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História Não Me Machuque - Confusão. Um Sintoma da Paixão


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


MUIIIIIIIIIIITO IMPORTANTE, POR FAVOR, LEIAM!

Hello my dear, please, don't be mad!!

Eu sei, parece que estou abandonando minhas fics, mas eu não estou, amo escrever e por isso acredito que devo dar alguma satisfação a vocês. Bom, como muitos sabem eu estudo, faço faculdade a noite como já falei para alguns leitores. Mas agora eu estou fazendo estágio, o que combinado com a facul toma muito do meu tempo e dedicação. Então fica um pouco ruim escrever e corrigir tão rápido (caso alguém queira betar a fic, eu ficarei muitíssimo grata), também não posso prometer postar capítulos toda semana como fazia no ano passado pois estaria me prejudicando. Peço a compreensão de vocês, não vou abandonar minhas fics, mas as postagens serão espaçadas. Desculpem :(

Capítulo 5 - Confusão. Um Sintoma da Paixão


Fanfic / Fanfiction Não Me Machuque - Confusão. Um Sintoma da Paixão

Na quinta-feira Helena respirou profundamente antes de tentar, pela última vez, fechar o botão da calça que vestia, até desistir e optar por um vestido branco de tecido leve, com flores róseas e um laço também rosa que marcava seu colo. Calçou uma sapatilha prata, mas não passou maquiagem, mal conseguiu arrumar o cabelo e por isso sentia-se mau humorada.

Graças ao braço quebrado se atrasaria para a aula. A maldita aula de patologia. Sim, ela iria, Jared havia dito para que não fosse a monitoria, mas não disse nada sobre a aula. E mesmo que não admitisse, Helena queria vê-lo, sabia disso, só não gostava de sentir essa vontade e preferia ignorar dizendo a si mesmo que iria porque a aula era importante.

 

Ao chegar na sala de estar do pequeno alojamento encontrou Katlyn terminando de engolir uma torrada. Estava muito bem vestida em um tailleur, com certeza a morena apresentaria um seminário ou algo do tipo.

 

— Como vai o braço?

— Estou cheia desse braço. Eu sou destra, mas parece que só porque eu não posso mexer o esquerdo preciso mais dele.

— É gata… já diziam os antigos: é preciso perder para dar valor. - Katlyn desfez o sorriso e suspirou. — Eu me sinto mal por isso, se eu tivesse a minha boca fechada…

— Kat, eu não deveria ter saído para correr na rua aquela hora. Foi no mínimo idiotice. - confortou a morena com um sorriso doce.

 

Depois do acidente Helena voltou para casa por volta das sete da manhã, mesmo pensando que Jared não queria que ela saísse de lá tão cedo. Felizmente Shannon lhe deu alta e uma carona até em casa.

E que carona esquisita. Shannon falou durante todo o caminho e ela poderia jurar que o que começou como um desabafo tinha acabado em um punhado de indiretas.

Primeiro ele falou sobre como Jared era uma uma pessoa difícil de lidar, de se aproximar, e então falou sobre ela atingir Jared.

 

Eu atinjo sim, a paciência e a raiva. Pensou quando ouviu as asneiras que Shannon falava. E o trajeto inteiro ela veio quieta, evitando ao máximo fazer caretas insatisfação e confusas com os comentários do professor.

 

Mas agora era outro dia, Helena tinha um braço quebrado e poderia lidar com isso. Tinha medo de faltar e conquistar um pouco mais do desprezo daquele homem, e ainda assim tinha medo de ir e ele questionar o porquê de não estar em casa repousando. Sim, Jared era uma variável inconstante e tal fato a aterrorizava.

 

No entanto… ele tinha um lado doce, era mínimo, mas estava lá. Helena tinha presenciado quando se machucou no laboratório e ele foi gentil, com um toque suave para ajudá-la. E quando chamou seu nome no hospital, a voz profunda com aquele tom rouco a fez estremecer e sentir seu corpo esquentar.

