História Não Sou Todo Mundo - Tentando dizer "obrigado"

– Pode dizer – a sra. Park diz assim que o filho entra na casa após Baekhyun ir embora. — Ele é seu namorado, não é?

Chanyeol revirou os olhos mas não falou nada, apenas adentrou a cozinha a fim de preparar algo para comer enquanto aproveitava o restante do tempo livre para assistir alguns filmes. Ok, deveria agradecer a Baekhyun por ajudá-lo a ter esse tempo. Só não tinha certeza se era uma boa opção, levando em consideração que o garoto já se acha demais.

Já estava deitado em sua cama com seu notebook em seu colo. Colocou o filme "Sem ação" para reproduzir, enquanto apreciava o lanche que tinha pego. Era uma grande apreciador de filmes americanos e este em questão parecia ser bom.

Assim foi durante os quinze primeiros minutos do que estava assistindo. Sua mente começou a relembrar o dia vivido com seu inimigo de trabalho.

Por mais que tenha demonstrado não gostar da companhia de Baekhyun, no fundo – bem fundo mesmo – ele gostou. Seu "inimigo" foi muito útil o ajudando nas tarefas.

Baekhyun tinha passado a tarde inteira consigo, por mais que tenha acabado rápido, foi uma ajuda e tanto, pois, se não, estaria até agora corrigindo as avaliações.

No final das contas, tinha nem pedido obrigado, devido ao fato de não querer se rebaixar. Tinha que se mostrar superior a ele, mostrar que não vai cair em seu jogo de tentar o provocar.

Ou talvez só queira arranjar motivo para falar com o Byun. "Mas o que raios eu estou pensando?", balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos inconvenientes, antes de dar return no filme já que perdeu uma cena.

Estava indo bem, focando só na história que se passava em sua frente. Até que passou uma cena no onde a Lily Collins tenta estapear o Taylor Lautner; O ator não deixa e tenta lhe roubar um beijo.

Foi só um combustível para lembrar-se do beijo na bochecha que ganhou do visitante indesejado de hoje. Ainda sentia o lábios quentes do rapaz em seu rosto; do estalo que fez.

Acabou inconscientemente passando os dedos cálidos por sua bochecha, onde o homem o tinha beijado; entretanto ao invés de apenas tocar, acabou fazendo mais força, querendo limpar qualquer vestígio de DNA do outro.

“Por hoje já chega!", pensou antes de fechar o notebook, pegar os restos das coisas que comeu e levar pra cozinha.

Sua mãe ainda estava na sala, vendo um dorama que Chanyeol não fez questão em saber do que se tratava.

— Não – o Park fala de repente, tendo a atenção da mulher que o encarava confusa. – Baekhyun não é meu namorado, nem nunca será

— Isso é questão de tempo – Sujeong diz, voltando a prestar atenção em seu dorama.

— Do que a senhora está falando? — perguntou, sendo prontamente ignorado.

Bufou levando suas coisas para a cozinha, antes de voltar para o seu quarto e se trancar lá. O dia foi longo demais.

~x~

Mal tinha amanhecido e o celular do rapaz de fios brancos já tocava alto uma música norte-americana qualquer. Com o tempo, acabou enjoando do tom colorido demais que eram o entretenimento em seu país.

Já estava acordado, se arrumando para ir trabalhar. Ter que aturar pessoas chatas, no caso é no singular mesmo, seria um trabalho muito difícil.

Atendeu logo o celular antes que explodisse seus tímpanos, de tão alto que tocava. Tinha que se lembrará de colocá-lo para vibrar na universidade. Olhou a tela que exibia várias mensagens e chamadas perdidas. Todas de Sehun, variando entre: oi; yah!; acorde!; preciso falar com você!. "Esse garoto não dorme não?", pensou. Resolveu então respondê-lo antes que desse um surto.

"Fala logo que estou atrasado."

"Finalmente! Pensei que morrido durante o sono!"

"Tão dramático"

"Não vou interromper meu precioso sono com você, Sehun. Você não vale isso tudo."

"Grosso!"

"Sehun, diz logo o que quer! Se for cola da prova ou falar sobre seu relacionamento com o Luhan, cancela."

"É a segunda opção, mas se tiver disposição de dar a primeira... eu não vou reclamar."

"Ha-ha-ha engraçadinho"

"Brincadeira... o assunto é sério mesmo"

"Não acha melhor nos falarmos na escola?"

"Não, prefiro por aqui."

"Então fala logo."

"Luhan acha que nosso relacionamento é errado."

"Certo também não é."

"Hyung! Você tem que me apoiar!"

"Sehun, eu e Luhan pensamos diferente."

"Eu não vejo problema nenhum em vocês dois namorarem, até apoio se for em prol da sua felicidade." 

"Agora, ele vê problemas nisso, pensa em como as pessoas vão reagir com um rapaz professor namorando um outro um aluno e ainda por cima homens. Luhan pensa também em seu trabalho."

