História (NÃO) Me ajude - Jin é amigo de Namjoon?

As aulas começaram bem.  Alguns alunos zoavam, outros ficaram quietos.

Solar sentou atrás de mim, como sempre. Hwasa sentava na carteira o meu lado, encarando com tédio o professor de história que dava aula.

Ninguém gosta dele mesmo.

— O que é,  Hwasa? — encarei a garota com curiosidade.

Ela me olhou meio tristonha com o olhar e suspirou.

— Sinto falta da minha loirinha... — a ruiva deitou a cabeça na mesa, fazendo bico.

— Meu Deus... — sussurrei, rindo. Solar me acompanhou rindo alto até demais. — Ela só foi participar da Cerimônia do 1° ano...

— Um minuto longe dela é uma eternidade pra mim... — falou, olhando para o nada.

Essa garota precisa um calmante ou algum sonífero. Solar riu mais alto ainda.

Solar sem risada exageradamente alta não é Solar.

O professor olhou para a morena, repreendendo-a. Mas, ela apenas segurou a risada e bateu os pés no chão com euforia.

Senhor Jesus Cristo, me leva. Não aguento mais viver aqui com ela.

 

O sinal finalmente tocou. O professor saiu primeiro e os alunos ficaram na sala, conversando ou contando as merdas que fariam na sexta. Era a festa do Zico. Mas não era uma festa. Era A festa.

Na última festa, meu meio-irmão, Baekhyun, quase foi preso. Disseram que ele vendera  drogas e que apenas ele sabia quem as fornecia.

No fim, a polícia foi acionada e todo mundo fugiu. Apenas Zico  que ficou, por ser o dono da casa. Ele não foi preso e nem nada. Só respondeu umas perguntas e foi liberado.

Deitei a cabeça na carteira.

Eu não iria nessa festa. Nem mesmo que Hitler aparecesse lá com a bandeira LGBT nas costas e com um blazer rosa.

Ok, isso valeria muito a pena ver. Mas mesmo assim, eu não iria. Não quero me meter em encrenca. Com isso, tenho duas opções.

1° – Primeiro, e não muito importante, eu seria arrastada pra lá.

2° – Segundo, eu poderia fingir uma rubelula.

Não que isso fosse realmente funcionar, mas não posso descartar a ideia.

— Ei, cinzenta. — ouvi uma voz me chamar. Levantei a cabeça para ver quem era. Dei um sorrisinho para o dono daquela doce voz.

— Coelho. — apertei seu nariz e ele riu. — Pronto para madrugar jogando na sexta?

O Jeon andou em minha direção. Não posso nunca deixar de admirar esse pequeno paspalhão. Não sei como não arranjou uma namorada... ou namorado, ainda.

Mais sei quem está afim desse cabeça de vento.

— Eu nasci pronto, Monstar. — ele disse sorrindo e se sentando na carteira à frente da minha. — Como foi a vela de ontem? — sorriu malicioso.

— Ah, nem me lembre, coelho... — suspirei e fiz biquinho. — Sempre fico de vela, isso é um saco... — ele riu gostosamente da minha desgraça. Coelho maldito, vou fazer um assado seu no forno da minha mãe.

— Eu juro que te entendo... — disse meio tristonho.

— E o Jimin? Ele tá tão na sua, cara. Para de fazer charme... — ele arregalou os olhos.

— E-E-Ele n-não g-gosta de m-mim, Moonbyul! — rebateu levantando de supetão, chamando a atenção de toda a sala. Dei uma risada alta. Ele ficou tão vermelho quanto um tomate.

 Senti os olhos de Jimin queimarem sobre mim. Pra que praia quando se tem um Park Jimin querendo me queimar¿

— Ei, ei, calma. Eu tô brincando. — respondi depois de cessar a risada. — Ou não. — disse mordendo o lábio inferior. Ele novamente queimou de vergonha. Sorri. Passei a mão sobre os fios castanhos de Jungkook. — Não perca tempo. — levantei da cadeira.

Ele me olhou e sorriu, com a cabeça abaixada. Eu sabia. Ele gosta de Jimin. São uns fodidos mesmo. Yoongi e Hoseok, Jeon e o Jimin... quem virá em seguida?

