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História Não Me Machuque - Irmãos Leto


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


Hello sweet!!

Desculpem a demora do capítulo, eu estava meio deprimida porque não conseguia fazer M.Q andar pra frente, mas enfim... ta aí rsrsrs
E muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior.

Capítulo 4 - Irmãos Leto


Fanfic / Fanfiction Não Me Machuque - Irmãos Leto

O Hospital Universitário de Princeton sempre estava movimentado, era um dos poucos que contava com atendimento de emergência e uma ala exclusiva para traumas. Já havia ganhado muitos prêmios e os melhores médicos tinham passaram por ali. Era um lugar que guardava muitas memórias, boas e ruins.


 

~*~


 

Jared ajeitou o jaleco e guardou os óculos de descanso no bolso largo enquanto saía da sala acompanhando um paciente. Fazer clínica não era o seu forte, por isso contava com uma estante cheia de casos que ele acreditava serem merecedores de sua atenção e estava ansioso para pôr as mãos em algo que o fizesse ficar distraído por horas. Deus sabe como aquele homem precisava de uma distração, qualquer coisa que fizesse sua cabeça voltar ao normal. Mas antes que fechasse a clínica para se concentrar em um paciente específico, tomaria um café.

Não foi surpresa nenhuma encontrar Shannon ao lado da máquina de expresso perto da emergência, em uma conversa cheia de sorrisos com uma enfermeira. Aquele não tinha jeito.

 

— Não sabia que você tinha plantão hoje. - o Leto mais velho o recebeu com um sorriso que superava suas olheiras.

— É segunda. - respondeu sem o olhar, estava ocupado demais enchendo um copo com a bebida cafeinada. — Você parece ter bastante tempo para dar passeios pela emergência. Escolhendo seu lanchinho da madrugada? - Jared pouco se importou se suas palavras ofenderam a loira ao lado de um Shannon constrangido e indignado com a indelicadeza do irmão.

 

E como se não houvesse dito nada demais Jared bebeu um gole do café encarando o “casal” com os azuis ferinos.

 

— E-eu vou indo. - a mulher saiu totalmente corada.

— Não me olhe assim, Shannon, estou te salvando de uma vadia que pode te passar sífilis.

— Se você não fosse meu irmão diria que isso é ciúmes. - devolveu sério. — Mas nós sabemos como você adora denegrir as pessoas por diversão.

— Muito ofensivo. - Jared sabia o quanto sua indiferença irritava ao mais velho e por isso - só porque ele queria muito que Shannon pagasse pelo o que ele estava passando - deu de ombros.

— Porra Jared! Qual é? - sussurrou para controlar sua vontade de berrar com irmão. — Está tão irritado que precisa espantar minha transa?

— Espantar? - um sorriso ordinário desenhou a face sempre tão séria. — Eu vou é foder com a sua transa. - as palavras ditas lentamente demoraram a ser processadas pelo outro.

 

Shannon ficou encarando-o boquiaberto. Aquela não era uma atitude normal do mais novo, ele poderia ser tudo com as outras pessoas, um babaca, um imbecil egocêntrico, um arrogante irremediável, mas com Shannon não. Shannon era o único que conhecia todas as máscaras e a verdadeira face de Jared.

Ah sim, e sabia o quanto o irmão era racional, tanto que chegava a ser chato. Jared não foderia uma funcionária do hospital, não… seu ego não o deixaria tocar em uma vadia que pudesse passar-lhe sífilis. De todas as facetas do irmão, aquela era a que menos gostava, uma defensiva cheia de desprezo e cinismo.
Jared podia ser bom em jogos mentais, mas Shannon já estava calejado, quarenta e quatro anos ao lado do mais novo lhe serviram para aprender muito sobre suas válvulas de escape.

 

Estava prestes a tirar algumas resposta do irmão quando o barulho da porta dupla da emergência se abriu e um rapaz passou por ela segurando nada menos que uma Helena gemendo baixinho no colo que a carregava como uma princesa.

 

— Helena…! - sussurrou surpreso indo ao encontro dos jovens. — Tragam uma maca! - seu pedido foi prontamente atendido por um enfermeiro que estava por perto. — Adam, certo? - Shannon era muito bom em decorar os nomes dos seus alunos.

