Prólogo
Meu coração não tem mais flores
Nem mais pássaros a gorjear
O rio que aqui passava
Acabou por se secar.
Nosso céu tinha estralas
Nossas várzeas tinham flores
Agora os bosques não têm vida
E nossas vidas não têm amores.
Em cismar, sozinho a noite
Eu passo a contemplar
As estrelas eu alcançava
Em seu colo a sonhar.
Nosso amor era primoroso
Mas agora vejo eu cá
Em cismar, sozinho a noite
Mais prazer encontro eu lá
Quando meu coração tinha flores
Quando cantavam Sabiás.
Não permita Zeus, que eu morra
Sem que te veja outra vez cá
Que continue destilando o fel do ódio
Que eu nunca consiga de novo amar.
Que eu cultive reles rosas brancas
Tulipas mortas
Gira sois que amam a Lua
Damas da noite que pedem Sol
Que eu plante lírios secos
Crisântemos pífios
Cravos amantes
E rosas vermelhas petulantes
Que me proíba de semear meu ódio
Que eu polua essa terra
Que eu destrua
Assim como me destruiu
Depois de me construir
Depois de me ver sonhar
Depois de me fazer pulsar
Depois de me edificar
Você volta para me despetalar
Você corria os olhos pela minha alma
Passava cantadas nos meus sonhos
Enfeitava meus desejos
Coloria os meus medos
Você me fazia flutuar nas minhas alegrias
Boiar nas minhas inseguranças
Plantar minhas fobias
E colher minhas esperanças
Agora eu só vejo sua sombra a me perseguir
A me devora
A me consumir
Sugando os vestígios do amor
Mentido
Rindo da minha dor
Eu continuo correndo
Você me perseguindo
Você seguiu sua vida
Continuou sorrindo
Eu segui meu coração
E a cada instante vou morrendo
Meu coração já teve flores
Onde cantava um sabiá
Um rio por lá corria
Mas ele acabou por se secar
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