História Não conte a ninguém - Seu tempo acabou

Lá estávamos nós em Washington, sim, mudanças de plano, numa sala enorme de uma mansão afastada. Medo? Ele tinha me abandonado há muito tempo, esse é o efeito de hipnose que Sasuke tinha colocado em mim.

Pensando em tudo o que havia me tomado nas ultimas 24horas, tive a completa noção de que eu estava perdida. Vampiros, ameaças de morte, perseguição...

– Quando me disseram que tinha um velho amigo nos meus domínios, eu não esperava que fosse ironia... – Um homem entrou na sala, cabelos longos, olhos claríssimos. Ele era a pessoa que nos ajudaria, mas não parecia pela entonação que entrou no grande salão do século XVII.

– Eu preciso da sua ajuda. – Sasuke tomou a frente e foi a primeira vez que ouvi ele pedir algo ao invés de mandar.

– Soube que você foi deposto. Pensei que teria ido ao sol... – O homem zombou e aquilo me lembrou de quando Edward iria se matar, em Lua Nova...

– Não tenho tempo para ironias Neji. – Sasuke caminhou até o moreno de terno e ele riu.

– Vir aqui já é uma ironia.

– A Ino lançou uma caçada pela minha cabeça. – Eu ouvia a voz de Sasuke tremer e até pensei ser desespero... A Ino parecia uma louca, não uma ameaça... Bom, até agora.

– E é aqui que vem buscar ajuda? O que fez para irritar a loirinha? – Neji não mostrava o mínimo de seriedade na conversa e aquilo estava me irritando, então tomei a frente.

– Eu. – Ele me olhou pela primeira vez e com uma falsa cara de surpresa ele disse:

– Há, uma humana... – Estreitei os olhos e caminhei até os dois. – Claro, mas não foi isso... – Ele disse voltando a me ignorar. Sasuke olhou pra mim como se pedisse “para eu me comportar”.

– Ela é uma mimada. Não satisfiz o desejo dela. – Ele deu de ombros e eu estreitei os olhos em direção dele. Nada tirava da minha cabeça um possível caso mal resolvido entre eles.

– E o que ela queria de você que ela não conseguiria de seus próprios subordinados? – Debochou.

– Preferir morrer a ser um deles. – Sasuke respondeu dando de ombros outra vez.

Neji andou de um lado para outro com a mão no queixo como se estivesse pensando em algo importante. Mas pelo pouco que vi, ele poderia estar pensando em mais respostas irônicas para tirar toda a seriedade e importância daquela conversa.

– Ela não promoveu a caçada. – Por fim disse e Sasuke demonstrou o que sempre vem demonstrando: nada.

– Como você sabe? – Perguntou quase desconfiado.

– Logo um Uchiha? Eu saberia. – Ele outra vez falou em tom de deboche e minha mente só conseguia pensar em “como assim um Uchiha”.

–Preciso de um lugar para ficar.

– Com ela? Não, não não. – Ele rejeitou na hora e depois me encarou por dois ou três segundos. Eu poderia ter certeza que ele tentava ler minha mente. Então pensei no último capítulo de House que eu vi. – Quer que promovam uma caçada contra mim? – Ele continuou voltando a olhar para Sasuke.

– Você é o príncipe. Ancião. – Argumentou.

– Um, entre 12.

– Temos que escondê-la. – Bradou. O quase desespero de Sasuke me deixava desesperada. Eu tentei ao máximo não esboçar qualquer sentimento dentro daquela sala, mas estava ficando cada vez mais difícil.

– Lembro-me muito bem dessa frase. Acho que foi com essa mesma entonação, porém eu quem dizia a você! Século XVI se lembra? – Neji puxou Sasuke para uma escuridão de lembranças, parecia haver mais do que rancor naquela frase, tristeza talvez...

– Você tem que superar! – Sasuke pediu. – Eram outros tempos, estávamos na caça às bruxas! – Se defendeu.

– Logo você falando de superação? – Os olhares ferveram de memórias sombrias e eu apenas observei. – Bom, qual o nome da Humana? – Ele voltou a olhar para mim, e então não deixei que Sasuke dissesse.

