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História Natural - Promessa


Escrita por: Amaterasu__

Capítulo 12 - Promessa


Sasuke já adormecera há muito tempo quando o automóvel fez sua primeira parada, em frente aos portões do Sítio Senju.

Madara comunicara aos dois jovens irmãos no dia anterior, que Hashirama e sua esposa, Mito, os havia convidado para uma tarde na primeira cachoeira à leste – onde ambos, Madara e Hashirama haviam se conhecido em um fim de tarde abafado de verão, numa viagem que suas respectivas famílias decidiram fazer muito tempo antes. Desde então daquele breve encontro ao acaso florescera uma amizade que durara até o presente, mesmo que já houvessem entrado na vida adulta assumindo as devidas responsabilidades que esta lhes trouxera. Tal amizade completaria trinta e cinco anos, e nada mais justo que passar esse dia especial no lugar em que tudo começara.

Como a cachoeira em questão ficava um tanto afastada, obviamente o tempo que levariam para chegar até o local seria significativo – em torno de 2h30min, 3h de viagem –, portanto teriam de levantar-se cedo. Sasuke reclamara, é claro – detestava acordar cedo, ainda mais nas férias! Queixara-se o caçula, fazendo com que o irmão sorrisse de canto.

Madara porém, batera o pé:

 

“– Vocês não vão de jeito nenhum ficar sozinhos aqui. – Dissera bufando – Além do óbvio (que seria o pai de vocês me estrangulando se soubesse disso), essa casa não é um harém – Revirara os olhos, debochado, enquanto o rosto de Sasuke assumia um tom rubro.

 

– Cale a boca, Madara – Izuna pedira, mordendo os lábios para evitar que uma risada lhe escapasse, e então os fitara: – Meninos, vocês estão de férias, têm que fazer mais do que continuar trancafiados dentro desta casa. Vai ser bom mudar de ares por um dia. – Argumentara.

– Mas...

– E vocês vão adorar o lugar! Vai ser muito divertido, então tratem de deixar tudo devidamente arrumado, sim? – Interrompera, o tio mais jovem, a voz gentil e afiada como a lâmina cortante de uma navalha.”

 

Obviamente, não houvera como contestar contra isso – e não por faltarem desculpas que Itachi poderia inventar, se quisesse, mas porque fora Izuna quem falara. E era de praxe que quando Uchiha Izuna falava, aquela seria sim a última palavra. Ponto.

 

Assim, naquela manhã Sasuke levantara-se a contragosto pontualmente às 06:30, exalando mau humor por  cada um de seus poros, e quase no mesmo instante que entraram no carro, deitara-se sobre as pernas do irmão e caíra no sono em questão de segundos, sem nem dar tempo para que Madara fizesse alguma piadinha, já que diferente do menor, o homem parecia ter mergulhado em bom humor antes de sair de casa.

Itachi ocupara-se em fitar o céu, observando tranquilamente enquanto este ganhava novos tons, clareando à cada minuto, até que houvesse um único predominante: o azul limpo e sem nuvens, com o Sol já brilhando fortemente antes das 11h, enquanto os dedos longos brincavam suavemente com os fios escuros e macios dos cabelos do irmão, que não se dera ao trabalho de ao menos tentar organizá-los àquela manhã.

A viagem até ali fora silenciosa; apenas Madara e Izuna conversando em voz baixa vez ou outra, as mãos juntas, os dedos entrelaçados entre os bancos quando Madara diria usando apenas uma delas. Aquilo também mudara: a forma como os tios tratavam-se na frente dos mais novos… Itachi percebera essa mudança quase imediatamente; antes os mais velhos evitavam muito contato e tratavam de agir naturalmente, como irmãos – teoricamente – devem agir. Naquele momento, nem tanto. Era como se sentissem-se mais confortáveis e tranquilos em demonstrar – ainda que de maneira sutil – o que verdadeiramente sentiam.

Na mente do primogênito de Fugaku, as coisas agora faziam muito mais sentido; a forma com que Madara o ajudara, como os dois mais velhos podiam tratar o incesto como algo simples e descomplicado com tanta facilidade desde o início, até chegar ao ponto de brincar com isso… Era porque eles mesmos haviam sido presos naquela teia inescapável e deliciosa – embora para o resto do mundo, fosse errado.

