-...Não esteja tão nervoso. - Jin puxou a minha camisa para cima ajeitando-a.
-Você é que está nervoso. - Resmunguei - E me deixa nervoso a mim.
-Eu não estou. - Mentiu - Ele vai adorar você. - Jin sorriu fraco antes de ver o seu pai surgir atrás de mim a metros de distância - Pai! - Sorriu e eu engoli a saliva seca que tinha na boca.
-Jin-ah. - O homem mais alto abraçou o filho com saudades - Como foi a viagem?
-Ótima. - Jin sorriu quebrando o abraço - A Bom continua uma anã, você acredita? - Fez o pai rir - Pai, hum esse é o meu namorado, Kim Namjoon. - Jin segurou o meu braço.
-O famoso namorado. - o homem comentou e fixou o olhar em mim sério - Gosto em te conhecer, Namjoon.
-Gosto em conhecer você, Senhor Kim.
-Pode me tratar por hyung. - Declarou e olhou para Jin - Vamos jantar?
-Sim. - Jin segurou a minha mão e fomos até ao carro do pai dele. Fomos a um restaurante elegante e eu fiquei constrangido quando vi os preços, até pedi o prato mais barato do restaurante.
-...O Jin disse que vocês não se conhecem à muito tempo.
Que maravilha, ele tinha dito isso.
-É verdade, sim. Embora pareça uma eternidade. - Fiz Jin sorrir.
-Ah... Bem, ouvi dizer que você trabalha.
Há algo que ele não tenha dito?
-Isso não é nada a sério. Eu apenas trabalho para ajudar a minha mãe com as coisas lá de casa.
-Isso é bom na mesma. Vive sozinho com ela?
-E com o meu irmão.
-Ah quando são os outros trabalhando é bom mas quando sou eu é o fim do mundo.
-Não é o fim do mundo você trabalhar, simplesmente não acho que seja o mais adequado para você. Não nesse momento. - Corrigiu vendo o olhar magoado de Jin.
-Nesse momento. - Jin repetiu aborrecido.
-Você teve um acidente muito grave.
-Isso já foi à tanto tempo, pai.
-Não interessa. Eu não concordo, mas você faz o que quiser.
-Pai.
-Namjoon, você esteve lá na altura do acidente?
-O Namjoon foi quem me salvou na verdade. - Jin falou.
-Salvar é uma palavra forte. Eu tive a sorte de estar lá e levei ele ao hospital.
-Não entrou em pânico?
-Ah...
-Força, tenha o seu momento de herói. - Jin sorriu antes de beber.
-Na verdade eu acho que nunca tinha sentido tanto medo na vida, foi horrível.
-Mas manteve a calma. E esteve comigo quando eu acordei. - Jin acrescentou.
-Aish, eu nem devia tocar nesse assunto, só de pensar que podia ter perdido você. - O pai de Jin suspirou - Deixando isso de parte... Como foi a viagem?
-Ah... O tempo não ajudou, mas eu já estava à espera. Ainda conseguimos ir à praia.
O jantar passou demasiado lento para ser honesto. Achei aquilo um pouco tortuoso, eu nunca me preocupei com ter de ser bom o suficiente para alguém e agora que o fazia pelo Jin também tinha de o fazer pela família dele e isso era mais complicado. Ele podia estar apaixonado por mim mas as pessoas à volta dele viam o quão falhado eu era.
Mais tarde o pai de Jin insistiu em me levar a casa e pedir desculpas à minha família por termos demorado. Quando parámos à frente da minha casa Jin deu me um sorriso nervoso para me acalmar por vermos a minha mãe de braços cruzados à minha espera.
Eu levei o meu saco às costas e preparei me para levar o sermão e o mau humor dela no entanto ela ficou chocada quando olhou para o rosto do homem mais velho, descruzando os braços.
-Se-Seokwoon? Kim Seokwoon?! - Ela sorriu e o pai de Jin riu surpreso e abraçou a minha mãe com força.
-Hum... - Olhei para a cena não curtindo aquilo nem um pouquinho preparando-me para em qualquer segundo o fantasma do meu pai aparecer e dizer ao pai do Jin para tirar as mãos da minha mãe.
-...Que eles não tenham namorado. Pelo amor de Deus, que eles não tenham namorado nunca...?! - Jin implorou baixo segurando a minha mão com força.
