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História Naruhina: Quando os mortos amam... (When the dead love) - Castigos e interesses...


Escrita por: Arysson_96 e LanaPepsi

Notas do Autor


3º capítulo no ar! É agora que a história definirá os seus rumos. Muito obrigado a todos os que favoritaram, eu e a Lana agradecemos bastante!! E esperamos que apreciem bastante!! :D

Capítulo 3 - Castigos e interesses...


Fanfic / Fanfiction Naruhina: Quando os mortos amam... (When the dead love) - Castigos e interesses...

Vovó Akemi havia levantado tarde, basicamente mais de meio dia. Aquele despertador portátil que ela havia comprado pouco antes de passar essa temporada com os netos definitivamente não funcionava. Ela sempre foi uma pessoa bastante econômica, isto é, buscava sempre pelos produtos mais baratos, mas quase sempre, deixava que o baixo preço predominasse sobre a qualidade. A armação de seus óculos, por exemplo, só havia sido trocada porque a outra estava muitíssimo deteriorada. Ela sempre dizia que isso era apenas um “mal da idade”, provocando risadas. 

As crianças já estavam acordadas, e, disciplinadas como eram, haviam feito o próprio café da manhã e lavado uma parte da louça. Inoue espanava os móveis, e assim que a avó deu sinal de que estava acordada, correu para abraça-la. Mizuki brincava, aparentemente por não ter mais o que fazer, com um pequeno boneco de madeira, que ele jogava para o ar, fazendo-o rodopiar diversas vezes antes de voltar para suas mãos. Ele também saudou a sua avó.

Após terminar as poucas atividades domésticas que ainda estavam pendentes, Akemi demandou aos netos aquilo que eles gostariam de fazer durante o resto do dia. E teve uma surpresa.

-Queremos que você continue a história, vovó! – Inoue sorria.

-Sim, vovó! – Mizuki logo se sentou ao sofá, desligando a televisão para que não houvesse mais barulho algum.

Akemi sorriu para ambos, e pediu apenas que esperassem um tempinho. Ela iria preparar alguma guloseima que eles ainda não haviam experimentado, para acompanhar a narração.
 

Após terminar de fazer alguns Dorayakis*, que seus sobrinhos adoraram, ela pôde, então, retomar a história.

-Onde paramos mesmo?

-A Hinata tinha dormido no calabouço, vovó!

-Sim, isso mesmo! É de lá que retomaremos, então.

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Fora do castelo, o convento ainda aguardava pela volta das noviças. Os passeios, num geral, tinham como destino vilarejos próximos. Por isso costumavam demorar, já que eram sempre preenchidos por diversas orações, sermões e catequizações aleatórias, aplicadas e exemplificadas em situações reais. As pequenas expedições possuíam também um caráter altruísta; as noviças ofereciam comida e agasalhos aos mais necessitados, e davam-lhes a garantia de que Deus era por e com eles. Os aldeões eram sempre muito receptivos e muitas vezes ofereciam suas próprias casas para que as jovens servas do Senhor pudessem se abrigar durante a noite, como forma de agradecimento. Mas essa oferta era quase sempre recusada, salvo uma ou outra ocasião distinta. Dessa vez, entretanto, já era muito mais tarde que o horário o qual elas normalmente voltavam. As irmãs que as receberiam ao chegar tinham ciência de que a tempestade poderia tê-las atrasado; mas mesmo assim, era de se estranhar que ao invés de voltarem o mais rápido que pudessem, tivessem simplesmente parado em qualquer canto; ou mesmo terem se perdido em meio ao gigantesco bosque que tinham de atravessar.

Tsunade Senju, a coordenadora do convento e uma das freiras mais respeitadas pela sua formação e rigidez na aplicação das práticas litúrgicas, já havia sido notificada sobre a situação e sobre as possíveis hipóteses que a ocasionaram. Mandou deixar os portões do convento abertos até segunda ordem. Se alguém tivesse de entrar lá, seriam as noviças.  