"Você acha que vão deixar ele trabalhando lá quando descobrirem que é gay, namora um aluno e que ainda ficam se pegando no corredor da escola?"

Sehun está digitando...

“Para de digitar que ainda não terminei."

"E não, ele pode não está só pensando nele, pode está pensando em você também!"

"Agora a eu acabei"

"Mas eu não ligo se descobrirem..."

"Você acha que só será difícil pra ele? Você acha que não vai sofrer preconceito com os outros alunos da faculdade? Você acha que a direção da não vai falar com os seus pais sobre o que aconteceu? Vivemos em um país muito preconceituoso Sehun, entenda isso.

"Eu sei, mas..."

"Mas...?"

Sehun não respondeu.

"Sehun, me responde uma pergunta" 

"Seus pais sabem que você é homossexual?”

O garoto visualizou a mensagem, porém continuou sem responder.

"Vou entender como um não."

“Agora quero que você leia tudo que eu escrevi e releia se não ainda não tiver entendido. Depois reflita se o Luhan tem ou não motivos para querer acabar com o que vocês têm."

"Pense em como ele deve se sentir com essa ‘pressão’ toda. Depois que entender o lado dele, pare de agir feito moleque e converse direito com ele sobre isso."

"Agora vou trabalhar, me procure lá se caso tiver mais algo a conversar.”

"Acho que não vou falar muito com você na hora vaga. Irei conversar com o Luhan. Obrigado, Channie."

"Sabe que sempre estarei aqui se precisar. E pare de me chamar assim."

"Não, Channie."

"E só pra não perder a prática... poderia pelo menos me dizer o quê vai cair na prova?"

"Claro!" 

"O conteúdo todo."

"Te odeio"

"Eu sei que não"

Chanyeol coloca seu celular no bolso e sai do quarto, antes pegando sua bolsa e apostilas na escrivaninha.

Sua mãe estava dormindo no quarto de hóspedes, já passará alguns dias com ele.

Saiu rápido do apartamento. Estava atrasado para falar com certo novo vizinho antes de chegar ao seu destino.

Apertou várias vezes o botão de descer do elevador para que viesse rápido. Quando chegou e a porta se abriu, deparou-se com um rapaz alto, de cabelo castanho e todo de preto.

Chanyeol se assustou com o estranho, nunca o tinha visto antes.

– Chanyeol! – Exclamou o estranho. Chanyeol deu um pulo de susto, não o conhecia e muito menos sabia como o outro lhe conhecia.

– Er... Te conheço? – o Park pergunta fazendo uma careta.

– Nossa... Bem que o Baekhyun falou que você é um grosso – o rapaz sussurrou, mas foi alto o suficiente para Chanyeol ouvir.

– Espera. Byun Baekhyun? Você conhece ele? – Chanyeol pergunta; agora ficou interessante.

– Claro! Ele é um dos meus melhores amigos. Está hospedado em meu apartamento – revela.

– Ah! Então você é o cúmplice dele em desgraçar minha vida?! – Chanyeol fala alto apontando o dedo para o rosto do outro.

— Não, eu sou o Yixing; mas não gosto desse nome então me chame apenas de Lay. Prazer! – O rapaz diz, estendendo a mão.

A porta se abriu e os dois seguiram para fora.

– O prazer é unilateral – diz entre dentes.

— Uni- o que?

— Esquece... — Chanyeol parou por um segundo ao ter uma ideia. — Baekhyun ainda está por aqui?

– Não, ele já foi trabalhar – Lay responde indo para o estacionamento e Chanyeol o seguindo.

–Ah... que pena. Queria falar com ele – diz fazendo bico e recebendo um sorriso maroto do rapaz.

– Nossa, ele disse “em um mês” e já conseguiu em um dia! Não devo mais duvidar do meu amigo – Chanyeol fica sem entender o que rapaz disse. Lay estava pensando alto demais. – Realmente, a fase um foi concluída com sucesso!

— Como assim? – Chanyeol pergunta e Lay o olha assustado, percebeu que falo o que não deveria. – O que você quis dizer com isso, Lay??

- Desculpa... tenho que ir – Lay diz entrando no seu carro e dando a partida.

Chanyeol fica um tempo olhando o outro ir embora. Tentava ligar o que ele disse. Porém, não conseguia.

Decidiu pensar nisso mais tarde, agora tinha que correr até a universidade pois estava realmente muito atrasado. Foi a pé mesmo. Seu carro estava com pouca gasolina e já que a escola não ficava nem tão longe, nem tão perto, optou por ir à pé.

~×~

Chanyeol tinha acabado de sair de sua sala, indo em direção à sala dos professores. Conferiu o horário de todos os professores e percebeu que seu vizinho menos preferido não teria aula naquele dia. Não havia tido tempo para ir falar com Baekhyun pela manhã, então o faria agora. Ele não apenas pediria obrigado pela ajuda como também queria conversar sobre a invasão de ontem.

Por mais que no fundo tenha gostado um pouco, não queria que ele fizesse isso sempre. Ele não gosta de visitas, ainda mais quando são indesejadas, preferia ficar sozinho.