-Quanto tempo...! - Seokwoon largou a minha mãe "HUM ACHO BEM"- Você está igualzinha!
-Com mais cabelos brancos. - Minha mãe sorriu irónica.
-Eu também estou envelhecendo rápido. - Abanou a cabeça - Você é mãe do Namjoon? Eu bem pensei que esse garoto era parecido ao Jiho mas pensei que era apenas um acaso. - Sorriu.
Ah bom, ele sabia da existência do Kim Jiho e que a minha mãe era todinha dele.
- Ele está lá dentro?
Que foda-se. Aquilo ficou triste muito de repente. A minha mãe sorriu fazendo se de forte colocando as mãos nos ombros de Seokwoon com os olhos a brilhar e eu desviei o olhar por um momento, captando a atenção de Jin.
-Não, Woonie. Ele não lá dentro.
-...Vocês não se divorciaram pois não? - Ele perguntou baixo quase irónico.
-Nunca. Por mais teimoso e infantil... E idiota que aquele homem era, eu nunca o faria. - Sorriu.
-...Eu lamento. - Seokwoon sorriu triste - Tão burro, eu pensei que ele apenas tinha mudado de número... - Seokwoon mexeu no cabelo sem saber como reagir.
A minha mãe respirou fundo:
-Porque você não entra um pouco e eu conto tudo?
-Sim, eu... Jin-ah, você não se importa de ficar um pouco? Eu levo você para casa depois.
-Como você queira. Mas... De onde você e a dona Kim se conhecem mesmo? - Jin perguntou com receio.
-Nós andámos na escola juntos. - A minha mãe sorriu para nós - Os vossos pais costumavam ser melhores amigos.
-Então você conhecia o meu pai? - Olhei para Seokwoon mais aliviado. Se ele conhecia o meu pai assim tão bem nunca tocaria na minha mãe.
-Se conhecia. Éramos inseparáveis quando tínhamos os nossos 16 anos. - Sorriu para mim e eu vi o quão parecidos os sorrisos dele e de Jin.
Mal entrámos em minha casa Kihyun saltou nos meus braços com muita força.
-Hyung! Finalmente! - Abraçou o meu pescoço - Pensei que você se tinha ido embora de vez.
-Foram só umas férias, tonto. - Abracei ele com força antes de o pousar no chão - Você teve muitas saudades do seu mano? - Sorri.
-Não, nem por isso. - Fez me perder o sorriso - Mas a mamãe está sempre ganhando nos video games. Eu prefiro jogar contra você, é mais fácil.
Seokjin riu discreto fechando a porta atrás de si.
-Ah oi, você é o hyung com que o meu mano está sempre saindo não é? - Kihyun olhou para Jin com curiosidade - Kim Kihyun.
-Kim Seokjin. - Recebeu um abraço de Kihyun que o chocou.
-Por favor tome cuidado com o meu hyung. Ele é muito desastrado. - Quebrou o abraço - E quebra tudo à volta dele, por favor cuide dele. - Fez uma vénia e Jin riu vermelho.
-Eu vou fazer o meu melhor para cuidar dele. Prometo.
-Obrigado, hyung. - Sorriu inocente.
-Vá, já terminou de me humilhar? Vá para a cama, é tarde. - Cruzei os braços.
-Não! - Ele cruzou os braços como uma verdadeira criança - Eu tenho dormido com a mamãe e apenas vou dormir quando ela for.
-Saí por uns dias e você já está feito uma criança mimada. Honestamente. - Puxei o pulso de Jin e fomos para a cozinha onde os nossos pais colocavam a conversa em dia.
-Ele é fofo... - Jin comentou baixo.
-Sim, até a hora da atacação. - Encostei o corpo à ombreira da porta.
-...É verdade! - A minha mãe sorriu como eu já não via à imenso tempo.
Eu evitava falar do meu pai, achava que a machucava mas ela estava sorrindo tanto que talvez eu estivesse errado.
-Ele era tão idiota mas eu conseguia ser mais. - Seokwoon abanou a cabeça sentado à mesa com a minha mãe - Ninguém pensava que vocês iam ficar juntos. Mas eu sabia, Sem, que por mais que você agisse como uma garota rebelde sem sentimentos você estava interessada nele.
-Se fosse fácil qual era a graça? - Olhou para a parede - Para além disso... Tinha a sua graça ter ele na minha. E ele nunca desistiu.
