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História Nativos - Restos de comida de um lobo


Escrita por: Ladepreda

Capítulo 9 - Restos de comida de um lobo



     Desde que entrei para Helste School, as aulas de educação física tem sido as piores aulas pelo constante fato de que as amigas de Skye aproveitam a oportunidade do jogo para me atacar com a bola. Até mesmo quando estou de reserva. 
     Da arquibancada, com o queixo apoiado nas mãos, tediosamente, assisti a chegada de Skye e Aiden ao ginásio. Logo atrás, entrou Felipe. Ele acenou para mim assim que me viu e foi conversar com o professor.
     No meio da quadra, Ethan e Maya mantinham as expressões sérias enquanto conversam sobre algo que eu não podia ouvir. 
     Levantei a cabeça e joguei o corpo para o lado, me ajeitando corretamente para olhar o teto. 
     Pensei em um pouco sobre tudo e senti-me muito angustiada.
     — Você é tão empolgada que eu chego a ficar excitado. – resmungou, alguém.
     Estiquei o pescoço e sorri ao ter meu campo de visão tomado pelo rosto do meu simpático amigo, Felipe.
     — Então... Aquele à quem beijou no corredor, é namorado? – perguntou, curioso.
     — É, eu acho. – sorri, sem graça, pensando na possibilidade de Jasper realmente ser meu namorado. — E você, tem alguma namorada?
     — Tenho. – sorriu, aflito. Logo arrumando a postura séria — Topa fugir daqui?
     Me sentei rapidamente, empolgada.
     — Isso é muito tentador! – eu disse. — Mas não posso... Não sou assim. – não sou Rosalie, pensei. — Além do mais, se alguém percebe ou descobre, estou morta!
     — Não acredito que quero a amizade de uma medrosa! Que vergonha.
     Eu ri.
     — Se der errado, eu levo toda a culpa por nós. – insistiu.
     — Ok. – cedi, me levantando. — Qual é o plano, rebelde?
     Felipe sorriu satisfeito após me explicar o plano. Uma idéia que supostamente daria errado, já que, não era um grande plano, que ele resumiu em "vamos sair como se não fôssemos desta aula". 
     Observei bem o momento em que ninguém estava a olhar. E cada vez mais, me aproximava da porta de saída enquanto o próprio Felipe distraía o professor Kennan.   Em um minuto de distração, fui arrancada do meu lugar e levada para baixo da arquibancada.
     Olhei-o firme, muito cheia de ódio. O empurrei com todas as forças precisas para ainda sim, Aiden continuar no mesmo lugar.
     — Você está atrapalhando minha fuga! – eu disse, olhando de mansinho para fora da arquibancada.
     — Está falando sério? – interrogou, em um tom muito furioso. — Para de andar com esse garoto, você nem o conhece!
     — Eu também não te conheço para lhe dar ouvido! – retruquei.
     — Sou o seu cunhado!
     — Não! Você e eu não temos nenhum tipo de relação, nem de amigos, colegas e muito menos cunhados! E nunca teremos, então para de fazer seja lá o que está fazendo!
     Aiden me olhou tão cheio de ódio que não pude deixar de pensar em outras razões pela qual ele poderia estar tão enfurecido. Não era possível que uma simples discussão boba pudesse o deixar daquela forma.
     O mesmo respirava muito fundo e rápido, como se tivesse corrido por horas. Algo realmente fora do normal. Comecei a ficar preocupada.
     — Eu não sei se chamo alguém ou te deixo aí pra morrer. – tentei soar irônica.
     Ele soltou uma gargalhada, se apoiando na parede. 
     — Ah se você soubesse o que é isto, não falaria em morte. 
     — Oh, meu Deus! Você usa drogas também! – sopus.
     — Você é patética.
     Em três segundos Aiden já estava de pé e naturalmente bem. 
     — O que você tem? – indaguei.
     — Nada. É só o seu efeito.
     Encarei-o meio sem entender.
     — Raiva. É o seu efeito sobre mim. – explicou. — Tudo o que você faz me enfurece.
     — Por quê?
     — Psiu! – assoviou, Felipe, assim que Aiden abriu a boca para me responder, mas não continuou.
     Eu corri para a porta junto com Felipe, ao fechar olhei de relance para ele que chacoalhou a cabeça negativamente em desaponto.
     Eu apenas segui Felipe e nós paramos no laboratório da escola, que não era usado à um bom tempo pelo que parecia. Alguns instrumentos estavam empoeirados, e os que não estavam, me chamou atenção. 
     Me aproximei da mesa com uns copos que continha um líquido grosso e vermelho.
     — O que é isso? – perguntei, suspeita. Parecia sangue.
     — Provavelmente é sangue. – palpitou, naturalmente. 
     — Isso não te surpreende?
