História Nefarious - Capítulo Dois

CAPÍTULO DOIS

A grande casa ficava no meio da floresta. Tinha várias janelas em volta de uma pintura branca envelhecida, estas que eram bloqueadas por grandes pedaços de madeiras. Os galhos secos das árvores rodeavam a residência abandonada, dando contraste ao inverno. Os móveis estavam envelhecidos e cobertos por poeira, alguns ainda estavam escondidos por lençóis brancos sujos.

Talvez há décadas ninguém ousasse morar no lugar ou não tivesse condições para reformar a casa. Ou até mesmo preguiça. Quem iria querer gastar seu dinheiro reconstruindo um lugar aos pedaços no meio do nada?

Esse era o pensamento de Chanyeol que há meses escolhera o lugar como ponto de encontro.

Não corriam o risco de serem descobertos nem interrompidos.

Era perfeito.

O rapaz alto usava um grande casaco e brincava com elásticos nos dedos. Assobiava e estava sentado no único móvel limpo que ele mesmo havia retirado todo o pó.

 Precisavam de um lugar decente e como não tinham cama, o sofá servia.

E muito bem.

“Você está atrasado...” Fazia um nó com os elásticos nos próprios dedos quando sentiu um garoto menor que si observando-o pelo vão da porta. “Achou mesmo que eu não ia te notar?” Os elásticos de sua mão voaram em direção aos olhos castanhos e pequenos que o fitavam.

Com uma velocidade anormal, Chanyeol puxou o rapaz que tinha o nariz vermelho, provavelmente por culpa do frio, para si. Em menos de cinco segundos os dois já estavam sentados no sofá velho.

“Você é tão sem graça.” Baekhyun fazia um bico, direcionando o olhar para tudo menos para o rapaz que tinha as mãos em sua cintura.

“Vantagens de ser um vampiro.”

“Isso não justifica!”

“Então o que justifica?”

“Cale a boca.” Baekhyun olhava para Chanyeol. “Você é um metido.”

“E você gosta disso.” Antes que Baekhyun pudesse respondê-lo, seus lábios já se colavam um no outro. As bocas frias se tornavam quentes a cada selinho e Baekhyun sentia calafrios quando Chanyeol tocava sua nuca, distribuindo carinhos excessivos.

Chanyeol era um vampiro.

Você deve estar se perguntando“o que diabos um vampiro está fazendo beijando um humano ao invés de matá-lo”.Ou então“o que diabos um caçador de vampiros está fazendo beijando um vampiro?”.

Mesmo com o seu pouco egocentrismo, Baekhyun não achava todos os vampiros sanguinários e assassinos. Ele ainda tinha, por mais difícil que fosse admitir, certa afeição pela espécie. E bem... Baekhyun nunca foi muito de seguir regras, de qualquer maneira, se as seguisse não estaria num lugar isolado com um vampiro que poderia matá-lo a qualquer momento.

Conheceram-se em uma caçada, a única caçada que Baekhyun quase morreu.

O vampiro que tentava matá-lo o prensava contra a parede e era sádico o suficiente para torturar o pescoço do caçador lentamente, sorrindo com o sangue do próprio em seus dentes pontiagudos. Os olhos se fechavam e estava prestes a perder a consciência quando um vulto agarrou seu agressor.

O caçador foi ao chão com as mãos em volta de seu pescoço, tinha dificuldades para respirar e a primeira coisa que chegou aos seus pensamentos foi pegar sua arma que anteriormente tinha sido jogada de lado pelo vampiro.

Quando finalmente tinha a arma com balas de prata em mãos, sentiu um baque em seu corpo novamente e fechou os olhos automaticamente. Quando os abriu, viu-se prensado na parede outra vez.

Mas por outro vampiro.

As veias em torno de seus olhos indicavam que tinha matado alguém ou estava prestes a fazê-lo.

Com a respiração pesada, o caçador olhou para o lado e viu o sádico que mais cedo o torturava.

Morto.

“Me dê um motivo para não te matar agora.” A voz grossa podia ser ouvida por Baekhyun que mantinha os olhos no vampiro morto ao lado. Quando olhou para o seu novo agressor, prendeu a respiração e a soltou lentamente no rosto daquele que o segurava.

