História Namjin: 'Complete' - Namjoon: Tell me your wishes

A loja estava vazia e eu estava quase a mudar de turno para poder finalmente ir para casa. Estava mordendo sem força um lápis preto à uns 30 minutos, fixando o meu caderno naquela folha quase branca. No topo da folha tinha escrito "Lista de objetivos/desejos bizarros ainda que românticos para cumprir ft. Jin" a caneta preta.

1- Partilhar música significativa não romântica

2- Viajar e ter aventuras que nos possamos lembrar quando tivermos 50 anos sem sentir uma dor no coração

3- Termos um encontro, completo, num lugar vulgar e que acabe connosco fugindo de alguém

4- Passeios longos e românticos em locais que só nós iríamos para passeios longos e românticos, o que faz com que não sejam românticos de todo

5- Como um ser auto destrutivo, não haveria nada mais bizarramente romântico que destruirmos algo.

6- Exijo que façamos (você faça) um álbum de fotos do nosso caso romântico e se o destino acabar connosco, proponho atirar o objeto ao mar. Eu pensei em queimá-lo, mas isso é extravagante e comum, não me parece que a tragédia seja tanto para queimar as nossas memórias

 

Sentia me retardado escrevendo aqueles negócios mas eram coisas que conseguia me imaginar a fazer com Jin. Na página atrás estava a "Lista de coisas a não fazer no caso amoroso"

1- comprar prendas

2- Festejar datas como 100 dias, 1 mês, 1 ano etc. As únicas datas especiais que devem ser celebradas são aniversários e conquistas conjuntas ou pessoais que merecem um dia ou um encontro especial

3- Apelidos (eu sei que nós ironizamos isso, mas sério, apelidos como «docinho» e «amor» é um não não)
3.a- Aceito apelidos como Nam, apenas porque nunca te chamo SeokJin. Não sei se nam conta como apelido (?!)

4- Nunca me deixe subir a um palco sem um beijo de boa sorte (não é romance, é tradição)

5- É estritamente proibido partir o coração do outro
 

 

+ No dia seguinte - hora de almoço +

Jin estava tão bonito como noutro dia qualquer mas eu era levado a crer que ele estava mais brilhante naquele dia. Ele estava muito sorridente e parecia muito mais calmo que durante o fim de semana. Acalmava-me de verdade.

-...Acho que nunca tinha visto você de óculos. - Jin disse antes de encher a boca de piza.

-Não? Eu não os uso muito, mas na aula de economia prática dão jeito se não fico com os olhos ardendo. - Expliquei.

-Que curso você está tirando?

-Ciências económicas e sociais. - mordi um pedaço de piza e mastiguei.

-É claro que eu tinha de me apaixonar por um nerd geek da vida. - Seokjin suspirou irónico e arrogante fazendo me rir.

Era óbvio que ele estava brincando mas... ele estava brincando a sério? Tipo a sério sério?

-Não sou tão nerd assim, sou secretamente rapper se lembra? - Estalei os dedos antes de os apontar a Jin que sorriu.

-Ah certo. Economista durante o dia, rapper durante a noite. Um verdadeiro herói.

Eu sorri tímido.

-Você é muito bom. Com o rap.

-Obrigado.

-Porque não se dedica um pouco mais?

-Ah eu... não posso. Por agora não. Eu consegui ganhar uma bolsa na faculdade mas tenho de trabalhar para que em minha casa as coisas não fiquem apertadas, sabe? A minha mãe trabalhando sozinha sustentava o meu irmão e eu mas o dinheiro era contado. Assim pode custar um pouco mas eu ajudo com as despesas e sobra dinheiro para nós os três. O rap é algo que eu uso para me descontrair, eu não posso ter distrações tenho de manter as notas altas e o emprego.

Jin ouviu tudo atento parecendo tirar suas próprias conclusões:

-Os seus pais são divorciados?

-Não, o meu pai morreu há uns anos atrás.

-Ah desculpe, eu não queria...

-Eu sei, não tem problema. - Sorri tocando em sua mão para o acalmar - Eu garanto que não tem problema.

Jin acenou triste.

-Os seus pais são separados, não é? Acho que você me tinha dito antes.

-Sim.

-Então aquele homem que estava na sua casa é seu padrasto?

-Mmh hum.

-Bem me pareceu que vocês não eram muito parecidos. - Fiz ele rir - Vocês são se bem?

-Sim. Eu vejo ele como meu pai verdadeiro. O meu pai e eu não temos qualquer relação então o marido da minha mãe certificou se que eu tinha tudo e que ele estava lá para mim.

-Posso perguntar porquê que não têm relação?