     — Não, são experimentos do meu tio, o professor de química e filosofia. Sim, o gato mesmo. – riu ele.
     Fiquei surpresa.
     — O que ele faz com esse sangue? – sondei.
     No mesmo instante, levei um susto ao ouvir a porta se abrir.
     — Na verdade quase nada. – respondeu o professor Charlie. Pôs uma sacola à mesa e retirou um pedaço de carne. — Acredita em lendas, Srta. Hunter? – perguntou.
     — Deveria? São só lendas. – observei-o extrair o sangue da carne, vagamente. — De que animal é esta carne?
     — Não faço idéia, mas penso que seja de um viado. 
     — Resto de comida de um lobo... – mencionou, Felipe.
     Um arrepio elétrico percorreu meu corpo.
     — Esta cidade é cheia de lobos. – comentei. — De um tamanho fora do comum! 
     — Então já viu um? 
     — Dois! Um deles quis provar minha doce pele. – confessei.
     — Hum... Eu posso ver?
     — Claro. – acenti, retirando minha jaqueta para mostrar a cicatriz de meu antebraço. 
     Charlie tocou a minha cicatriz com cuidado.
     — Escuta, Maria
     — Raza. – corrigi e Felipe riu.
     — Certo. Posso tirar o seu sangue?
     Encarei-o, rindo.
     — Qual é? Acredita que vou me transformar em um lobo como nas lendas? 
     — Não. – ele riu também. — Não é assim que se transforma em um lobo. É geração. 
     Hesitei um pouco mas cedi. Me sentei em cima da mesa e estiquei meu braço.
     — Que bobagem! – bufei, baixinho. 
     — Qual a sua teoria para que os vampiros não existam? – perguntou, Felipe, enquanto Charlie preparava a injeção.
     — Não tenho. Eles apenas não existem. – evidenciei. — Sabe, quando eu tinha 9 anos, eu amava vampiros. Depois me questionei se isso era realmente uma questão de acreditar. Mas não é, acreditando ou não, eles não existem, eles não vão aparecer pra você e dizer "buh, eu sou vampiro".
     — Você era uma criança adorável, Maria Raza. 
     — Se vampiros existissem, quais seria os poderes deles? – indaguei, vagamente pensando no assunto.
     — Com certeza não é como Crepúsculo.
     Eu ri.
     — Pronto? – indagou, o professor puxando meu braço.
     Balancei a cabeça em um sim.
     — Maria? – uma voz soou por trás do ombro do professor, quando senti uma pitada no meu braço. Gelei. — O que vocês estão fazendo? – perguntou, Aiden, inexpressivel olhando-me nos olhos.
     Charlie não continuou o processo e ficou tenso.
     — O que iam fazer com o sangue dela? – olhou para a mesa e respirou fundo. — Que caralhos são estas coisas? 
     — Aiden, retire-se. Esta sala é particular. – recorreu o professor.
     Assentiu, ele, em movimento para me pegar pelas pernas e jogar sobre seu ombro. Eu não me movi, estava perplexa demais com a ousadia para protestar.
     Quando lúcida, dei-lhe tapas nas costas e gritei como uma mocinha furiosa em defesa. Algo realmente patético.
     — Você não pode doar seu sangue para um estranho. – alegou.
     — Posso sim. E eu quase o fiz.
     Fiquei jogada sobre seu ombro a cerca de 5 minutos até que ele parasse em um corredor cheio de gente. Escondi o rosto na sua jaqueta.
     — Um ponto a mais para mim. – ouvi-o dizer. 
     — Garanto ter mais que você. – respondeu, alguém, cuja voz era de Jasper. — Solte a minha namorada, por favor. 
     Aiden assim o fez. Pôs-me de volta ao chão, com um olhar nada habitual e antes de sumir pelo corredor, disse claro e em voz alta:
     — Você é um jogo muito idiota.
     Ignorei. Me virei para Jasper e completamente envergonhada, pus minhas mãos no bolso da calça jeans e encolhi meus ombros. 
     — Você prefere sentar e me contar porque estava fora da sua aula e com ele ou opta por contar aqui mesmo? – indagou, ele, seco.
     Mordi meu lábio inferior, pensando em que parte começar. Mentir com certeza não era o que eu faria, mas precisava de uma forma para dizer que além de Aiden, eu fugi com Felipe.
     — Aiden é meu cunhado, Jasper. É normal que nós tenhamos nos aproximado, se é que isso está acontecendo. 
     Ele desviou o olhar para qualquer coisa apenas para não me olhar nos olhos. 
     — Ele não é apenas seu cunhado, Raza. – pronunciou ele, impaciente. — Escuta, não vamos falar dele agora. Apenas me diga o que está fazendo por aqui.
     — Eu fugi da aula com Felipe. – confessei, muito rápido.