“Não preciso fazer isso.” Era difícil falar e sua garganta ainda doía, mas era necessário.

“Como é?” Foi prensado mais forte, seguido por uma risada abafada. Ótimo, Baekhyun pensara, outro sádico era tudo o que eu precisava.

“Se você fosse mesmo me matar não teria me salvado para início de conversa.” Agora quem sorria era Baekhyun, talvez estivesse perdendo a lucidez para ser sarcástico com um ser que podia matá-lo com um estralo de dedos.

Um semblante sério tomou conta do vampiro a sua frente, que o soltou abruptamente e Baekhyun caiu no chão. De novo.

Enquanto massageava sua garganta, fazia às pressas um plano em sua mente.

Pegar a arma. Matar o vampiro. Queimar os corpos. Sair vivo.

Baekhyun decidiu que não sairia dali sem matar pelo menos um vampiro.

Ele estava pronto para pegar a arma, agora nas mãos do homem alto que mais cedo o machucava. O plano poderia, ou não, dar certo, mas não tinha muita escolha de qualquer forma.

Como se o vampiro lesse seus pensamentos, a arma foi jogada para longe, tão longe que Baekhyun nem conseguiu acompanhar com os olhos para onde fora.

“Ei!” O grito saiu automaticamente.

“O que?” Batia as mãos nas próprias pernas, tirando a sujeira de suas mãos tão despreocupadamente que parecia ser uma coisa que ele fazia sempre.

Ele só reparou que havia um garoto mais baixo que si com um bico enorme o encarando quando Baekhyun fez questão de entrar na sua frente, ficando centímetros de distancia um do outro.

Chanyeol de início achou que ele era louco.

Depois de minutos o achou mimado.

Depois de dias o achou adorável.

A primeira vez que se viram resultou em um Baekhyun raivoso por não conseguir matar o vampiro e ter sido salvo pelo mesmo.

Era irônico.

Baekhyun queria matar aquele que o tinha salvado.

O vampiro foi embora antes de Baekhyun poder sequer pensar em outro plano para matá-lo, deixando-o com raiva.

Até se encontrarem de novo.

Chanyeol sempre arranjava um jeito de encontrar Baekhyun. Curiosidade era um dos defeitos do vampiro, um dos defeitos que mais o intrigava.

Baekhyun o intrigava.

Todas às vezes o caçador tentava matá-lo, sem sucesso. Até que chegou a um ponto que nem tentava mais fazer tal ação e era obrigado a ter que aguentar Chanyeol. Não sabia por que ele gostava de acompanhá-lo em todas suas missões, mas com o passar do tempo também não sabia se gostava de ficar longe do vampiro.

Isso era um problema.

Um problema que ficou bem escondido.

Às vezes o vampiro até o ajudava em suas caçadas, o que não agradava Baekhyun. Seu orgulho se baseava na quantia de sangue sugas que ele matava por missão, o que Chanyeol ignorava completamente quando arrancava os corações daqueles que supostamente deveriam ser mortos pelo caçador.

“Por que os mata? Eles são como você...”

“O que quer dizer com isso?” Chanyeol tinha as mãos ensanguentadas, o corpo do vampiro falecido estava ao seu lado enquanto Baekhyun, com um bico manhoso, murmurava xingamentos contra si.

“Se eu fosse igual a eles você não estaria vivo.” A resposta resultou em Baekhyun fingindo um engasgo.

“Até parece.” Disse, depois de se recuperar. “Se eu quisesse eu poderia te matar e você só perceberia quando já estivesse sendo queimado.” Não olhava para Chanyeol. Na verdade não ousava. O riso do vampiro se fez presente, e quando Baekhyun teve coragem para olhá-lo, o maior já se aproximava.

“Nós dois sabemos que isso não é verdade. Não sou como os vampiros que você mata todos os dias, Baekhyun.” Estavam a centímetros de distância. Baekhyun se sentia ameaçado. O vampiro tinha baixado sua guarda, pode ser a minha chance, pensara.

Como se lesse sua mente, igual as muitas outras vezes, Chanyeol agarrou Baekhyun pela cintura, apertando-o forte, mas não o suficiente para machucá-lo.

“Aish... Por que você é assim?” O vampiro perguntou.

“Assim como?”

