História Neighbors - Capítulo I - Misery.

(Pov’s Elisa)

     Tenho uma prova de história amanhã e não consigo estudar. Por quê? Porque o meu vizinho insuportável está novamente colocando AC/DC para tocar no volume máximo, e eu aposto que é somente para atrapalhar a minha vida como sempre.

     - CASTIEL!!- grito o mais alto que consigo, meu rosto deve estar vermelho de raiva- ABAIXA A PORCARIA DESSE VOLUME AGORA! – eu estava na janela do meu quarto.

     - O que eu ganho em troca? – aquela cabeleira ruiva apareceu logo depois de baixar o volume, estava baixo o suficiente para que pudéssemos conversar.

     - Minha eterna gratidão e seu amiguinho intacto. – falei segurando minha cabeça nas mãos apoiadas na janela.

     - Você não tem coragem, Clark. Mal chega perto de mim, como é que me faz uma ameaça desse jeito?

     - Não me provoque, seu tomate ambulante. – falei dando as costas. - Amanhã tem prova, vai estudar!

     Ele me lançou o sorriso sexy costumeiro e fechou a janela, gritando uma última frase:

     - Não vista aquela camisola azul claro, ela é totalmente transparente e você nunca fecha as cortinas. – e se foi.

    ‘’Seu......!!!!! Aaaaargh! EU TE ODEIO SEU LIXO!’’ Pensei batendo o pé. O que ele queria dizer com ‘’transparente’’?  Fui diretamente pra cama depois desse incidente, acho que com 6 horas de estudo eu conseguia tirar um 9.8 no mínimo.

--------------*---------------*---------------*------- Dia seguinte -------*---------------*--------------*-----------

     Acordei com um barulho de cortador de grama vindo do jardim, provavelmente era meu pai em mais uma de suas manhãs ensolaradas onde nada pode deixa-lo com raiva. Meu pai era contador e seu salário não era ruim, antes do trabalho nas quartas-feiras ele cortava a grama e tomava uma caneca enorme de café lendo jornal. Todo dia a mesma coisa.

     Vesti meu vestido branco e uma sapatilha amarelo claro, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei meu celular, com minha bolsa já arrumada para as matérias do dia. Eu sou uma pessoa super organizada com tudo: calendário, escola, roupas, qualquer coisa que se imaginar. Por isso eu e Castiel não nos damos bem. Ele é um completo desastre em tudo o que faz, mas meu principal rival nas notas. Não sei como consegue tirar notas boas sendo completamente desleixado.

     No meu celular há uma mensagem de Rosalya, minha confidente e melhor amiga:

‘’ COMO ASSIM HOJE TEM PROVA??? VOCÊ SABIA E NÃO ME DISSE NADA? QUE TIPO DE AMIGA É VOCE? ME AJUDA POR FAVOR, SÓ DESSA VEZ!?’’

Começo a sorrir imediatamente, eu tinha avisado ela a semana inteira da prova.

‘’ EU TE AVISEI A SEMANA PASSADA INTEIRA QUE HOJE TERIA PROVA. NÃO VOU TE PASSAR COLA NENHUMA, VOCÊ SABE QUE NÃO FAÇO ISSO. NOS VEMOS NA ESCOLA.’’

Aperto ENVIAR e desço para tomar café. Minha mãe está com os cabelos loiros esvoaçantes na cozinha e seu avental de joaninha. Herdei a cor do cabelo dela e os olhos do meu pai, verdes. Apesar de sempre ter tido o cabelo longo eu o cortei no último ano, agora ele está na altura dos ombros, num corte Chanel.

     - Bom dia, mãe. – dou um beijo nela e sento à mesa.

     - Bom dia, filha. O que foi aquela confusão ontem à noite? – ela colocou duas panquecas e calda num prato na à minha frente junto com um copo de suco de laranja.

     - Castiel sendo Castiel. – falei sem dar muita importância ao assunto, ele me cansava.

     Minhas mãe sorriu como quem sabe das coisas e disse simplesmente:

     - Vocês dois ainda vão ficar juntos, já até apostei com seu pai. – ela voltou ao fogão e não disse mais nada.

     Papai entrou na cozinha assobiando e me deu um beijo no alto da cabeça, eles eram incrivelmente carinhosos e eu amava isso.

     - Apostei 100 $ que você jamais vai ficar com ele – falou sentando-se com sua caneca de café.

     - Sinto muito, mãe, mas o papai já ganhou essa. – mostrei a palma da mão e meu pai bateu como meu cúmplice.

     Ela deu um sorriso como resposta e logo sentou-se à mesa conosco. Eu já havia terminado de comer e se não saísse agora perderia o ônibus, provavelmente se isso acontecesse minha mãe em parceria com a do ruivo me obrigaria a ir de novo com ele de moto. E isso definitivamente não aconteceria hoje. Me despedi e saí, pegando minha bolsa.

     - Boa prova, filha. Mostra pra aquele perdedor como se faz. – papai piscou um olho pra mim em tom de brincadeira. Eu retribuí com um sorriso e fui para o jardim esperar o ônibus.

     Infelizmente o tomate ambulante estava saindo também, com sua jaqueta preta habitual e seu capacete na mão. Ele me lançou um sorriso.

     - Conseguiu dormir, patrícia? – colocou o capacete e subiu na moto. Eu realmente te odeio, Castiel.

     O meu silêncio foi a resposta. O ônibus chegou logo e eu cumprimentei Alexy que me fez sentar com ele e Armin, seu gêmeo. Eu peguei meu caderno e comecei a rever os conteúdos do Prof Fraraize sem falar com ninguém.

     Chegamos na escola e Rosalya me obrigou a ensinar ela o horário de matemática inteiro. Acho que ela tiraria um 6 se ficasse com minhas anotações no segundo horário. O horário da prova foi depois do recreio e novamente Rosa e Alex ficaram me atormentando com Castiel, dizendo que nós éramos um casal perfeito e blá blá blá.

     Minha prova foi perfeita, história é simplesmente a melhor matéria já criada pelo homem, e sinto que a pessoa atrás de mim colou a prova de mim toda. Profº Faraize comentou as questões e eu fechei a prova.

     - Alunos, esse mês para substituir a avaliação bimestral, teremos um trabalho em dupla. Os temas serão sorteados, assim como as duplas. – um alvoroço começou e eu olhava distraída pela janela quando meu nome foi chamado.

     - A dupla Nº 10 é Castiel e... Elisa. O tema é Desenvolvimento Urbano na nossa cidade.

     - O QUÊ????!!!! – eu e o ruivo falamos juntos.

     Isso não pode estar acontecendo comigo. NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!