     — Felipe? – indagou como se não tivesse ouvido direito. — Nosso relacionamento não é aberto.
     Segurei o sorriso e ele grudou seu corpo ao meu.
     — Fique longe desse garoto, eu não tenho boas impressões sobre ele. – pediu, beijando o topo da minha cabeça. 
     — Tudo bem – cedi.
     — Vou te levar pra conhecer minha casa e quando escurecer, a gente conversa sobre o que fiquei de lhe contar. – avisou.
     — Conhecer sua casa significa conhecer seus pais, certo? – questionei, ansiosa.
     Ele beijou-me sorrindo. Entendi que fosse um sim. Consegui não permitir que a ansiedade atrapalhasse o resto do meu dia e voltei para minha aula como se nada tivesse acontecido.
     Mais uma vez, como uma verdadeira sedentária, fiquei sentada em um banco do ginásio. 
     De surpresa, Skye se sentou ao meu lado. Tinha em mãos uma garrafa de água preta e uma toalha branca.
     — Soube que está namorando o Jasper... – comentou ela, de repente.
     Não respondi.
     — Isso tá muito errado – disse, outro alguém.
     Olhei por cima dos ombros e vi que era Dave.
     — O que quer dizer com isso? – perguntei.
     — Você vai perceber.
     — Vocês dessa cidade são todos cheios de mistérios! Perde até a graça. – resmunguei, nervosa.
     Ambos riram.
     — Não pense que você também não é um mistério para nós. – declarou, Skye. — Talvez o nosso maior mistério.
     Olhei para ela, sem entender. Minha vida sempre foi uma viajem, não havia acontecimentos surreais ou fora do normal. Uma vida resumida em mudar de cidade a cada ano. Não havia nada que me fizesse parecer um mistério, havia?
     — Por que está aqui? Esta não é a sua aula. – repliquei.
     — E esta pergunta não é da sua conta, mas irei respondê-la. – fez uma pausa e continuou. — Estou aqui para recuperar nota.
     — Ou passar mais tempo com Aiden.
     — Você está ficando abusada! – gargalhou. — Mesmo que isso seja de fato verdade, você não tem nada haver com isso, certo?
     — Por que tentou me atirar uma bola e logo depois, no estacionamento, me acertou? – disparei. 
     Ela engoliu em seco.
     Vi uma grande oportunidade crescer alí.
     — Ao invés de me atacar, por que não me ajuda a separar o Aiden de minha irmã? – ponderei, segura. — Rosalie e eu nos livramos dele, e você continua com o seu querido badboy. Todos nós sabemos que ele não gosta dela.
     — Certo. – aceitou sem hesitar. — Você não é tão boazinha quanto aparenta, Raza. Detestaria ter você como irmã.
     — Não estou fazendo por mal! É para protegê-la. – protestei. Olhei para Dave. — Sei que é amigo do Aiden, mas se contar alguma coisa...
     — Eu vou contar. – assegurou, ele. — É decepcionante o que está fazendo, Razz. Deveria estar se aproximando dele e não tentando o manter longe. 
     — Ele enforcou Jasper! Tenho meus motivos.
     Dave se calou.
     — Ótimo! – gunhi, me retirando, assim que vi o professor encerrar a aula.
     Todos os assuntos a respeito de Aiden me causava raiva. Eu causava raiva nele, e essa era a nossa única ligação.
     — Está tudo bem, Raza? – indagou, Maya.
     — Ahn... Sim. – com os dedos levei meu cabelo para trás da orelha e respirei fundo. — Como são seus pais? 
     Ela abriu um sorriso.
     — Legais. – afirmou simplesmente, enquanto me acompanhava até o armário. — Mamãe é simpática, e meu pai, rígido. Apenas em casa. Ele é meio "foda-se" para os nossos problemas fora de casa. É com isso que está preocupada? Eles vão adorar você, Raza! 
     Fiquei imensamente satisfeita com o comentário de Maya.
     Nós pegamos nosso material no armário e seguimos para o estacionamento. Rosalie e Jasper vieram juntos e conversando até mim.
     — Você vai pra casa? – perguntou, direta.
     — Não. Ela vai pra minha casa agora. – respondeu, Jasper, educadamente olhando nos meus olhos. — Avise seus pais, por favor, Rosalie. – pediu.
     Lie assentiu e correu para os braços de Aiden. Apenas rolei os olhos e evitei olhá-los. 
     — Preciso tomar um banho. Acho que é melhor eu passar em minha casa primeiro. – comentei.
     — Não. – negou, entrando em seu carro. Desceu o vidro da janela e retornou a falar: — Venha, minha casa tem água pra sua informação. Meus pais não vão estar em casa quando chegarmos, você vai poder tomar banho tranquilamente.
     — Eu não sei...
     — Ah! Entre logo! – empurrou-me Maya.
 



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