-A minha mãe traiu o meu pai com o marido atual e mesmo assim ficou com a minha custódia então o meu pai não quis saber mais de mim. Nós falávamos às vezes mas quando eu lhe disse que era gay ele parou de me falar completamente. - Deu de ombros - O meu padrasto não pode ter filhos então suponho que ele se tenha agarrado muito a mim.

-Ainda bem que você tem ele ao menos.

-Tive sorte nesse assunto. - Sorriu - Será que é de família?

-O quê?

-Apaixonar se pelo amante?

Eu ri e acenei.

-Talvez. Eu te disse que a nossa infância nos molda para a vida, não disse?

-Eu lembro, você disse sim. - Concordou.

Aquele garoto sorrindo deveria ser a oitava maravilha do mundo, sem exagero.

-Você fez as suas listas? - Abriu a sua mala.

-Sim, mas ficaram curtas.

-Ótimo, porque acho que as minhas ficaram cumpridas. - Colocou um papel dobrado, tirado da mala, em cima da mesa.

Eu passei a folha rasgada do meu caderno a Jin e abri o papel que na verdade eram duas folhas.

-...Você não me conta como uma distração?

-Hum? - Tirei os olhos da folha para o olhar.

-Você disse que não pode ter distrações porque tem de tirar boas notas e trabalhar. Sou uma distração?

-Pode se dizer que sim. - Sorri - Mas eu mereço essa distração. - Guardei as folhas no bolso das calças.

-Bem, está ficando tarde. Vamos lá?

 

_

 

Quando entrei na pastelaria seguindo Jin senti que tinha entrado no quarto de uma criança. Aquela pastelaria parecia um autêntico sonho de criança: Tinhas cores pasteis nas paredes e tinha três balcões, um de sorvete, outro de bolos e doces e outro de gomas. As mesas eram redondas e brancas e nas paredes haviam fotografias de eventos ali passados. Festas de aniversário infantis principalmente.

-Byo-hyung! - Jin aproximou-se do balcão dos bolos e doces e cumprimentou o homem que lhe sorriu.

-SeokJin-ssi! Seja bem aparecido! - Falou antes de se virar para trás para a porta da cozinha - Sorin-ya!

Uns segundos depois uma mulher com um avental rosa pastel apareceu de trás da porta e sorriu ao passar pelos balcões para abraçar Jin.

-Você está mais alto! - Ela anunciou apertando o rosto de Jin que quis rir.

-Noona, só se passaram uns meses desde a última vez que me viu, é impressão sua.

-Então e esse moço? É o seu namorado? - Sorriu para mim.

-É um bom amigo meu. - Respondeu sereno - Na verdade viemos comprar um bolo para ele.

-Eu estava com esperança que viesse pedir emprego. - "Byo" falou de trás do balcão com os braços cruzados e um sorriso no rosto.

-Não era má ideia... - Jin sorriu - Ás vezes tenho saudades de estar aqui. Nem é pelo dinheiro.

-Então porque não volta? A Lae está sempre reclamando sobre estar aqui sozinha, acho que você lhe faz muita falta.

-As saudades que eu tenho da Lae. - Jin não resistiu em sorrir cobrindo o rosto com a mão - E imagino as saudades que ela tem de mim. Não tem ninguém para brigar e dar ordens. - Fez os dois rirem - Onde ela está?

-Foi buscar a Nara à escola, deve estar chegando. Se você esperar um pouquinho pode vê-la.

-Mmh... - Jin olhou para mim - Devem ser quase horas de você ir trabalhar, não é?

-Está quase. - Acenei.

-Quais são os bolos que foram feitos ontem? - Jin olhou para o balcão.

-O de chocolate, o de laranja e o de gelado. - O homem Ajeitou o seu avental azul.

-Qual o seu irmão prefere? - Perguntou me mais baixo.

-Tudo o que tiver açúcar aquela criatura come. - Confessei.

Jin riu e olhou para os bolos expostos de novo.

-O bolo de chocolate está mais caro! - Falou chocado.

-Ideia da Lae.

-Eu sempre vos disse que a vossa filha era capitalista. - Fez eles rirem de novo - Acho isso um ultraje!

-Ela vem aí, pode se queixar à fonte. - Sorin Caminhou para de trás do balcão para se juntar ao marido.

Eu e Jin olhámos para a porta que se abriu para mostrar uma garota de cabelo encaracolado negro pelos ombros segurando uma menina pequena pela mão, que se escondeu atrás dela.

-UAU. - fechou a porta - Quem é vivo sempre aparece. - Sorriu com um ar arrogante e brincalhão - Se voltou para pedir emprego é bom que saiba implorar.

