História Não há fim - Desista

Tempo demais.

Jaebum levou tempo demais. Jinyoung também. Mas o tempo não percorreu os mesmos ponteiros para os dois.

Nunca.

Jaebum está devastado. Todos estão, também.

Ele deveria ter sido mais esperto, ele deveria ter parado Jinyoung enquanto ele teve a chance de fazê-lo -- ele deveria tê-lo matado. Mas foram aqueles olhos negros, profundos como a boca de um abismo longínquo, milenar, que o tragaram sem piedade; foram os movimento de dígitos finos e hábeis que o amansiaram ambos casca e núcleo, e ele se deixou seduzir.

Jinyoung nunca quis a dor.

Era isso o que Jaebum, em seu âmago, queria acreditar.

Ele era inocente, ainda que não fosse feliz; ele emanava luz, ainda que com a sombra convivesse. O bruxuleio em seus olhos dizia a Jaebum que havia um jeito de ajudá-lo, de quebrar a maldição, um jeito deles ficarem juntos, no fim de tudo. E então ele iria poder respirar, aliviado, finalmente, e contar as estrelas do céu e perceber que nenhuma, em uma instância qualquer, conseguia cintilar tanto quanto as estrelas do olhar daquele que ele amava.

Sonhos.

As sombras acomodaram Jinyoung, um dia. De uma maneira do qual ninguém o havia feito, de uma maneira que Jaebum não poderia ter feito. E então Jinyoung encontrou consolo no local errado, irmãos e irmãs no local errado -- ele, ele mesmo, porém, uma essência errônea. Ele pertenceu.

E talvez isso era algo que Jaebum jamais conseguiria mudar:

Eles estavam fadados à ruína desde o princípio.

?

Dúvidas afogam o recinto.

Naquela noite fatídica Jinyoung havia desistido, ajoelhado, respirando pesadamente enquanto ele pedia, implorava, para que Jaebum parasse. “Não me mate,” ele gemeu. Jaebum estava hesitante, tão próximo, e ainda assim tão longe -- mas ele também desistiu. Ele não se prostrou, não; Jaebum se situava erguido porém ao pedaços, espinha reta porém ego torto, rosto firme porém alma entornada.

Ele deveria ter matado Jinyoung. Ele deveria, deveria.

Agora ele não consegue encarar a miséria. Ele não consegue encarar as pessoas rastejando-se como animais, ele não consegue encarar as sombras lhe perseguindo por cada canto que ele possa correr. Ele não consegue encarar as mãos negras, as veias pretas, as olheiras profundas dos olhos de Jinyoung que ele jurou, um dia, amenizar.

No fim das contas, porém, ele não acha que poderia conseguir deixar de amar Jinyoung.

No meio da jornada, então, Jinyoung não acha que poderia parar de sentir pena de  Jaebum.