O corpo doía por completo. Sentia como se uma um trator tivesse passado sobre si algumas vezes.
Abriu os olhos devagar, as paredes do lugar onde estavam eram impecavelmente brancas.
- Ai meu Deus! – Gritou abrindo os olhos por completo – Eu estou no céu? – Viu Omar ao seu lado – Ah... Eu ainda estou na terra – Riu amarelo
- Ué... Eu poderia estar no paraíso também - Brincou
- Com as trapalhadas que você fez... – Gargalhou – Acho que não animal
- Falou o cara do gesso! – Riu
- Ah... Isso? – Olhou seu braço engessado – Ganhei isso por causa daquele tapado...
- Você que atravessou o sinal vermelho, o tapado é você! E aliás, aquele tapado te socorreu
- Vou lembrar de agradecer a ele – Fez careta
- Você anda fazendo muitas besteiras, vamos rever esses conceitos, o animal da situação agora é você
- Não Omar, esse cargo é vitalício, sempre será seu – Tocou o ombro dele – Uma vez animal, sempre animal
- Você pode perder um membro mas não perde o bom humor – Riu
- Tem razão, eu posso perder... UM MEMBRO? – Conferiu seus braços. Intactos. Seguiu para suas pernas. Intactas. Ou quase, uma delas estava com uns ferros – Animal, quer me matar do coração? – Levou uma das mãos ao peito – O que é isso na minha perna?
- Digamos que quando seu osso quebrou ele saiu um pouquinho do lugar, com o gesso demoraria mais a voltar ao lugar
- Vou ficar quanto tempo com esses coisas?
- Um mês, eu acho
- É muito. Quero sair daqui, agora – Levantou o tronco
- Pode ficando quietinho aí. Ou eu chamo uma enfermeira para lhe dar um calmante. Na injeção.
- In...Injecão?
- Sim – Riu vitorioso – Agora trate de ficar aí. Em minutos seus pais chegam.
- Me recordo de ter vindo aqui. Estou em qual hospital?
- Medical Sur, você não estava muito longe daqui quando foi socorrido
Letícia está aqui! – Ah, claro
A porta se abriu revelando seus pais. Márcia veio na frente e falsamente veio em sua direção o abraçando.
- Fernando eu fiquei tão aflita quando soube, pensei que você tivesse morrido – Chorou abraçada a ele
- Era isso o que você queria não é? – Falou para ela ouvir – Cobra peçonhenta
- Eu me preocupo com você – Afastou-se
- Não precisava disso, eu estou vivo
- Não seja indelicado filho, todos nós nos preocupamos
- De verdade, eu estou bem
- E esses curativos? Quando receber alta vou me encarregar que cuidar de todos – Fingiu solidariedade
- Não precisa. Vou contratar alguém para me ajudar, ficarei em minha casa, é mais confortável
- Mas filho, a mansão dos Mendiola também é sua casa
- Mãe, por favor! Quero ficar na privacidade da minha casa, se puder entender isso eu agradeço
- Terezinha, entenda a decisão do Fernando – Humberto se pronunciou
- Isso não é certo!
- Fernando sabe o que é melhor para ele – Piscou para o filho
Aquela tarde foi altamente tediosa para Fernando. Márcia insistia em seguir seu teatrinho de irmã preocupada, Terezinha achava aquilo um gesto muito nobre dela, e a incentivava a cuidar dele.
Fernando queria cuspir na cara de Márcia todas as ofensas que lhe vinham a mente quando via sua falsa preocupação. Infelizmente, se o fizesse, sua mãe se colocaria como advogada de defesa dela e Fernando sairia como o culpado, já que Márcia apenas "queria seu bem".
Mas, ele conseguiu fazer seus pais voltarem para casa e levar a víbora junto restando apenas Omar, que depois de muita insistência, conseguiu fazer ir para a empresa cuidar das coisas na ausência dele.