-Temos de bater um papo reto. - Jin cruzou os braços - Porque é que o bolo de chocolate está mais caro?

-Chama-se lucro.

-Chama-se capitalismo! O preço estava acessível!

-A farinha e os morangos estão mais caros. - cruzou os braços também.

-Fazer as pessoas felizes através de comida não devia ser lucro!

-Você é fraco para o negócio! É por isso que foi despedido!

-Eu demiti-me para ir para a Faculdade. - Jin fitou a com uma expressão confusa.

-É, mas eu ia acabar por despedir você. - Fingiu desinteresse.

-Como se você mandasse em alguém.

-Eu ponho você na rua, assim oh. - Estalou os dedos - Você já não trabalha aqui para eu ser desrespeitada assim.

-Eu não posso ter um desconto? - Olhou para o casal que ria baixo com a treta.

-A LATA OH! - Lae protestou - Aqui não há descontos para ex empregados, você quer algo trabalha para isso. Quer um bolo de graça? Pode ficar com ele, se trabalhar hoje!

-Tudo bem. - Jin concordou.

-Jin, eu tenho dinheiro... posso comprar um mais barato. - Falei baixo.

-Absurdo, não. - Rejeitou-me - Não se preocupe, a Lae precisa de alguém para brigar eu não me importo nada de ficar cá essa tarde. Não tenho nada para fazer. A que horas você sai do trabalho?

-Às 18:30.

-Eu passo por lá um pouco antes e entrego o bolo. Vá antes que chegue atrasado, sim? E leia as minhas listas.

-Certo. Obrigado mesmo.

-Não me agradeça. Vá.

 

_

 

18:22

Fitava aqueles papéis com um sorriso idiota nos lábios à imenso tempo.

LISTA DE DESEJOS BIZARRO-ROMÂNTICOS A CUMPRIR -Jin

1. Encontros tardios (porque a noite pertence aos artistas, honramos a noite em que nos conhecemos e os seguintes objetivos fazem mais sentido à noite)

2. Escrever os seus raps em paredes coloridas da cidade (ao qual eu vou tirar fotografias)

3. Esconder atrás de prédios para nos pegarmos mais vezes

4. Provocações obrigatórias

5. Passear numa praia de forma pouco romântica (nós haveremos de arranjar um jeito de quebrar o romance lamechas das praias, eu sei que sim)

6. O meu maior desejo é que tenhamos algo tão genuíno quanto no início, se alguma vez tivermos a necessidade de mentir eu comprometo-me a terminar tudo; Chega de mentiras, vamos ser realistas
6.1. Realismo mas sempre com a ideologia que tudo isso é um sonho perfeito

7. Quero que você escreva raps sobre mim, porque eu quero a sua atenção, muito sinceramente

8. Escrever cartas um ao outro e enterrá-las para as lermos daqui a uns anos, óbvio que não podem ser cartas românticas mas cartas em que contamos as verdades por de trás dos nossos pensamentos

9. Andar numa montanha russa (eu sei que muitos casais o fazem mas não é romântico (?))

10. Temos de ir à uma casa assombrada

11. Saltar de algo alto (Sem a possibilidade de morrer claro - sempre o quis fazer mas não sozinho)

12. Ir para lugares longínquos apenas porque sim

13. Arranjar tretas com casais idiotas

14. Provavelmente vamos brigar porque até amigos o fazem, no entanto não me vire as costas, por mais idiota que eu esteja a ser. Prometo fazer o mesmo.

 

COISAS A NÃO FAZER -Jin

1. Na possibilidade de estarmos à chuva é proibido nos beijarmos, ou se não estaríamos a ser iguais a qualquer filme romântico americano de sempre (*A não ser que estejamos sobre tempestade - não há nada de romântico numa tempestade)

2. Frases/expressões demasiado usadas entre casais, nomeadamente "eu te amo"

3. Na eventualidade de transarmos, de forma alguma podemos ficar constrangidos sobre isso, isso é muito amoroso

4. Termos alianças ou outro tipo de prova que somos o objeto um do outro (porque não somos)

5. Cenas de ciúmes

6. Ter vergonha um do outro

7. Mentir

8. NUNCA me roube comida sem permissão. 

9. Sermos violentos

10. Podemos fazer chamadas de noite até tarde, mas nada de coisas amorosas; *realismo

11. Nada de fotos à casal em redes sociais

--//--

 

-Ei! - Jin pousou uma caixa em cima do balcão e eu fui chamado à realidade.

-Oi. - Olhei para ele - Li as suas listas. - Levantei os papéis.