Eles não davam a mínima, era essa a realidade. E quanto mais Itachi pensava a respeito, mais começava a partilhar de tal perspectiva… Quer dizer, importa mesmo o que o resto do mundo vai pensar quando a vida é sua, e sendo assim você tem direito de fazer dela o que bem entender?

Afinal, só se vive uma vez e, o certo e o errado são muito relativos. Variam, de pessoa para pessoa, e o Uchiha aprendera desde cedo que o mais importante à ser feito nesta existência tão fugaz da qual somos agraciados por possuir, é ser feliz. Não há como ser feliz, e importar-se com opinião alheia ao mesmo tempo, satisfazer suas vontades e agradar aos outros – agradar a todos – é simplesmente impossível. É claro, sabia que jamais poderia sair por aí gritando aos quatro ventos o quanto amava seu irmão mais novo – e bem que sentia vontade de fazê-lo –, pois as regras impostas pela sociedade são rígidas demais para tolerar qualquer outra coisa que possa diferir de seus dogmas impostos há séculos e não queria causar sofrimento à seu Otouto, mas não deixaria que estes mesmos dogmas – muitas vezes tolos – o controlassem. Ele não era todo mundo. Ele era um mundo. Seu mundo. E esse universo particular que era sua pessoa, precisava de Sasuke como se precisa de oxigênio para viver. E era uma dádiva que o menor sentisse o mesmo – não a jogaria fora.

E era impressionante, que por um momento quase houvesse jogado tudo pela janela justamente por já possuir essas regras insensíveis e preconceituosas fincadas em seu cerne como um veneno. O que quase perdera?

Baixou os olhos escuros para o perfil adormecido de seu irmão mais novo, deitado em seu colo confortável e tranquilamente, totalmente seguro; a pele de alabastro em contraste com as madeixas escuras desgrenhadas, os cílios densos lançando sombras sob as maçãs delicadas do rosto, os lábios rosados e cheios. Fora aquilo o que quase perdera… Não; o que quase abandonara, por burrice.

É óbvio que sabia à quem tinha de agradecer. Mas não o faria. Jamais. Madara que se contentasse em vê-los juntos!

Enquanto o tio em questão saia do carro para conversar com o homem alto e corpulento com seus longos cabelos castanhos soltos e o sorriso de sempre costurado no rosto já parado em frente ao portão, Itachi suspirou.

Havia apenas uma coisa naquilo tudo que continuava a incomodá-lo. Algo que não podia – nem se conseguisse – ignorar; ele e Sasuke estavam juntos? Realmente? E, o que era “estar juntos”, para eles? O que podia ser, quando não era possível contar à mais nenhuma outra pessoa sobre aquele relacionamento incestuoso sem nome?

Se Sasuke não fosse seu irmão, teria pedido para ele ser seu namorado assim que notara o amor que sentia pelo mesmo – a ideia de ter outras pessoas rondando seu Otouto e dando em cima dele, tentando conquistar-lhe o coração – coração este que pertencia à Itachi –, o deixava quase à beira de um surto. Não, não, não… Sasuke estava com ele. E era apenas dele. O menor já até afirmara em alto e bom som que a ideia não lhe parecia nada ruim… Mas ainda assim, apenas os dois sabiam disso. E só eles poderiam ter esse conhecimento.

Encostou a cabeça no vidro da janela; aquilo era uma grande porcaria. Nunca detestara tanto a sociedade e suas neuras… Manter-se em silêncio quanto aquilo era quase tão ruim quanto fora pensar à respeito do incesto, e o que faria com seus sentimentos… E aquilo havia sido bem, bem ruim.

Por que além de tudo, ainda tinha que ser ciumento?

-----------*

Izuna estava certo ao supôr que iriam gostar do lugar, notou Itachi assim que saiu do carro, percebendo também um Sasuke cativado, apesar da má vontade inicial do garoto quanto aquele passeio.

Ainda não estavam na cachoeira, obviamente a trilha que levaria até ela teria de ser feita à pé, mas o pequeno chalé com paredes num tom alegre de amarelo com margaridas desabrochando no parapeito das janelas largas, já era algo que os animara. Algo diferente do que estavam habituados a ver.

Itachi já estava quase certo de que aquele passeio seria melhor do que ele próprio imaginara – embora não houvesse se oposto tão fortemente à ele quanto o menor –, quando a viu.

