Katerina POV
Quando Louis me olhou com desilusão eu soube que errei quando escolhi omitir a parte em que o meu professor era jovem. Mas por outro lado, ele não tinha razões para ficar zangado. Afinal ele era apenas meu professor, só isso.
- Até quando ias levar essa mentira adiante?
- Não é mentira nenhuma, qual o problema do professor? - indaguei irritada.
- Qual o problema? Gostavas de saber que eu estava a ter aulas com uma professora boazona em privado na casa dela? - rebateu e suspirei.
- Estás a exagerar Louis. Ele é meu professor e nada mais do que isso.
- Mas incomoda-me que estejas sozinha com ele, num lugar que é dele e que tu mal conheces.
- Não posso fazer nada quanto a isso, ele dá os workshops em casa dele, então...
- Pede para ser aqui na escola. - disse com um tom autoritário.
- Eu não vou pedir nada. Ele é só meu professor e eu irei continuar o workshop em casa dele, quer gostes quer não. Se confias em mim sabes que não haverá problemas.
Levantei-me decidida a sair de perto dele. Afinal estávamos a discutir no meio do corredor e embora não andassem muitas pessoas por aqui, as que passavam olhavam-nos como se fossemos doidos.
- Ok, faz o que quiseres. Depois não digas que não avisei. - Louis disse zangado saindo na minha frente.
Respirei fundo e caminhei lentamente até à sala enquanto pensava em tudo. Louis era ciumento, eu sabia disso, mas pensava que ele fosse entender que o Michael é só meu professor. Louis não tinha que ficar inseguro quanto a isso. Nem queria imaginar que ele pudesse ter pensado que eu daria brecha para o professor tentar algo. Ele estava doido, completamente.
Quando as aulas terminaram naquele dia, esperei Louis e Rayna perto do carro. Louis tinha trazido o dele e estava a sentir-me péssima pela briga no intervalo. Mas ele não tinha razão nenhuma e eu não daria o braço a torcer facilmente. Quando eles aproximaram-se notei que conversavam animados sobre algo. Rayna cumprimentou-me mas Louis ignorou-me completamente.
- Então sis, podemos ir ao shopping hoje?
- Só fazes essas sugestões quando não posso, Ray. Tenho aula de tarde.
- Oh, quando eu posso tu não podes e vice-versa. Temos de resolver isso aí. - disse triste.
- No fim de semana, talvez. - disse sorrindo fraco para ela.
- Reza para ela estar livre Ray, porque empenhada que ela está no workshop duvido que aceite sair contigo só para estar com o professorzinho. - ironizou e bufei impaciente.
- Podes parar com isso Louis? - pedi.
- Só disse verdades. - deu de ombros, cínico.
- Bem, não vale a pena discutirem assim, depois vemos um dia livre em comum e vamos no shopping. - Rayna disse apaziguando a tensão que se formava no carro.
Não troquei mais nenhuma palavra com Louis até casa. Se ele queria ficar chateado com algo fútil então que ficasse. Assim que acabei de almoçar fui para a casa do professor Michael. Ainda era cedo, nem 15h eram, mas eu precisava estar longe de Louis para não me irritar mais ainda.
Quando o professor viu-me a entrar na sua casa ficou surpreso.
- Não esperava ver-te tão cedo. Aconteceu algo?
- Não, apenas precisava sair de casa. - fingi um sorriso.
- Entendi, problemas com o namorado?
- Alguns. O Louis quando quer é bem irritante.
- Percebi isso hoje de manhã. Ele é bem briguento não é? Eu passei na frente da fila do bar e ele estava quase a bater-me. - riu fraco.
- Ele só não gosta que lhe façam de idiota. Ele não arruma brigas por nada, só quando acha que tem motivos e razão para isso. - defendi Louis, mesmo que ele não merecesse.
- Pelo menos tens quem te defenda com unhas e dentes. - sorri assentindo e coloquei o avental.
- O professor também deve ser assim com a sua esposa. - falei e arrependi-me no segundo seguinte quando ele fechou a cara e virou-me costas.
- Não sou casado, nem namoro. - respondeu quando se aproximou de mim novamente com alguns vegetais na mão.
- Não sabia. - respondi envergonhada.
- Sem problema. Eu sou bem exigente, gosto de seleccionar as melhores, assim como faço quando vou às compras, gosto sempre de escolher os melhores produtos. Temos de querer sempre mais e não nos contentar com o suficiente. Algo que tenho em comum com o teu namorado é isso, saber escolher. - piscou o olho e sorriu afastando-se para procurar algo num armário.
