História Não Sou Todo Mundo - Mal entendido

— Segunda fase? — Luhan perguntou confuso, enquanto tornava a ligar o carro.

— Eu não te contei? — o chinês negou. — É uma longa história, mas vamos lá: em resumo, o Lay e eu tivemos a ideia de eu morar com ele, com o intuito de ficar mais próximo do Chanyeol, para assim conseguir que ele goste de mim. Aí sempre que eu consigo algum avanço, falo essa frase, entendeu?

Luhan riu abertamente depois da explicação do amigo. Sabia que ele era determinado e quando queria algo, fazia de tudo para conseguir. Só não imaginava que seria capaz de tanto.

— O que foi? — Baekhyun perguntou ao ouvir a risada escandalosa do outro.

— Não sei, só é bem estranho todo o seu empenho em conquistar o cara.

— Eu não quero conquistá-lo nesse sentido — explicou. — Só quero que ele goste de mim como todo mundo gosta, nada demais.

— Ah, claro — sorriu, agora focando na estrada.

Alguns minutos depois, Luhan estacionou o carro e ambos saíram do veículo. A chuva já havia estiado, então não precisaram de guarda-chuvas. Adentraram calmamente pelo local; era um restaurante de comida italiana, uma das favoritas de Baekhyun, o que apenas comprovava que Luhan tinha feito — ou ainda faria — algo e queria agradá-lo, já que por conta própria não costumavam fazê-lo.

Escolheram uma mesa mais reservada, em seguida fazendo seus pedidos. Não demorou muito para Baekhyun questionar o amigo.

— Tá, já pode fale porquê me trouxe aqui.

Luhan não o encarou confuso, nem nada do gênero. Sabia que Baekhyun o conhecia melhor que ninguém, então para que tentar esconder algo? Foi pensando nisso que simplesmente soltou.

— Eu quero assumir minha relação com o Sehun.

O ruivo, que havia pêgo um copo d'água enquanto esperava o amigo falar e bebido do líquido, quase se engasgou com as palavras proferidas pelo outro.

— Você o que?! — acabou falando um pouco mais alto que o desejado.

— Fala baixo, Baekhyun! Quer que até o chefe escute lá da cozinha?

— Desculpa... — olhou em volta, percebendo alguns curiosos os observando. — Explica isso melhor, Luhan.

— Eu... quero assumir minha relação com o Sehun. Sabe, ele vive me cobrando isso. Acho que não seria algo tão ruim assim... Afinal eu o amo.

— Não seria algo tão ruim assim? Você já parou para pensar nas consequências que isso acarretaria? Vivemos em um país muito preconceituoso, Luhan. Sem contar que você é um professor e ele um aluno. Pode não ser dele, mas é um professor. Isso é completamente fora de ética. Você fez um juramento, ou já se esqueceu?

— Eu sei, eu sei — os pedidos chegaram e Luhan parou por um segundo. Quando a garçonete se retirou novamente, continuou. — Mas sinto como se o estivesse perdendo a cada segundo que não grito aos quatro ventos que o amo, entende?

— Sim, mas... — suspirou. — sabe que para fazer o que quer terá que pedir demissão por conta própria, para evitar o constrangimento de ser demitido, que é logicamente o que acontecerá com você — Luhan concordou pesaroso. — Bem, vamos comer antes que esfrie. Só quero que saiba, que eu vou te apoiar em qualquer decisão que você tome.

— Obrigado, Baek — sorriram, logo começando a comer.

— Baekhyun?! — ouviram uma voz feminina chamar pelo ruivo, que logo virou em busca de quem lhe chamava.

— Sujeong? — era a mãe de Chanyeol. — O que faz por aqui? — levantou da cadeira, indo abraçar a mulher.

— Esse restaurante é meu, querido. — sorriu acolhedora perante a cara de surpresa do rapaz. Entretanto seu sorriso desapareceu quando viu que Baekhyun não estava sozinho. — Esse é seu namorado? — Luhan engasgou com o suco que bebia.

— O que? Não! Esse é o Luhan, meu melhor amigo — esclareceu.

— Ah, sim — o sorriso voltou a adornar a face da mulher. — Como você é um cliente mais que especial, as dispesas hoje são por conta da casa — exclamou animada. — Agora se me dão licença, preciso voltar aos meus afazeres. Foi um prazer revê-lo, querido.

