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História Nascidos na Máfia - Você pode beijar noiva.


Escrita por: MikeyValu_

Capítulo 13 - Você pode beijar noiva.


Andamos em silêncio pela casa vazia, meus saltos batendo no piso de mármore. Meu coração estava batendo apressado quando passamos pela porta de vidro para a varanda com vista para o quintal e para a praia. A frente do jardim estava ocupada pela enorme tenda branca, onde a cerimônia de casamento seria realizada. Mas atrás da tenda, dezenas de mesas tinham sido arrumadas para a festa. Vozes chegavam até mim de dentro da tenda, onde os convidados estavam esperando pela minha chegada. Um caminho de pétalas de rosa vermelha levava da varanda em direção à entrada da tenda. Segui minha mãe pelo pequeno espaço entre o exterior e a parte principal do pavilhão. Meu pai estava esperando e se endireitou quando entramos. Mamãe lhe deu o mais breve aceno antes de deslizar para a capela improvisada. Seu sorriso era sincero quando ele me ofereceu o braço. — Você está linda, — disse ele em voz baixa. — Simón não vai saber o que o atingiu.

Eu abaixei a cabeça. — Obrigada, pai.

— Seja uma boa esposa, Ámbar. Simón é poderoso e uma vez que ele tome o lugar de seu pai, sua palavra será lei. Deixe-me orgulhoso, deixe o Outfit orgulhoso.

Eu balancei a cabeça, minha garganta estava muito apertada para dizer qualquer palavra. A música começou a tocar: um quarteto de cordas e um piano. Meu pai abaixou meu véu. Fiquei contente com a camada extra de proteção, não importa o quão fina era. Talvez fosse esconder a minha expressão triste de longe.

Meu pai me levou para a entrada e deu uma aceno discreto. A cortina foi puxada para os lados, revelando o corredor longo e as muitas centenas de convidados de cada lado dele. Meus olhos foram atraídos para o final do corredor, onde Simón estava. Alto e imponente em seu terno cor carvão e colete com gravata prata e camisa branca. Seus padrinhos estavam vestidos com um colete e calças de um cinza mais claro e não usavam paletó, além de vestirem gravata borboleta em vez de gravata comum. Nico era um deles, com apenas oito anos e muito menor do que os homens.

Meu pai me puxou e minhas pernas pareciam me levar sem rumo enquanto meu corpo tremia de nervoso. Tentei não olhar para Simón e, em vez disso, vi Luna e Nina com o canto dos olhos. Elas eram as duas primeiras damas de honra e vê-las me deu a força para manter minha cabeça erguida e não surtar.

Pétalas de rosas brancas cobriam meu caminho e foram esmagadas sob os meus sapatos. Isso era simbólico, embora eu tivesse certeza de que não era para ser.

A caminhada, que levou uma eternidade, acabou cedo demais. Simón estendeu a mão com a palma para cima. Meu pai segurou os cantos do meu véu e levantou, e depois colocou a minha mão sobre a de Simón, cujos olhos cinza pareciam queimar com uma emoção que eu não conseguia entender. Será que ele podia me sentir tremendo?

Eu não encontrei o seu olhar. O sacerdote em sua batina branca nos cumprimentou, e então os convidados sentaram, antes de começar a oração de abertura. Tentei não desmaiar. O aperto de Simón era a única coisa que me mantinha focada. Eu tinha que ser forte. Quando o padre finalmente chegou ao final da cerimônia do Evangelho, minhas pernas mal conseguiam me segurar. Ele anunciou o rito do casamento e os convidados todos se levantaram de suas cadeiras.

— Simón e Ámbar, — o sacerdote se dirigiu a nós. — Vocês vieram aqui livremente e sem reservas para dar-vos uns aos outros no casamento? Vão amar e honrar um ao outro como marido e mulher para o resto de suas vidas?

Mentir é pecado, e isso estava me matando. Este ambiente respirava pecado. — Sim, — disse Simón em sua voz profunda, e um momento depois eu também falei — Sim. — Ele saiu firme.

— Uma vez que é a vossa intenção contrair matrimônio, juntem as mãos direitas e declararem o vosso consentimento diante de Deus e da sua Igreja. — Simón apertou minhas mãos. Eram quentes contra a minha pele fria. Nós encaramos um ao outro e eu não tinha escolha a não ser olhar para os seus olhos. Simón falou primeiro. — Eu, Simón Vitiello, aceito Ámbar Scuderi como minha esposa. Prometo ser fiel a você nos momentos bons e nos maus, na saúde e na doença. Eu vou te amar e honrar todos os dias da minha vida. — Como eram doces as mentiras que saíam de sua boca.