Foi impressão minha ou ele acabou de dizer que eu sou um bom "produto" e que o Louis gosta do melhor? Preferi ignorar isso e concentrei-me em cortar os alimentos. Ainda não estava muito à vontade para fazer isso e fiquei sem vontade quando senti o corpo do professor colado ao meu e as suas mãos em cima das minhas.
- Tens de fazer assim, cortes precisos e relaxados, não coloques muita força na faca, apenas orienta-a. - explicou e senti a sua respiração em meu pescoço, uma vez que tinha feito um coque para o cabelo não me incomodar.
Fiz os movimentos como ele ensinou e tentei esquecer o facto de que o professor estava atrás de mim a observar tudo. Não sei se fazia isso com todos os alunos mas não achei muito adequado, de qualquer maneira.
- Assim? - indaguei depois de um tempo em silêncio.
- Sim, continua devagar, ainda é cedo para aumentares a velocidade. Na próxima aula na faculdade vamos aprimorar mais o uso da faca, seria bom se já estivesses mais dentro do assunto, então continua a cortar todos esses legumes.
Olhei para a bacia e tinha vários. Seria uma seca mas é com treino que se atinge a perfeição. Sentia o olhar do professor nas minhas costas e falhava a faca algumas vezes.
- Cuidado. - segurou novamente a minha mão - Não quero que vás para o hospital, ainda.
- Ainda? - ironizei e ele riu, analisando o meu rosto com o seu olhar.
- Achas que não te vais cortar nunca? Eu para aprender cortei-me imenso, então não descartes esse desastre.
- Muito motivador. - disse rindo receosa desviando o meu olhar dele.
O seu telemóvel tocou e saiu para atender deixando-me um pouco mais descontraída. A presença dele fazia-me esquecer de respirar de tão nervosa que eu ficava. Eu sabia que tinha de o ver como um professor e apenas isso, mas os gestos dele, as palavras, os olhares, desconcertavam qualquer pessoa. Era como o Louis, sexy sem se esforçar e sem se deixar afectar pelas provocações ou olhares externos.
Voltou minutos depois com um sorriso falso no rosto.
- Bem, acho que teremos de parar a aula agora. Tenho um compromisso de última hora.
- Tudo bem, eu entendo. - virei-me tirando o avental e indo lavar as mãos.
- Desculpa mesmo, na próxima semana compenso-te. - sorriu fraco e assenti.
- Até segunda, então. - despedi-me mas fui parada com a sua mão segurando o meu braço.
- Vai treinando em casa Katerina. - aproximou-se e beijou o meu rosto levemente fazendo-me sentir a sua barba de leve. - Até segunda.
Virou costas e foi arrumar o que tínhamos desorganizado. Entrei no carro e liguei o rádio a fim de esquecer o que aconteceu nesta aula. Foi estranho o professor beijar-me o rosto. Não tínhamos intimidade para isso. Um leve vento fez-me sentir um cheiro forte de perfume masculino e respirei fundo, era o perfume do professor que ficou impregnado em mim quando ele se aproximou. Aumentei a velocidade e esperava que o cheiro saísse antes de chegar em casa.
Assim que entrei fui atingida por um silêncio assustador. Parecia que não estava ninguém em casa. Fui ao quarto e deixei a minha mala lá. Voltei para a sala e foi então que vi um bilhete em cima da mesinha, "Fomos no playground. L xx". Porque ele não me mandou mensagem, será que até para isso está zangado? Lembrei-me da última vez que fomos a Venice e imagens daquelas garotas a olharem Louis passaram pela minha cabeça.
Voltei ao quarto e peguei na mala indo ter com eles ao playground. Cheguei e, por ser sexta-feira, parecia que as pessoas duplicaram em comparação aos outros dias. Saí do carro e dirigi-me ao local vendo imediatamente Louis andar de skate. Ele usava um chapéu cinza da Adidas virado para trás. Parecia tão jovial e relaxado. Entendia os olhares femininos em cima dele. Assim que ele parou de andar um grupo de pessoas ficou em volta dele.
Aproximei-me e reparei que ele conversava com as pessoas, principalmente, as moças que lhe faziam perguntas.
- Então, podes ensinar-me agora? - uma morena de cabelos longos perguntou escorando-se no ombro dele.
- Claro, mas é melhor sairmos um pouco desta confusão, vamos mais para ali. - apontou para uma zona mais vazia.