-Ele estava sempre falando de si. - Seokwoon sorriu e a minha mãe se levantou para servir café aos dois.
-...Então, você é o pai do Seokjin. - minha mãe começou e eu dei lhe um olhar para ela não ser má.
-Sim. Biologicamente falando. - Confessou sarcástico antes de dar um golo no café - Não tenho sido um pai muito presente. Na verdade nunca estive presente de todo...
-Isso explica tanto...
-Mãe.
-Não brigue. - Seokjin pediu murmurando.
-Não estou brigando, mas esses comentários são desnecessários.
-...Vê? - Minha mãe apontou para mim olhando para Seokwoon - Cara do pai mas a atitude é toda minha. - Falou com orgulho sentando-se de novo.
-Ah Jin, você foi logo namorar com um rebelde. - Seokwoon resmungou - Peço desculpa, mas acho que mudei a minha opinião.
-Não, não, o Namjoon consegue ser mais suave que eu era. - Minha mãe me defendeu.
-Sim, ele e toda a gente, Sem. Você sabe quantas vezes o seu pai foi rejeitado por essa mulher? - Seokwoon olhou para mim e minha mãe riu.
-Eu consigo imaginar.
-E nunca desistiu. Porque por mais que eu negasse interesse. Ele era algo mais.
-Se lembra que quase lhe bateu quando ele pediu para você sair com ele da primeira vez? Eu lembro. E mesmo assim ele não desistiu. Se eu não fosse o vosso padrinho de casamento, eu diria que isso é absurdo.
-Você está se queixando muito para quem ficou rindo.
-Eu ri mas eu consolei ele, né? Você era tão má...!
-Sim, mas ele gostava de desafios o que pode fazer?
-Eu gostava de voltar a esses tempos. - Seokwoon sorriu - As coisas eram tão fáceis.
-Com coisas fáceis, refere-se às garotas fáceis?
-Ei, o meu filho está aqui, importa-se?!
-Isso não me surpreende para ser honesto. - Jin admitiu frio.
Seokwoon torceu o nariz ouvindo minha mãe rir e eu olhei para Seokjin rindo fraco.
-Sua mãe mudou o meu jeito de pensar. - Justificou.
-Eu sei, não se preocupe.
-Então... Se você não está presente... - Minha mãe continuou interessada naquilo.
-A Jisu não me amava mais.
-"Mais"? Você não deixa de amar alguém. - a minha mãe corrigiu.
-Sem, nem toda a gente consegue encontrar a alma gêmea como você e o Jiho se encontraram.
-Você sabe. Quando se encontra de verdade a pessoa certa, você sabe.
-Talvez. Talvez seja por isso que o Jiho nunca tenha desistido mesmo depois de todas as formas de rejeição possíveis. - Fez a minha mãe sorrir.
-Nah. Ele era algo mais. Gostava tanto que ele ainda estivesse aqui comigo... O mais novo nem o conheceu. Era muito pequeno quando aconteceu.
-O mais novo?
-Namjoon, o Kihyun?
Eu puxei o braço de Kihyun que se escondia atrás de mim há alguns minutos.
-Kihyun, vem aqui. - Minha mãe pediu docemente e Kihyun sentou no colo dela com alguma timidez - Esse senhor era amigo do seu pai. Seja simpático.
-V-Você conhecia o meu pai?
-Sim.
-Como ele era?
-Era um homem muito engraçado e corajoso. Fazia sempre todos sorrirem à sua volta. E fazia tudo pela sua mãe. Se ele é o mais novo... - Virou o rosto para mim e Jin - Então eu já conhecia você, Namjoon. Aliás, eu e Jin já te conhecíamos.
-Ah... Não? - Jin abanou a cabeça.
-Sim. Eu me lembro. Eu fui buscar você à escola um dia e no caminho para casa encontrei o Jiho. Foi a última vez que o vi. E ele também tinha o filho dele com ele eu simplesmente deixei passar o nome dele, mas era pouco mais novo que você, Jin. Foi pouco antes da Jisu me deixar.
-...Ele disse que viu você, mas eu não me lembro quando. E acho que mencionou que você estava com o seu filho mas eu não liguei muito. Não liguei desde que você nos chamou dizendo que a Jisu tinha engravidado. Eu nem dei conta que era ela no dia do acidente.
-O acidente do Jin? - Kihyun saiu do colo da minha mãe e correu para fora da cozinha para o quarto dele.