Namjoon e Taehyung?

Não, eca. Seria como um incesto. Mas até que Jungkook e Jimin formariam um belo casal...

Talvez seja apenas medo e insegurança de Jungkook admitir? Seja o que for, o ajudarei. Mas outra hora, estou com fome.

Ninguém raciocina com fome.

— Ruiva! Vamos comer. — chamei a atenção de Hwasa. Ela se despediu de Jhope e Jimin. — Onde está Solar¿ — perguntei quando saímos da sala.

— Eric. — respondeu encarando o celular que segurava.

Sussurrei um ‘’hum’’. Hwasa não se importava mais em ser trocada. Não posso dizer o mesmo. É ruim ser trocada por um macho e ainda não me acostumei com essa ideia.

Descemos as escadas conversando. A ruiva falava sobre um novo álbum que a sua banda favorita lançou. Gritava e bufava de raiva. Devia ser um lixo mesmo.

Apenas encarei a ruiva, que estava descontrolada. Ri baixinho. Uma loira se aproximou sorrindo, com uma caixa de suco na mão e no outra mão, centena de folhas.

Hwasa tremeu. Me encarou e correu até a mesma. Dei meia volta e fui ao refeitório.

Eu não ficaria de vela hoje. Ontem foi o suficiente. Peguei uma caixa de suco e uma salada de frutas.

Procurei uma mesa vazia com os olhos que passeavam pelo refeitório cheio. A maioria eram alunos do primeiro ano. Bebêszinhos. Mal sabem o que lhes aguardam do lado de fora... hihihihi.

Andei calmamente até uma mesa vazia, bem ao centro, do lado de uma turma de alunos do primeiro ano. Sentei-me e coloquei os fones de ouvido.

Senti olhares sobre mim. Os peixinhos na mesa ao lado não paravam de cochichar. Bem, isso é normal por aqui. 70% fofoca, 20% baseado em fatos reais.

Uma mão encostou em meu ombro. Espero que não seja a morte, porque ainda não estou pronta. Não quero morrer virgem...

Virei para encarar aquele ser humano. Era Solar, com uma bandeja em mãos.

— Hwasa está com Whee In? — questionou, sentando do meu lado, abrindo o seu hambúrguer de Cheedar.

— Uhum. A louca quase comeu a Whee In com os olhos. — falei dando uma mordida no hambúrguer  que tomei das mãos da morena.  Solar pegou minha salada de frutas e comeu como se fosse dela.

— Elas sempre se comem em público. — riu baixinho e eu a acompanhei. — Soube que tem um novo aluno em nossa turma. — lembrei do Senhor Kim e seu suposto filho.

Senti um arrepio correr pelo meu corpo.

Provavelmente nerd otário.

— E aí? — rebati, sem interesse.

— É o maior gato. Eric me apresentou ele. — franzi o celho. — Ele estava acompanhado do Namjoon, acho que são amigos de longa data, algo assim. Ele é super educado! — falou comendo a sua salada de frutas.

Quase me engasguei. Como assim, amigo de Namjoon¿ Porra, Namjoon é o maior barraqueiro da escola depois do trio delícia.

Acho que vocês não sabem, mas o trio delícia consiste em três figuras loucas e que fizeram HISTÓRIA nessa escola. Hwasa, Jhope e Park Jimin.

Puta que me pariu, esses três só arrumam treta.  A última treta, foi ano passado. Não é bom lembrar. Ri baixinho, lembrando das merdas que já fizeram.

Essas tretas todas são história pra outro dia. Vale a pena, admito.

— Byul... você vai, sexta¿ — Solar perguntou, depois de me encarar seriamente. Larguei o hambúrguer em cima da bandeja. — Por mim. Vamos?

A pior coisa do mundo é decepcionar a quem nunca nos decepcionou. Sempre topamos sair juntas, mesmo que desse merda no final, nós sempre fomos como Tico e Teco.

Esse não é lado ruim. O lado ruim é que, se Zico está envolvido em algo, Baekhyun também estará.