Saindo do carro dos Senju, estacionado bem ao lado do que pertencia à seus tios, estava uma garota que lhe parecia vagamente familiar embora, ponderou, pensasse que não esqueceria tão facilmente de alguém que anda por aí com uma camisa quadriculada amarrada para expor a barriga, shorts jeans desfiados e botas que iam até o meio das panturrilhas, num tom claro como aquelas de vaqueiros. Seus olhos estavam em fendas enquanto analisava a tal garota desconhecida tentando recordar-se de onde a vira, até que situou-se nos cabelos de um tom incomum de rosa e nos olhos inconfundíveis, verdes e críticos.

No mesmo momento Itachi soube que aquela breve viagem já havia ido para o espaço. Às vezes se esquecia o quão grande era a família de Hashirama – ele de fato conhecia aquela menina: era prima de segundo ou terceiro grau de Uzumaki Naruto, melhor amigo de seu Otouto. Mais que isso; aquela garota nunca escondera o fato de sentir algo por Sasuke e aquilo sim, o incomodava mais do que julgava ser possível. Lembrava-se nitidamente das comemorações que os Senju realizavam e que os Uchiha eram convidados – não apenas pelo laço de Madara e Hashirama mas, também de Mikoto e Kushina, e Fugaku e Minato, pais de Naruto – e como ela vivia atirando-se em cima de seu irmão.

Respirou fundo longamente, uma vez e desviou o olhar: o que ela estava fazendo ali?

– Bem pirralhos, vão entrando! – A voz de Madara arrancou-lhe de seus devaneios – Vamos dar um tempo aqui, e depois dar um mergulho. – O homem sorria de orelha a orelha.

– Aniki? – Sasuke chamou, analisando cuidadosamente a expressão exasperada no rosto do irmão, enquanto o tio passava por eles carregando algumas das coisas que haviam levado, indo de encontro à Hashirama.

– Hun? – O primogênito o fitou, cauteloso.

– Você está bem? Está com uma cara meio estranha – Disse, tocando-lhe o rosto numa carícia suave.

Itachi fechou os olhos por um momento, apenas apreciando o contato e então os abriu, segurando a mão de Sasuke e mantendo-a em seu rosto:

– Estou sim. É só esse tempo… Abafado – Fez uma careta, e então beijou a palma da mão do menor, sorrindo – Vamos, antes que Madara resolva começar com as piadinhas sujas.

Sasuke assentiu de imediato, caminhando ao lado do irmão, para dentro do chalé.

Ao subir o último degrau que dava para a varanda larga pintada de branco, Sasuke quase deu meia volta e trancou-se no carro. Segurou um som de incredulidade e repulsa que lhe subia pela garganta, engolindo-o.

Não era possível que ela o perseguisse até ali, era?

Haruno Sakura era com certeza a garota mais grudenta, sem nação, insistente e oferecida que já tivera o desprazer de conhecer. Estudavam na mesma classe desde o ensino fundamental e, desde aquela época a rosada vivia na sua cola, e não importava o quanto a destratasse ou a tratasse mal, ou deixasse explícito que não tinha interesse, ela não o deixava em paz. Nunca.

Sasuke queria agarrar a mão do mais velho, mostrar que tanto ele quanto Itachi não estavam disponíveis – mesmo sabendo que não podia de fato fazê-lo –, quando ela o viu. Os lábios repletos de gloss abriram-se num sorriso convidativo. Sasuke sentiu a bile subir pela garganta – já era muito tarde para correr?

– Olá, Sasuke-kun – Sakura o comprimentou, dando um beijo estalado no rosto do mesmo. – Itachi – Falou, mas quando foi repetir o gesto com o mais velho, este apenas assentiu rigidamente e afastou-se.

Oh-oh… Sasuke mordeu o lábio. Algo estava incomodando Itachi e ele tinha até medo de saber o que era. Mas perguntaria mesmo assim – logo que fosse possível.

– Já estou vendo que o humor é de família – Sakura comentou, pendurando-se com um dos braços ao redor dos ombros de Sasuke, tendo de ficar na ponta dos pés para alcança-lo – Ele é sempre assim? – Indagou, enquanto caminhava colada no moreno para dentro do chalé.

– Não, não é – Sasuke suspirou, exasperado, e então afastou-a com delicadeza - não fora ensinado ou criado para tratar mulheres rudemente, afinal – Está calor – Explicou, ao notar as sobrancelhas franzidas da rosada.