 

Helena chacoalhou a cabeça numa tentativa falha de afastar tais pensamentos. Por Deus! Jared era seu professor, além de um carrasco egocêntrico e arrogante.

Foi sustentando insultos ao homem e sua personalidade que a ruiva seguiu para a aula, respirando fundo e se preparando psicologicamente para mais um dia na jaula do leão.


 

[...]


 

Os olhares voaram em sua direção quando deu dois passos para dentro da sala de aula. Os alunos se ajeitavam entre as mesas, mas isso não os fizeram disfarçar a curiosidade em ver a delicada menina com o braço engessado.

Helena corou rogando mentalmente por um buraco onde pudesse se enfiar, odiava chamar a atenção. Seu desconforto era óbvio, mas ninguém pareceu se importar, Brittany por exemplo, a olhou cheia de desdém como se ela fosse um patinho feio atrapalhado entre cisnes brancos.

 

Para sua sorte um rosto amigo veio em sua direção, Adam, ele a olhava preocupado, cheio de remorso.

 

— Droga! - ele praguejou sentindo-se péssimo. — Eu sinto muito Helena, não queria te machucar. Nunca.

— Eu sei. - a verdade expressa em suas palavras era semelhante às palavras do loiro. — Está tudo bem, Adam. Juro.

— Mesmo assim. Eu queria ter ficado no hospital com você. - ele parecia arrependido. Mas não tinha sido escolha dele deixá-la? Se ele não tinha ido embora por conta própria, então…

 

Qualquer pensamento que tivesse foi imediatamente interrompido pelo professor de patologia que acabava de atravessar a porta. Jared Leto deveria ser preso para o bem das mulheres. Ele estava lindo trajando jeans e uma camisa de linho branco. Isso era incomum e transpareceria paz e serenidade se ele não tivesse uma expressão fechada e um olhar congelante. Estava mau humorado, não que fosse novidade.

 

Jared caminhou até a mesa onde deixou sua pasta de couro legítimo, não sem antes reparar na garota que lhe tomava a mente em fantasias que ele nunca poderia realizar. O professor teve que segurar um suspiro contemplativo ao pensar no que Helena vestia por baixo, ele queria ver e se certificar se a doce ruivinha trajava algo por baixo do decote que acentuava a curva dos seios pálidos. Provável que não.

 

— Nossa Helena, você é tão desajeitada. - Jared viu Brittany se aproximar da ruiva e de Adam com um sorriso maldoso e uma fala de pena ensaiada.

— Dá um tempo, Brittany. - Adam a fuzilou com um olhar raivoso.

— Não defenda ela. - disse cheia de desgosto. — Essa garota só quer chamar a atenção fazendo merda. Aposto que quer todo mundo sentindo pena de você. - apontou para uma Helena vermelha e encolhida.

— Brittany cala essa boca antes que eu esqueça que sou homem.

— Homem. - a loira repetiu com desdém. — Você até seria um, Adam. Se não andasse atrás desse projeto de rabo de saia.

 

Jared semicerrou os olhos perdendo qualquer resquício de paciência que reuniu naquela manhã. Ele focou em Helena e fúria o tomou ao ver o nível de constrangimento ao qual a vagabunda loira sujeitara a bela ruiva. Helena não era nada do que Brittany a acusava; ela era linda, delicada, frágil e inteligente enquanto Brittany não passava de uma invejosa sem compaixão.

 

Mesmo borbulhando de raiva por dentro, Jared mostrou-se impassível. Rodeou sua mesa sendo seguido pelos olhares cheios de expectativas de seus alunos ansiosos por um show. Infelizmente, para eles, Jared não fazia o tipo encrenqueiro. Bom, não mais.