 

O loiro assentiu nervoso depositando a ruiva com cuidado na maca.

 

Ainda parado ao lado da máquina de expresso Jared olhava a cena com uma sobrancelha arqueada desacreditando da capacidade que a garota tinha de se meter em acidentes. Helena Moore, a calamidade ambulante. Entretanto, o pensamento desgostoso sumiu assim que ouviu um murmúrio doloroso da pequena deitada de mal jeito.

O professor largou seu copo na mesinha onde havia açúcar, adoçante e coisas relacionadas a café. Ele não queria ouvir os gemidos agoniados que ela soltava a cada pergunta que Shannon fazia, se incomodava profundamente em ver o semblante dela torcido em uma careta com alguns pequenos arranhões decorando a pele tão suave.

Num ato impensado se dirigiu para o leito onde estavam levando sua aluna.

 

— Shannon. - chamou recebendo o olhar preocupado e um pedido mudo que pedia para que ele não começasse com seu ataques. — Eu cuido disso.

— Não, deixa comigo. - e voltou a se concentrar na menor.

 

Jared respirou fundo desejando que o irmão mais velho tirasse suas mãos de Helena, cada toque parecia fazer um corte na pele branca tamanha era a dor que via estampada na face molhada pelas lágrimas.

 

— Shannon. - sua voz saiu mais grave, com autoridade. — Eu cuido dela. Se eu tiver que consolar aquele pivete vou enlouquecer.

 

Aquele não era um momento ideal para discutir. Shannon, seguindo a razão, deixou a sala, mas ao passar por Jared pediu que este não fosse um babaca.

 

Ainda com os olhos grudados na menina, o médico andou até uma estante com uma tranca digital, passou seu crachá para abrir as portas de vidro blindado e tirou uma ampola de morfina. Talvez fosse um exagero aplicar aquele medicamento, mas agora ele só conseguia pensar em tirar aquele tipo de expressão do rosto que tanto se pegava pensando; uma pequena dose não faria mal.

Com uma seringa Jared foi cuidadoso em não exagerar na quantidade e assim que o êmbolo atingiu cinco mililitros deu-se por satisfeito.

 

— Helena. - apesar da suavidade havia uma firmeza na voz que a fez olhá-lo, só então a ruiva percebeu quem a atendia. — Morfina. - explicou quando os olhos verdes pousaram duvidosos na injeção.

 

Segundos após a aplicação a ruiva foi tomada por um alívio e conseguiu relaxar os músculos sobre a maca.

 

— Vou pedir para te levarem ao raio-x... - dizia enquanto examinava as pupilas da garota com a lanterna clínica. — e uma tomografia. Não parece grave, mas você provavelmente sofreu uma concussão.

 

Anotou os pedidos e bipou a recepção pedindo por um enfermeiro. Surpreendeu-se ao olhar para Helena e constatar que a mesma o observava.

 

— Obrigada, professor. - o sorriso gentil nos lábios dela, seguido de uma uma pequena careta por causa dos arranhões o desarmou.

— O que aconteceu Helena? - sua pergunta beirava a uma ordem. Jared queria respostas, era estranho, mas ele sentia que precisava saber o que havia acontecido com a sua pequena menina.

Minha? Eu só posso estar de brincadeira!

— Eu fui atropelada...

 

O professor revirou os olhos pronto para dizer que aquilo era óbvio, o que queria saber é como ela tinha sido atropelada, quem tinha feito tal coisa, quem era a pessoa que deveria ter a cara quebrada por ele e o mais importante, porque Adam tinha lhe ajudado. Se perguntava se a garota confiava tanto no loiro a ponto de ligar para ele às onze da noite para pedir ajuda e incomodava saber que do outro lado estava aquele que mais tarde ela consideraria um herói.  

Isso, é claro, se já não o visse com tais olhos, Adam era o cavaleiro de armadura reluzente que estava sempre a socorrer Helena, enquanto Jared era o dragão que cuspia fogo por todos os lados.

 

— Pelo Adam. - completou totalmente envergonhada, não queria colocar o loiro em problemas. — Mas a culpa foi minha! - disse de supetão.

 

Ele não duvidava que a culpa seria de Helena, aquela menina tinha um imã para catástrofes, ela era a prova viva de que a teoria do caos funcionava.