“Tão... tão... sei lá. Tem horas que você me faz querer te abraçar e tirar esse seu bico de manha a força, e tem horas que você fala coisas sem pensar e me faz querer gritar de frustração. E tem horas que... q-que-” Ele gaguejara.

“O que? O que está tentando dizer?” Baekhyun fingia ser superior, fingia não estar se sentindo intimidado pelo vampiro estar tão perto de si. Chanyeol agora olhava para os próprios pés, como se esses fossem muito interessantes. Depois de um longo suspiro, conseguiu encarar o caçador novamente.

Seus lábios contraíram o pequeno sorriso que se formava quando sua audição percebeu o quão rápido o coração de Baekhyun batia. Adorável, pensou.

“O que eu quero dizer, é que você atrai meus instintos mais sacanas, Baekhyun.” Chanyeol sabia que o menor tinha o rosto corado, mas não se deu ao trabalho de olhá-lo.

Em menos de segundos Chanyeol tinha seus olhos fechados e seus lábios contra os do rapaz surpreso. Preocupou-se quando as batidas do coração de Baekhyun aceleraram como um carro de corrida, médicos diriam que ele teria um infarto se medissem a pressão do caçador naquele momento.

As mãos ainda ensanguentadas de Chanyeol passeavam livres pela nuca e pelos fios macios do menor, esse que ainda tentava processar o que estava acontecendo. Não percebeu quando suas mãos puxaram Chanyeol para mais perto de si, como também não percebeu quando dera passagem para as línguas se encontrarem.

Baekhyun sentia êxtase.

Depois que os lábios se separaram, Baekhyun tentava recuperar o ar que lhe foi negado durante o beijo.

“Eu te odeio.” Conseguiu dizer depois de algumas puxadas de ar.

“Sei...”

“Eu realmente te odeio.”

Chanyeol o abraçou tão forte, que os braços de Baekhyun ficaram doloridos após o carinho.

Naquela noite, quando Baekhyun chegou em casa, todo sujo e molhado, foi vítima das piadas e risadas abafadas de Sehun, que ainda estava acordado.

“Parece que hoje a caçada foi bem difícil né?” Riu mais alto do que devia, xingando-se internamente depois que percebera que poderia ter acordado Kyungsoo, aí sim seria difícil.

“É... difícil...”

Baekhyun ao menos olhava para o mais novo quando subiu as escadas, deixando Sehun confuso para trás.

A mente de Baekhyun poderia estar em branco, mas seu coração ainda estava preste a sair pela boca.

♦•♦•♦

A lua ainda estava em seu pico quando a moto barulhenta de Yixing passava entre as ruas vazias da grande Seul. As vestimentas de coro o protegiam do frio que fazia e suas mãos, mesmo cobertas por luvas, ainda esfriavam sobre o acelerador.

Ele estava a caminho de uma igreja em Suwon, capital da província de Gyeongi. Só precisava pegar o que lhe tinham dito e já poderia ir embora logo em seguida. Ele estava "cansado" e o que mais queria era um banho e uma cama quente depois de uma noite "cansativa".

Trabalhar sozinho tinha sido exclusivamente sua escolha, ele achava mais fácil. Sem ninguém para se preocupar além de si mesmo. Mas mesmo assim, tinha uma casa para aonde voltaria no final do dia e uma família que o acolheria.

Yixing era uma pessoa quieta, ele não falava mais do que o necessário e as pessoas que faziam questão de ficar ao seu lado já sabiam distinguir seus diferentes humores. Isso automaticamente fazia algumas pessoas se afastarem de si, com a desculpa de que tinha uma personalidade muito difícil. Mas ele não se importava.

Ele não se preocupava em ter poucas pessoas ao seu redor, porque na verdade, as pessoas não deveriam mesmo querer um vampiro sempre a espreita.

Ele já não ligava mais para o julgamento dos outros há centenas de anos, porém, sua família sempre estava em seus pensamentos. Família, essa, que era a única coisa que ainda o prendia em Seul.

A ideia de ficar sozinho não o incomodava, mas ficar em um lugar aonde seus companheiros estariam fora de seu alcance era como um pesadelo.

Esse medo o assombrava.

