofá preto disposto no canto esquerdo da sala, a única coisa para se sentar ali eram as duas cadeiras na frente da mesa e uma atrás, que era a pertencente a Akira.

 A iluminação do cômodo não era ruim, mas não era tão clara quanto se esperaria de uma sala de escritório. No momento, a única fonte de luz no local eram as duas janelas dispostas uma de cada lado da mesa.

 As paredes do local tinham um tom levemente escuro de cinza, mas isso de alguma forma combinava com o chão limpo de madeira marrom. Alguns discos de bandas antigas eram dispostos aleatoriamente pelas mesmas, dando um ar descontraído na decoração. Seis prateleiras com diversos livros sobre música eram dispostas simetricamente pelas paredes traseiras e laterais dali, mas provavelmente eram só enfeite, já que nenhum deles aparentava ser de fato usado.

 No canto esquerdo do fundo da sala era possível se ver dois pedestais, cada qual segurando um baixo. Tinham a mesma marca, mas eram de modelos diferentes: um deles era preto com branco e outro era preto com detalhes em branco e tons de laranja.

  Apesar de ser um domingo, lá estava Reita em seu escritório. Ele odiava aquilo, ter que ir para aquele lugar em que “aceitara” emprego há dois anos e agora ao qual estava preso “por causa da merda de uma herança”, dizia. Fazia bem o seu trabalho, mas não era aquilo que queria. Não depois de conhecer Ruki e sua banda.

  Depois de conhecê-los, mais especificadamente o mais baixinho deles, já não ligava mais sobre sair dali e perder o cargo de diretor –e a grande quantia em dinheiro que lhe esperava dali a alguns anos. Percebia que a vida tinha mais do que uma rotina monótona lhe esperando. Ele poderia trabalhar e ser feliz ao mesmo tempo, o dinheiro não importava.

 Quanto à relação dele com Takanori, bom... Eles não namoravam, nem sequer tinham trocado um beijo até agora, mas com certeza o que sentiam um pelo outro não era apenas amizade. Apaixonaram-se no momento em que se conheceram, há quatro meses, quando a banda procurava por um lugar para se apresentar. Desde então nenhum dos dois conseguia disfarçar o brilho nos olhos quando se encontram uma vez por semana.

 Uma vez por semana até aquele dia em que Reita convidara Ruki a ir até seu escritório no domingo, pois tinha algo de importante a falar com ele. Bom, agora já havia falado e tinha mais do que certeza da decisão que tomaria. 

-Pode entrar –falou audivelmente para que quem tinha batido à porta escutasse.


Notas Finais


O entrontro do Kai com o Myv ficou muito curto, né? Ai ;-;
Comentários, por mais curtos que sejam, alimentam e fazem bem à alma de quem escreve. E eu adoraria que vocês passassem por aqui pra me dar um oi <3


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