História Não sou bom com títulos - Ilusão ou Realidade?

Call estava preso no Panóptico há uma semana. A única coisa que podia fazer era pensar. O que era uma forma de tortura, nesta situação. Call não tinha como saber se era de dia ou de noite lá fora, exceto quando uma das guardas musculadas passava uma tigela com comida quase sem sabor pela parede. Mas lá dentro, no seu íntimo, era sempre de noite. Call sentia um vazio na sua alma. Esta tinha ficado sem luz, tornando-se escura. E a luz de Call era Aaron.

Exatamente, era.

Call interrogava-se constantemente porque é que as pessoas teimavam em escolhê-lo. Constantine Madden escolheu-o;Tamara, no final, escolheu-o; Aaron escolheu-o. Porquê? O caos resultante destas escolhas é devorador (referencias skskkss). 

Call não entendia porque é que Constantine Madden o tinha escolhido a ele como recetáculo da alma dele. Talvez fosse apenas possível, ou mais vantajoso, transferir a alma para o corpo de um bebé.. 

Também não entendia porque é que tivera a sorte de ter Aaron como o seu melhor amigo.. E tampouco não entendeu o porquê de Tamara o ter salvo a ele em vez de a Aaron no final, sendo que antes sempre tinha preferido Aaron.

Call estava farto de pensar. Pensava e pensava, mas nunca entendia nada. Pensar não tinha resultado algum. Para além disso, era uma tortura.

Até que Call, a muito custo, tentou deixar de se importar. Continuava a comer a sua comida e a dormir. No fundo, a viver; como se fosse um robô automatizado. Call não gostava disso. Mas era bem menos doloroso do que a outra maneira. De pensar e pensar. De ficar irrequieto na sua cela, e de se frustrar por não poder sair.

Mas, num certo ponto no tempo de um errado dia (sim isso foi uma piada), Call estava novamente absorto nos seus pensamentos, uma vez que não aguentava mais viver em modo de piloto automático,  até que ele ouve passos fora da sua cela. Seria uma visita?

Call esperou. Esperou. Mas ninguém se pronunciou.

Até que Call, exasperado, resolveu fazê-lo.

-Quem está ai? - Perguntou ele, desconfiado.

Não houve resposta.

Call, não vendo alternativa, levantou-se e foi até à parede transparente. Não via ninguém.

Então, Call mergulhou em si mesmo, E foi para além dos seus limites. Perscrutou a área à sua volta, mas não se via vivalma.(né, só se via morta alma, é o Aaron KKKKKKKKK me matem)

Até que Call viu alguma coisa. Uma centelha reluzente. De uma cor que Call nunca tinha visto. Ou melhor, já. Na alma de Aaron.

-A-Aaron? - Perguntou ele, a medo mas esperançado.

Sem resposta.

Call tentou tocar no fragmento de alma,. À medida que o ia envolvendo com as mãos, uma sensação reconfortante apoderava-se do seu corpo. Um calor que nunca é quente. Call sentiu-se como se estivesse com Aaron. Até que o fragmento de alma desapareceu. Mas a sensação de conforto apenas aumentou.

Call sentiu um puxão de leve por trás do umbigo. De repente, ele já não estava na sua cela no Panóptico. Ele estava.. num lugar perfeito. Era um prado ensolarado, na orla de uma floresta, enfeitado com flores. Algo que Call só tinha visto em filmes. Embora aquilo não fosse definitivamente um filme (ele nao tava comendo pipoca KKK me matem).

Mas nada disso importava. Call acelerou o passo e, o que era um passo apressado, transformou-se numa corrida. Call precisava desesperadamente de confirmar que não era uma ilusão. Que era real. Call chegou perto, e viu-o. Viu Aaron. O seu melhor amigo.Aquele que lhe dava palmadinhas nas costas para ter coragem. Aquele que lhe colocava a mão no ombro. Aquele que o reconfortava apenas pela sua presença. Ele estava sentado na orla da floresta, apreciando o céu com um olhar sonhador. Call tinha a certeza que era real. Tinha de ser.

Call sentou-se ao seu lado, tocando-lhe de leve com o ombro. Aaron virou-se, surpreendido, o seu rosto iluminado. 
Foi a última coisa que Call viu antes de Aaron se lançar sobre ele num forte abraço.

Call percebeu que nunca tinha abraçado Aaron antes. Não tinha abraçado ninguém a sério, sequer.. Sentiu o calor a espalhar-se pelo seu corpo. Apertou o abraço ainda mais, inconscientemente. O seu desejo por Aaron movia-o. Queria que ele voltasse. Queria que tudo voltasse a ser o que era. Que ele, Aaron e Tamara voltassem a ser os melhores amigos. Que voltassem a meterem-se em aventuras juntos, pelas cavernas do Magisterium. Nunca tivera oportunidade para dizer a Aaron e Tamara o quão importantes eles eram para ele. Mas podia fazê-lo agora.

- Aaron.. - Começou Call.

- Eu sei. Eu também. - Disse ele.

E Aaron apertou ainda mais o abraço, enterrando a sua cabeça no ombro de Call. Normalmente Call com dor, mas agora não. Call  daria tudo para que aquele momento não acabasse. Para que ficassem naquele abraço puro, para sempre. Call não se queria afastar de Aaron. Não depois de sentir o que sentiu depois de o perder. Aaron estava a sentir cada sentimento de Call. Call estava a sentir cada sentimento de Aaron. As suas almas estavam conectadas. Não eram necessárias palavras.

E Call percebeu. Percebeu a sorte que tinha em ter Aaron como o seu melhor amigo. Como o seu irmão. 

-Agora vamos sempre estar juntos. Para sempre. - Disse Aaron.

Até que a ligação começou a estremecer. A imagem de Aaron na mente de Call começou a desvanecer, à medida que a imagem da sua cela no Panóptico se materializava.

Não podia ser. Tudo aquilo não tinha passado de uma ilusão? Call mergulhou dentro de si desesperadamente. Até que sentiu de novo aquela sensação de conforto. Era como se Aaron estivesse ao seu lado, ainda que a única coisa que lá estivesse era o catre onde dormia. Mas Call conseguia sentir um fragmento ínfimo da alma Aaron. E lembrou-se das suas últimas palavras.

''Agora vamos estar sempre juntos''

Mas aquilo não chegava. O facto de possuir aquele fragmento apenas intensificava o desejo que Aaron voltasse. Que estivesse ali, ao seu lado.

E Call finalmente compreendeu Constantine Madden.

Se lhe perguntassem se começaria uma guerra para conseguir Aaron de volta, a resposta seria sim.