Horas depois, os portões foram abertos. As noviças chegaram, ensopadas e exaustas, porém ilesas. Foram imediatamente encaminhadas ao gabinete da madre superior. Este era uma pequena salinha quadrada, localizada no ponto mais alto do prédio; era iluminado e arejado por três janelas, duas nas paredes laterais, mais largas, e uma menor, na parede da frente, onde ficava a porta de acesso. Essa, por sua vez, era dupla e de carvalho. Não se sabe o porquê, mas uma das duas partes era fixa e isso constantemente confundia quem lá entrava pela primeira vez. Era para lá que se destinavam as visitas familiares e onde eram feitas as matrículas das garotas que desejavam se tornar freiras. Também eram tratadas ali todas as finanças da instituição; tudo administrado à mão de ferro por Tsunade. Haviam cortinas pretas nas janelas da direita e da esquerda que, se não barravam por completo, diminuíam a intensidade da luz do sol. Uma mesa sempre cheia de papéis, três cadeiras, um armário de madeira mofada e uma grande cruz com cristo em seu centro eram os únicos objetos que haviam lá dentro.    

Cada uma das noviças contava versões diferentes sobre o que havia realmente acontecido; umas diziam que a tempestade as havia tirado da rota; outras mencionavam o fato de terem de se espalhar para procurar algum abrigo. Tsunade nada respondia, e não modificava sua expressão, que variava do medo à cólera.

-Onde está a irmã Hinata? Ela é a única que não está aqui.

-Ela se separou muito de nós, madre. Nós a perdemos de vista e, em meio ao escuro, não a conseguimos encontrar – disse uma das noviças, pálida, com medo da resposta.

-Deixa eu ver se entendi. Vocês se separaram, e com isso, e deixaram a irmã Hinata para trás? Quem teve essa ideia?

Nenhuma das noviças respondeu.

-Pois muito bem. A imprudência de vocês terá preço. Serão flageladas nas costas 55 vezes cada uma. Podem tirar suas batinas. Após isso, irão ser trancadas em seus dormitórios, e não terão o direito de comer ou beber por 3 dias, durante a manhã, tarde e noite.

As noviças, em fila, choravam ao imaginar a dor do chicote em suas costas. Todas tiraram as batinas e deixaram as costas nuas. Algumas delas possuíam marcas de agressões passadas, pois foram pegas pecando, blasfemando ou mentindo. Tsunade pegou um chicote de couro preto de tamanho médio, no pequeno armário que ficava abaixo da grande imagem do Cristo crucificado. Clamou pelo nome de Deus, rezou com todas o pai nosso, pedindo para que as perdoasse, e desferiu golpes impiedosos nas costas da primeira noviça. Tudo o que se ouvia nos corredores do prédio eram os baques ecoados do encontro do chicote com as costas das pobres garotas, os gemidos de dor e os choros das infortunadas que eram castigadas.

Esses castigos eram mais comuns do que se pode imaginar. Naquela época, quase tudo era visto como pecado. Se alguma das noviças fosse pega comendo um pão a mais, havia punição pela gula. Se fosse pega enquanto arrumava a batina de maneira a encontrar beleza, havia punição pela vaidade. E todas cruéis, começando por agressões físicas, perturbações psicológicas, cárcere e chegando mesmo a privação de alimentação por semanas. Não era raro diversas garotas abrirem mão de ali estarem, muitas vezes fugindo ou implorando aos seus responsáveis para que não ficassem mais. Entretanto, na maioria das vezes, às que tinham coragem de fazer qualquer uma das coisas eram ainda mais repreendidas, visto que suas famílias não eram informadas de tais métodos; e demonstravam total confiança na forma como eram educadas.

Tsunade estava preocupada, e não apenas porque uma de suas noviças havia desaparecido, e sim, porque essa noviça, em especial, vinha de uma família importante. Os Hyuuga eram uma família aristocrata, com ligações diretas à corte e a igreja. Hiashi Hyuuga, o patriarca do clã e pai de Hinata, era um dos homens mais ricos e com mais posses daquela região; ele mesmo havia investido capital na construção daquele convento, cedendo em torno de 2,5 hectares de suas terras para a igreja. Isso possibilitou que aquele prédio fosse construído. Com a facilidade da produção agrária que ali existia, a instituição ganhou certa autonomia econômica e mesmo pedagógica, financiando seus próprios materiais. Seria uma catástrofe se, de repente, um homem tão importante se voltasse contra ela. Com toda certeza, após suas queixas, ela seria exonerada do cargo que assumia, e poderia até mesmo perder sua batina, por não zelar devidamente pelas jovens que eram submetidas a seus cuidados. Ela torcia para que Hinata não houvesse ido para muito longe; ignorava a possibilidade de ela estar morta; mais por medo, que por preocupação real com a garota. O dia seguinte estava para chegar, e era justamente a última quinta-feira do mês; o dia das visitas familiares. Hiashi com certeza estaria por lá, e ela não sabia o que fazer.