 

— Os três, sentem-se. - ordenou ignorando o olhar indignado de Adam, o loiro provavelmente pensava que o professor estava sendo injusto ao não brigar com a loira. Tão transparente que chega a ser chato. — No final da aula eu espero ver as senhoritas na minha sala.

 

Estou ferrada. Helena encolheu os ombros prevendo o sermão que levaria; mais um para a sua coleção de esporros.

Brittany também não estava exatamente feliz com o tempo extra com o professor, olhava para as próprias unhas concentrada, mas logo abriu um pequeno sorriso ao se lembrar que Jared não suportava Helena e que se ela levaria uma bronca seria muito pior para a ruiva.

 

Mil coisas se passavam pela mente de Helena. No final do quinto período ela precisaria ser aprovada por todos os professores para iniciar um estágio extracurricular no hospital, e agora isso parecia um sonho muito distante, Jared nunca a aprovaria, para ele Helena era um estorvo, além de alguém que não tinha mérito algum.

O receio era tanto que acabou nem prestando atenção na aula. Ao olhar o relógio do celular constatou que faltava pouco menos de cinco minutos para o intervalo, embora o professor os tenha liberado dois minutos antes.

 

Já pensando em chegar em casa para chorar seu fracasso profissional Helena guardou o caderno na mochila. Jared olhou com desprezo para o farrapo ridículo decidido que precisava se livrar daquilo, sua cabeça doía apenas de ver a L. L. Bean, simplesmente horrível para uma moça tão bela.

 

O professor já estava em sua sala decorada como a de poucos colegas, ele era um homem de prestígio e não aceitava menos que o melhor em volta dele.

Ouviu uma batida na porta e permitiu a entrada das duas jovens de diferenças discrepantes. Brittany insultava Helena com sua presença imunda, mas ele teria que lidar com isso.

 

— Sentem-se. - as observou analítico. A loira tinha um ar confiante enquanto que Helena evitava contato visual esperando pelo esporro. - Brittany. - a chamou ajeitando-se na cadeira acolchoada ganhando uma pose imponente.

— Sim, professor. - proferiu melosa.

— Você sabia que Helena é bolsista?

 

Ótimo, vou ser humilhada. A ruiva abaixou a cabeça esperando o pior.

 

— Oh! Sério? - Brittany não disfarçou o deboche.

— Sim. E pelo o que consta no registro dela, ela também foi chamada pela Notredame, Yale e a Universidade de Toronto. - sentia-se satisfeito ao ver a expressão confusa da garota que espera uma afronta verbal contra Helena. — Mas eu também li o seu registro e ao que parece você só está aqui porque seu pai se formou com honras e tem dinheiro o suficiente para te bancar. - um sorriso cínico se fez no rosto do professor. — Claro que a posição dele no conselho de ética da universidade ajuda muito, mesmo que nos faça questionar que tipo de ética ele leva para a vida.

 

Brittany não só se sentia ofendida, seu belo rosto digno de capa de revista transformou-se em um repuxar de lábios segurando alguns palavrões que ela gostaria de dizer.

 

— Seu comportamento é inaceitável, não conte com a minha aprovação para começar um estágio no hospital universitário, Srta. Campbell. - para terminar Jared suspirou cheio de frustração. — Você pode ir. - expulsou a loira com menosprezo.

 

Brittany por sua vez saiu marchando porta a fora com milhares de ofensas guardadas para si mesma. Jared observou divertido a cara amarrada dá aluna antes de se voltar para Helena. A ruivinha tinha os ombros tensos e mordia o polegar da mão direita em sinal de nervosismo. Inconscientemente o médico se culpou por fazê-la presenciar mais uma vez seu lado ruim.

 

Mas agora tinha outra questão em sua mente. O que falaria para Helena? Sua vontade era de acalmá-la, cuidar dela e trocar o dedo que ela mordia para sua boca; isso a assustaria de primeira, mas sabia que ela logo se entregaria e se não o fizesse Jared estaria pronto para fazê-la desejá-lo. Ele era muito bom em conseguir o que queria.