– Com certeza – Abriu um sorriso que para ela devia ser sedutor, mas lembrou Sasuke do coringa, enquanto desamarrava o nó da camisa xadrez.

– Sasu-chan? Pode me ajudar aqui? – A voz de Izuna lhe alcançou antes que o show de horrores começasse.

– Claro! – Gritou de volta enquanto dava as costas à rosada – Tenho que ir – Informou, saindo antes de vê-la assentir.

Izuna estava na cozinha, com Mito, e se não estivesse tão grato pelo tio te-lo salvo, provavelmente começaria a reclamar:

– De que você precisa, tio? – Indagou docemente, ao invés disso.

Izuna pestanejou por um momento, parando de cortar em pequenos cubos o tomate e fitou o sobrinho, analisando-o – fazia tempo que não o via falando daquele jeito ou naquele tom. Não que o incomodasse, na verdade ele gostava mas que era algo surpreendente não podia negar:

– Bem, na verdade ia pedir que ajudasse Mito à arrumar a mesa para o almoço mas se preferir ficar junto à Itachi… – Inclinou a cabeça de lado, ainda analisando o menor.

– Tudo bem, eu ajudo – Sasuke sorriu; ele sempre iria querer estar com Itachi mas naquele momento sabia dever uma ao tio, mesmo que ele não soubesse. Além do mais, Madara devia ter alugado Itachi – Oi, Mito-san – Comprimentou a ruiva.

– Olá, Sasuke – Mito sorriu, entregando-lhe os pratos – Você cresceu! Está mais bonito que antes. Fugaku deve ficar se gabando o tempo todo dos filhos – Comentou com Izuna, rindo de leve enquanto Sasuke ia para a sala de jantar.

– Com certeza. Precisa ouvi-lo falando dos desenhos e quadros de Sasuke ou os prêmios de literatura de Itachi… Insuportável – O Uchiha brincou.

– Hã, Izuna? – Sasuke chamou ao entrar novamente na cozinha depois de Mito sair.

– Sim? – O homem o fitou, com curiosidade.

– Pode me dizer o que exatamente Sakura está fazendo aqui? – Perguntou baixinho, perto do tio.

– Ah, isso… – Mordeu o lábio, olhando por sobre o ombro a porta – Mito me disse que os pais de Sakura tiveram de viajar e a deixaram com eles… Isso é um problema? – Indagou, confuso.

– Não, não um problema mas…

– Sa-su-ke-kuuun? – A voz da rosada o interrompeu.

O moreno apenas lançou-lhe um olhar sem muita vonrade ou emoção:

– Tia Mito disse que você não precisa ficar aqui; venha – Agarrou-o pelo braço – Vamos dar uma volta – Disse, arrastando-o para fora do cômodo.

Sasuke queria xingar a garota, mas mordeu a língua:

– Na verdade, Saky-chan, nós já vamos almoçar então por que não deixa a caminhada para mais tarde? – Sugeriu Izuna antes que os dois saíssem da cozinha, vendo o sobrinho suspirar aliviado.

– Ah – Sakura projetou os lábios num bico, decepcionada – Tudo bem então. Mais tarde, Sasuke-kun – Frizou, dando mais um beijo no rosto do moreno.

Sasuke fez uma careta:

– Obrigado – Disse, dirigindo-se à Izuna.

– Pelo menos, livrei você por um tempo – Lembrou-lhe o tio.

– Por um tempo – Repetiu, o estômago embrulhando.

– Você dará um jeito Sasu-chan, tenho certeza. – O mais velho sorriu.

– Espero que sim – Murmurou, mordendo o lábio.

– Sasuke-pirralho-chan! – Chamou Madara, aproximando-se apenas para bagunçar ainda mais os cabelos já em completa desordem do menor, que bufou.

– O que é? – Indagou irritado.

– Quer me dizer que bicho picou Itachi? Está fazendo greve de sexo ou o que, anão? – Perguntou o mais velho, em tom de brincadeira, rindo alto quando o sobrinho ficou vermelho como o tomate que Izuna estava cortando.

– Não… Quer dizer, o que? Por que? – Corou ainda mais, ao notar sua primeira resposta e o sorriso malicioso do tio.

– Ora, ora, então andam se exercitando não é? – Madara piscou, zombeteiro.

– Cala essa boca! – Sasuke já sentia os olhos queimando, tão quente estava seu rosto.