 

Helena iria continuar com a explicação, precisava dizer que Adam era inocente, ela sabia que não tinha sido intencional e ele tinha ficado tão preocupado quando a viu caída de frente ao Volvo preto que entrou em desespero, sua aflição foi tanta que ao invés de chamar uma ambulância pegou Helena no colo com o máximo de cuidado que pode, colocou no banco de trás e acelerou em direção ao hospital esquecendo da quantidade absurda de câmeras de segurança nas ruas.

Pobre Adam, estava lá fora, desolado com o estado - não tão grave - da colega de classe.

 

Ela queria defendê-lo, mas então um enfermeiro atravessou a porta segurando uma cadeira de rodas impedindo que voltasse a falar. Felizmente, ou não, Helena teria sua chance de contar o ocorrido, o olhar de Jared dizia que ele não a deixaria em paz enquanto não soubesse o que diabos tinha acontecido para que ela acabasse no leito da emergência.


 

[...]


 

Shannon estava sentado ao lado do estudante na sala de espera, via a preocupação do garoto, porém o que mais tinha lhe intrigado foi seu irmão, o eterno coração de gelo, parecer no mínimo tenso com a situação da aluna ruiva que de acordo com Jared era um terrível desperdício de espaço e tempo.

Adam havia lhe explicado que estava voltando do bar onde tinha ido se encontrar com uns colegas e que como já era tarde e não tinha ninguém na rua achou melhor não parar no sinal para evitar um assalto, ele não tinha bebido como os outros, apenas duas cervejas e mesmo assim quando percebeu seu carro tinha se chocado com o corpo de Helena. Por sorte não dirigia rápido.

 

Mas as surpresas da noite pareciam não acabar. Shannon arqueou uma sobrancelha em desentendimento quando viu o Leto mais novo passar pela porta e ir na direção deles com um olhar fulminante grudado no loiro. Não era o típico brilho de soberba que banhava os azuis cristalinos, era raiva e uma vontade quase incontrolável de descer o sarrafo no menor.

 

— Como ela está? - Adam não tinha percebido a aura assassina envolta de Jared.

— Ela está bem, mas não graças a você. - falou ríspido deixando os bons modos bem guardados no bolso do jaleco.

— Fiz o que pud…

— O antebraço esquerdo sofreu uma fratura leve, o ortopedista já viu o raio-x e ela acabou de ser engessada. - dizia com frieza olhando para o irmão como se este fosse o acompanhante dela. — A concussão também é leve, mas vou manter ela no hospital essa noite.

— Então eu vou ficar com ela. - o loiro se impôs irritado com o professor de patologia.

 

Jared quis rir, mas tudo o que fez foi abrir um pequeno sorriso recheado de escárnio.

 

— Não. Não vai.

— Claro que vou!

— Eu assinei a ficha dela na recepção; sou o responsável por ela e as única pessoas que autorizei a entrada no quarto são os enfermeiros, Shannon e claro, eu. - rebateu vitorioso.

— Então vou ficar aqui até que ela saia de manhã. - o loiro estava muito revoltado com a situação, mas tinha ciência de que não poderia enfrentar aquele homem.

— Faça como quiser. - Jared deu de ombros, virou as costas e saiu com passos extremamente calmos.

 

O mais velho lançou um olhar pesaroso para o jovem dizendo que voltaria para dar notícias antes de seguir o irmão até a sala de cirurgia vazia no segundo andar. Alguma coisa estava acontecendo com Jared, ele sempre visitava aquela sala para pensar enquanto organizava cada instrumento cirúrgico do local. E foi justamente o que encontrou, o médico de olhos azuis sentado de frente ao aparador com uma caixa cheia de tesoura Metzembaum.

Sim, Jared era um homem cheio de manias.

 

— Essa é a hora em que você me conta o que está acontecendo? - amansou a voz parando de andar apenas quando chegou à frente do mais novo. — Por que tratou o Adam daquele jeito e o impediu de ver a Helena? Ele está preocupado com ela.

 

Jared demorou a responder procurando algum argumento plausível em sua mente, mas nada achou.

 

— Não acho que ele seja boa companhia para a Srta. Moore. - respondeu se acomodando na banqueta como se pudesse fugir do olhar questionador do outro.

— E desde quando você se preocupa com isso? Não era você que a odiava tanto?

