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História Nas avenidas da vida - Minha extraordinária vida normal


Escrita por: Colombini

Notas do Autor


Olár, essa é uma nova fanfic minha, ás idéias vieram bem do nada mesmo, daquelas que você tem que anotar se não esquece hahaha
Espero que gostem :)

Capítulo 1 - Minha extraordinária vida normal


Fanfic / Fanfiction Nas avenidas da vida - Minha extraordinária vida normal

Escrever uma história não é simples, a maioria desiste na metade, os começos são sempre bons, inspiradores, e inovadores; mas do meio até o final? Cai sempre no clichê e no previsível.

A questão é que dessa vez não é mais um dos rascunhos que escrevo para desabafar, ou um livro na vitrine de alguma loja, é minha vida. Não quero parecer o cara depressivo que só reclama da vida, mesmo sem nunca reclamar de fato. Sinto por decepciona-los, mas eu sou.

Na verdade eu queria ser o depressivo padrão: O cara que trabalha na cafeteria da esquina da escola primária e desisti do trabalho dois meses depois, é a cima do peso, tem cabelo castanho e é cheio de espinhas.

Eu levanto todo dia, mesmo querendo ficar na cama pra sempre. Eu continuo. No segundo semestre da faculdade de artes de SP, ainda como besteira em algum lugar, ainda brinco e dou risada, final de semana meus amigos ainda me arrastam para festas ou para qualquer bar local. Ainda ajudo meu tio na montagem de uma mecânica.

O problema está nas tardes, não, comigo não é a noite que começa, só se intensifica, mas o inicio está nas inofensivas tardes da semana.

 

***

 

Trabalho em uma loja de conveniências num posto de gasolina em Santana, pego o metrô ás 6:00 da manhã, ás 6:37 um ônibus e depois mais 6 minutos de caminhada do ponto ao serviço. A faculdade é a noite, chego em casa ás 21:00  e 22:00 vou para a faculdade, nesse intervalo de tempo ajudo Miguel nas lições de casa.

Meu pai e minha mãe se separaram quando eu tinha 11 anos, Miguel 1. Meu pai? Havia começado á chegar duas horas depois do horário normal de chegar em casa, minha mãe? Começou a desconfiar, até que num belo dia ela resolveu segui-lo e descobriu que a melhor amiga e o marido estavam nutrindo um caso. Se separaram, venderam nossa casa do Rio, e repartiram os bens, minha mãe se mudou conosco para SP, comprou um apartamento no bairro da “água fria”, o resto do dinheiro ela usou para pagar dividas pendentes. Eu podia dizer que ela era uma vencedora, arrumou um emprego e continuou a cuidar de mim e do Miguel. Ela continuava guerreira, mas não tinha pelo quê lutar, se trancava no quarto, saia de casa e só voltava uma semana depois. Então o papel de cuidar do Miguel, ficou para mim, trocava fraldas, esquentava a mamadeira, e contava histórias para que ele dormisse. Eu? Ia para a escola, e tinha que encarar as mães dando beijos de despedidas e dizendo um “Juizo hem?”, os bilhetes e comunicados da escola ficavam acumulados na estande da sala, meu tio Carlos transferiu a conta da minha mãe para a dele, e então a pensão do meu pai serviu para comprar roupas e as despesas da escola. O tempo foi passando, e com ele eu fui me adaptando na minha nova rotina, meu tio Carlos começou a morar conosco, meu pai se casou de novo e agora tinha dois filhos, se eu fiquei triste? Bem, para um menino que na época tinha 13 anos e já cuidava do irmão menor, sabia pagar contas e trabalhava, nada mais assustava.

As dores e surpresas foram perdendo efeito em mim. Meu tio saia ás vezes comigo para uma lanchonete, ele dizia que era porque eu merecia, mas eu não via nenhum crédito em mim. Nas vezes que minha mãe aparecia, inventava de fazer um “Almoço em família” pedia pra eu ajudar, e quando eu cortava os legumes ela ficava me observando e sempre acabava tendo uma crise de choro alegando que era uma péssima mãe. Também tinha vezes que me presenteava com um carrinho na tentativa falha de suprir o tempo que não passava comigo, pela manhã eu ia pra sala ver desenhos, ela descia as escadas e fazia cara de que não me esperava ver ali, enquanto um homem sorria meio encabulado para mim,  ela sempre levava um ou outro e eles tentavam me bajular, afagando meu cabelo ou me dando balas. Mas ela em casa, nunca durava, de noite ela começava a beber e gritar com meu tio, ele se irritava e dizia para ela ir embora, ela já com a maquiagem borrada, pegava as chaves em cima do balcão do velho Fiat dela, me beijava o rosto e dizia “A mamãe volta”

Eu não a culpava, o verdadeiro culpado era meu pai, mas de qualquer forma eu não queria que Miguel passasse por isso.