– Tudo bem, tudo bem… Só queria saber por que o Itachi-pica-de-mel está tão irritadinho. – Explicou, um sorriso largo ainda em seu rosto – Por que, se não é greve de sexo, não sei o que pode tê-lo deixado daquele jeito – Deu de ombros.

– Caralho, Madara! Você não consegue ficar sem falar essas coisas nem por um minuto? – Indagou o mais jovem, ouvindo Izuna disfarçar uma risada com um espirro baixo.

– Só digo verdades, pirralho – Defendeu-se Madara, arqueando uma sobrancelha, prepotente.

Sasuke bufou, dando as costas e saindo da cozinha. Vagou pela casa à procura do irmão mas antes que o achasse, Hashirama o chamou para comerem.

E lá estava Itachi, sentado à mesa, sem expressão.

Sasuke o analisou mas durante todo o almoço não conseguiu decifrar os olhos escuros do maior – principalmente enquanto Sakura tentava de tudo para chamar sua atenção, sentada na cadeira ao lado.

Quando o maior saiu da sala, Sasuke quase teve de correr para que ele não sumisse de vista outra vez:

– Hey, Aniki? – Chamou, tocando-lhe o ombro.

Itachi parou, girando nos calcanhares e fitando o menor:

– Você está bem? Está irritado comigo? – Indagou Sasuke, franzindo o cenho.

Itachi suspirou, tentando controlar a raiva – tivera de se segurar muito para não acertar seu garfo no meio da testa de Sakura durante o almoço, mas tinha consciência de que Sasuke não era culpado pela garota ser uma atirada. Tocou o rosto do irmão, aproximando-o do seu, dando-lhe um breve selinho:

– Irritado com você, jamais Otouto – Garantiu, olhando em seus olhos com ternura.

– Então, o que…? – Insistiu, afagando a mão do maior, ainda em sua face.

– Aquela garota… Sakura. Está me tirando do sério. – Admitiu com um sorriso fraco, tímido.

– Itachi-nii… – Sasuke sorriu; seu irmão estava mesmo com ciúmes? Não parecia possível – Esqueça aquela maluca – Pediu.

– Vou tentar – Garantiu – Mas prefiro manter distância.

Sasuke suspirou enquanto o maior saia: por que Sakura tinha de aparecer?!

-------------*

A cachoeira era tão cativante quando o resto. Sasuke esquadrinhou o lugar com os olhos, passando pelas rochas marcadas pelo tempo e moldadas pela força da água, e as duas piscinas d’água abaixo da queda constante da água cristalina. Pousou-os em Itachi, de soslaio. Ele permanecia silencioso com antes, mas lhe sorriu ao flagrar seu olhar, e então piscou e saiu de perto no exato momento em que Sakura passou os braços por seus ombros, quase subindo em suas costas:

– Vamos dar um mergulho, Sasuke-kun? – Falou baixinho, próximo ao ouvido do moreno.

– Quem sabe mais tarde, Sakura? – Esquivou-se do convite, livrando-se também do abraço indesejado e vagou para perto dos tios.

Itachi havia sentado-se um pouco afastado, tentando ainda controlar sua vontade de afogar a garota de cabelos róseos na cachoeira. Observou Sasuke sair de perto dela, e também quando a mesma o seguiu, sentando-se em seu colo.

Captou o olhar de Madara sobre si, quando a garota agarrou seu Otouto. Itachi arqueou uma sobrancelha, desafiando o tio a brincar com aquilo – foi a pior coisa que poderia ter feito:

– Então, parece que o que não lhe faltam são pretendentes não é Sasuke? – Zombou o mais velho, enquanto Sakura beijava o rosto de um Sasuke contrariado, para logo abraça-lo pelo pescoço com ambos os braços e ambas as pernas a envolverem-lhe a cintura.

Sasuke apenas o olhou, exasperado:

– Ainda não entendi; como é que um Uchiha com tantas pretendentes está solteiro? – Prosseguiu Madara, estreitando os olhos e fitando o sobrinho mais velho por um momento.

Itachi trincou os dentes e levantou-se – sabia que o irmão o olhava alarmado mas, conteve-se. Seu sangue fervia – queria arrancar a língua de Madara, e tirar a garota de perto de seu irmão, mas não podia.

