História Não me acenda. - Ela me pegou

Eu tenho que trocar de bote, á dias estou com este porém já não me serve mais. Já estou cansada de remar, eu deveria ter fugido por terra, eu fui tola.

Eu ja tinha parado de remar, estava indo com a maré, o sol já estava alto, deve ser umas 10 horas. Pego o binóculo na bolsa e olho o horizonte: tem uma ilha ao oeste e parece ser coberta por uma mata fechada... Será que eu cheguei em um continente? Olhei mais um pouco em volta e vi algo boiando na água. Parece ser uma pessoa. Vou me aproximar, esta no caminho mesmo.

Fui remando rapidamente e a pessoa estava em cima de uma tábua de madeira comprida, é um homem e claramente está desmaiado, decido colocá-lo no meu bote, senão o remorso bateria mais tarde. Chego na ilha e logo vejo árvores frutíferas, adentro mais um pouco e acho um bom lugar para levantar acampamento. Volto onde o bote estava e me certifico de que o homem ainda está la. Improviso duas cabanas com folhas e madeira caída, demorou mas consegui com perfeição, claro que os anos na tribo me ajudariam nisso.

Com esse pensamento meu passado volta em minha mente e uma raiva misturada com tristeza me invade.

-Tenho que esquecer...- digo pra mim mesma.

Voltei para a praia e comecei a carregar o homem, morto ele não está pois está quente. Coloco-o na cabana e paro para observá-lo: é branco, sua cabeça está raspada mas percebe-se que tem cabelos escuros, ele é forte, com ombros largos, estava com um macacão então não pude ver mais. Deve ser homem de cidade... Os homens da minha tribo não usam esses tipos de roupa, só depois que os brancos chegaram lá... Foco, Anahí ! 

Meu estômago ronca me lembrando de minhas necessidades naturais. Monto uma fogueira e a acendo, olho para o céu e a vejo rodando no ar.

- Grandioso espírito selvagem, não me abandone- rezo 

Solto um longo assovio e ela desaparece logo voltando e pousando sobre uma das barracas com um grande peixe. Ela, eu digo, é uma águia que vem me acompanhando desde que fugi, sempre me guardando. Pego o peixe e o limpo, logo coloco para assar, é um grande peixe então posso dividir com o homem desacordado ali. 

O tempo passa, ja quebrei vários cocos para a minha sede. Ainda é tarde, a noite não chegou, sento em minha barraca para escrever no meu caderno. Me ensinaram a escrever, ler, me portar como branco, até lutar... na minha tribo sou considerada uma guerreira, sempre defendia os mais fracos.

Me concentro em escrever, escrevo sobre meus dias, sempre que acontece algo diferente. Sabe eu sou uma índia, nunca vi muita coisa, então tudo é diferente para mim, resultado: escrevo muto. Escuto alguém bocejando e fico em alerta, pego meu punhal e rapidamente adentro a mata que cerca. Mais uma vez escuto alguém, só que agora estava falando:

-Ei! Tem alguém ai?

Olhei para onde estava e o homem que estava desacordado agora estava em pé em frente de sua barraca, ele olhava ao redor, provavelmente confuso.

- Fique onde está! - eu o alertei

Ele viu daonde vinha minha voz e olhou tentando ver quem estava falando com ele.

- Eu não vou fazer nada... acredito que foi você quem me ajudou. Agradeço muito. Será que poderia te ver, é sério não vou fazer nada, estou desarmado, vê?

Sim ele está desarmado. Tá, se ele se mexer eu o ataco!

Eu saio devagar...

Damin ON

A pessoa por detrás da mata saiu, e eu tive uma surpresa quando a vi...