Eu estava louco. Quer dizer, eu sempre fora louco simplesmente ultimamente é que me importo com isso.
Aquele cara da festa continuava na minha mente, aquele melhor amigo do YoonGi que eu ainda não tivera o prazer de conhecer, o Namjoon. O YoonGi sempre falava dele quando se tratava de música, eles os dois tinham esse sonho em comum, pelo que ele me dizia. YoonGi também dizia que eu e Namjoon éramos parecidos quando se falava na minha melancolia e das minhas filosofias, mas eu não tinha noção do quão fascinado aquele garoto me ia deixar quando o conhecesse. Eu tive dúvidas sobre ele mas ele era algo tão inesperado que eu estava obcecado.
Ele tinha me dado um momento especial mas eu desejava mais. Quem diria que o ia encontrar na noite seguinte?
" -Ei. - Senti alguém me empurrar sem muita força contra a parede do banheiro do club.
Havia pouca luz a iluminar aquela parte e a que havia era vermelha.
-Se lembra de mim? - Namjoon colocou as mãos na parede atrás de mim.
-Difícil esquecer. - Admiti sorrindo - O YoonGi não me disse que você vinha, vai competir nas battles?
-Vou. Na verdade vim falar consigo por isso mesmo.
-Hum...?
-Quis vir pedir um beijo de boa sorte. Considerei que se o fizesse à frente do seu namorado lhe daria problemas.
-Só quer um?
-Pode dar os que quiser. - Declarou relaxado aproximando se.
Juntei os nossos lábios com saudade da noite passada. Namjoon manteve uma mão na parede e colocou a outra no fundo das minhas costas como apoio enquanto eu Abracei os ombros dele. Sentia me tão bem a fazer aquilo.
-O que vai fazer logo? - Perguntou sem diminuir muito a distância dos nossos rostos.
-Vou para casa.
-Eu levo você.
-O Cholyeon deve querer me levar.
-Não consegue despachar ele para bebermos um copo e eu te levar?
-Vou tentar. - Dei lhe um último beijo - Boa sorte. "
Consegui despachar Cholyeon e acabei por ficar no club um pouco mais com o Namjoon até que ele me levou para casa. Foi tão estranho mas eu sentia que aquilo era correto. Ele fazia me rir é segurou-me no caminho para casa de um jeito confortável. Quase que parecíamos um casal a sério. Quando chegámos perto da minha casa trocámos contatos. Fiquei feliz por finalmente ter a possibilidade de poder falar com ele.
*3 dias depois
-...São dois cafés, por favor. - Namjoon olhou para a empregada que sorriu ao receber o pedido antes de nos deixar sozinhos na mesa.
Era estranho estar ali, sentado à mesa com ele, como se fosse tudo normal.
-Você parece muito mais normal durante o dia.
-Isso quer dizer o quê? - Sorri ironicamente.
-Não sei. - Olhou para baixo esfregando a mão na mesa de madeira.
Eu não poderia não sentir medo. Estava ali, em público, com aquele cara.
-Não parece você mesmo, é o que eu queria dizer.
-Como você sabe o que é eu "ser" eu próprio? Você não me conhece.
-Sim, é uma ilusão eu pensar o contrário, eu sei. Mas tenho um pressentimento sobre você que não me deixa à vontade com esse assunto.
-Pare de falar como se eu fosse um assassino a tentar esconder os meus crimes.
-Mas eu acho que você seja... - Ele olhou para mim honesto e eu sorri - Como vão as coisas com o... outro?
-Neste caso, não será você o outro?
-Não, neste caso não. - Respondeu sarcástico e eu revirei os olhos sem esconder um sorriso.
-Deve estar ótimo, não falo com ele há dois dias. - Cruzei os braços e as pernas encostando-me às costas da cadeira.
-Problemas no paraíso?
-Talvez. - Olhei para a mesa e vi dois copos de cartão a serem pousados na mesa por mãos finas.
-Bom proveito. - A empregada sorriu de novo antes de se retirar, de novo.
-Obrigado. - Namjoon respondeu agarrando no copo antes de o levar à boca.