 

— Eu não queria causar uma briga.

 

Jared foi tirado de seus pensamentos quando Helena falou de supetão com medo de que ele não a aprovasse para o estágio.

Ela poderia aguentar outra bronca, segurar as lágrimas e chorar em casa, mas não suportaria ter seu sonho arrancado de si tão de repente, não depois de tantos sacrifícios.

 

— Como está seu braço? - Jared queria ser o mais profissional possível.

— Ah… bem. - Helena olhou-o ponderando o quanto parecia gentil, mesmo sob a armadura frívola que ele construiu. — Coça bastante na verdade e eu não consigo me vestir direito.

 

Imagens nada inocentes da garota desistindo de vestir-se e ir nua para a cama inundou a mente de Jared e tomando uma respiração profunda ele se ajeitou na cadeira para amenizar o desconforto em sua calça.

 

— Você ainda me deve uma explicação Srta. Moore.

— Eu não sei o que dizer, mal entrei na sala e Brittany veio pra cima de mim…

— Não me refiro ao incidente com a Srta. Campbell. - notou a confusão na expressão da ruiva. — Adam.

 

Helena estranhou que Jared desse algum valor a este fato.

 

— Já passou. - murmurou deixando os olhos cair no colo incomodada com a intensidade dos olhos azuis que a encaravam.

— Quero uma explicação do porquê da minha aluna estar perambulando tarde da noite para ser atropelada. - o modo arrogante como ele falou, autoritário, irritou Helena.

 

Jared não tinha nada haver com a vida dela, ele a odiava e não fazia nada para esconder isso. Então por que diabos tinha que fazer perguntas desnecessárias? Por que tinha que atingi-la onde doía mais?

 

— Não queria ser atropelada.

— Eu não disse que você queria. - ele a fitou curioso em como ela ergueu os ombros e tomou fôlego para enfrentá-lo.

— Insinuou. - ela estava adoravelmente corada. — Eu só queria caminhar. Adam ter me atropelado foi um acidente, foi minha culpa, se eu não estivesse na rua… mas eu precisava sair.

— Estava fugindo de alguém? - Jared nem ao menos percebeu a preocupação na própria voz.

— Sim. Não! - os os verdes o encararam atônitos. — Sim, mas não desse jeito.

— Seja clara, Srta. Moore! - ele estava a ponto de perder a pouca paciência.

 

Se eu for clara vou ser expulsa da universidade e você vai me odiar mais ainda. Helena, a aluna masoquista que se apaixonou pelo professor que a odeia. Oh, não! Paixão não. Paixão é ruim. Não pode ser!

 

— Você ainda está entre nós, Srta. Moore?

 

Helena saltou sobre a cadeira quando junto com a voz masculina ouviu a descarga de um trovão. Em seguida pingos grossos de água começaram a tocar no vidro da janela e escorrer.

 

— Não foi culpa do Adam.

— Não proteja aquele pivete irresponsável! - Jared alterou a voz uma oitava acima e bateu com força na mesa. Foi o suficiente para Helena se encolher abraçando a bolsa em seu colo. — Não seja burra! Ele te atropelou e você se quer deu queixa na polícia!

 

Inferno! O professor se xingou mentalmente por estar gritando com a doce menina. Seu objetivo era protegê-la de Brittany, mas não conseguia suportar a ideia de que Helena sentisse algo por Adam a ponto de encobri-lo. Jared não queria a ruiva tendo sequer contato com Adam, ou pensando em Adam, ou qualquer outra coisa que o envolvesse. Era insuportável o modo como se sentia possessivo com Helena.

E como se fosse possível Helena se amuou ainda mais com os olhos assustados e um leve tremor.

 

— Eu…

— Preciso ir. Desculpe o aborrecimento. - a ruivinha ditou rápida, com a voz chorosa enquanto segurava as lágrimas. Não poderia passar por mais humilhação do que isso, estava cansada de Jared sempre pisando nela.