O sol nascia, em um dia que já demonstrava uma beleza incomum naqueles tempos de inverno. Estava muito nublado, mas fragmentos do azul do céu poderiam ainda ser vistos. O orvalho pingava das poucas folhas e flores que haviam sobrevivido a uma estação tão rigorosa. As árvores, em seus galhos nus, abrigavam as cotovias, que agraciavam o ambiente com seu canto melodioso; à moda de Shakespeare**, indicavam que o dia estava raiando. A casa dos Hyuuga era a maior daquela região; como uma pequena vila coberta, haviam nela diversos corredores que levavam a residências independentes. Os homens desse clã, trabalhadores abençoados pelo rei, se levantavam cedo para o cultivo e a colheita nas plantações e para a administração das finanças de suas propriedades. Eram todos fisicamente fortes e ostentavam longas cabeleiras que, à maneira dos guerreiros antigos, serviam como forma de impor respeito e demonstrar suas experiências vividas. As mulheres, virtuosas, eram todas educadas no convento e se dedicavam às atividades domésticas e artísticas. Elas usavam vestidos longos e sem mangas, com as cores preta e branca. Quanto mais idosas, mais longo esse vestido era. Como eram todos casados entre si, a linhagem do clã era impermista. Hinata Hyuuga, caso não optasse por se tornar freira, possuía a mão prometida ao seu primo legítimo, Neji Hyuuga, um jovem extremamente talentoso no que concerne as capacidades físicas de trabalho; era também um prodigioso homem de negócios. Seu pai, Hizashi, irmão gêmeo de Hiashi, havia sucumbido perante uma doença desconhecida; e passou sua herança e seus feitios para o filho. Como não eram necessários dotes diretos aos casamentos dos Hyuuga, Neji apenas teve de passar formalmente a posse dos seus pertences ao tio, e após a morte desse, poderia reassumi-los; ou seja, com isso, ele nada perderia.

Ambos, genro e sogro, iriam visitar Hinata no convento. O primeiro, porque ainda tentava conquista-la com seus gestos e com preocupações; o segundo, para ter a certeza de que ela seguia à risca tudo aquilo que a era ordenado. Levariam também a irmã mais nova de Hinata, Hanabi, para conhecer o prédio e observar de perto todas as práticas litúrgicas; no ano seguinte, ela ali ingressaria. Montados em belíssimos cavalos de raça, dirigiram-se até lá, após tomarem o café da manhã e informado que voltariam dentro de algumas horas.

Tsunade estava no pátio falando com todas as noviças punidas, dando-lhes sermões e citando passagens bíblicas, quando fora informada de que os Hyuuga haviam chegado.

-Madre Tsunade, Hiashi Hyuuga deseja falar-te.

-Droga – ela pensou – por quê logo agora? E mandou que Shizune guiasse cada uma das noviças aos dormitórios, e que os trancasse devidamente.

Correu para o gabinete; muito provavelmente eles já deveriam estar lá. Ao chegar, viu que estavam sentados, e Hanabi olhava curiosamente ao redor.

-Bom dia, Hiashi, bom dia, Neji.

-Bom dia – responderam ambos ao mesmo tempo.

Sentou-se e os olhou com insegurança.

-Madre Tsunade - continuou Hiashi, pondo o chapéu em cima da mesa, hoje eu trouxe a minha filha Hanabi para conhecer o convento. Ela estava curiosa, já que irá entrar aqui ano que vêm. Trouxe o Neji para ver a Hinata. Como eu já te disse, é de muito interesse para mim que ela se case, então espero que o desejo dela de se tornar freira não venha sendo alimentado.