– Sakura. – Eu mesma respondi.

– Ousada... Haruno. – Ele deu um meio sorriso perturbador e imediatamente um frio percorreu minha espinha. Ele sabia meu sobrenome... – Você me deu menos de um dia naquela época Sasuke. Vamos ver o que você consegue fazer com o mesmo tempo. – Ele propôs indo até mim. Sasuke entrou na frente, seus olhos tremularam, então Neji conseguiu passagem com alguma forma de domínio que exerceu sobre Sasuke. – Se você sobreviver pequena Haruno, ainda teremos uma longa conversa.

Foi à última coisa que ele disse antes de desaparecer, sim, simplesmente desaparecer. Sasuke me olhou por alguns instantes e passou sua mão pelo meu rosto e parecia mentalmente lamentar o que estava acontecendo.

Caminhamos pelas ruas de Washington, ah como eu conhecia esse Estado... Meu primeiro emprego foi em uma dessas esquinas. E agora eu conseguia enxergar como becos escuros propensos para alimentação de sugadores de sangue...

   Sasuke fazia ligações e parecia não notar que eu estava lá precisando de mais respostas, mais respostas do que ele estava disposto a me dar. Quando voltamos para a mansão de Neji, fomos até um dos quartos e quando Sasuke colocou o celular para carregar, eu tinha certeza que aquela era a hora.

– O que ele quis dizer com “um Uchiha”? – Questionei me sentando na cama. E ele mexeu na gravata como se eu não devesse ter essa curiosidade.

– Melhor você não saber. – Respondeu confirmando minhas suspeitas.

– Eu não saber? Sério? – Cruzei os braços e levantei da cama, onde ele se sentou aparentando estar cansado. – Uchiha por acaso é um clã poderoso? – Perguntei.

– Quem dera. – Suspirou em resposta.

– Você não quer dizer que... – Sim, Sasuke tinha família nesse louco mundo vampírico, família de sangue.

– Eu também queria que fosse mentira. – Ele lamentou e imaginei varias hipóteses de como isso havia acontecido.

– Quem? – Não me contive.

– Não podemos falar de outra coisa? Você quase morreu agora. – Ele quis desviar do assunto usando um argumento totalmente invalido. Mantive minha postura ereta e de braços cruzados. Não iria aceitar aquilo.

– Mas não morri. – Retruquei.

– Não podemos ficar assim. – Ele outra vez lamentou e suas lamentações pareciam cada vez piores.

– Pode parando. Não age como se não quisesse isso. – Chutei o pau da barraca, ele me escolheu e me procurou, ele sabia onde estava me metendo e mesmo assim o fez.

– Mas eu não quero. – Ele insistiu.

– Não me queria aqui? – Estreitei os olhos em direção dele e nem ele, um ser talvez milenar pudesse desviar.

– Sakura...

– Era inevitável que tudo isso acontecesse. Você sabia! – Bradei. – Achou que poderia me levar para algum lugar sem vampiros? Ou pior, mesmo sabendo da psicopata atrás de nós quis ter uma história de “amor”? A vida vampira estava monótona demais e quis ter uma aventura? – Comecei a quase gritar com ele. Eu poderia ter outra atitude? Não! Se era culpa dele? Não me importava aquele momento. – Eu não vou morrer porque um dia decidiu que queria brincar de crepúsculo!

Finalizei. Eu ia sair pela porta naquele momento, uma saída triunfal que foi detida pelos movimentos rápidos do Sr. Uchiha. Ele me jogou na cama num movimento sobre-humano e me olhou de forma profunda, eu não poderia dizer mais nada depois daquilo.

– Então me puna pelo meu egoísmo. – Ele sussurrou e uma voz nos interrompeu.

– Nossa que sexy. – Lá estava ela encostada à batente da porta, num pulo Sasuke estava surpreso. Sim surpreso.

– Ino? – Indaguei. Neji havia nos traído...

– Não achou que sairia pelos Estados Unidos sem meus olhos te acompanhar, não é? – Ela riu como num filme de terror, eu saiba que aquilo seria meu fim.