Agora, com 18 anos eu vejo que foi bom, minha mãe se dizia uma tia distante á pedido de mim e do meu tio, Miguel com 8 anos se dava bem na escola e sempre que podia eu ia nas reuniões de pais e mestres.

Ano passado eu tinha conhecido Amanda, no começo era o que se esperava de um namoro, apelidos carinhosos, mensagens e ligações de boa noite, sexo intenso e noites dormindo agarrados, mas depois de um tempo eu enjoei, e mesmo que sempre seja usado “O problema não é você, sou eu!”  era a desculpa que mais de adequava, terminei com ela, e decidi que amor era algo que inventamos, ou por tédio, ou por excesso de expectativa, de qualquer forma se pararmos de alimentarmos ele simplesmente morre. Eu apenas me ocupava de arrumar uma transa casual vez ou outra quando a ‘Fome’ era de mais.

 

***

 

Depois da semana de provas na faculdade, o fim de semana era mais que bem vindo, sexta a noite era o dia em que valia á pena ser eu, chego em casa, tio Carlos ia para a casa na namorada, Miguel sempre caia no sono jogando ou assistindo algum DVD da Disney, eu desligava a tv e o colocava na cama, o cobria e ia para meu quarto, me livrava das roupas e entrava no banheiro, deixava todo meu stress e preocupações irem embora junto com a água direto para o ralo. Voltava o quarto, colocava uma roupa leve, depois, ia á cozinha, pegava dois congelados e os colocava no micro-ondas enquanto ficava pronto, acordava Miguel, aquela coisa chata era a cópia da minha mãe, os cabelos loiros e cacheados caiam até a altura da nuca, os olhos castanhos e bochechas sempre muito bem coradas, sempre dormia com uma blusa do desenho “Hora de aventura” que dei á ele no aniversário de 7 anos. Jantamos no sofá, conversando sobre assuntos aleatórios, a escola dele, minha faculdade, e algum desenho novo que ele fizera, depois eu levantava e levava os pratos para a pia e ia para o sofá de novo. Miguel assistia algum canal enquanto eu via meus recados no facebook, ele caia de novo no sono e eu o levava para o quarto. Voltava ao meu e me jogava na cama, com o corpo reclamando o descanso, tinha noites que eu assistia á algum filme ou dormia ouvindo música ou pensando na nova matéria da faculdade, mas aquela noite em especial eu acabei deixando minha mente me levar ao meu pai

Meu pai

Quando nos mudamos para SP, meu pai ligava todas as noites, prometia me levar para passear sempre no RJ, falava que ia me levar para assistir á algum filme que estava no cinema, na época, os sonhos de menino eu acabava acreditando. Depois de duas semana as ligações passaram de ‘Todos dia’ para apenas segunda quarta e sexta, depois apenas quinta, até que cessaram. Minha mãe dizia que era porque ele era ocupado, mas eu já não acreditava nas mentiras daquele cara que eu chamava de ‘Pai’.

No dia dos pais na escola, quando decorávamos algum sabonete ou coloríamos alguma gravata com a frase “Para o melhor pai do mundo” e eu não tinha pra quem entregar, depois de um tempo o destinatário dos presente foi meu tio.

Quando eu ia a alguma praça e lá estava um cara qualquer, com um menino qualquer, num dia qualquer, numa brincadeira qualquer, sempre meus olhos se enchiam de lágrimas e eu simplesmente não entendia porque não podia ter algo tão simples.

Viver é complicado, é estranho, e é a pior coisa do mundo, porque de certa forma, por mais que seja horrivel, ninguém quer dar um fim á isso, á vida. Ninguém realmente quer parar de rastejar, mesmo que todos os dias pareçam ser apenas para nos quebrar mais, eu...

 

-Rafael? – Miguel estava parado na porta segurando o caderno de desenhos na mão

-Sim?

-Posso ir ai?- Eu concordei com um meneio de cabeça, ele atravessou o amontoado de roupas pelo chão do quarto  e deitou na minha cama, eu me ajeitei sentando enquanto ele me mostrava um desenho do ‘Dobby’ de Harry Potter.

 

Talvez seja por isso que eu ainda não desisti – Pensei – Por mais que eu queira, eu não poderia acordar todo dia sem encarar esses dois olhos esperançosos

 

 

 


Notas Finais




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