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História Não consegui - Ela foi tudo


Escrita por: EscritaAlheia

Capítulo 1 - Ela foi tudo


No primeiro ano, eu tinha 11 anos. Estávamos, eu e minha biza, de 89, em cima de um barranco olhando para o céu. Era confortável. Me sentia bem. Conversava com ela e ela me dizia que queria morrer dentro de sua casinha. Eu não compreendia o porquê disso.

No segundo ano, estávamos em uma casa alugada, aconteceram alguns problemas na antiga casa e ficou perigoso para a minha biza, então a puxamos( filhos, netos, bisnetos sobrinhos, enteados, irmãs....). Ela não quis, percebi que ela ficava séria quando começava a olhar para a casa,mesmo que melhor que a outra, ainda ficava triste por aí e me doía o coração por não poder ajudá-la. Eu compreendia um pouco sua intenção.

No terceiro ano, continuamos na mesma casa,tudo ia bem,mas a minha biza, que sempre dizia que ia morrer pra cá e que iria morrer para lá, se decidiu que não queria morrer antes de vender a sua casinha que construiu com tanto carinho. Não compreendi o porquê.

No quarto ano, no final desse ano, tivemos que nos mudar, a escada de 16 degraus era muito dificultosa para minha biza andar, então nos mudamos de novo. E ela seguia com seu querer de vender a casa. E eu não entendia.

No quinto ano, passamos pouco tempo na casa que nós tínhamos ido,minha biza não tinha gostado então fomos para outra. Nesta, ela me contou novamente seu desejo de vender a casa, senti sua tristeza por não conseguir tirar a casa do "Aluga-se" ou trocar pela casa que estava hospedada agora. Estava perdendo as esperanças. Eu odeio isso. E compreendi sobre o porquê da venda. Só eu entendia agora, ninguém mais.

No sexto ano, completei 15 anos e ela 94 anos. Comecei a trabalhar temporariamente meio período por não ter o que fazer . Antes de receber o meu primeiro salário, pensei em que o usaria. Estava ansiosa. Livros? Jogos? Mas quando recebi, a primeira coisa que passou em minha mente foi a biza. Guardei o dinheiro. Fui no banco e fiz uma conta. Iria comprar a casa para a biza.

No sétimo ano, continuei trabalhando e guardando. Se quisesse sair, pedia aos meus pais que se perguntavam onde estava o dinheiro do salário e eu sempre respondia que estava guardando para algo importante. Eles pensavam que era para a faculdade de medicina. Perdão, pais.

No oitavo ano, qualquer dinheiro e eu guardava no banco, juntava,juntava,juntava... Eram 65.000 mil. Eu tinha que conseguir. E nos momentos com a biza, ela sempre me contava suas histórias de antigamente, eu escutava cada palavra.

No nono ano, eu já estava ciente de todos os processos da casa, de como compraria. Já falei com os advogados no anônimo que me interessava a casa. Eu só tinha 60.000, mas estava ansiosa de mais para esperar mais tempo. E ele fechou por 60 mil. Fiquei feliz. O contrato estaria fechado perto do final do ano.

No décimo ano, minha biza ficou doente, estava de cama e a casa não tinha fechado o contrato por problemas na advocacia. No dia que eu fui fechar o contrato, assinei e com o papel em mãos corri animada para o hospital do qual a minha biza estava internada. Ao chegar, entrei no quarto sem bater e a vi. Cheguei tarde de mais. Ela morreu. Corri para seus braços e chorei com a folha na mão. Eu não consegui.

Eu não consegui me despedir.



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