Ele ficava bonito a beber café, mas o que é que eu poderia fazer sobre isso? Apenas ignorei e bebi o meu também.
-Ele descobriu algo que não devia? - Olhou para a janela ao nosso lado e viu o trânsito na rua.
-Não, não é isso. Não é esse problema. Ele nunca repara ou descobre nada... - Abanei a cabeça sem lhe olhar.
-Talvez esse seja o problema, mesmo. - Levou o copo de novo à boca - Ele não entende a evidência à frente dele. A ignorância dele, é um problema?
-Eu sempre a vi como uma solução aos meus problemas. Ele nunca vê quando eu estou mal, não faz aquele pergunta irritante de «Você está bem?». A resposta é óbvia, então não entendo a pergunta sequer.
Ele olhou-me em silêncio com um olhar sereno e eu encolhi-me antes de continuar:
-O problema é a incompatibilidade natural. Eu odeio-o, vai sempre haver um conflito interno.
-Eu nem acredito que preciso de o perguntar, mas porque raio você quer estar numa relação auto-destrutiva?
-As pessoas nunca vão entender. - Sorri tocando no copo quente com as pontas dos dedos.
-Se você não explicar...
-Eu tenho espetativas. - Interrompi ele sorrindo - Para si. Se você se mantiver interessado como atualmente, eu sei que você vai entender.
-Isso é um truque para eu andar atrás de si?
-Claro que não. - Neguei ofendido - Eu posso me odiar a mim mesmo mas eu não me considero uma pessoa mesquinha para fazer tal coisa.
-SeokJin, vamos fazer um acordo.
-Que tipo de acordo?
-Se eu conseguir perceber o porquê de você estar namorando ele... Você termina o namoro.
-Mmmh não. Não pode ser assim tão simples.
Namjoon sorriu fazendo me olhar para baixo.
-Qual é o interesse em mim? - Perguntei e ele sorriu ainda mais.
-Isso pergunto eu. Porquê que você o traiu comigo?
Tive de sorrir e desviar o olhar:
-Não tenho a certeza. Você faz com que isso pareça correto. Os beijos e os toques... parecem cada vez atrativos quando é você e não ele. E porquê? Só se passaram 4 dias que nos conhecemos, parece uma brincadeira de crianças.
-Talvez seja. - Mexeu no seu copo - Então é só isso? Parece correto?
Eu tinha noção que aquilo era uma pergunta que podia estragar tudo mas ao mesmo tempo, o que havia para estragar? Nós não tínhamos nada. Apenas tínhamos trocado uns beijos e uns risos em noites em que eu estava bêbado.
-Por agora é o que é. Mas o que interessa?
Ele deu de ombros:
-A situação toda é estranha. Como se fosse num mundo à parte. Ou melhor, a analogia perfeita para nós é um sonho.
-Um sonho? - Sorri confuso. Um bocado infantil, um sonho...
-O que acontece entre nós não tem sentido, mas parece correto; normalmente estamos juntos quando é de noite, quando deveríamos estar a dormir e não a ter aventuras; Não sei quanto a você mas na manhã seguinte eu só me lembro de fragmentos de quando estamos juntos, como um sonho. E é confuso. Mas parece correto.
Eu sorri:
-Parece bonito como um sonho.
-Mas é uma ilusão.
-Você adora essa expressão. - reparei.
-É útil.
-Posso perguntar algo? - Olhei-o nos olhos e ele mordeu o lábio inferior acenando - É uma ilusão pensar que naquela primeira noite, o que aconteceu foi especial?
Sentia me ridículo com aquela pergunta.
-Se foi especial para si não quer dizer que seja uma ilusão aquela noite ter sido especial, mesmo que eu não o ache. - Fez me olhar fixamente para ele embora eu tivesse vergonha de o fazer - Mas para responder à sua pergunta verdadeira, foi especial para mim também.
Eu não evitei em sorrir e desviar o olhar o que o fez sorrir também:
-Está bem então.
-Eu fui honesto e simpático, você pode parar de fingir que não se importa por um momento? - Fez me rir - Eu sei que você gostou tanto quanto eu. Foi especial qual é o problema em admitir isso?