-Sim. Eu é que levei ela ao quarto onde ele estava. Depois de algum tempo as pessoas parecem todas iguais para mim, nem dei conta que era ela.
-Você nunca gostou muito dela pois não? - Seokwoon sorriu.
-Não era nada contra ela mas quando você voltou de Busan noivo de uma garota tão nova eu não tive um bom pressentimento que saísse coisa boa.
-Bem... Nós fomos felizes. E tivemos o Jin então... Algo bom aconteceu.
Jin não pareceu concordar pelo o olhar e eu quis dar um tapa nele. Não, não era isso, eu queria abraçar ele e dizer o quão especial ele era.
-...Se você o diz eu acredito em si. É mesmo estranho olhar para si e ver você com esse ar tão elegante.
-Elegante?
-É. Eu me lembro quando você tinha o cabelo cumprido e usava aquelas jaquetas caras.
-É mas eu trabalhava bem para comprar a minha roupa.
-A roupa, os produtos do cabelo, as colónias, os ingressos dos concertos, os encontros com as meninas bonitas lá do colegial. Entre outros negócios mais... Ilegais.
-Pare de me fazer passar por mau exemplo. Jin, eu não fazia nada de ilegal. - Apontou o dedo.
-Certo. Certo. - Minha mãe concordou irónica - Você não fazia nada de mal. Era um anjo.
-Ah é? Então conta ao seu filho o que você fazia.
-Eu fumava maconha na van da sua avó com o seu pai. - Minha mãe declarou natural.
-Porquê que você é assim? - Seokwoon perguntou desapontado enquanto ria.
-Sério? Você? - Estranhei.
Não que eu achasse a minha mãe uma santa mas ela era bem saudável, se tirarmos os doces que ela comia.
-Não se esqueça do seu pai. E de onde é que o seu pai arranjava isso né. - Apontou para Seokwoon que ria nervoso por Jin estar ali.
-Então é por isso que o avô não queria você com a mãe. - Jin cruzou os braços - Faz sentido agora.
-Eu era só um miúdo, Jin. Mas eu fiz o que pensei ser certo quando conheci a Jisu.
-O quê? Engravidar a garota? - A minha mãe Perguntou irónica.
-Vocês... Apenas se casaram porque a mãe estava grávida?
-Claro que não! Eu estava completamente apaixonado por ela e ela por mim. E a gravidez foi depois do casamento. Muito perto, mas depois.
Jin não pareceu ouvir de todo mas Seokwoon não notou e continuou a falar com a minha mãe sobre os erros da juventude deles. Passou demasiado tempo mas ambos eu e Jin não parecíamos desinteressados na conversa deles. E ver a minha mãe rir tanto estava a ser realmente bom.
-Ah esse foi o meu show favorito! - Minha mãe sorriu brilhante.
-Se bem me lembro... No fim desse show você e o Jiho desapareceram e me deixaram sozinho. E levaram a van.
A minha mãe deu de ombros com um sorriso felicíssimo.
-Ah certo. Quantas vezes eu fui deixado para vocês se divertirem sozinhos.
-Atá! Porque eu e o Jiho nunca tivemos momentos arruinados por você!
-Se lembra quando nós fizemos uma viagem pelo colegial e o Jiho e vocês tinham combinado ficar no mesmo quarto de hotel mas eu tive de me esconder lá porque... - Interrompeu a fala parecendo pensar - Porquê que eu estava me escondendo?
-Vejam crianças, o que as drogas e a bebida faz. - Minha mãe fez me rir a mim e ao Jin - Você tinha fumado demasiado e estava batendo na porta do quarto porque as suas malas estavam lá e você precisava de roupa porque estava pelado, por algum razão.
Jin abriu a boca chocado e Seokwoon cobriu o rosto com uma mão antes de começar a rir envergonhado.
-... não era o único pelado, não é verdade? - Ele falou alto tentando envergonhar a minha mãe mas ela ficou animada.
-Pode tentar à vontade, o meu filho sabe bem os pais que tem. Vocês até podem pensar que é vergonhoso, mas o Jiho preparou-se tanto! Ele preparou com cuidado uma noite romântica e... - Olhou para Seokwoon com o típico olhar ameaçador - esse vadio chapado do caralho - Fez Jin rir ficando vermelho - interrompeu a potencial melhor noite da minha vida.
