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História Não conte para mamãe - Ninguém gosta de crianças linguarudas!


Escrita por: zhong

Capítulo 1 - Ninguém gosta de crianças linguarudas!


Não tinha o que temer, ele era melhor amigo de meu pai, amante de minha mãe e o preferido dos meus irmãos. No fim, independente do que eu achava, Changkyun era um homem bom.

Eu deveria continuar o achando bom mesmo quando ele passava as mãos pelas minhas pernas sem a minha permissão. Mesmo quando ele me pegava pelos cabelos e me forçava beijá-lo e acaricia-lo de uma forma que me dava vontade de chorar. Independentemente de eu ter apenas quinze anos e ele mais de vinte e cinco, eu ainda deveria gostar de Im Changkyun.

Afinal eu era o culpado, não é mesmo? Eu não contei a ninguém quando os abusos começaram, eu apenas me calei, apenas fingi que não via. Fingi que não era estranho os seus abraços longos e calorosos demais para um simples conhecido de meu pai. Fingi que não me incomodava com os olhares demorados que ele dirigia a mim ou os toques sem motivos que me dava. Eu havia ficado tão bom em fingir que só fui desligar-me de meu mundo de fantasias, onde nada acontece, quando Changkyun cansou de apenas me atacar psicologicamente.

Agora ele não era apenas o melhor amigo de meu pai, o namorado de minha mãe e o predileto de meus irmãos. Ele também era o meu agressor.

— Você vai ficar com essa boquinha bem fechada, hum? – Im falava apertando com força o meu rosto após vestir suas roupas. – E mesmo que fale ninguém irá acreditar em você Kihyun-ah, não seja tão idiota em achar isso, afinal ninguém gosta de crianças linguarudas! Então não conte nada para mamãe!

E eu não contei. Esperei que alguém visse o que ele estava fazendo, que notassem os meus ataques de pânico e choros a noite, mas ninguém nem mesmo ousou prestar atenção nos sinais. Até porque estavam todos ocupados rindo das piadas de Im, admirando o seu sorriso e o quão bom ele era. Ninguém nem ao menos notou o que ele fazia de baixo da mesa de jantar, e as lagrimas que escorriam pelo meu rosto.

O tempo se passou lentamente e aos poucos Changkyun ganhava cada vez mais intimidade com a minha família. Im conseguiu um posto alto para o meu pai na empresa em que trabalhavam. Fez minha mãe se apaixonar perdidamente por ele, ao ponto de faze-la acreditar que até o fim do ano os dois fugiriam dali, e namorariam abertamente. Até comprou o amor de meus irmãos com presentes caros toda vez que vinha visitá-los.

Então eu decidi que deveria contar para mamãe antes que as férias chegassem e não tivesse mais onde eu me esconder.

 — Pare de falar bobagens garoto. Papai Noel não entrega presentes para crianças mentirosas! – Ela me disse enquanto ajeitava os cabelos no espelho, ela iria se encontrar com ele, mesmo depois do que eu havia dito. — Changkyin-ah é um ótimo homem. Da próxima vez que ouvir coisa assim vindas de você, terá consequências graves! – Ela se virou para mim, me olhando como se tivesse sido eu quem havia pedido para Changkyun fazer aquelas coisas — Você sabe onde eu estou indo, então só vou lhe dizer uma coisa. – ela se aproximou de mim e acariciou os meus cabelos – Não conte nada para o papai!

Changkyun estava certo. Ninguém gostava de crianças linguarudas.

Foi naquele nove de julho que meus pais disseram que o tio Changkyun iria me levar para uma viagem onde iria só nós dois. Aquela foi a última vez em que vi minha mãe brigando comigo para eu por um casaco porque lá fora estava frio. Última vez em que briguei com os meus irmãos para tentar convencê-los a não me deixarem ir sozinho com Im. E a última vez que meus pais viram eu e Im Changkyun.

        20 de julho de 1997 data em que meu corpo foi encontrado por civis perto de um lago.

       Porque agora Changkyun tinha a plena certeza de que eu não iria contar nada para mamãe. 



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