 

Helena saiu pela porta como um furacão, não estava furiosa, mas sim triste, magoada, ferida, eram tantos sentimentos ruins que não poderia decidir um para defini-la no momento. Se pudesse pediria transferência para outro professor de patologia, o problema de tomar essa atitude era que provavelmente Jared não a aprovaria para estágio e ele era a referência em patologia no hospital de Princeton.

 

A ruiva sentiu-se pior ainda quando percebeu estar sem guarda chuva. Ela chorou, e não sabia se o que molhava seu rosto eram lágrimas ou os pingos grossos da chuva. Faltava pouco para que desistisse de tudo e voltasse para o Oregon onde ajudaria seu pai com os doces caseiros. Talvez fosse melhor… às vezes não sentia que fazia parte daquele mundo e Jared tornava tudo pior porque para Helena a opinião dele importava, era decepcionante saber que ele a achava uma garota burra e fracassada, que a via como uma criança fraca que não poderia falar por si só.

E não poderia mesmo. Ela nunca entendeu porque as pessoas eram tão ruins, como conseguiam dizer palavras tão más. Era difícil entender porque a crueldade vinha gratuita em sua direção.

 

Eu deveria voltar. Estava pensando seriamente em voltar para sua casa, para a simplicidade do interior, onde as pessoas não caçavam umas às outras, onde todos eram gentis e até mesmo os fofoqueiros de plantão eram aceitáveis. Helena não teria mais de passar pelas humilhações verbais que tanto a magoavam, ela não o veria mais, Jared não seria mais uma tormenta em sua mente.

 

Helena de repente parou quando viu um Jaguar branco parar ao seu lado. Surpreendeu-se quando o vidro abaixou.

 

— Entra. - o professor Leto ordenou com um olhar duro.

 

Ela quis recusar, mas quando ele se inclinou destravando a porta do passageiro já era tarde demais e Helena já se via com o cinto de segurança.

 

— Helena. - Jared a chamou num tom ameno com medo de ver aquela reação tão indesejável em sua menina outra vez. — Eu não quis dizer aquilo.

— Não quis? - encarou-o com mágoa.

— Eu tenho estado… estressado. - proferiu incerto.

— Então ainda bem que você resolveu jogar toda essa raiva em mim. - mesmo indignada havia um fundo de verdade no tom que ela usou. Por isso ele a olhou com uma sobrancelha arqueada. — Antes em mim do que em outro aluno que não tem culpa.

— Você não tem culpa. - na verdade tinha, Helena era culpada por causar pensamentos nada castos em Jared, além de ereções espontâneas como se ele fosse um adolescente.

— Você está sempre irritado comigo, mostrando o quão inútil eu sou, eu tenho que ter alguma culpa. - os olhos verdes sempre tão gentis estavam banhado por lágrimas que ela lutava para não deixar cair. Helena inspirou fundo. — Eu vou trancar e voltar para casa.

 

Jared freou o carro bruscamente, por sorte a rua estava vazia por conta da chuva.

 

Ele virou-se para olhá-la, o vestido branco mesmo ensopado não transparecia nada e ele agradeceu aos céus por isso.

 

— Você não vai trancar. - outra ordem. Desta vez o sangue de Helena ferveu. — E nunca mais diga que é inútil!

— Eu vou. Não quero mais ficar aqui e ser tratada mau por todos que estão a minha volta. Meu sonho é ser médica, mas se eu continuar suportando isso vou acabar me arrependendo e me tornando uma pessoa amarga igual a você. - soltou em um desabafo antes que pudesse se dar conta do que tinha dito. Seus olhos verdes arregalaram-se mais uma vez naquele dia e as pequenas mãos cobriram os lábios róseos de forma arrependida. — Desculpe, eu… eu não sei o que deu em mim.