-Ah por favor, era a primeira vez dos dois você realmente pensou que ele fosse durar a noite toda? Muito iludida você. - Seokwoon cruzou os braços.
-Empata fodas... - Minha mãe resmungou e eu ri.
-Eu não me lembrava disso tudo. Como porra é que eu acabei pelado...?
-Se calhar estava tentando se juntar foi por isso que apareceu assim lá no quarto. - Fez ele se engasgar no café antes de rir.
-Talvez, talvez. Sabe sempre achei o Jiho muito gostoso. - Olhou para a minha mãe com uma certa arrogância superior que fez ambos rirem - O quê que o Jiho fez?
-Bem... Nós apenas estávamos comendo mas resmungámos na mesma. Depois ele deixou você entrar e trancou você no banheiro com um cobertor até eu voltar para o meu quarto que tinha com outra garota. Sério, que filha da putice Seokwoon. - A minha mãe abanou a cabeça antes de beber um pouco de café - É para ver o tipo de pai que você tem, Seokjin! Aposto que ele se finge de santo.
-Eu era apenas um moleque!
-E eu era apenas uma garota extremamente apaixonada. O Jiho tinha planeado tudo e você... - Esfregou a mão no rosto - Sério, fico brava apenas de pensar nisso.
-Nossa, você guardou rancor até hoje?
-Sim! O Jiho ficou tão triste, pensou que me tinha desiludido.
-Não fique chateada, se vocês tivessem conseguido chegar ao fim ele tinha desiludido na mesma. - Levou um tapa da minha mãe no braço.
-Apenas porque ele não se jogava em todas as garotas como você não queria dizer que ele fosse mau, ele era um homem a sério! Não uma amostra como você. - Provocou fazendo ambos sorrirem - Quer dizer, basta olhar para os nossos filhos, saíram duas obras de arte.
-Acho que é a única coisa errada que você disse até agora. - Eu corrigi.
-Idiota. - Minha mãe revirou os olhos - Ele é tão parecido ao Jiho. Até dá orgulho. - Minha mãe abanou a cabeça sorrindo parecendo muito mais jovem.
-É pena apenas terem dois. O Jiho queria ter mais filhos.
-Te garanto que se ele estivesse vivo não eram apenas dois. - Chocou o Seokwoon e depois riu - Não, mas nós sempre quiséramos ter mais. E ele era um pai tão babado. Quando o Namjoon nasceu ele estava tão orgulhoso.
-Já quando você estava grávida, ele estava completamente orgulhoso de ser pai. - Seokwoon sorriu olhando para baixo - Eu ainda vi você grávida...!
-Eu estava horrível. - Suspirou segurando a sua testa cansada apenas de pensar - Mas ele estava tão ansioso por ser pai que me fazia sentir como uma rainha. E quando o Kihyun nasceu ele reclamou porque nós tínhamos esperado demasiado para ter o segundo filho. E já estávamos planeando o terceiro mas... - Deu de ombros - Depois aconteceu. Também ficava difícil por causa do dinheiro. - Acrescentou para disfarçar.
-Mas vocês conseguiam. - Seokwoon confessou a sua opinião - Você ainda pode.
Coitado, alguém avisa ele?
-Não, não. - Minha mãe falou por mim - Nunca mais.
-Porque não?
-O Namjoon e Kihyun já me dão trabalho o suficiente. - Não era o que eu estava à espera - Qualquer dia o Namjoon sai de casa e eu tenho de cuidar do mais novo sozinha e não é fácil. Para não falar do óbvio que eu nunca mais vou namorar, quanto mais ter filhos. É tarde e não faria sentido.
-Não diga nunca.
Eu não queria odiar o pai de Jin mas queria mandar ele se calar na boa.
-Ah eu não consigo. O Jiho era e sempre será o único que eu vou amar. - Aquilo dava um orgulho de ouvir - Não há ninguém para mim como ele. Você melhor que ninguém sabe. Eu já tive um romance agora tenho de cuidar deles.
-E depois?
-Depois o quê? Eu não vou durar para sempre. Depois deles, pode ser que eu tenha netos e depois acabou-se né. Quer dizer, os netos devem demorar porque tem de ser do kihyun e ele é uma criança ainda. Esse aí está um homem, do nada meteu-se com o seu filho. - Desabafou apontando para mim mas falou como se eu não estivesse lá.
