— Você e o garoto Agreste pareciam ser bem próximos, — Chat murmurou do nada uma noite, sem olhar para ela.
— O quê? — Ladybug não se moveu do seu lugar no teto do prédio.
Ele não a respondeu imediatamente, mas continuou a olhar fixamente para os edifícios ao redor deles, respirando fundo antes de se explicar melhor.
— Depois da luta contra o akuma essa manhã, você o ajudou, não foi mesmo?
— Ora, foi! Ele estava preso no topo de um prédio e não tinha como descer. É claro que eu o ajudei. Por que você pergunta?
— Foi só isso que aconteceu?
— Claro, o que mais aconteceria? — Ela se esforçou ao máximo para não parecer que na verdade ela passara um tempinho beijando Adrien depois de ajudá-lo a descer, mas Chat não parecia convencido.
— Se você tá dizendo, — ele soou magoado e Ladybug se xingou mentalmente.
— Por que você quer saber?
Ele deu de ombros, ainda sem olhar para ela.
— Você tem passado muito tempo com ele ultimamente…
— Como você sabe disso? Você esteve me seguindo?
— O quê? Não, claro que não. Eu só... Bem... Eu estava indo pra casa e vi... Eu acidentalmente vi você entrar... No quarto dele.
Ela não sabia o que dizer então.
Ela impediu que o rubor tomasse conta do seu rosto, ela fez sua melhor expressão composta, ela deu o seu melhor para inventar alguma história que não faria parecer que ela estivera fazendo o que ele implicou que ela estivera fazendo — e que ela realmente estivera fazendo, mas não estava a fim de contar para alguém.
— Eu tenho uma explicação perfeita para isso, — ela disse com a voz mais profissional que ela tinha.
— Aposto que você tem, — ele murmurou.
Ele olhou para ela, e, apesar do fato de que ela estava tentando ao máximo explicar a situação sem lhe contar a verdade inteira, ela não podia guardar segredos dele.
Houve um momento de silêncio, então foi a vez dela desviar o olhar, o rosto queimando ferventemente quando ela tentava ignorar sua pergunta. Mas ela sabia que seu silêncio iria apenas confirmar as suspeitas dele, e à essa altura ele já tinha certeza. Ele provavelmente acabaria irritando ela durante o resto da noite com tentativas invasivas de descobrir como ela e seu atual quase-namorado acabaram juntos.
Exceto que o interrogatório nunca veio, e a única coisa que ela ouviu foi ele pegando o seu bastão e partindo sem dizer uma palavra.
Ah, como ela foi parar nessa bagunça?
◈
Ele não estava com ciúmes.
Não importava o que Plagg dizia, porque Plagg não sabia de nada sobre nada que não fosse queijo e a sua opinião era inválida naquele assunto. E o assunto era que ele não estava com ciúmes.
Ele só estava sentindo um pouco de conflito sobre ser duas pessoas diferentes com sua lady. E o fato de que ela aparentemente gostava mais da presença de Adrien ao invés de Chat não o deixava com ciúmes. Nem um pouquinho. De maneira alguma. E o fato de que Ladybug nem sequer contara para Chat Noir sobre ela e Adrien não o incomodava também. Não era como se o relacionamento deles fosse público, ou oficialmente oficial. Ele não estava incomodado. Nem com ciúmes.
A risada ridícula de Plagg o trouxe de volta dos seus pensamentos.
— Para com isso. Eu já disse que não estou.
— Negue o quanto quiser, garoto. Eu estou me divertindo demais pra ouvir você.
— Mas eu não estou.
— Ah, não? — Seu kwami flutuava no ar lentamente, — Então o que foi aquela bela conversa entre vocês dois, hoje na patrulha?
— Eu só estava…
— Você sabia exatamente o que ela tinha feito depois de ajudar Adrien a descer daquele prédio…
— É, mas eu só…
— E ainda assim você praticamente fez a garota confessar que ela era mais do que uma amiga dele.
— Não, eu só…
— Por que Chat Noir puxou conversa sobre Adrien em primeiro lugar?
— Amigos se importam…
— Então você simplesmente foi embora.
— A patrulha já tinha acabado!
— Sem uma única cantada!
— E daí? Eu confio nela! Se ela escolheu guardar isso um segredo Chat Noir, então ela tem um bom motivo para isso!
Plagg flutuou para baixo e parou diretamente na frente do rosto de Adrien, olhando-o diretamente nos olhos.
— Então porque você não esperou que ela lhe contasse, em primeiro lugar?
— Bem, porque… — Adrien iniciou um novo argumento, mas assim que ele começou a se explicar para Plagg ele percebeu que não tinha um. Ele não tinha nenhum motivo para perguntar à Ladybug sobre seu relacionamento com Adrien. Ele não tinha nenhuma desculpa para suas perguntas invasivas. Ele não tinha nenhuma explicação para sua despedida fria e repentina. Ele não tinha nenhum argumento para convencer Plagg de que o sentimento primitivo e estranho que crescia em seu peito toda vez que ele via Ladybug como Chat Noir e não podia abraçá-la como Adrien podia — ou quando ela conversava com Chat Noir sobre suas aventuras de superherói e lutava ao lado dele de uma maneira que não aconteceria se ele fosse apenas Adrien — não era ciúmes.
Ele não podia dizer nada, então ele ficou simplesmente olhando para o seu kwami em silêncio, tentando convencer a si mesmo de que Plagg não estava certo. Plagg nunca estava certo.
— Admita, garoto, — Plagg riu e voltou a flutuar preguiçosamente, — Você está com ciúmes de você mesmo.
◈
— Você e Chat Noir são próximos? — A pergunta escapou dos seus lábios antes que ele se controlasse.
Ele se virou para ele, mas ele não olhava para ela, fingindo que seu rosto não estava tão vermelho quanto o uniforme dela. Ela sorriu levemente e o puxou para mais perto.
— Você não está com ciúmes dele, está? — A voz dela tinha um leve tom de gracejo.
— Não, é claro que não, — ele murmurou rapidamente, mas ainda não olhou de volta para ela.
Ela deu uma risadinha, decidindo não começar uma discussão com ele, e descansando sua cabeça no seu ombro.
— Sabe de uma? — Ela sussurrou sorrindo, — Eu tenho quase certeza que Chat tem ciúmes de você.
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