-Eu não tive oportunidade de ler as suas. A Lae chateou me a tarde inteira. - Sorriu.

-Você não precisava de ter ficado lá.

-Eu fiz isso porque queria. - Insistiu - Na verdade fiquei pensando se não era boa ideia voltar para lá. É cansativo mas eu gosto tanto de estar lá.

-Faça o que faz você feliz. - Olhei para ele e ele sorriu.

-Acho que finalmente estou tentando fazer isso pela primeira vez na minha vida. - Comentou e eu senti me grato por ele pensar assim - Você está despachado?

-Os meus colegas do outro turno ainda não chegaram, você está com pressa?

-Não. Acha que o seu irmão vai gostar?

-Tem açúcar?

Jin riu e abanou a cabeça.

-Então ele consome.

-Tem chocolate, natas e morango ele não é alérgico a nada pois não?

-Não. Mas acho que pelo aspeto ele não vai ter oportunidade de comer muito, a minha mãe é louca por doces.

-O meu padrasto também é assim. A minha mãe é mais por massa.

-E você?

-Eu? Eu como de tudo. Comida é comida. Você?

-Não sou esquisito. - Sorri - Devíamos acrescentar às listas ir a restaurantes.

-Desde que não sejam chiques e caros.

-Óbvio.

Fiquei observando Jin com o rosto apoiado à mão e ele sorriu desviando o olhar.

-Se você ficar olhando assim muito tempo até parece que está apaixonado.

-E então? Talvez eu esteja mesmo. - Fui honesto e rude para disfarçar.

E é claro que ele sorriu sem querer e revirou os olhos como fazia sempre que queria ser arrogante mas não conseguia.

-Sabe de uma coisa extremamente triste? - Perguntei recebendo a sua atenção de novo.

-O quê?

-Você não me dá um beijo desde sexta feira.

Ele observou-me e tirou a folha que eu lhe tinha dado da mala lendo com cuidado em silêncio. Senti me ignorado.

-Não tem aqui nada. - Levantou o olhar e eu abanei a cabeça confuso - Não diz aqui nada sobre eu e você termos de nos beijar a não ser que você suba a um palco.

-Porque é óbvio que temos de o fazer constantemente.

-Não, não é! Não estou tentando quebrar o estigma de casal romântico para você chegar aqui e dizer que é triste não nos beijarmos constantemente. Para além do mais, o que quer que eu faça? Você está trabalhando.

-Tão certinho, quem ouve você nem desconfia que você arranja tretas num piscar de olhos.

-É essa a intenção. - Declarou com um sorriso superior - Mas é sério isso. Eu não quero que nada entre nós perca o valor, logo não há beijos constantes assim.

Poucos minutos depois finalmente pude sair da loja com Jin. Apanhamos o ónibus juntos e sentámos no fundo do veículo vazio, conversando sobre a pastelaria onde ele tinha trabalhado.

-...Você se dá bem com aquela garota?

-A Lae? Sim. Ela gosta de brigar e dar me ordens mas no fundo está só brincando. Como ela é mais nova eu sempre provoco ela e temos uma relação assim.

-Quantos anos ela tem?

-Fez 16 faz pouco tempo. Como é um negócio familiar ela passa pouco tempo com os amigos e está sempre ali fechada. - Explicou - Quando eu trabalhava lá, era mais fácil para ela porque ela podia sair e mesmo quando estávamos só nós os dois ela tinha alguém para conversar.

-Eu entendo, estar lá na loja também é bem entediante. Os meus colegas do meu turno estão sempre com sono e ocupados, não há grande diálogo entre nós. - Fiz ele sorrir - A menos que a loja esteja fechada e arrumada, aí nós juntamos nos e fazemos corridas no armazém da loja e fazemos corridas.

-Que maturos. - Comentou - Na verdade sempre quis brincar com os carrinhos das compras. Acho que é o sonho de qualquer criança.

Eu sorri fraco ao ouvir aquilo e olhei para a frente para não o encarar:

-Se escrever isso na lista talvez se cumpra.

-...Você está falando a sério?

Eu olhei-o e dei de ombros sendo abraçado por ele.

-Você é o melhor! - Beijou o meu rosto.

-Bem, você deu me um bolo, é o mínimo que posso fazer. - Justifiquei segurando a caixa no meu colo.

 Ele tinha um sorriso tão bonito mas tudo o que eu pensava em fazer era beijá-lo. Jin encostou a cabeça ao meu ombro e abraçou o meu braço suspirando e dizendo que estava cansado de passar o dia na cozinha.