Agora que estava sozinho, poderia colocar em prática o que queria fazer desde que descobriu que ele e Letícia estavam no mesmo hospital. Com dificuldade por causa dos pinos de ferro em sua perna, colocou os pés no chão. Parou olhando ao redor e se levantou sorrateiramente, a uns minutos havia tomado remédios, com certeza não tomaria outros em horas. Era tempo suficiente para ir no quarto de sua amada.
Abriu a porta com vagar e colocando a cabeça para fora olhou os dois lados do corredor certificando-se de que ninguém podia vê-lo no ato da fuga e se pôs a caminhar como qualquer outro faria: Normalmente.
Chegou ao corredor que ela estava e Dona Julieta estava sentada em uma cadeira quase em frente a porta.
- Seu Fernando o que aconteceu com você?
- Um pequeno acidente, nada preocupante – Riu – Mas... Será que eu posso ver sua filha?
- Melhor voltar outra hora, ela teve uma pequena melhora e Erasmo está com ela agora
- Ah, sem problemas, eu espero – Sentou com dificuldade ao lado dela
- O senhor vai ficar?
- Sim – Disse naturalmente
- Eu não aconselharia. O senhor sabe o temperamento do meu marido
- Ele não faria mal a um homem todo acidentado, não é?
- Não sei. Mas não arriscaria
- Ficarei assim mesmo. É bom que vou me acostumando já que ainda pretendo me casar com a Lety
- Ainda está de pé o casamento? – Perguntou esperançosa
- Sim, mas preciso me resolver com ela primeiro
- Ah... com isso não se preocupe, Lety lhe ama, claro que vão voltar. Isso me agrada muito. Eu sei que o senhor faz minha filha feliz
- E ela faz a mim. Mas já que seremos sogra e genro. Por que não me trata pelo nome?
- E você vai me chamar só de Julieta? – Riu
- Sim, mas eu gosto Dona Julietinha ou sogrinha
- Eu também. Hihi
- O que ele está fazendo aqui? - Erasmo saiu do quarto
- Se não for incômodo eu gostaria de ver sua filha
- É incômodo sim, pode voltar pelo caminho que veio
- Seu Era – Aproximou-se dele – Eu estou aqui com a melhor das intenções, todo ralado – Colocou a mão em seu ombro – Pedindo encarecidamente para falar com sua filha. Não me negue isso por favor
Tirou a mão dele de seu ombro – Não me importa seus machucados, deixe minha filha sossegada e tudo fica bem
- Mas Seu Era...
- Papai – Escutou pela fresta – Deixe ele entrar, eu resolvo isso
Sorriu amarelo – Licencinha Seu Era – Passou e fechou a porta – Lety amor!
- O que aconteceu com você? – Espantou-se pela situação dele
- Nada demais. Apenas... Uns ossos quebrados – Sentou e apoiou a perna
- Você foi imprudente no volante não foi? Eu sabia! Fernando por que fez isso?
- Eu? Imprudente? Por favor! Eu dirijo muitíssimo bem, modéstia parte claro
Fechou os olhos, não se preocupar com ele era uma tarefa extremamente difícil
- Será que você já pode me perdoar? – Com carinha de cão sem dono
- Não. Agora quem não quer sou eu.
- Sério? Nem uma oportunidade para esse tolo imaturo aqui se desculpar?
- Não faça essa cara. Estou irredutível quanto a minha decisão
- Eu fui um idiota...
- Hum...
- Insensato...
- Hum...
- E com todos os meus defeitos, eu imploro seu perdão, sem merecer levando em consideração tudo o que eu disse, mas eu peço, em nome do nosso amor!
Sua parte que clamava por Fernando não teria sido tão difícil, tinha apenas se jogado nos braços dele e esquecido de tudo, para novamente viver o grande amor deles. Mas a parte ressentida fazia o contrário.
- Fernando, eu ainda estou muito magoada com você
Suspirou – Eu fui errado em acreditar na Márcia. Eu agora vejo a pessoa má que ela se tornou, e sei que você foi vítima dela Lety... Entendo sua mágoa por mim. Mas eu vou te reconquistar, nosso amor não morrerá – E sem que ela pudesse falar algo lhe deu um rápido selinho sentindo novamente o gosto de seus lábios
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