— Digo o mesmo — sorriu e a mulher se retirou.

— Gostei dela — Luhan comentou quando o ruivo sentou novamente na cadeira. — Quem é?

— Mãe do Park Chanyeol — respondeu simplista.

— Ual! Você não perde tempo, caro amigo. Já foi conquistar a sogra.

— Foi exatamente o que o Lay disse. Estou pensando seriamente em trocar meus amigos.

— Você não viveria sem mim — suou convencido, fazendo Baekhyun rir anasalado. Realmente era verdade.

Conversa vai, conversa vem, já estavam na metade do prato, quando mais alguém se aproxima.

— Luhan? Baekhyun? — um rapaz loiro chama seus nomes.

— Xiumin! — falam em uníssono. — Quanto tempo.

— Sim, vocês sumiram. Depois que terminamos a escola foi tão raro as vezes que nos falamos.

Xiumin se aproximou de Luhan, com o intuito de beijar sua bochecha; contudo, se desequilibrou e acabou selando os lábios alheios.

Foi nesse exato momento que Baekhyun virou o rosto em direção à saída, vendo algo que realmente não queria.

~x~

— Vamos, Chanyeol. Deixa de ser chato.

Sehun estava há quase meia hora tentando convercer o amigo a saírem. Afinal, a chuva já tinha passado e Chanyeol não tinha muitos trabalhos e provas para corrigir. Não tinha porquê ficarem em casa.

— Sehun, eu tenho muito trabalho para fazer. Não é só porque não estou na universidade que posso descansar tranquilamente. Sem falar que ainda estou com raiva sua por ter mentido.

— Primeiramente, deixa de ser mentiroso que eu sei que o professor Byun te ajudou — Chanyeol o encarou assustado.

— Como sabe disso?

— Eu tenho minhas fontes... na verdade eu só joguei verde pra colher maduro e você caiu.

— Que seja — Chanyeol revirou os olhos.

— Segundamente...

— Essa palavra não existe — corrigiu.

— Dane-se, eu sou de exatas não de humanas, não sou obrigado a saber disso. Segundo... não é minha culpa se ele não foi trabalhar hoje.

— Por que será que eu não acredito nisso?

Seu celular vibrou, indicando uma nova mensagem. Era de sua mãe.

"Venha aqui para o Viva Polo, querido. Tenho uma surpresa para você."

— O que foi? — Sehun perguntou ao ver a cara confusa do amigo.

— Minha mãe quer que eu vá ao restaurante dela, disse que tem uma surpresa para mim.

— Perfeito! Vamos para lá — decretou Sehun, já levantando e puxando o amigo junto.

Chanyeol bufou mas não se opôs, seguindo o outro que já descia escada abaixo.

— Por que não vamos de elevador?

— Não quero correr o risco de você desistir enquanto esperamos ele chegar — o Park não pôde deixar de rir ao ouvir aquilo.

Não demorou muito para estarem no estacionamento, pegando o carro do Park. O restaurante não era longe, por isso passaram-se apenas alguns minutos até que chegassem.

Sehun saiu saltitante do veículo, imensamente feliz por ter conseguido tirar o amigo daquele apartamento. Rapidamente entraram no local; porém teria sido melhor se não o fizessem.

— Sehun... — Chanyeol chamou.

— hum? — respondeu enquanto analisava o local em busca se alguma mesa vaga.

— Acho melhor a gente ir embora.

— Por quê? — durante o passeio de seus olhos, conseguiu ver algo que não lhe agradou nem um pouco se quer.

Luhan estava beijando outro cara. E o pior, em público! Então quer dizer que o chinês sempre temia beijá-lo na frente das pessoas, mas o fazia com outros. Será por isso que não queria assumir o relacionamento que tinham? Por que ele já namorava outra pessoa?

Sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, não aguentando mais e correndo porta a fora. O olhar de Baekhyun e Chanyeol se encontraram antes que o Park o lançasse um olhar duro e seguisse o amigo.

O Byun virou para os rapaz em sua frente, enquanto Xiumin pedia desculpas por ser tão desastrado e falou algo que deixou Luhan muito confuso.

— Você está completamente ferrado, hyung.