 

O médico teria se irritado se não fosse a culpa que o atingiu. Jared não era uma pessoa amargurada, não pensava assim de si mesmo, mas tinha passado essa impressão para Helena por todas as vezes que foi rude, ou mau humorado, ou quando não respondia aos habituais cumprimentos, ou o jeito com que falava com Shannon… realmente não poderia culpá-la.

 

Helena não soube decifrar a expressão do professor, tudo o que ela via era seriedade. Por isso, pressentindo que algo de ruim estava prestes a acontecer a menina levou a mão a fechadura pronta para voltar para a chuva. A porta do Jaguar já estava aberta quando Jared a puxou bruscamente trancando-os no automóvel.

 

— Não vire as costas para mim. - ele ainda estava muito próximo quando falou. Helena pode sentir nitidamente o cheiro da colônia Aramis aquecendo seu corpo naquela pequena prisão entre o corpo de Jared e a porta do carro.

 

Os olhos dele correram das íris verdes para os lábios rosados e então para o belo par de seios que ele desejava tocar com mãos e boca. Nunca havia tido tamanha tentação em sua vida, ainda mais por uma delicada lolita. Ela estava tão indefesa que ele poderia atacá-la e fazer com que ela se rendesse a ele.

 

Onde está minha ética? Mesmo que quisesse era difícil manter sua consciência batalhando contra a vontade desenfreada de foder Helena deliciosamente.

Ela engoliu em seco, corada ao se dar conta que Jared tinha os olhos grudados em seu busto. Helena não era exuberante como as mulheres que ele deveria estar acostumado e pensar nisso a fez sentir-se insuportavelmente pequena.

 

— O que há de errado com você? - a voz dele veio rouca e baixa.

 

Jared não se conformava com a insegurança da ruiva. Era óbvia a tensão sexual entre os dois, estava na cara que ele a atraía, porque Helena era fácil de ler. Ela ficava corada quando ele estava próximo, seus dedos mexiam agitados, ela tentava desviar o olhar brilhante em desejo. Mas fazia de tudo para se manter afastada, ele quase a comia com os olhos, lutava para conter sua vontade de tocá-la… o que poderia fazer Helena estar tão insegura de si mesma, como se houvesse um medo de que não fosse boa ou bonita o suficiente? O que tinha acontecido para quebrar tanto sua auto estima?

 

Um novo trovão acabou tirando ambos daquele transe. Helena deu um leve sobressalto e Jared voltou a direção com os ombros tensos acelerou em direção apartamento.

 

— Minha casa é para o outro lado.

— Não vou te levar para casa. - ela arqueou uma sobrancelha antes que ele continuasse. — Eu realmente fui injusto com você, deixe-me compensá-la com um jantar.

— Isso não é profissional, professor Leto. - o tom que ela detinha era mais temeroso do que de advertência.

— Não. Não é.

 

A ruiva ameaçou falar, mas calou-se perante o olhar intenso lançado em sua direção. Estava tão nervosa por estar perto daquele homem que todos tinham como o intocável. E ele lhe causava tantas sensações estranhas, Helena sentia seu estômago retorcer, as mãos suarem e seu corpo febril, mesmo que molhado pela chuva .

Tentando manter-se sob controle ela prendeu o lábio inferior entre os dentes dizendo a si mesmo que tal atração era coisa da sua cabeça.

Por outro lado, o professor Leto prestava atenção em cada uma das reações de sua aluna, o modo como corava era gracioso e ele apreciava que Helena não discutisse com ele, seria muito problemático se ela decidisse contrariá-lo. E o fato de Helena ser extremamente transparente com seus sentimentos só o deixava mais interessado.

 

Jared entrou com o carro em um condomínio luxuoso, o caminho que trilhava estava enfeitado por grandes palmeiras e um gramado baixo perfeitamente sobreposto a terra.