Segui para o mesmo local e foi aí que Louis me viu. A sua cara mostrava surpresa, confusão, curiosidade e admiração por me ver ali. Trocou algumas palavras com a garota que voltou para o lugar de antes e, veio ao meu encontro.
- Não te esperava aqui. - disse a poucos passos de mim.
- A aula acabou mais cedo, decidi passar um tempo com vocês.
- Hum, só porque acabou mais cedo. - disse sarcástico e revirei os olhos.
- Ias mesmo ensinar aquela miúda a andar de skate?
- Ia, algum problema? - disse desafiador.
- Todos, ainda não me ensinaste a mim, não podes ensinar ninguém antes.
- Não sabia dessa regra. - brincou irónico.
- Ficas a saber agora. Anda, vem ensinar-me.
- As coisas não são assim, Katerina. Continuo muito puto contigo.
- E eu contigo, então estamos quites. Podemos apenas esquecer a briga por uns momentos?
- Tudo bem, anda. - pegou na minha mão e levou-me para a zona vazia.
Depois de algumas quedas e de alguns tropeços consegui andar direita no skate, mas isso só durou alguns minutos, pois logo perdia o equilibro. Rayna apareceu com Freddie na bicicleta e fomos embora.
- Katerina vais para casa do Louis só depois do jantar, certo? - mamãe perguntou colocando a mesa.
- Não vamos para minha casa este fim de semana, Lila. - Louis respondeu, nós tínhamos combinado passar a semana em casa da minha mãe e o fim-de-semana em casa dele. - Eu mandei arranjarem o jardim, então vai estar um pouco confuso por lá.
- Melhor para mim. - mamãe disse sorridente - Prefiro ter os dois pertinho.
***
Quando me deitei para dormir senti falta dos braços de Louis na minha cintura. Mas ele preferiu virar-me costas. Quando estava a pegar no sono, acordei sobressaltada com o toque do telemóvel do Louis. Bufei impaciente e vi-o fazer o mesmo, quem gosta de ser acordado à uma hora da madrugada?
- Estou sim. - Louis diz irritado, podia sentir isso na sua voz - Puta que pariu James, sabes que horas são aqui? ...Foda-se se aí são nove da manhã, aqui ainda é uma da madrugada... Não, não interrompeste nada seu idiota. - respondeu bufando, acho que o James achou que eu e o Louis estávamos no bem bom, antes estivéssemos, odeio brigar com ele - Tu o quê? És burro? Tens noção do que fizeste? Trocaste algo garantido por diversão... Tudo bem, não te vou dar sermão, se estás bem com isso tudo bem pra mim... Vir para aqui?... Por mim tudo bem. Amanhã eu ligo-te para conversarmos melhor... Tá, abraço.
Desligou o telemóvel e olhou para mim vendo que estava acordada a prestar atenção em tudo.
- O James vem viver para cá.
- Como assim? - sentei-me confusa e surpresa.
- Ele foi para a faculdade, certo? - assenti - Aconteceu que ele foi a imensas festas e sentiu falta dos tempos em que pegava todas e divertia-se até ao sol raiar.
- Ele e a Emily...
- Terminaram. Ele diz que ela está bem com isso, até porque queria experimentar outras coisas também, o James diz que foi o melhor para os dois.
- Então porque ele quer fugir de lá? - indaguei não entendendo.
- Ele quer mudar de ares, diz que por lá já está tudo ultrapassado, precisa de ver gente nova, lugares novos. Ele pediu para ficar em minha casa, acho que vem daqui a algumas semanas.
- Ele nunca funcionou bem da cabeça. - ironizei e Louis riu.
- Não mesmo. Mas vai ser bom tê-lo aqui, afinal ele é tanto o meu melhor amigo como teu.
- Sim, tens razão, tenho imensas saudades das loucuras dele. - sorri fraco e voltei a deitar-me.
Louis apagou a luz e deitou-se atrás de mim. Respirei fundo e virei-me para ele.
- Ainda estás chateado comigo?
- E tu, ainda estás comigo? - rebateu.
- Um pouco, foste um pouco desnecessário em como reagiste.
- Talvez, mas apenas não quero que algo aconteça contigo. Eu confio em ti, mas nele não. Sou estou a cumprir o que prometi, cuidar-te e proteger-te.
- Eu aprecio isso, mas podes afastar esses medos da tua cabeça.
- Eu amo-te e não suportaria perder-te. - nem tive tempo de responder, os lábios de Louis envolveram os meus num beijo quente e intenso.
Quando paramos, Louis abraçou-me e aconchegou o seu rosto no meu pescoço. Adormecemos tranquilos e em paz.
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