Ficamos nos encarando por segundos, que mais pareciam uma eternidade. Desci meu olhar pra boca dela, e em seguida senti minha bochecha esquentar.
— Você não é louco de me beijar!
— Primeiramente, não é louco, é louca, sou uma garota, pelo menos da cintura pra cima, e pra comprovar isso pode apertar o local onde você está com as mãos – ela corou e tirou as mãos de cima dos meus seios depressa e levantou, me causando um riso – você bate forte, e aceito como um pedido de desculpas uma mãozinha pra levantar daqui.
— Folgada – revirou os olhos e estendeu a mão pra mim.
Peguei impulso e quando fiquei de pé estava próxima demais dela, e mais uma vez aqueles olhos estavam atentos à mim.
— Seus olhos são bonitos – é claro que a idiota aqui falou sem pensar.
— Eu não vou transar com você – sorri com a resposta ao meu elogio.
— Eu não pedi isso. Ainda. – pisquei pra ela e à vi revirar os olhos de novo, pelo visto isso é mania. Tomei um passo de distância e estendi minha mão em sua direção – Prazer, sou Lauren Jauregui, nova inquilina do 210C.
— Seja bem vinda, conquistadorazinha barata – apertou minha mão e deu um sorrisinho falso – era descafeinado?
— Perdão? – fiquei confusa.
— O café que por sorte não derrubou em mim.
— Ôh, droga! – me abaixei rapidamente e peguei minha garrafa – merda! merda! – ouvi uma risada e quando olhei pra cima vi ela seguindo pelo corredor – Ei! Olhos castanhos! Você não me disse seu nome!
— Quem sabe no próximo esbarrão eu diga – ela gritou de volta sem nem sequer olhar para trás.
— Prometo não estar com café na próxima, e estarei esperando ansiosamente!
— Mas eu não – acho que não era pra mim ouvir essa parte, porque ela não gritou, mas pude ouvir. O que tem de bonita tem de chata.
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— Já disse que foi só um esbarrão e não sei o nome dela!
Estava à meia hora no carro de Vero tentando fazê-la esquecer esse assunto, coisa impossível porque quando essa pessoa cisma com algo...
— Talvez ela seja o amor da sua vida e você perdeu uma grande chance por culpa do seu cafezinho idiota.
— Tá louca é? – bati na porta do carro três vezes, esqueci que não é feito de madeira.
— Tô falando sério animal, sempre quando você fala de alguma garota você diz que era gostosa e foca nos decotes, mas com essa, bom, acho que minha pergunta vai esclarecer tudo: desde quando você repara em olhos?!
— Só achei os olhos dela bacana, nada demais, pare de inventar coisa! Você fica insuportável quando está com fome! – revirei os olhos.
— Tudo culpa sua por não ter ido tomar café comigo!
— Vai à merda, vai.
— Da próxima vez você almoça sozinha – dito isso e ela parou o carro, achei que ela ia me botar pra fora – Pronto, restaurante italiano porque sei que você gosta – eu disse que era bipolar.
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Já estava no meu segundo prato de macarronada, e por Deus, como estava gostoso! Além do restaurante ser extremamente aconchegante e ter uma aparência antiga, mas aqueles antigos clássicos, a comida era uma maravilha.
— Você está atraindo bastante olhares, donzela – odeio esses apelidos que Vero me dá.
— Talvez estejam olhando pra você – ela ia retrucar mas o garçom chegou em nossa mesa e se dirigiu à mim.
— Perdão senhor, mas a mesa 5 e a mesa 13 pediu para lhe entregar isso.
Dois pedaços de guardanapos com números anotados.
— Por que todo mundo acha que sou homem? – Tentei disfarçar pra Vero não se gabar e dizer que estava certa, mas ela é rápida em ler coisas.
— Claro que os olhares eram pra mim, né – Vero balançou a cabeça e riu sarcasticamente – Vamos lá garanhão, sei que está louca pra procurar as donas dos números.
Sorri maliciosamente e comecei a olhar em volta procurando as mesas. Já estou gostando de Nova Iorque.
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