História Não Sou Todo Mundo - Não sou obrigado a gostar de ninguém

Se em um dia normal Chanyeol já era todo mal-humorado, imagina depois de conversar com Baekhyun, a pessoas que ele menos gosta na vida. Não, não é um eufemismo. Byun Baekhyun é de fato o ser mais falso do mundo, segundo o Park.

Não precisa de muito para ficar irritado, ríspido, grosso — é algo de sua própria natureza. Já tentou milhares de vezes mudar isso em si, mas foi em vão. Certas coisas em seu passado o fizeram assim e não podem ser simplismente mudadas.

Como era formado em matemática, decidiu arranjar emprego em escolas. Sua paixão é lecionar, então nada melhor que fazer o que ama, certo? Como não tinha paciência para crianças e adolescentes mimados e rebeldes, especializou-se para dar aulas em universidades, e depois de muito esforço finalmente conseguiu. Ama seu emprego, apesar dos apesares. Só não deixa isso transparecer muito, o que acabava fazendo-lhe parecer um homem amargo e sem sentimentos. Bem, talvez fosse mesmo.

Sobre universidades terem alunos mais maduros do que os alunos do ensino fundamental: foi um completo engano seu. Os alunos eram uns selvagens, tinha que mostrar toda sua rigidez para eles calarem a boca. Assim, acabou sendo nomeado o professor mais chato de toda a instituição. 

Graças a isso, sempre ouvia comparações entre si e Baekhyun. Do tipo: o professor Byun é muito mais agradável; por que o professor Park não é igual a ele?; e por aí vai. Isso acontecia principalmente por ambos serem professores de exatas. Baekhyun é professor de física e quando Chanyeol entrou, estava substituindo o antigo professor de matemática.

Lebrava exatamente do dia em que se viram pela primeira vez. Acabou por conhecer boa parte do corpo docente na sala dos professores. Curvou-se para todos ali presentes, apresentando-se. Ao fundo da sala, era ouvida umas gargalhadas alta junto à falas, Chanyeol achou estranho toda aquela gente ao redor de uma só pessoa, por isso perguntou para o professor ao seu lado quem era o rapaz de madeixas vermelhas.

— Byun Baekhyun, professor de física.

O outro percebeu que Chanyeol estava lhe encarando demais e logo se aproximou. Até era alto, mas seu corpo delicado e a altura do Park não ajudavam em nada.

Bom gosto para cor de cabelo pelo menos tem... um ponto positivo.

A conversa não seguiu por muito tempo, já que Chanyeol logo a encerrou, saindo da sala. Não se importando com sua rigidez.

E assim os dias foram seguindo. Chanyeol até então não tinha falado com o Baekhyun, mas se encontravam entre os corredores, deixando um rastro de desconforto.

O dia estava perfeito para Chanyeol, chuvoso e frio, sem nenhuma atividade escolar para corrigir. Nada pode estragar esse dia, com esse pensamento levantou-se da cama. Arrumou suas coisas, tomou um café rápido e foi de carro para a universidade.

Estava tão bem-humorado que passou o trabalho em dupla, ao invés de individual. Algo que fez os alunos recearem pela mudança de humor do professor.

Nada poderia abalá-lo. Mas Byun Baekhyun resolveu ir contra isso. É incrível como até em pensamentos o outro assombrava lhe. 

Eu sei que você não vai com a minha cara, Chanyeol. Mas todo mundo gosta de mim. Por que você não?

Essa simples frase, mas tão cheia de significados, dominava seu subconsciente, impossibilitando que pensasse em outra coisa.

Chanyeol não acreditava que Byun Baekhyun se achava tanto a ponto de dizer que todo mundo gostava dele. Mesmo isso sendo uma verdade que o mais novo não conseguia entender o motivo. Sério. Às vezes ficava encarando Baekhyun para procurar algo minimamente interessante nele. Todavia nunca achava nada. Poderia citar uma lista estratosférica com os motivos pelo qual não gostava dele. Entretanto, preferia ficar na sua. Se Baekhyun não entendia isso, azar o seu.

-x-

— Chanyeol?! — ouviu alguém o chamar. Sehun. — E aí? Não te vi o dia inteiro. Que cara é essa? Parece que viu um fantasma.

— E vi mesmo. Esse fantasma tem nome e sobrenome — viu a cara confusa do amigo. — Byun Baekhyun.

Sehun revirou os olhos, sorrindo. Não era de hoje que aturava seu amigo falar do garoto ruivo. Mas não ligava. Até achava graça das reações que o outro tinha.

— O que ele fez dessa vez?

Chanyeol contou toda a "conversa" que tiveram. Sehun encarava o outro surpreso.

— Ainda não entendo por quê não gosta dele — Sehun diz, fazendo bico.

— Eu já te expliquei e não vou explicar de novo — Chanyeol responde, passando a mão pelos cabelos tingidos de branco.

— Podia aprender com ele a ser um bom profesor — Sehun disse claramente para implicar com o outro. Chanyeol o fulmina com o olhar.

— Caso um dia eu fique com Byun Baekhyun, me interne num hospício pois fiquei louco — Sehun gargalhou.

— E o que pretende fazer? Digo, em relação a conversa. Ele não vai desistir tão fácil na busca por uma resposta decente.

— Não sei. Mas se ligar a tv em algum programa jornalístico e a notícia for: Ruivo falso é esquartejado vivo, já terá certa noção.

-x-

Após mais um dia cansativo no trabalho — tentando aturar dizerem que era um chato e que o outro professor era mil vezes melhor — Chanyeol foi para casa. Precisava descansar, antes de se jogar na emorme pilha de provas e trabalhos que precisava corrigir.

Estavam em época de avaliações obrigatórias. Preferia mil vezes que seus alunos praticassem atividades extra-curriculares, porém quase ninguém fazia, o que só o prejudicava já que teria de fazer mais tarefas.

Adentrou o condomínio onde morava, a carranca magicamente desaparecendo. Comprimentou o porteiro com um sorriso amarelo, logo pegando o elevador. Terceiro andar. Apanhou as chaves no bolso desengonçadamente — devido às várias coisas que tinha em mãos —, abrindo a porta e finalmente entrando em sua casa.

Morava sozinho, preferia assim. Já pensara em dividir o apartamento com Sehun, mas depois que começou a lecionar na mesma faculdade onde o outro estudava, desistiu da ideia. O mais novo já era considerado seu "preferido", tudo só pioraria se morassem juntos. A diferença de idade os dois não era tão grande assim, só que quando o Oh queria curtir, o Park pensou nos estudos. Por isso os concluiu mais cedo. Pelo menos agora, Sehun tomou juízo e voltou a estudar.

Jogou suas coisas de qualquer jeito em cima do sofá e foi direto para a cozinha preparar um café. Cerca de meia hora depois — quando já tinha começado a corrigir as tarefas — Chanyeol ouviu a campanhia tocar. Bufou irritado pelo incômodo. "Deve ser a velhinha dos gatos do 212", pensou.

Com toda a calma, que não tinha, caminhou até a porta. Arrependendo-se em seguida.

— Baekhyun?! — exclamou quando viu o ruivo o encarando, com um sorrisinho. — O que está fazendo aqui?

— Nossa, que mau humor Park. É assim que recepciona seu novo vizinho?