 Recitei as palavras esperadas de mim e o padre abençoou nossas alianças.

 Simón pegou minha aliança da almofada vermelha. Meus dedos tremiam quando eu os levantei, meu batimento cardíaco estava rápido como um beija-flor. A mão forte de Simón foi firme quando ele segurou a minha e colocou a aliança no meu dedo. — Ámbar, receba esta aliança como prova do meu amor e fidelidade. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

Ele colocou o anel no meu dedo. O ouro branco com vinte pequenos diamantes. O que era um sinal de amor e devoção para outros casais não passava de um testamento de sua posse para mim. Um lembrete diário da gaiola dourada em que eu estaria presa para o resto da minha vida. Até que a morte nos separe não era uma promessa vazia, como para tantos outros casais que aceitam o vínculo sagrado do casamento. Não havia maneira de sair dessa união para mim. Eu era de Simón até o meu amargo fim. As últimas palavras do juramento que os homens faziam quando eram admitidos na máfia poderiam muito bem ter sido o meu voto de casamento: “Eu entro vivo e vou sair morto”.

 Foi a minha vez de dizer as palavras e deslizar o anel no dedo de Simón. Por um momento eu não tinha certeza se poderia me controlar. O tremor do meu corpo era tão forte que Simón teve de firmar a minha mão e me ajudar. Eu esperava que ninguém tivesse notado, mas os olhos afiados (como de costume) de Matteo pousaram nos meus dedos. Ele e Simón eram próximos; eles provavelmente iriam rir do meu medo por um longo tempo.

Eu deveria ter fugido quando eu ainda tinha chance. Agora, quando centenas de rostos da família de Chicago e Nova York olhavam para nós, fugir já não era uma opção. Nem o divórcio. A morte era o único final aceitável para um casamento em nosso mundo. Mesmo se eu ainda conseguisse escapar dos olhos atentos de Simón e de seus capangas, a minha desistência do nosso acordo significaria guerra. Nada que meu pai dissesse impediria a família de Simón de se vingar.

Meus sentimentos não importavam, nunca importaram. Eu tinha crescido em um mundo onde opções nunca eram dadas, especialmente para as mulheres.

Este casamento não era sobre amor ou de confiança ou escolha. Era sobre dever e honra, sobre fazer o que era esperado. Um elo para garantir a paz.

Eu não era idiota. Eu sabia o que era importante: dinheiro e poder. Ambos estavam diminuindo desde que a Bratva, a Tríade e outras organizações de crime menores vinham tentando expandir sua influência em nossos territórios. As famílias italianas em todos os EUA estavam se unindo e trabalhando juntas para derrubar seus inimigos. Eu deveria estar honrada por me casar com o filho mais velho da família de Nova York. Isso é o que o meu pai e todos os outros parentes do sexo masculino tinham tentado me dizer desde o meu noivado com Simón. Eu sabia disso, e não era como se eu não tivesse tido tempo para me preparar para este momento, e ainda assim eu tremia nesse corpete apertado.

— Você pode beijar a noiva, — disse o padre.

Ergui a cabeça. Cada par de olhos na tenda me examinou, à espera de um lampejo de fraqueza. Meu pai ficaria furioso se eu deixasse de cumprir o protocolo, e a família de Simón poderia usar isso contra nós. Mas eu tinha crescido em um mundo onde a máscara perfeita era a única proteção para as mulheres, e não tive problemas em colocar uma expressão plácida no rosto. Ninguém sabe o quanto eu queria fugir. Ninguém além de Simón. Eu não conseguia esconder dele, não importa o quanto eu tentasse. Meu corpo não parava de tremer e seu aperto aumentava em minhas mãos. Quando o meu olhar encontrou os seus frios olhos cinzentos, eu poderia dizer que ele sabia. Quantas vezes ele tinha disseminado o medo nos outros? Reconheci que provavelmente era uma segunda natureza para ele.

Ele se abaixou para diminuir nossa diferença de altura. Não havia nenhum sinal de hesitação, medo ou dúvida sobre o seu rosto. Meus lábios tremeram contra sua boca. Meu primeiro beijo, se pudesse ser chamado assim. Seus olhos estavam cravados em mim, mesmo quando ele se afastou. Sua mensagem era clara: você é minha.

Não é bem assim. Mas eu seria hoje à noite. Um tremor passou por mim, e os olhos de Simón se estreitaram brevemente antes de abrir um sorriso apertado quando enfrentamos os convidados aplaudindo. Ele podia mudar de expressão em um piscar de olhos. Eu tinha que aprender muito se quisesse ter qualquer chance neste casamento.



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