Não que eu odeie o meu meio-irmão. Nós apenas não simpatizamos um com o outro. Mesmo que sejamos próximos por causa do casamento de nossos pais, Baekhyun nunca foi um garoto muito bom pra mim.

Eu nunca precisei dele para me defender, nem para ir pra uma festa, para a ir comprar pão. Odeio pensar em depender dele e isso é recíproco pra caralho.

Mas o que me incomoda, não é depender dele. O que me incomoda é pensar que ele vai fazer besteira novamente, como fez na última festa que Zico deu.

Não é por causa dele que não vou na festa. E sim pelo fato de toda vez que dá merda pro lado dele, ele joga em cima de mim e  meu medo é que acabasse dando merda para Solar e Hwasa. Whee In nunca vai para essas festas e quando vai, ela desaparece sóbria e aparece sóbria.

Mas foda-se. Se for pra dar merda, que dê merda.

— Sim... eu vou — cedi, suspirando. Ela sorriu abertamente e continuou a comer a salada de frutas.

Mordi novamente o hambúrguer e um arrepio correu pelo meu corpo. Algo me diz que algo vai acontecer.

 

Depois do fim do intervalo, subimos novamente para a aula. Hwasa e Whee In discutiam sobre algo aleatório perto da escada

Solar correu até elas.

— Ei, adivinha quem mudou de ideia e vai pra festa do Zico? — disse dando pulinhos.

Hwasa me deu um sorrisinho de lado e eu revirei os olhos. Whee In encarava Solar, confusa. Franzindo o celho, com uma mão alisando o queixo, como se estivesse mexendo em uma barba invisível e a outra mão, na cintura.

Suspirei. Se tivesse um ranking de aluno mais inteligente a aluno mais lerdo, Whee In ganharia o primeiro lugar nos dois.

— Quem? — perguntou a loira, depois de um tempo.

— Tãdãã — a morena apontou para mim e eu fiz uma pose de super-héroi.

A loira me encarou por um segundo, séria. Seu olhar se tornou doce em segundos e ela e Solar começaram a dar pulinhos, com as mãos dadas, rindo e se abraçando.

Quem as olhasse, pensaria que elas precisam ser internadas em um hospital psiquiátrico. Bem, eu penso o mesmo.

— Não volte bêbada. — disse Hwasa, provocativa, rindo.

— Isso serve para você. Você dá PT primeiro. — respondi rindo, passando o braço por seu ombro.

Ela riu alto e o sinal bateu. Caminhamos lentamente até a sala de aula, conversando sobre a festa. Solar estava incrivelmente animada. Namjoon e Jimin estavam no corredor, conversando.

Quando o garoto me viu, correu em minha direção, empurrou a ruiva (que quase foi jogada no chão) e me abraçou forte. Me girou igual crianças giram os ursinhos de pelúcia pelo braço.

Jurei que ia vomitar em cima dele.

Ele sorriu e eu encarei o mesmo. Era estranha toda essa sua animação repentina.

Namjoon sempre foi um pouco reservado dentro da escola e só ficava animado desse jeito quando estava bêbado ou sobre efeito de muita cafeína.

Todos já estavam dentro da sala e o corredor se encontrava vazio. Havia apenas eu e Namjoon ali.

Antes que eu dissesse algo, ele foi direto ao ponto.

— Quero que conheça alguém, Byul. — disse sorrindo animado.

Meu corpo se arrepiou por um segundo e senti meus músculos vacilarem.

Poderia ser...

— Quem é?— encarei o meu amigo de infância, que sorria mais que o normal.

— O meu melhor amigo. Kim Seokjin. — respondeu, alegre.

Ah...

Foi então aí que eu ouvi esse nome. Foi de Namjoon.

Eles então eram amigos¿ O filho do meu vizinho é o melhor amigo do meu amigo de infância¿

Entendo.

Coloquei o melhor sorriso no rosto que pude.

— Me apresente mais tarde. — falei, sorrindo. Entrei na sala e Namjoon me acompanhou. Todos nos encaravam.