— Shannon. - repreendeu com a voz raivosa. — Não te devo satisfação, mas como professor sei o que é melhor para ela.

— Ah, você é inacreditável Jared! - riu sarcástico. — Você não se importa, não cuida e muito menos age para o bem de alguém. Então não venha me dizer que toda essa preocupação é apenas porque ela é sua aluna, se fosse assim você não teria falado com Adam daquele jeito. Pelo amor de Deus, Jared! Você jogou na cara dele que ele atropelou a Helena sabendo muito bem o quão miserável ele já está se sentindo. - Shannon cruzou os braços com o peito estufado, seu rosto estava vermelho por sua indignação para com o irmão.

— Vai atender algum paciente, Shannon. - a ordem saiu rouca de irritação. Tudo o que queria era ficar sozinho, em paz com seus pensamentos contraditórios.

— Você não me dá ordens, Jared. Eu não sou uma das suas cadelas. - e ao dizer cadelas, não se referia no sentido ofensivo, mas na relação que o irmão tinha com suas “amigas”. — Você está insuportável nos últimos dias, mas hoje está bem pior.

— E isso é sua culpa! - Jared se agigantou sobre o aparador batendo as mãos com força na placa de metal. Agora sim tinha perdido o controle. — Se você não tivesse bancado o Hércules do século vinte e um isso não teria acontecido. - bufou encarando um Shannon totalmente confuso. — Eu continuaria com a minha decisão, Helena continuaria com a prova anulada e seguiríamos adiante. O semestre terminaria e eu passaria minhas férias em Paris, pouco me fodendo se aquela menina perdesse a bolsa de estudos.

 

Agora tudo fazia sentido. Seu irmãozinho estava tão furioso porque Helena fazia ele querer cruzar o limite que esteve presente na vida de Jared desde que se tornou médico e depois professor.

 

— Está atraído por ela. - a constatação foi um baque para Jared. Quando ele pensava nisso não lhe parecia tão ruim, mas ouvir em voz alta, de outra pessoa, era muito pior do que ruim.

 

Jared se afastou e num gesto de pura aflição começou a andar de um lado a outro para procurar alguma solução para o seu maldito problema.

 

— Não… não é apenas uma atração, isso não bastaria para você sair afastando qualquer homem de perto dela. Você está obcecado, não? - Shannon nunca perderia a oportunidade de castigar Jared, vê-lo perder a compostura era fantástico. — Aposto que já até visualizou uma coleira no pescoço dela.

— Cale a boca!

 

Mas no fundo ele assumia que a visão da ruivinha com uma delicada coleira com o nome dele era totalmente agradável a sua imaginação. Não apenas aquele pequeno objeto que no meio social ao qual vivia significava muito mais do que o material do qual era feito, ele poderia vê-la vestida em diferentes tipos de baby doll. Sim, ela seria a sua menina e faria questão de vesti-la como tal, com lingeries de cores claras e decoradas por laços que ele rasgaria cada vez que fosse fodê-la com força.

Deuse! Só de pensar Jared sentia seu pau dar sinal de vida.

 

— Eu não vou contar pra ninguém, relaxa. - o ar descontraído do mais velho voltava a superfície.

— Acha que estou preocupado com você?

— Tudo bem, Jay. Eu vou te deixar aqui para se remoer com a sua paranóia. - falou caminhando para a porta. — Sabe? - parou chamando a atenção de Jared. — Helena costuma trazer a tona o que há de melhor nas pessoas. - e saiu.

 

Então eu estou bem fodido. O melhor de mim está louco de vontade de transar com ela de forma bestial naquele quarto.


 

~*~


 

Passando a mão pelo gesso Helena percebeu que a simples ideia de não poder utilizar o braço fazia com que ele começasse a formigar para adormecer, era uma sensação ruim, precisava achar alguma coisa para coçar antes que o efeito da morfina passasse. Droga! Em breve precisaria de analgésicos e amarrar uma sacola no braço para não molhar quando fosse tomar banho. Por sorte ela era destra e não precisaria faltar na aula ou na monitoria.

 

Adam...

Lembrou-se do colega preocupado. Será que ainda estava esperando por ela? Mas ele não tinha mais aparecido por lá, então talvez tivesse ido embora após se certificar que ela estava bem. Seus pensamentos foram interrompidos pela porta do quarto sendo aberta.