Por que por mais que odiasse admitir, seu tio mais que irritante estava certo; Sasuke era mesmo solteiro. O que poderia ele fazer, além de se morder de ciúmes enquanto Sakura ocupava um lugar ao lado do menor que era seu, enquanto ela monopolizava uma atenção que deveria lhe pertencer? Itachi não podia demonstrar o quanto amava o menor em público. Não como o amava. Jamais iria poder.

Tirou a camisa pela cabeça, livrando-se do resto e ficando apenas com sua roupa de banho. Pulou na água em seguida. A água fria ajudou a clarear um pouco de seus pensamentos envoltos em descontentamento, mas ainda evitou olhar para o irmão  ao emergir – não queria vê-lo com ela.

Os olhos do Uchiha mais jovem seguiram o irmão enquanto este mergulhava e quando subiu à superfície, ainda afastado. Seu corpo formigou, a ânsia de estar junto ao mais velho lhe subindo pelo peito. Mas não pôde fazê-lo. Onde quer que fosse, Sakura não largava do seu pé, durante toda a tarde pôde sentir a tensão no ar emanando em ondas furiosas de Itachi,  e já estava ansioso e quase enlouquecido quando finalmente Madara resolveu que estava na hora.

Antes de chegarem à casa, quando estavam na trilha de volta para o chalé e Sakura havia sido interceptada por Mito, Sasuke alcançou o irmão:

– Desculpe por hoje – Falou, baixo. Apenas para que o mais velho o ouvisse.

O primogênito lançou-lhe um olhar confuso, afastando as madeixas molhadas que embrenhavam-se em seus cílios:

– Desculpar você pelo que, Otouto? – Indagou, no mesmo tom.

– Por Sakura.

– Você não tem culpa se ela é oferecida. – Suspirou, mordendo o lábio com força. Não queria, mas admitiu assim mesmo: – Além do mais, nem ela está tão errada assim.

– O que quer dizer? – Sasuke inclinou a cabeça, sem entender.

– Eu sei que estou com você e você comigo, Otouto. Mas fora nós dois, não é como se mais alguém pudesse saber disso, então, tecnicamente você está mesmo solteiro – Fez uma careta, explicando.

Sasuke o olhou pelo que pareceu um longo tempo, e já estavam mesmo perto do chalé quando abriu a boca para falar:

– Sasuke-kun? – A voz fina o interrompeu, e Sasuke não disfarçou a carranca quando a garota o alcançou, interpondo-se entre ele e o mais velho.

Itachi sorriu para o irmão, dando de ombros como se para reforçar suas palavras, porém quando estava prestes a afastar-se, o caçula segurou-o pelo pulso, impedindo-o:

– O que é, Sakura? – Indagou o Uchiha mais jovem, já sem paciência alguma.

– Ah, bem… Eu… – A garota sorriu sem graça; esperava que Itachi caísse fora e lhes desse privacidade. Respirou fundo; não importava: – Você quer sair comigo?

– Não. Eu não posso – Sasuke nem mesmo pensou ao responder.

A rosada pestanejou, surpresa:

– Hun, por que não? – Insistiu.

– Acredito que queria mais que minha amizade, e sendo assim, não pretendo iludir você: não é como se eu fosse oferecer mais que isso – Explicou com simplicidade.

Itachi arqueou as sobrancelhas, caminhando silenciosamente ao lado de Sakura, fitando o irmão com dúvida nos olhos:

– Eu não entendo. Por que? Eu não sou boa o bastante para você? – Novamente a garota projetou os lábios num bico cheio de gloss rosa e brilhante. Pegajoso. Argh.

– A questão não é bem essa – Esquivou-se ele, embora quisesse gritar: “Não, você não é; além de que, estou com uma pessoa que mesmo se você tentasse, jamais poderia superar!”.

– Então me diga Sasuke-kun, qual é a questão? – A rosada continuou a insistir, certa de que poderia persuadi-lo.

Sasuke suspirou, e então ergueu as mãos como se rendendo:

– Tudo bem, você me pegou: – Disse, com leve ar de deboche e então ficou sério – Eu já estou com outra pessoa, Sakura.

O Uchiha mais velho mordeu o lábio, alarmado: o que Sasuke estava fazendo?! Ele não pretendia contar, não é?

– Como assim? Você está namorando? – Questionou ela, surpresa.