– Você não manda aqui. – Sasuke levantou a enfrentando.

– E você não manda em lugar nenhum. – Ela falou mais alto e Sasuke analisou. – Por que essa cara Sakura? Achou que ele estava pretendendo fugir com você? – Ela parecia sarcástica demais e adorava o fato de saber mais que eu.

Eu levantei da cama e fui até ela sem dizer nada. Sasuke gritava em silencio, tinha medo que eu falasse demais e a loira cortasse minha cabeça. Mas eu não tinha medo, ele se encarregou disso quando me hipnotizou.

– Vou te falar uma coisa Sakura, cá entre nós. – Ela deu um passo a mais em minha direção e senti a vibração de Sasuke. Ela poderia me matar em um simples movimento. Ela olhou para ele e a troca de olhares foi assustadora, mas ela não iria me matar. Senti isso. Então ela voltou a dizer, me olhando com um sorriso maldoso. – Eu dei um tempo pra ele te transformar. Ou achou que ele iria fugir com você vindo para a casa de um dos Anciões que não faria nada por ele? – Ela riu e Sasuke se aproximou.

– Sakura. – Ele me chamou e eu analisei tudo o que ela me dizia com tudo o que acontecia. Sasuke tinha uma escolha quando chegou ao píer. Ele poderia me matar lá mesmo ou me transformar... Ele não o fez e veio para a casa de quem realmente não queria ajudar. O que significava aquilo tudo?

– Escolha o quanto quer fazer ele sofrer. Um mês ou uma eternidade. – Ela riu alto e ele a encarou com um olhar fuzilante. Engoli seco e não poderia escolher.

– Já chega Ino. – Ele mandou.

– Chega quando eu quiser. – Ela revidou. – Você tem até meia noite para o Abraço, ou eu mesmo mato ela. – Foi só o que o diabo loiro disse antes de sair da sala e me deixar a sós com um vampiro.

– O abraço é quando você me transforma não é? – Silabei.

– Não deixa entrar na sua cabeça. – Ele pediu assim que Ino fechou a porta.

– Eu nunca tive escolha não é? – O encarei friamente.

– Ela vai dizer o que precisa dizer pra te deixar contra mim. – Ele falou e parecia ter medo da minha reação.

– Mas é a verdade. Porque viemos até aqui então? Pra decidirmos se eu queria morrer pra sempre ou voltar como sugadora de sangue? – Desdenhei irritada e Sasuke tentou me abraçar, me acolher... Mas eu não queria nada disso. – Chega Sasuke. Onde está o homem que todos tinham medo? Parece um coelho assustado. – Provoquei. Eu não poderia ter me enganado.

– Eu não posso desafia-la enquanto ela pode te matar, ou promover uma caçada por estar protegendo você. Estou de mãos atadas. – Ele explicou.

– Isso tudo é por medo que eu morra? – Perguntei brava. Não queria mais ser manipulada, não queria me esconder. – Ela é sua princesa não é? – Disse com desdém a palavra princesa. – Ela te cedeu o direito de me transformar.

– Eu não posso deixa-la fazer isso. – Ele tomou a frente entrando entre eu e a porta. – Você vai perder sua luz. – Lamentou.

– Do que importa minha luz depois dela me matar? Nos matar? – Questionei e ele me abraçou e cheirou meu pescoço. Pensei que ele me morderia, mas parecia que só estava ali guardando meu cheiro para futuras memórias. Tive vontade de chorar por tudo que estava acontecendo, mas eu tinha que ser forte.

– Podemos fugir, pra bem longe. – Ele pediu, mas sabia que seria em vão. Ino tinha me dado uma chance, a chance ao qual eu não poderia me desfazer. Ela poderia me matar, mas não o fez. Sendo castigo ao Sasuke ou não, ela me queria como vampira.

– A escolha não é mais sua. – Eu decidi saindo pela porta que ele não foi capaz de segurar. Pelo meu ver, aquele era o desejo dele, melhor que a morte talvez... E de alguma forma eu invejava o poder deles e queria para mim, mas não conte a ninguém!