Helena maravilhou-se com os oito prédios que se estendia logo a frente formando um “U”, todos de cores sóbrias e vidraças grandes e amplas. O sonho americano.

Então entraram no quarto prédio onde Jared estacionou na garagem e saiu do carro pedindo para que a jovem aguardasse. Foi uma grande surpresa quando o professor abriu a porta do carro ao seu lado e lhe ofereceu a mão para ajudá-la.

 

— Obrigada. - uma faísca de eletricidade tomou seus dedos ao tocar a mão dele, não era calejada como a da maioria dos homens, afinal, Jared era um médico, tinha mãos firmes e seu toque era suave.

 

Para ele, estar no elevador sozinho com Helena foi uma provação. Assim que as portas fecharam ele imaginou como seria prensá-la contra a parede de metal e passear suas mãos por entre as pernas da ruiva enquanto sua boca explorava aquele pescoço jovial e seus ouvidos bebiam dos gemidos suaves que ela cantaria.

E talvez, se desse sorte, Jared a encontraria sem calcinha. Essa ideia fez com que o professor abaixasse o olhar até a bunda de Helena que estava um passo à sua frente. Mas o vestido era solto na cintura impossibilitando a veracidade do fato e aumentando a vontade de colocar suas mãos ali.

 

O inferno me parece um preço justo a pagar. Observou a ruiva sair balançando o quadril quando o elevador parou no andar indicado.

Então Helena virou-se de supetão quase o pegando em flagrante. Por reflexo Jared direcionou seus olhos para o rosto delicado da ruiva.

 

— É melhor eu ir embora. - ela mordia o lábio inferior demonstrando estar desconfortável pela situação. — Eu peço desculpas pelo o que aconteceu. O senhor não precisa me recompensar e eu não vou trancar a faculdade. Posso pedir transferência para outro docente em patologia. - disse rápido em um fôlego só.

— Você não vai trocar de professor! - o tom imperativo gerou arrepios na menina. — Não vai trancar a faculdade e vai parar de se desculpar. - só então Jared notou a rispidez na própria voz. — Srta. Moore… eu acredito que você não tenha culpa sobre o incidente na sala de aula, ou sobre Adam e muito menos sobre meu humor. - a última parte era mentira. — Você é brilhante, uma aluna excelente e muito bonita para o seu próprio bem.

 

Foi impossível não sentir seu rosto queimar com as palavras de Jared. Como alguém poderia ser tão confuso? O modo que a tratava só indicava seu desagrado. Então por que? Por que dizia essas coisas que aqueciam seu coração e a deixavam esperançosa?

 

Mas o professor tinha que fazer o encanto se quebrar, resistir estava sendo difícil, principalmente com Helena o olhando com tanto afinco. Como pode ser tão bela?

Com medo de tomar partido de uma ação impulsiva Jared se deslocou até a porta de seu apartamentos e a destrancou, logo em seguida fez uma menção educada para que Helena entrasse.

 

O lugar inteiro era o reflexo do médico. Cores escuras intercaladas ao branco do porcelanato, os móveis de madeira eram acinzentados e a decoração incluía o diploma e certificados de congressos e palestras, além de capas dos artigos publicados em grandes revistas. Todo aquele poder acadêmico a fez se sentir intimidada.

 

— Há algo em especial que você deseja comer? - perguntou dolorosamente formal tentando manter a pouca ética que lhe estava.

— Professor eu realmente ach…

— Não torne isso mais estranho do que já é, Srta, Moore. - apontou para o sofá de três lugares feito de couro preto e macio. — Conheço um bom restaurante aqui perto, pedirei por algo e trarei uma garrafa de vinho da minha adega.

 

Ele tem sua própria adega? Helena estava surpresa demais para falar.

 

— E então vamos colocar todos os pingos nos is.


Notas Finais


So... espero realmente que gostem desse capítulo, parece que as coisas vão começar a esquentar não é mesmo ?

Beijos people, e desculpa a demora.


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