História Neighbors - STORM

 A chuva estava forte. Tarde da noite de uma sexta-feira, e estou andando de volta para casa sozinha. Não que eu esteja com medo ou algo do tipo, mas esse bairro não é exatamente conhecido por sua segurança. Sinto que quanto mais eu ando, mais longe de casa estou.   Piso em uma poça de lama que acabei não percebendo e minhas botas de cano curto ficam encharcadas. Ótimo. Foi uma escolha terrível ter saído apenas com um vestido vermelho colado nesse frio.

     Desvio-me de meus pensamentos quando escuto meu celular tocando dentro da minha bolsa.  Josh está me ligando. Recuso a chamada, pois estou com muita raiva para falar com ele agora. O celular toca novamente, recuso a chamada e em seguida desligo meu celular.

      Quinze minutos depois, finalmente chego à esquina da minha rua. Vejo um homem alto vindo em minha direção, e sinto um arrepio. Acelero o passo para passar por ele mais rápido. Ele olha diretamente em meus olhos, e fico completamente hipnotizada em seu olhar. Tão hipnotizada que acabo não prestando no degrau à minha frente. Minhas botas escorregam e eu estou caindo. Antes de chegar ao chão, sinto duas mãos em minha cintura, me segurando forte e me impedindo de cair. Segurei em seus ombros para me equilibrar, e só então pude ver o seu rosto,  ele tinha cabelos claros, e seus olhos castanhos. O formato de seu rosto é perfeito, e ele era incrivelmente atraente. De repente, percebi que estávamos nessa posição à alguns segundos. Retraio-me, tiro minhas mãos de seu ombro, e fico de pé. Envergonhada com a situação, tento não encará-lo diretamente.
"Obrigada." digo em um tom baixo e nervoso.
Ele não diz nada, só continua me encarando. 

De pé, pude analisá-lo melhor. Ele era alto, vestia jeans pretos e um casaco, também preto.
Volto meus olhos para seu rosto, e reparo um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Envergonhada, percebo que ele notou que eu o analisava.
"Você devia tomar mais cuidado." disse ele, finalmente quebrando o silêncio. 
"Desculpa. Não vai acontecer novamente." respondo, nitidamente nervosa. Afasto meu olhar do seu, e continuo andando. Dou três passos, e sinto sua mão puxando meu braço, me fazendo parar de andar. Me viro para trás, para encará-lo.
"Qual é o seu nome?" ele me pergunta.
"Cassie." digo sem pensar. Apesar de lindo, eu não o conheço. Conversar com um estranho em uma rua deserta não é muito inteligente da minha parte. 
"Eu preciso ir, desculpe." digo, encarando sua mão, que ainda segura meu braço. Ele percebe, e logo solta.
"Tudo bem, não quis assustar você. Só queria saber se precisa de ajuda. Você está andando sozinha á essa hora por aí, pode ser perigoso." diz ele.
"Eu sei me cuidar sozinha." respondi, secamente.
"Eu não disse que não sabe." responde ele, surpreso.
"Qual é o seu nome?" pergunto.
"Jake. Você está tremendo de frio." responde, mudando de assunto.
Concordo com a cabeça, tento não parecer tão vulnerável.
Noto que a chuva parece diminuir, e então vejo que ele está abrindo o zíper de seu casaco preto, e que não veste nenhuma blusa por baixo.
Ele tira o casaco pelos braços,e sinto que está me olhando fixamente enquanto faz isso. Cruzo os braços, e tento não encarar seu corpo. Fracasso terrivelmente.
Reparo em seus músculos, e vejo que ele é forte. Instantaneamente, não estou mais sentindo frio.
Ele gesticula para que eu pegue o casaco. Como eu não faço isso, ele fica atrás de mim, colocando o casaco delicadamente sobre meus ombros. 
"Não precisa fazer isso. Você vai morrer de frio." digo.
Sinto seu hálito quente em minha nuca, quando ele se aproxima do meu ouvido para falar.
"Não sei você, mas eu estou sentindo calor agora." ele sussurra.
Eu viro minha cabeça para atrás, para encará-lo, e nossos rostos ficam muito próximos um do outro.
Nos olhamos por alguns segundos, e nossas bocas ficam à poucos centímetros de distância, quando ele diz:
"Boa noite, Cassie. Acredite: foi um prazer conhecê-la." diz Jake se afastando. Ele pisca e vira de costas.
Eu o observo enquanto continua a andar, e vira a esquina, sem olhar para trás.
E novamente, estou sozinha na chuva.