 Falámos mais um pouco sobre trabalhar e quando chegou à paragem dele ele olhou-me ponderando o que devia fazer. Eu tinha a certeza que estava bem explicito nos meus olhos "ME BEIJA" mas ele levantou-se e acenou me sorrindo ao qual eu respondi com um sorriso falso e um aceno de despedida.

 Era a pura provocação.

_

Depois de cantar os parabéns ao Kihyun ele abraçou me com força e depois há minha mãe, antes de ir dormir.

-Quase que pensei que ia bater em você. - Minha mãe falou cortando mais uma fatia de bolo para ela.

-Você não confia no seu filho?

-Eu te conheço.

-Então sabe que eu não ia desapontar o meu irmãozinho.

Ela sorriu e concordou com a cabeça comendo.

-Esse bolo é dos Deuses, onde você comprou? - Falou de boca cheia.

 Eu ponderei mentir mas decidi que podia ser um bom momento para lhe contar.

-Foi oferecido. Na verdade.

Ela estranhou aquilo:

-Namjoon?

-Se lembra de eu te falar de um garoto que estou vendo? - Falei arrastando a fala.

-Ele fez esse bolo?! - Ela apontou-me o garfo na sua mão.

-Não, mas trabalhou na pastelaria onde foi feito.

-Então ele é bom na cozinha?

-Pelo jeito que trataram ele, eu julgo que sim. Pediram para ele voltar.

-Se esse garoto for bom na cozinha é para casar, Namjoon.

-Mãe... menos. - Pedi tímido. 

-Como estão as coisas com ele? Já podemos falar sobre isso ou ainda andam a brincar?

-Você quer mesmo saber...?

-É claro! Você tem 18 anos e nunca namorou.

-Que você saiba. - Sentei-me na bancada.

-Qual é a parte de eu te conheço que você não entende?

-Tá, é a minha primeira vez namorando. Quer dizer, ele não bem é meu namorado.

-Você sabe o que eu quis dizer. Vai me contar ou...?

-Ele é um amigo do YoonGi e do Jimin. Já agora, eles estão namorando.

-Que fofos, continue.

-Eu conheci ele numa festa em casa do YoonGi. Não sei bem o que aconteceu mas gostamos um do outro desde essa noite. - Dei de ombros desconfortável - Nós decidimos continuar a falar e saímos juntos algumas vezes. O problema é que ele estava com alguém antes e ele estava muito infeliz quando eu o conheci. Mas agora já terminou.

-Ele tinha outra pessoa? - Ela repetiu e eu já sabia que ia dar merda.

-É uma história um bocado complicada. Eles terminaram no outro dia. O cara bateu nele e agora não pára de tentar falar com ele, acho que ele está assustado com isso.

-Já nessa idade vocês metem-se nessas relações abusivas. - Abanou a cabeça - Como ele se chama?

-SeokJin.

-Vocês gostam mesmo um do outro ou é só as hormonas de romance adolescente?

-Gostamos mesmo um do outro. 

Aquilo custava a dizer. "Gostamos um do outro". Eu gostava de ler, gostava de dormir, gostava de passear, o que eu sentia pelo Jin não era apenas "gostar". Eu era atraído por ele. Era algo diferente e às vezes assustador e frustrante por eu não entender o que era. Mas não era "gostar".

-Você gosta assim tanto dele que o apresentaria a mim e ao Kihyun?

-Possivelmente. Depois das coisas acalmarem. - Menti. 

 Não, eu não o queria apresentar à minha mãe e ao meu irmão, ela ia ter a impressão errada dele, ia chamar ele de meu namorado. Eu não queria isso.

-Eu não gosto desse negócio de ele andar com você e com outro. - Declarou finalmente.

-Ele não tem a culpa que me conheceu depois, né? - Tentei chamá-la à razão.

-Mas isso não é assim. Quem te garante que ele não faz o mesmo a você?

-São situações diferentes. - Suspirei - Eles os dois não tinham uma relação como eu e ele temos.

-Você se acha mais que o outro cara?

-Sim.

Muito mais.

-Quero ver, se ele te trair como vai ser.

-Depois pergunta porque eu nunca conto nada. - Levantei-me e fui para o meu quarto.

Odiava brigar com a minha mãe mas era sempre assim. Ela era super protetora e só sabia criticar as pessoas à volta dos filhos. Quando o meu pai era vivo, ele controlava esse lado dela mas agora ela estava ainda pior. O Kihyun por exemplo não pode fazer nada sem autorização ou supervisão dela. Se não fosse eu, ele não brincava na rua com os amigos.

 No final, eu também não podia esperar que as pessoas entendessem o que havia entre mim e o Jin. Eu também não entendia.