-Ah bem... O que fazer? - Seokwoon acabou o café - Isso foi bom mas eu tenho de levar o Jin à mãe dele antes que ela ligue à polícia dizendo que eu o raptei.
-Nossa. Cada vez mais entendo o porquê de você não estar muito bem, Seokjin. - A minha mãe se levantou.
-Eu estou bem agora, Dona Kim. - Jin declarou inocente e eu quis beijá-lo.
-Eu espero que sim. Mas não precisamos de falar de novo, tenho a certeza.
-O que você falou com o meu filho? - Seokwoon levantou se preparando se para ir embora.
-Apenas do estado dele.
-Estado?
-A dona Kim quis falar comigo porque soube que a mãe mandou eu visitar um psiquiatra à algum tempo atrás. Ela quis saber se estava tudo bem apenas isso.
-Mmh... - Torci os lábios insatisfeito com o que Jin disse.
-Algo a dizer? - A minha mãe perguntou.
-Não vai admitir que pensava que o Jin era louco porque você e o pai dele são amigos?
-Sem? O meu filho não é louco. - Seokwoon teve a necessidade de explicitar - Teve momentos mais frágeis da vida dele mas posso garantir que a culpa não era dele.
-Eu não disse que ele era louco. - Discutível - Eu estava preocupada porque eu pensei que o Jin não estivesse bem psicologicamente e não, não queria o meu filho namorando um garoto problemático mas eu e o Jin falámos e está tudo bem. Certo, Seokjin?
-Sim. Está tudo ótimo. - Jin falou sorrindo fraco.
-Não se preocupe, Seokwoon, eu não tenho nada contra o seu filho. Pelo contrário ele está se revelando um garoto muito certinho. E até tenta acalmar o Namjoon. Mas ele é muito parecido a mim.
-É? Durante o jantar todo ele não pareceu um animal não domesticado. - Foi empurrado pela minha mãe enquanto os dois riram.
Enquanto eles ainda conversavam animadamente eu puxei Seokjin para o corredor.
-Você não devia ser tão passivo com ela. - Desviei a franja dos olhos dele.
-E você devia arranjar menos tretas com a sua mãe. - Fechou a jaqueta.
-Não aja assim, sabe o quanto eu queria beijar você à frente deles? - Fiz ele sorrir sem jeito.
-Então... Os nossos pais eram melhores amigos... Isso é estranho. - Falou devagar.
-Nunca na vida pensei que isso fosse possível. - Confessei - Talvez...? Talvez o Universo quisesse que nos conhecêssemos mesmo.
-Sim, quer dizer... Pelo que parece nós já nos tínhamos visto antes. Eu nem me lembrava disso.
-Nem eu. Sou o único que não curte essa proximidade deles?
-Ah... Sim? Não sei, eles fazem me lembrar um pouco eu e o Jimin.
-Você pegava o Jimin se tivesse a oportunidade. Eu não quero que eles tenham nada. Nunca.
-Eles não vão ter. E eu não pegava ele se pudesse. Não quando você existe, Joon. - Declarou e eu rocei os nossos narizes.
-Quem diria que como namorado você seria tão meigo?
Jin suspirou revirando os olhos e eu tentei beijar ele mas ele se desviou.
-Eles estão mesmo ali. - Ele empurrou-me sorrindo corado.
-E? Passaram a última hora fazendo sobre tomarem substâncias, transarem e errarem, eu apenas quero um beijo inocente do meu namorado. - Recebi um olhar julgador de Seokjin - Apenas um.
-Você teve imenso tempo comigo só para si, não seja mimado.
-A eternidade é curta quando é você ao meu lado.
-...Apenas um. - Declarou e selou os nossos lábios num momento curto. Demasiado curto.
-Ao menos me abrace. - Pedi e ele abraçou o meu tronco encostando-se a mim dando me oportunidade de beijar o pescoço dele.
-Abusado...!
-Eu? - Afastei o rosto para o olhar e ele abanou a cabeça antes de o beijar mais a sério.
-Ssh não abusa! - Quebrou o beijo com um sorriso tímido.
-Vem aqui. - Abracei ele dessa vez com carinho e vi o meu irmão descer as escadas com sono - Você ainda está acordado, Kihyun? - Perguntei e Seokjin quebrou o abraço segurando a minha mão.
-A omma ainda vai demorar?
-Um bocadinho, vá dormir.