Deviam achar que tínhamos algo. Era bem normal isso acontecer, na verdade. Antes de conhecer  Solar, éramos só eu e Namjoon. Os meninos zoavam ele e eu batia nessas crianças quando éramos menores.

Épocas sombrias e épocas de ouro da minha vida.

Namjoon não sabe se defender até hoje. Eu sou o corpo e ele o cérebro. Namjoon tem as melhores notas da escola, atrás de Whee In.

Depois que conheci Solar, me afastei de Namjoon e ele passou a ficar mais tempo com Yoongi. E depois com os outros. Eles são próximos, claro. Passaram anos de suas vidas juntos.

                E com isso tudo, Namjoon e eu não somos mais tão próximos assim. Claro que somos próximos, mas não como antigamente. Anos atrás, Namjoon me ligava na madrugada dizendo que estava com medo de escuro e me obrigava a conversar com ele até dormir.

Lembro que, quando minha menstruação desceu pela primeira vez, Namjoon estava dormindo em minha casa. Eu o obriguei a ir até uma loja de conveniência pra me comprar absorventes.

Eu achei que estava morrendo e Namjoon poupou todo o trabalho de minha mãe de me explicar o que é menstruar e me contou tudo.

Era normal conversarmos sobre essas coisas. Hoje em dia, é vergonhoso só de lembrar. E sim, Namjoon bateu a primeira punheta da sua vida na minha banheira.

E isso até hoje afeta o psicológico dele. O meu também, claro.

Ficamos anos sem nos falar por estudarmos em escolas diferentes. Mesmo que ele more perto de mim, não significa que ele está sempre com tempo livre para me visitar e vise versa.

Não o culpo. Ele acabou fazendo amizades, se apaixonando, se magoando e se apegando às pessoas ao seu redor. E eu fiz o mesmo.

Mas a diferença é que eu batia em todo mundo, e ele não.

As aulas passaram incrivelmente rápidas. Namjoon parecia mais agitado que o normal. Ele simplesmente não conseguia parar quieto, literalmente.

O professor saiu e ele se levantou tão rápido quanto os desesperados alunos, saindo com potes de tintas, pincéis e máscaras. Outros riam, outros ficavam com pena. A maioria saía com sorrisos maliciosos nos lábios, prontos para dar um trote e sujar um lindo uniforme que custava o valor de um rim.

Andando de um lado pro outro, o garoto ria, pulava e comemorava. Mas voltava a ficar sério e depois voltava a pular.

Ok, melhor avisar à senhora Kim que Namjoon está delirando, em falar nela, saudades dela. Rapmon deve estar gigante. Aquela linda e ingrata bola de pelos.

Meu celular vibrou no bolso da saia escolar.

Era minha mãe. Eu só recebia ligações da minha mãe por quatro motivos:

1°  – Ela viu o meu boletim e eu fiquei mal de novo em Física.

2°  – Alguém morreu.

3°  – Jantar em família.

 4°  – Ir ao mercado para ela.

Espero que não seja nenhuma dessas opções. Quem sabe não seja uma nova novidade para colocar na minha lista.

Ligação On

— Byul, querida. Já saiu da escola? — perguntou a mulher e eu ouvi no fundo uma risada. Era Baekhyun.

— Ainda não... estou pensando em esperar um pouco. Namjoon está histérico e vão dar trote nos ‘’peixinhos’’ hoje. — disse a última parte baixo, para que o mesmo não ouvisse.

— Por Deus... Namjoon está bem? — perguntou preocupada. Ele era praticamente um membro da família. Eu o considerava uma mobília, assim como Solar.

Encarei o garoto por um segundo e ele estava rabiscando a mesa com o meu marcador. Filho de uma boa mãe, aquilo foi caro.

— Bem... sim... aliás, me ligou para pedir para ir ao mercado? — respondi pegando o marcador de sua mão. Ele me olhou com reprovação e eu sorri.

— Não, não. O senhor Kim trouxe seu filho aqui. Eles virão para o jantar. — disse a mulher de idade do outro lado da linha. — Aigoo, ele é tão bonito, Byul, precisa vê-lo. Venha logo e mande um abraço para o Namjoon. — ela desligou depois de rir baixinho.

 

Ligação Off