Sasuke olhou para Itachi por um momento fugaz, sem saber o que deveria responder. Os olhos do outro deixavam claro que estava tão curioso pela resposta quanto Sakura. A expectativa era nítida naqules olhos tão parecidos com os seus:

– Sim. Eu estou. – Respondeu, antes que perdesse a coragem. E então sentiu seu rosto arder enquanto um sorrisinho prepotente que Sakura não viu, tomava os lábios do maior.

– Okay… Tudo bem Sasuke-kun, eu não tenho ciúmes, além disso, tenho certeza que posso ser bem melhor que qualquer uma com quem você esteja – Sakura voltou com seu sorriso sedutor de araque.

A boca de Sasuke se abriu, pasmado. Itachi trincou os dentes:

– Sakura – Itachi forçou sua voz a permanecer baixa embora quisesse estrangular aquela garota – Que tal se você deixasse de ser puta?

Sakura parou, dessa vez chocada de verdade, encarando o mais velho. Sasuke teve a impressão que seu maxilar desgrudaria do resto do crânio a qualquer momento:

– O que? – Indagou a rosada, a voz num fio fraco, quanse sumindo.

– Meu irmão disse que está com alguém. Por que não deixa de ser oferecida? Está tão desesperada assim? – Provocou o Uchiha mais velho – Nem imagino por que estaria – Zombou com um homor negro.

– Ah, entendi. Você está com ciúmes, Ita-chan? – Ronronou sem se abalar – Dor de cotovelo? – Sorriu.

Antes que Itachi escolhesse uma das várias maneiras com que poderia matá-la, Sasuke interveio, trocando de lugar com a garota e ficando ao lado do mais velho:

– Sakura, presta atenção, okay? – Pediu, e então deu uma pausa fitando os olhos verdes dela: – Eu sou gay. Gay. Entendeu? Eu não quero você. E eu amo a pessoa com quem estou. Jamais o trocaria por outra. Você está me entendendo? – Falou devagar, como se a rosada tivesse algum problema mental. Sasuke não duvidava.

Sakura parou de andar, aturdida. Era como se houvesse acabado de lavar um tapa na cara. Não foi atrás deles quando Itachi continuou sua caminhada para dentro do chalé, levando Sasuke com ele:

– Então, você é gay? – Provocou o maior com uma risadinha – Desde quando? Lembro de ver você com uma ou três garotas diferentes à cada semana, no colégio. – Passou os braços possessivamente sobre os ombros do caçula.

– Não, não sou gay. Minha orientação sexual tá mais para:Itachi. – Revirou os olhos escuros, com um sorriso. – Algum problema com isso? – Questionou.

– Problema nenhum – Itachi retribuiu o sorriso, o bom humor voltando enquanto entrava num dos quartos e vagava para o banheiro, Sasuke com ele.

– Enfim, ela não ia me deixar em paz se eu não fosse drástico no que dissesse. Você viu – Explicou, dando de ombros e abraçando o irmão por trás.

Itachi ligou a água do chuveiro, ajustando-a até que a temperatura estivesse agradável. Girou, puxando o menor para um abraço:

– É, eu vi… Otouto? – Chamou, baixinho.

Sasuke ergueu o olhar, curioso:

– Estamos mesmo namorando ou só disse aquilo para se livrar dela? – Indagou, incerto.

Sasuke sorriu timidamente e empurrou o mais velho para debaixo do chuveiro, entrando junto dele:

– À menos que você não queira… – Deixou a frase no ar.

– Sabe que não podemos dizer isso para ninguém, não sabe? – Murmurou, abraçando-o mais forte.

– Itachi – Puxou o rosto do irmão para perto e beijou-o, longa e calidamente, os dedos enrolando-se nas madeixas escuras, seu corpo colado ao dele, seminu – Eu amo você, Itachi. – Disse ao separarem-se.

– Eu o amo também, Otouto – Falou, num sussurro – Mas…

– Eu entendo o que você quer dizer, Aniki, e por que se preocupa. Mas eu não me importo em esconder desde que isso me permita estar com você. Por que não tem nada que eu vá querer mais, nem nada que eu não aguente viver sem ou perder, quanto você. – Sasuke o interrompeu, selando seus lábios com um selinho demorado, a água morna acariciando-os gentilmente.

O Uchiha mais velho apertou a cintura do outro:

– Eu te amo, Otouto – Disse por fim, como se selasse uma promessa.

     – Eu sei – Sasuke sorriu docemente, perdendo-se novamente em outro beijo.



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