POV Narrador
Dois meses depois...
Os raios solares irradiavam no belo - e completamente azul celeste - céu de Angeles, para uma manhã monótona de segunda-feira, o dia estava muito bonito. Fazia um calor inacreditavelmente insuportável, e ao contrário de estarem aproveitando o sol e o clima quente, America e Maxon foram trabalhar. Sim, trabalhar.
No último mês, America havia começado a cursar Relações Internacionais na faculdade da cidade, com o intuito de assumir o lugar dos pais na empresa, futuramente. Desde então, a jovem tem trabalhado de segunda à sexta na corporação, como assistente do namorado.
Eadlyn e Ahren ficavam sob os cuidados de Paige - sua babá - em uma sala no mesmo corredor em que seus pais trabalham, para que pudessem matar a saudade dos filhos quando quisessem.
Enquanto organizava alguns documentos, pôde perceber que Maxon mantinha uma expressão incomodada, com o cenho franzido e os olhos fixos em um ponto qualquer em sua mesa, repleta de papéis, parecia não estar gostando do que ouvia do outro lado da ligação; ao final dela, bufou, irritado, e jogou o telefone com força no gancho.
- Você está bem? - America perguntou, arquivando a papelada.
- Alguém está nos processando. - ele murmurou, afundando seu corpo na cadeira.
- O quê?! Quem? - se aproximou, apoiando-se na bancada.
- Eu não sei. - respondeu-a, dando de ombros. - James deve saber de algo, pode me trazer informações?
- Claro. - levantou-se, e caminhou para fora da sala.
O escritório de James ficava dois andares acima do de Maxon, aquela era a ala dos advogados - ou, ala dos tubarões, assim chamada pelas atendentes. -, e, ao contrário do eventual, estava quase vazia.
Ao chegar na sala do rapaz, não o encontrou, o que lhe espantou, já que ele sempre estava lá, enfurnado nos documentos.
De repente, America ouviu um estrondo, capaz de ensurdecer.
- Que diabos foi isso? - perguntou-se, olhando para os lados.
Preocupada, America começou a caminhar pelos corredores vazios do andar, até se deparar com uma cena deplorável. James estava jogado no chão, com a mão posta sobre a camisa, manchada de vermelho. Seu corpo tremia ligeiramente, e o rapaz gemia baixinho de dor.
- O que aconteceu com você? - questionou, incrédula, agachando-se ao encontro do rapaz.
- T-tem um atirador, aqui. - a resposta de James chocou America, de forma que seus olhos se encheram de lágrimas e as batidas de seu coração começaram a se acelerar.
A jovem começou a desabotoar a camisa molhada pelo sangue de James, que gritou com o ato, revelando o hematoma provocado pela bala.
- Você vai ficar bem. - ela segurou, com certa insegurança em sua voz. - Vou ligar para a Emergência e para a polícia, você vai ficar bem. - repetiu.
Antes que America pudesse se levantar, o rapaz segurou seu braço, impedindo-a.
- Não. - balbuciou, em um sussurro. - Não vá. - ele grunhiu de dor. - Por favor. - James tossiu diversas vezes, molhando seu queixo de sangue. - Nós dois sabemos o que vai acontecer comigo, e o último rosto que eu quero ver é o seu.
- Você não vai morrer, Jamie. - o antigo apelido usado por ela fez com que James sorrisse, mesmo no momento mais trágico. - Você não pode.
- Eu vou. - esticou sua mão, oscilante, e entrelaçou seus dedos nos dela.
America limitou-se a falar, não podia negar, ele estava muito mal; mesmo que a ajuda chegasse, ele provavelmente não chegaria ao hospital com vida.
- Eu nunca consegui esquecer você. - ele confessou, deixando uma lágrima cair de seus olhos. - E nunca vou conseguir, porque você é o meu primeiro, e único, amor. - gemeu, sentindo novamente aquela dor torturante. - Você seguiu sua vida, namorou meu melhor amigo, teve filhos com ele, e eu continuei aqui; me envolvi com muitas garotas, mas, nenhuma delas era como você.
America mal conseguia controlar seu choro; James pôde não ter sido o melhor namorado, mas ele não merecia estar naquela situação.
- Minha dor está parando. - ele disse, preocupando-se. - Isso não é bom.
- Acho que não. - admitiu, acariciando os cabelos negros e suados do ex-namorado.
De repente, a luz nos olhos azuis de James foi se esvaziando, tornando-se opaca e sem vida, assim como sua pele.
- James, não... - ela insistiu, tentando estancar o sangramento de seu abdômen com uma das mãos.
- Está tudo bem, e-está tudo bem. - murmurou. - Não poderia estar mais do que perfeito. - arfou, tentando respirar para dar continuação à sua fala. - Eu estou nos braços do meu primeiro amor, a mais bela, e única, America Singer.
E aquelas foram as últimas palavras de James, antes de seu rosto atingir uma completa tranquilidade. Assim que fechou os olhos do rapaz, deu-lhe um beijo em sua testa, em despedida.
America saiu dali correndo assim que lembrou do que havia ouvido.
"Tem um atirador, aqui."
As primeiras pessoas que lhe vieram à mente foram Maxon, Eadlyn e Ahren. Como e onde estavam?
Afundada em suas preocupações, America acabou chocando seu corpo com o de outra pessoa.
- Me perdoe. - resmungou, sem sequer olhar para o indivíduo, e continuou a correr.
Momentaneamente, uma certa pressão atingiu seu ombro esquerdo, e em seguida, ardência e dor. America levou a mão até o local, e percebeu que o mesmo estava molhado. Aquele toque lhe causou uma dor inigualável a qualquer outra.
Havia levado um tiro?
Logo, virou-se, se deparando com um homem, apontando um revólver para o peito da jovem.
- Não se lembra de mim, garotinha? - em questão de segundos, America conseguiu assimilar a voz e a face do sujeito. Ele era um dos capangas dos Andersen que havia sequestrado ela e Maxon. - Por que está assim? - ironizou, vendo o vestido branco que ela usava todo manchado com o sangue de James.
- Você o matou. - acusou-o, enojada. - Você é abominável.
O homem riu alto.
- Ainda vou matar muita gente. - ameaçou. - E você será uma dessas pessoas.
America desviou o olhar, encontrando com o de Maxon, que balançava a cabeça negativamente diversas vezes, incrédulo. A ruiva tentou murmurar um 'eu te amo' a ele, sem que o tal assassino percebesse. Seu corpo se enrijeceu quando ouviu a arma ser desengatilhada, e fechou os ao ouvir o estrondo do tiro.
Nada.
Como uma pessoa leva um tiro e não sente absolutamente nada? Era assim a morte?
Lentamente, a jovem abriu seus olhos, já não encontrando mais o atirador na sua frente. Apenas mais um corpo ferido em sua frente. Maxon. Ao seu redor, havia uma poça de sangue, que não parava de crescer e inundar o chão.
- Não! - ela gritou, a plenos pulmões, jogando-se no chão, e cravando seus dedos na camisa do rapaz. America chorava como uma criança desesperada.
- Eu não seria capaz de ver você morrer. - sussurrou, com uma expressão dolorosa. - Por favor, cuide de Eadlyn e de Ahren. - implorou, piscando várias vezes, lutando contra a inconsciência... - Eu amo todos vocês. - mas, infelizmente, dando-se por vencido à ela.
Ver James morrer à sua frente e levar um tiro, definitivamente, não doía tanto quanto perder Maxon.
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