-Mas é claro – Tsunade sequer olhava para o rosto do patriarca, e fingia ler alguns papéis. Na verdade, estava pensando no que dizer, após solicitarem a presença de Hinata. Precisava de alguma escapatória.

-Mande-a chamar, por favor – Neji sorria.

-A irmã Hinata não está aqui agora. Ela saiu numa pequena expedição com as noviças de sua classe.

-Eu vi várias das noviças que estudam na classe da Hinata saindo do pátio, agora a pouco – Neji desconfiava.

-A madre Tsunade não tem porquê mentir, Neji – Hiashi colocava a mão no ombro do sobrinho – Isso seria um pecado. Estamos falando com uma serva de Deus, então, não ponha a palavra dela em dúvida.

Tsunade sorriu e dançou conforme a música. Ela mesma se ofereceu como guia de Hanabi, para apresentar-lhe o prédio e toda a liturgia; dessa maneira, ela evitou ter de conversar mais com os dois homens. Ainda assim, sabia que tinha mentido e devia ser punida por isso. Após todo o passeio, voltaram ao gabinete.

-Nós estamos indo, Madre. Temos de voltar para as nossas plantações o mais rápido possível – Hiashi já segurava a mão de Hanabi – no próximo mês, voltaremos. Por favor, não faça a Hinata se ocupar nesse dia.

-Eu vos prometo.

Saudaram-na, com um sinal da cruz e um pedido de benção, e logo após saíram. Tsunade, nervosa, tentou tomar um copo d’água, mas, com as mãos trêmulas, antes de conseguir leva-lo a boca, o derrubou no chão, fazendo com que o vidro se espalhasse por todo o local. Foi atrás de Shizune. Deveria ser punida.

Hiashi, Hanabi e Neji já haviam chegado ao local onde deixaram amarrados os cavalos, quando a garota percebeu algo.

-Papai, o senhor esqueceu o seu chapéu!

Hiashi pôs a mão na cabeça e viu que era verdade.

-Me esperem aqui, vou busca-lo num instante.

Tsunade conversa de maneira tensa com Shizune. Não articulava bem as palavras e sentia que havia atentado contra ela mesmo ao omitir essa situação. Lamentava não ter tomado a decisão correta, e o pior, ter pecado para não se prejudicar. Que atitude egoísta! Não só a ira dos Hyuuga cairia sobre ela, mas também a ira divina.

Hiashi subiu as escadas rapidamente, e, percebendo que Tsunade falava de maneira abrupta, encostou-se a porta para escutar.

-Shizune, flagele-me. Puna-me sem piedades. Menti, e menti por uma má razão. A irmã Hinata está perdida e eu não tive coragem de dizer, tive medo das ações que cairiam sobre mim; fui fraca. Insultei a Deus com minha insolência. Vamos, acerte-me!!

Hiashi estava surpreso e sua expressão ao escutar variava da fúria à tristeza. Era impossível que uma pessoa como a Madre superior fosse capaz de fazer algo assim. Onde estava sua filha? O que havia acontecido? Ele sequer pegou o chapéu. Desceu as escadas sem fazer barulho, e sem nada dizer ao genro e à filha, subiu no cavalo e galopou o mais rápido possível. Não respondia às perguntas dos dois e manteve-se calado durante todo o caminho.

Ao chegarem, Hiashi desceu do cavalo e ordenou a Neji que chamasse todos os homens do clã, sejam eles da família ou apenas empregados. Não importaria se estivessem eles trabalhando ou não; queria uma reunião naquele momento.

Em menos de uma hora, todos os homens do clã Hyuuga e os empregados estavam ali, em frente ao casarão principal. Eram aproximadamente 150, e todos se perguntavam o que havia acontecido para que o patriarca os houvesse chamado com tanta urgência. Hiashi subiu num batente, que o elevou e o fez ser visto por todos. Com sua voz poderosa, gritou:

-Homens, peguem suas tochas. Vamos atrás da Hinata!

 

Continua...

 

       

   

  

    


Notas Finais


*Dorayaki é uma guloseima japonesa (deliciosa, por sinal)
**Em Romeu e Julieta, peça de Shakespeare, o casal descobria que o dia havia raiado com o canto da cotovia; e por isso, Romeu deveria deixar Julieta, para logo retornar na noite seguinte.

:D


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