Virando uma esquina, ele já conseguiu ver o seu destino. A grande e bonita igreja, que ficava em Suwon, tinha traços no estilo gótico e seus detalhes eram magníficos. Qualquer turista ficaria impressionado com a beleza do lugar. Mas não Yixing, que já havia passado por ali tantas vezes.

Estacionou sua moto e suspirou antes de seguir em direção a enorme propriedade. A quietude da noite fazia com que seus passos ecoassem por todos os lados e o frio o faria estremecer se não fosse um vampiro.

Ao chegar na porta da igreja ele bateu três vezes, esperou alguns segundos e bateu mais duas. Um código simples, mas que funcionava.

Com sua audição aguçada, ele conseguia escutar o abrir de algumas portas dentro do lugar e passos lentos vindo em sua direção.

Ao abrir a porta, o rapaz de vestes pretas com o colarinho branco o olhou e só se afastou para o vampiro conseguir entrar.

“Boa noite, padre.” Yixing murmurou olhando para cima, vendo mais detalhes ainda no interior do recinto.

“Está atrasado.” O padre disse ao fechar a porta.

Eles eram iluminados somente por luzes de velas e o lugar fazia eco com suas vozes.

“Eu não estava com tanta pressa, Jongdae.”

“Devia reconhecer que nem todas as pessoas não se cansam como vocês.” Jongdae falava enquanto acendia algumas velas que tinham se apagado, aproveitando para acender várias outras. Eles estavam no fundo da igreja, de frente para uma escultura de Jesus Cristo.

“Oi,titio.” Yixing acenou para a face pregada sobre a cruz em sua frente como se fosse a coisa mais normal do mundo.

“Se continuar brincando com Deus desse jeito, sua alma vai estar perdida.” Jongdae assoprava o fósforo, as velas todas acendidas.

“Eu já vou pro inferno de qualquer maneira, padre.” Sorriu, fazendo o homem santo revirar os olhos. “Eu vim aqui pegar uma coisa. Então só me entregue que eu vou embora.”

“Você não sabe o que é?”

“Kris tem cara de que me conta todos os seus planos? Ele só me disse que você tinha uma coisa para dar a ele.” Yixing revidou.

“Não fez sentido para mim de cara... Mas depois de um tempo eu reconheci esse símbolo.”

Jongdae retirava de sua bíblia um pedaço de papel amarelado, o desdobrando. Ele estendeu sua mão e entregou para o vampiro o que estava o intrigando já fazia dois dias.

Yixing sentiu sua espinha se arrepiar enquanto desdobrava o papel e via o símbolo se encontrar com seus olhos.

“Não pode ser...”

Eles haviam os encontrado?

“Esse é o símbolo da Máscara-“

O vampiro agarrou o padre pelo o colarinho branco, e com uma velocidade incomum, fez com que suas costas batessem com força em uma das paredes da igreja. A dor veio de imediato, fazendo com que Jongdae gemesse. Sua garganta era pressionada com força, mas ainda deixava espaço para ele conseguir respirar.

“Onde você conseguiu isso?” A voz de Yixing era ameaçadora, mas ele na verdade estava com medo da resposta que ouviria.

“Alguém d-deixou no correio da i-igreja.” Jongdae fazia esforço para falar e cada vez mais era pressionado na parede gelada, fazendo-o estremecer.

“NÃO É O BASTANTE! QUERO SABER QUEM FOI!” O vampiro estava começando a ficar desesperado.

“Já chega.” O padre afundou suas unhas nas mãos do vampiro, fazendo com que ele o soltasse como se estivesse encostado em fogo. O vampiro desconcertado, não viu a hora em que o padre retirou de suas costas uma arma.

“Foi uma boa jogada eu ter passado verbena nas mãos antes de nos encontrarmos, não acha?” Jongade ofegava, tentando recuperar o ar. “Se tentar mais alguma coisa desse tipo eu descarrego essa arma na sua cara. Balas de prata.” Apontava o revolver para o vampiro, que via as marcas que as unhas deixaram em sua pele se curarem rapidamente.

O padre vinha estando nesse ciclo a mais ou menos cinco anos. Seu treino no vaticano o provia de informações que a maioria dos padres desconhecia. Lá, ele descobriu o quão fodido o mundo realmente era.

Lá, ele descobriu que Deus fez coisas formidáveis, pessoas bondosas e que seguir a palavra da bíblia era o correto. Mas também descobriu que o mal estava presente em todas as coisas, e que o Diabo criara criaturas para brincar.