Precisava conversar logo, antes que Baekhyun se infurnasse em sua casa novamente. Precisava corrigir logo outras avaliações e não teria como fazer isso com o rapaz lhe tirando a paciência. Também não pretendia ficar pedindo ajuda ao outro, nem permitindo que lhe ajudasse sempre. Seria exploração.

Não queria ter que corrigir aquilo a noite, queria sair um pouco. Sua mãe estava em casa e com Baekhyun morando no andar de cima – tirou essa conclusão por conta do que Lay já está dentro do elevador descendo – ela poderia chamá-lo dessas vez para uma visita, já que amou o rapaz; como todas as outras pessoas faziam, menos Chanyeol.

Agora sim achou um problema com sua mãe dormindo em sua casa. Do jeito que ela é, não duvidava que pudesse começar a tentar aproximá-los.

Seus pensamentos foram cortados com uma lata de refrigerante e dois hambúrgueres que alguém pôs a sua frente.

— Achei que estaria com fome, afinal você ainda não comeu nada – olhou para cima, deparando-se com Baekhyun, adornando um sorriso no rosto – Então comprei esse lanche pra você.

Ok, estava delirando, só podia ser. Essa o pegou de surpresa.

— Por que se preocupou com isso? – o Park pergunta meio grosso; estava meio desconfiado por conta do que Lay disse mais cedo.

— De nada, Chanyeol. Realmente não foi nada — o Byun ignorou a pergunta alheia.

O ruivo pegou uma cadeira e sentou-se ao lado do outro, que estranhou tal aproximação.

— Olha... eu só vou aceitar porque estou cansado e com fome – Chanyeol diz pegando um dos hambúrgueres e abrindo a lata de refrigerante.

Baekhyun não falou nada, apenas deu um sorriso. Chanyeol não gostava disso; o ruivo estava mostrando um lado diferente do que pensava que ele é.

Ou talvez entivesse fazendo tudo isso para que gostasse dele, como todo mundo faz. Riu contido por tamanha falsidade. Pelos menos era o que acreditava.

— Então, Baekhyun – parou de comer por um segundo. – Queria agradecer pela ajuda de ontem e pelo que fez e está fazendo hoje... – levantou, mexendo no bolso da calça, em seguida pegando sua carteira. Pegou dinheiro o suficiente para pagar o que o menor gastou consigo, deixando em sua frente.

Nada tirava de sua mente que Baekhyun é falso e que não é o que parenta ser.

— Eu não quero seu dinheiro, Chanyeol. Fiz isso como um presente, se não consegue aceitar não posso fazer nada.

O rapaz de cabelos brancos o encarou boquiaberto por alguns segundos. Baekhyun apenas levantou e saiu da sala, com um sorrisinho estampado em sua face, que o outro não precisava ver.

A cabeça de Park Chanyeol poderia explodir a qualquer momento.

~×~

O expediente de trabalho tinha acabado, era hora de ir embora. Estava chovendo; não qualquer chuva, mas um vendaval. Contudo, teria que ir à pé para casa. E como não sabia que iria chover do nada, não trouxe guarda-chuva. Sua mãe sempre lhe disse o quão não previnido ele era; mas quem disse que ouvia?

Colocou sua bolsa para frente e a abraçou forte para evitar que molhe muito e acabe estragando o que tem dentro. Tomou coragem para sair correndo e quando estava prestes a o fazer, sentiu alguém segurar seu braço. Em seguida, um guarda-chuva transparente é aberto em sua frente.

— Acho que não seria uma boa ideia ir embora em baixo dessa chuva — disse Baekhyun, logo entregando o guarda-chuva ao maior.

“Outra vez sendo simpático...”, pensou o Park, enquanto pensava se aceitava ou não a ajuda do outro.

— Eu não vou te morder não, sabe... — falou o ruivo. — Pega logo isso, caramba! — jogou em cima do outro que não teve muita escolha, a não ser pegar.

O Park se surpreendeu um pouco, já que não do típico de Baekhyun se exaltar.

— Mas... — começou. — E você? Vai na chuva? — Baekhyun sorriu.

— Na verdade, estou esperando o Luhan. Ele disse que viria me buscar para fazermos algo — Chanyeol concordou por um momento.

— Espera. O Luhan não veio hoje?

— Ele não dá aula aqui hoje — o ruivo explicou.

— Maldito... — praguejou Sehun em um sussuro, talvez um pouco alto demais.

— O que foi?

— Nada — ajeitou-se mais uma vez. — Obrigado mais uma vez, Baekhyun.

Sem esperar por uma resposta, Chanyeol foi embora. Mais confuso do que quando chegou.

Não demorou muito para o carro de Luhan estacionar na frente da universidade. Buzinou para que Baekhyun o visse e entrasse logo.

— Por que essa cara toda sorridente? — o chinês perguntou, quando viu seu amigo com um sorriso de orelha a orelha

— Segunda fase concluída com sucesso.