Kihyun relaxou os ombros e negou deitando-se nas escadas cheio de sono.
-Kihyun, não se deite nas escadas. - Pedi cansado e ele não se mexeu então eu peguei ele ao colo e sentei-me nas escadas sentando ele ao meu colo e ele fechou os olhos ficando confortável - Que peste.
-Eu ouvi.
-Não é segredo. - Penteei ele e Jin sorriu sentando-se ao meu lado com a cabeça no meu ombro - Você também está cansado, né?
-Mmh hum. Amanhã vou dormir até a hora de almoço. E depois de almoço continuo a dormir. - Fez me rir fraco.
Kihyun deixou o corpo relaxar mas eu sabia que ele não estava dormindo, apenas queria a minha atenção.
-Olha aqui, se você cair e se machucar a culpa não é minha. - Ouvi ele ressonar e toquei na cintura dele para fazer-lhe cócegas mas ele acabou por bater com a cabeça na parede e fez menção de chorar - Não, não, não, ssh! - Abracei ele e Jin bateu no meu braço pela brincadeira - Desculpa, não chora, foi sem querer, Kihyun. Não chora.
-Sério, Namjoon ele é só uma criança.
-Foi sem querer, hyung. - Disse dando carinho na cabeça do meu irmão - Você está bem? - Tente olhar para ele.
Kihyun mostrou o rosto vermelho e eu limpei as lágrimas dele.
-Está doendo? - Ele acenou - Já passa, não se preocupe. - Passei a mão onde tinha batido - Eu te avisei.
-A culpa foi sua! - Ele disse e eu senti-me culpado.
-Eu sei, desculpa. Não fiz por mal.
Ele saiu do meu colo e ia subir as escadas:
-Kihyun, você está chateado comigo? - Puxei ele.
-Sim.
-Não fique.
-Larga. - Ele puxou o pulso dele mas eu não o larguei.
-Vai se machucar outra vez.
-Larga!
-Não faça força então. - Disse e ele continuou - Nossa você é burro mesmo.
-Não fale assim com ele, é apenas um menino. - Jin pediu segurando no pulso dele e no meu para nos largarmos sem ele cair para trás e depois largou ambos.
Depois de Jin e o seu pai irem embora o Kihyun foi para o quarto da minha mãe e adormeceu logo mas ela quis falar comigo.
-Como foram as férias?
-Boas.
-Nada de mal aconteceu?
-Não. Apenas coisas boas.
-Como o quê?
-...Pedi o Jin em namoro e ele aceitou.
-Você está feliz com isso? Nunca ligou para namoros.
-Eu estou. É o que eu quero.
-Está bem. - Abraçou-me - É isso que importa. Desculpe ser tão cabeça dura às vezes.
-Eu sei que você está me protegendo. - Quebrei o abraço.
-Ótimo. E o SeokJin... não parece tão problemático quanto eu achava. Mas eu tinha razões sólidas para achar isso.
-Você estava indo bem até esse mas. Mas eu entendo. Apenas... Você entende que eu gosto mesmo dele, certo? - Vi ela acenar - Aliás, estou gostando dele mais do que queria inicialmente.
-...Como assim?
-Não quero entrar em detalhes.
-Você é que sabe. Vamos dormir?
-Só mais uma coisa. Você e o pai do Jin... Vocês nunca vão ter nada certo?
-...Posso ignorar isso?
-Não, eu meio que preciso duma resposta. Urgentemente. Apenas para conseguir dormir.
-NUNCA NA VIDA.
-Está bem, estamos esclarecidos boa noite. - Dei um beijo na testa dela deixando ela enojada ainda pela pergunta.
-Kim Namjoon. Como assim?! É o melhor amigo do seu pai, se há pessoa com que eu nunca vou ter nada na minha vida é ele! E...
-...Sim? - Olhei para ela que tinha baixado o olhar.
-Eu ainda amo o seu pai. Acho que nunca vou parar de me sentir assim. E acho que nunca mais vou conseguir ter ninguém de todo.
-Desculpa perguntar. - Abracei ela de novo - Mas estava me incomodando de verdade. Eu sei que é egoísta mas eu não consigo imaginar você com outra pessoa.
-Eu também não. Não é egoísta, eu acho que ambos sabemos que eu nunca vou ultrapassar a morte dele. - Abraçou-me de volta - Não acho justo, não consigo.
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