O mal era destrutivo.

Foi isso que fez Jongdae querer estudar mais afundo e ajudar as pessoas. Consequentemente virando um caçador de vampiros nas horas vagas.

Ele voltou para Seul depois de completar seus estudos e treinamentos no Vaticano. Conseguiu se tornar padre de uma igreja grandiosa em Suwon, e estava vivendo confortavelmente.... Até que certo dia um certo caçador, quase morrendo, bateu na sua porta.

Ele se afundou no mundo vampírico mais do que queria a partir desse acontecimento.

“O que sabe sobre a Máscara?” Yixing perguntou.

“Eles não tinham muitos relatos no Vaticano, só alguns poucos livros onde mostrava esse símbolo. Mas agora, você vai me contar. Digamos que tenha me deixado um tanto curioso com a sua reação explosiva.”

Balas de prata eram a maldição sobre os amaldiçoados. Yixing não queria correr o risco de sair dali com alguns furos na sua cara.

“Quando você foi contatado por nós, pela primeira vez, tínhamos acabado de chegar em Seul. Nós estávamos perdidos, e alguns contatos nos indicaram um padre que sabia sobre o real mal que a igreja escondia.” Yixing começou. “Você se tornou nosso informante porque não éramos iguais aos outros vampiros-“

“Menos Kai.” O padre interviu.

“Uh?... Ah! Estamos lidando com ele, não se preocupe. Mas continuando... Nós estávamos fugindo.”

“Fugindo do que?” Vampiros fugindo de alguma coisa? Pensou, Jongdae achava a história muito estranha, eram seres imortais, não deveriam temer nada. A não ser que milhares de caçadores tivessem os perseguindo.

“Não do que... Mas de quem.” Yixingi respirou fundo antes de começar a falar novamente. “Quando Deus criou o homem, o Diabo ficou com inveja do amor que Ele sentiu e do carinho que Ele exalava, então ele criou os vampiros. Nós somos o insulto histórico para a moral do seu Deus.” Yixing tinha um sorriso leve em seus lábios, não sabia por que, mas sempre achava graça quando contava e pensava nas suas origens. “A Máscara foi fundada pelos descendentes de Caim, que nasceram antes do dilúvio. Por punição de Deus, quando ele assassinou Abel, Ele o transformou em um vampiro. Eles são movidos a tradições e controlam vários acontecimentos da vida vampírica. Eles são os responsáveis para que não descubram que nós existimos. Ou pelo menos eram...”

Jongdae escutava tudo atentamente. Imaginava-se vendo Satanás debochando enquanto criava criaturas que se alimentavam do bem mais precioso que Deus já havia criado. Era perturbador.

“E por que vocês estavam fugindo?” Com a arma ainda apontada para o vampiro, Jongdae respirava pesadamente.

“Isso, se realmente quiser saber, você deve perguntar para Kris.Eu já te falei o bastante.”Yixing olhava fixamente nos olhos escuros do padre. Ele não iria machucá-lo, mas não gostava de ter uma arma apontada para si como se tivesse só meros cem anos de idade.  “Eu já vou indo.”

Jongdae abaixou sua arma e observava o vampiro sair do recinto lentamente.

“Espero que não tente nenhuma besteira como essa outra vez.” Disse.

“É claro, padre.” Yixing sorria forçadamente. “Ah, soube que está trabalhando com alguns caçadores. Suho... esse é o nome dele?” Ele parou de andar para encarar Jongdae, que ostentava uma expressão surpresa e bochechas levemente coradas.

Ele não deixou de notar em como o coração do humano acelerou só de ouvir aquele nome.

“Cuidado padre, nós podemos acabar nos encontrando no inferno se não for cuidadoso o bastante.” Com suas ultimas palavras, ele fechou a porta da igreja.

Jongdae ouviu o barulho da moto ao ser ligada, até quando o mesmo barulho foi ficando inalcançável aos seus ouvidos. O vampiro já tinha desaparecido pelas ruas de Suwon e voltaria depois de alguns dias.

Ele só não sabia o que tinha significado as últimas palavras que ouvira.

Mas talvez seu coração já soubesse, naquela época, que estaria fadado a pecar.