 

Helena não era o tipo de pessoa que tinha fetiches, na verdade, só tinha feito sexo uma vez na vida, aos dezessete anos e foi horrível. Mas era impossível não achar aquele homem vestindo jaleco por cima de uma camisa social azul sem gravata com os botões do pescoço abertos, jeans escuros, incríveis sapatos de grife e óculos, uma abominação. Nem conseguia se repreender por isso. E se amaldiçoou por estar vestida naquela camisola feia e sem graça enquanto seu professor era o Adonis da medicina.

 

A gente sai de casa para espairecer e então acaba dando de cara com o motivo do seu desgaste mental.

 

— Srta. Moore, sente dor?

 

A jovem desviou o olhar se envergonhando com os pensamentos que para ela era indecentes.

 

— Devo presumir que o acidente te deixou muda? - a fitou de braços cruzados batendo o solado do sapato no chão freneticamente. — Te fiz uma pergunta muito simples e…

— Espera uma resposta. - murmurou baixo. — O Sr. sempre espera uma resposta. - ao perceber a maneira com que tinha falado Helena abaixou a cabeça levando a mão direita até o lençol para descontar seu nervoso em algo que não fosse outra pessoa. — Mas não sinto dor. - suspirou se arrependendo do tom com que havia falado. — Desculpe, esse acidente me pegou de surpresa.

— Você vai passar a noite em observação. - Helena assentiu sob os olhos analíticos do homem.

— Ah, professor, o Adam… ele…

— Foi embora. - a forma repentina como ele a interrompeu denunciava a sua mentira, principalmente porque ele não olhava para ela.

— Eu não posso receber visitas? - a voz doce tornou-se aguda a fim de entender a atitude do Leto.

 

O professor suspirou, não acreditava no que via. Helena queria ver seu agressor? Então por que fazia de tudo para afastar Adam dela se ela o queria por perto?

Oh, claro! Adam era aquele que a protegia enquanto Jared a usava como um saco de pancadas para massagear o próprio ego.

Mas agora a mentira já tinha sido contada e Adam não poderia entrar de qualquer forma.

 

— Não disse isso. - tentou soar calmo. — Disse que ele foi embora.

 

Na concepção de Helena o médico estava sendo grosseiro sim e sabia o motivo, ele a odiava como aluna e pelo o que parecia como pessoa também. A ruiva teria de superar aquilo.

 

— Pode pedir para ligarem no alojamento e falar para chamarem minha colega de quarto? O nome dela é Katlyn. Por favor. - sussurrou as últimas palavras por estar sob o olhar congelante do homem. — Não quero ficar sozinha.

 

Ah porra! Seria muito difícil para Jared se controlar quando a via tão indefesa. Ele podia sentir a louca vontade de embrulhá-la num abraço, de preferência sem a vestimenta hospitalar. Ou melhor ainda, sem nenhuma roupa. Jared tinha certeza que poderia aquecê-la com seu calor e ela não se sentiria só, ficaria tão grata que o deixaria tocar em cada pedaço de seu pequeno corpo.

 

— Você precisa descansar. - sabia ser egoísta, mas não queria dividi-la com ninguém, nem mesmo uma amiga da ruivinha. — Sua amiga deve estar dormindo a essa hora.

 

Ela se manteve quieta com certa tristeza no olhar.

 

— Está com dor?

Helena negou em um aceno.

— Não. - falou ao notar o olhar de repreensão do mais velho. — Quando vou ser liberada?

 

Por que ela queria ir embora?

 

— Não gosto muito de hospitais quando sou a paciente. - sorriu pequeno com a face corada, mas que serviu de alívio para Jared

 

Estou fazendo papel de idiota. Era humilhante um homem da sua idade querer a atenção de uma menina. Helena era de maior e ainda assim fazia com que Jared se sentisse meio pedófilo. E se existia uma verdade era a de que a garota não fazia seu tipo. Não apenas a personalidade. O professor gostava de mulheres grandes, com seios pesados, pernas torneadas com coxas fartas e traseiros espetaculares onde ele poderia deixar a marca inteiriça de sua mão.

E Helena, pobre criança, tudo nela era pequeno o que contraditoriamente na cabeça de Jared só a deixava mais bonita.