-Não há problema nenhum. Você é que está agindo como se tivéssemos transando ou algo. - Peguei no copo e bebi um pouco mais do café que já estava a ficar frio.
Namjoon riu e eu observei o seu sorriso bonito com gosto:
-Ainda não chegámos aí.
-Talvez um dia. - Provoquei ele.
-Não brinque com o coração de um homem assim, Seokjin. É cruel. Não combina com o seu rosto bonito. - Abri a boca para lhe responder mas ele continuou - Mas no final é só uma ilusão essa sua doçura e inocência. - Bebeu o resto do seu café.
Eu sorri e pousei o cotovelo na mesa para apoiar o maxilar na mão, enquanto o observava a beber. O maxilar e o pescoço dele pareciam esculpidos.
-Sinto me muito ofendido, eu sou muito inocente.
-Oh sim. - Concordou irónico.
-Pergunte ao meu namorado.
-E o que ele sabe da vida? Nem sabe como tratar de você.
-Eu também não quero que ele ou ninguém trate de mim.
-Independência é algo que eu respeito muito, mas você sabem bem do que eu estou falando.
Eu sorri arrogante e bebi o resto do café no meu copo.
-Ele sabe que eu sou uma pessoa muito quieta, inocente e reservada.
-Você não é nada disso. Apenas não mostra o que realmente sente. Agora é aquela parte em que eu tenho de adivinhar os motivos não é? - Sorri em resposta - Infância reprimida? - neguei - Pais abusivos? - neguei - Bullying? - Mordi os lábios sorrindo sem o olhar - Ah então é isso. Quão mau era?
Dei de ombros:
-Levei algumas surras. Era posto de parte. Não era completamente abusivo mas não era saudável.
-Que tipo de Bullying é saudável?
-Você sabe o que eu quis dizer.
-Porquê que te faziam Bullying?
-Nunca fui exbicionista como os outros garotos; Não era fã de andar em grupos e seguir um líder, gostava de estar sozinho; Sempre fui muito passivo.
-Mmh... Crianças são realmente terríveis. - Divagou - Os seus pais sabiam?
-Eles estavam se separando na altura, não quis chorar sobre isso com eles.
Ele ficou quieto:
-Porque é que estamos falando sobre a minha infância, sinto que você se está sentindo mal por mim...
-A nossa infância molda a nossa personalidade quer queiramos ou não. - Disse como se respondesse a tudo.
-Você é sempre tão lógico ou...?
-Desculpe... - Sorriu envergonhado mostrando as covinhas.
Ele devia era pedir desculpa por me fazer babar.
-Eu gosto de raciocinar sobre essas coisas. Psicológicas e coisas lógicas. Filosofia... Tudo isso.
-Nota-se que você é daquelas pessoas que pensa demasiado.
-Isso é mau?
-Porque é que tem de ser mau ou bom?
-Eu fiz mal a pergunta... É um defeito?
Eu já sorria naturalmente como se fosse normal estar assim sempre tão sorridente:
-É uma característica sua.
-Você nunca é objetivo. -Suspirou.
-E você é demasiado.
-Então sempre é um defeito... - Declarou e deixou o seu sorriso crescer.
Tinha caído numa armadilha e nem tinha dado por isso.
-Você... Não gosto que me enganem assim.
-Ninguém gosta de ser engando, Jin. - Olhou para o seu relógio - Eu tenho de ir trabalhar.
-Mmh... Sim, está ficando tarde.
Levantámos nos da mesa em silêncio e saímos do café. Seguiríamos por caminhos diferentes.
-Espero que não tenha sido demasiado constrangedor.
-Só um pouco. - Falei indiferente - Foi agradável. - Olhei nos olhos dele.
-Certo. Ligue-me quando quiser.
-Eu ligo mesmo. - Garanti.
-Ótimo, porque não quero ficar desesperado. - Admitiu surpreendendo-me com a naturalidade dele.
Eu acenei e decidi tomar a iniciativa de beijar o rosto dele para me despedir:
-Vejo você por ai. - Dei-lhe um sorriso antes de virar costas.
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