 

— Helena. - chamou-a no automático, sem perceber. Mas não passou despercebido a pele extremamente branca do braço direito cheia de poros dilatados, nem o tom avermelhado que tomou as maçãs do rosto da jovem.

 

Ela também notou algo nele, um olhar que só tinha visto uma vez na vida antes de ser machucada. Mas que naqueles olhos azuis causavam uma inquietação ainda maior em si. Helena sentia-se ansiosa sem motivo por uma expectativa que não deveria sentir. Não queria passar outra vez pela humilhação do passado principalmente quando parecia sentir mais do que antes.

 

Um olhava para o outro, ambos pararam no tempo em uma dimensão que pertencia apenas a eles. Nenhum dos dois queria aquilo e quanto mais lutavam para fugir de tal situação mais se viam envolvidos naquele clima.

Jared, com muita relutância, conseguiu desviar o olhar para a porta que foi aberta por Shannon.

 

— Atrapalho? - Jared desejou a morte do irmão. — Como você está?

— Meio quebrada, mas bem. - Helena respondeu ao mais velho dos Leto.

 

Uma conversa entre os dois se iniciou enquanto Jared de mostrava um exímio observador reparando na facilidade que Shannon tinha para fazer com que a ruiva se sentisse confortável para falar. Até se sentiu ridículo quando seu corpo ficou tenso ao ver Helena rir e gemer de dor em seguida por causa do ralado em sua bochecha.

Ela havia rido e Jared ansiou que ela fizesse mais daquilo. Até onde ele poderia se pegar maravilhado por Helena?

Não sabia a resposta, mas sabia que aquilo tinha que parar. Não tinha direito algum de tocar naquela menina tão doce.

 

— Helena. - a chamou com firmeza dessa vez. - Está livre da monitoria até se recuperar.

— Mas eu estou bem. - tentou alegar.

— Não perguntei se está bem. Disse que vai voltar quando se recuperar.

— Jared! - Shannon o repreendeu.

 

Jared quase se arrependeu ou vê-la se encolher, mas aquele era o seu maldito senso de proteção combinado a sua personalidade forte. Não percebia que ao proteger Helena de danos físicos, acabava com o interior já desestabilizado.

 

— Está exagerando. É apenas um braço quebrado.

— Sou o médico dela, Shannon. Eu decido quando vai estar bem. - Vociferou olhando para o irmão mais velho em um claro aviso de que o queria quieto.

— Não está pensando como um médico. - retrucou.

— Vá cuid… - Jared foi interrompido por uma voz baixa e trêmula.

— Desculpa. Quando eu terei alta? - se esquecendo que já havia perguntado aquilo, por causa dos lapsos que a concussão causava, perguntou com medo de levar mais uma patada do seu professor.

— Amanhã. Hoje você ficará em observação. - os olhos azuis encontraram os seus verdes e tornaram-se gelados da maneira como Helena detestava. — Mas deveria sair daqui para uma bolha, talvez isso resolvesse o seu problema em atrair acidentes.

— Chega Jared!

 

Shannon andou até o irmão a fim de tirá-lo dali e trazer um pouco de lucidez a ele. Não entendi porque Jared tratava Helena como nada quando obviamente a queria. Se fosse ele no lugar do irmão mais novo estaria tratando a moça como uma princesa, cortejaria e seria gentil. Não tolerava a brutalidade ou a grosseria com que Jared tratava Helena, mascarando seus desejos de uma forma errada e rude.

Segurando-se para não dar a surra que achava que Jared merecia por ser tão estúpido, Shannon murmurou um pedido de desculpas para Helena e saiu arrastando o irmão com um discurso já preparado.

Por outro lado, Jared conhecia o irmão para saber sobre a lição de moral que o esperava. Apesar de relutante, deixou-se ser arrastado para fora, mas assim que cruzou a porta tratou de desvencilhar-se do aperto que Shannon dava em seu braço, não era nenhum pivete. E por fim saiu andando corredor a fora enquanto praguejava maldições ao mais velho.


Notas Finais


Vemos claramente, neste capítulo, uma pessoa doida com birra igual criança que não conseguiu fazer o pai comprar aquele brinquedo caro hahahaha.
Espero que tenham gostado.
Beijos!!


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