-- NÃO! VÁ PRA LONGE!
Acordo na base do susto com um grito. Olho para o relógio. Já passa de meia noite.
-- POR FAVOR, NÃO!
De novo. Saio do quarto correndo em direção dos gritos contínuos e vejo uma concentração de empregadas na porta do quarto de Musakui. Puta que pariu esse humano.
-- O que está acontecendo? – Pergunto para uma empregada.
-- Ele começou a gritar no meio da noite. Não quer acordar de jeito nenhum.
Adentro o quarto e encaro o rapaz deitado se contorcendo. O seguro pelos ombros e começo a chacoalhar.
-- MUSAKUI! ACORDA AGORA!
Como se ele estivesse esperando pela minha ordem ele abre os olhos. O humano parece estar completamente perdido.
-- Mestre? – Ele levanta sua cabeça e me encara como se não acreditasse que eu realmente estava ali.
-- O que infernos aconteceu?
-- Eu tive... Um pesadelo... Foi terrível...
-- Podem ir dormir, eu cuido dele. – Falo para as empregadas que rapidamente somem no corredor.
-- Eu... – Ele encara o relógio. – Oh meu Deus. Eu acordei o senhor?
-- Eu e a casa inteira.
-- Oh! – Ele começa a lacrimejar. – Me perdoe, mestre!
-- Não precisa se desculpar. – Abraço o menor. – Foi só um pesadelo, certo?
-- Mestre... Eu sei que somos adultos, mas... É um pedido bobo, mas... O senhor poderia dormir comigo hoje?
-- É... – Encaro o humano. Então eles também fazem os olhos de gato? – Claro!
-- Obrigado.
Deito-me do lado de Musakui. Em pouco tempo ele já estava dormindo. Logo eu também acabo caindo no sono.
-- Mestre? Mestre, está na hora! – Ouço uma voz ao longe. Abro os olhos. A primeira coisa que consigo avistar é Musakui sorrindo para mim. – Acordou. Mestre! Está na hora do senhor ir se arrumar para trabalhar!
-- Trabalhar? – Encaro o despertador. São seis e duas da manhã. A hora exata que eu acordo normalmente.
-- Vamos! Quer ajuda para se despir?
-- N-Não! – Me levanto rapidamente. – Eu vou tomar um banho.
Depois do banho, o mesmo episódio se repetiu. Ele já tinha separado meu terno e se ofereceu pra me ajudar a me vestir. Quando vou tomar café, Musakui Me aparece de terno. Onde ele arranjou esse terno?
-- Musakui... O que infernos você está fazendo?
-- Como assim? Servos pessoais seguem os donos até o último segundo. Eu vou para onde o senhor for!
-- Ah, não. Você não vai para o trabalho comigo!
-- SE BEIJEM! – Um grito feminino ecoa pela sala. Olho na direção da voz e vejo Sapphire, uma das minhas irmãs.
-- Como você entrou aqui?
-- Pela porta. Agora você e seu empregado shota. Beijo. Agora. Finjam que eu não estou aqui.
-- Cara, eles não vão se beijar. – Emerald aparece atrás de Sapphire.
-- O que minhas duas queridas irmãs desocupadas estão fazendo aqui?
-- Quando Ruby disse que você tinha um servo pessoal, eu tinha que ver isso com meus olhos. – Sapphire diz enquanto brinca com o próprio rabo. – E aí eu contei para ela e ela veio também.
-- Tudo isso por causa dele?
-- Isso é importante! É uma coisa que só se vê uma vez na vida e uma na morte! – Emerald corre em direção a Musakui. – Ele é tão fofinho!
-- Obrigado! – O humano leva sua mão a cabeça de Emerald que é mais baixa que ele e faz um carinho. A Neko começa a ronronar.
-- Musakui, você está fazendo carinho na minha irmã?
-- É-É proibido? Mil desculpas, mestre. – Quando ele tira a mão da cabeça da Neko ela imediatamente pega a mão dele e a põe de volta em sua cabeça.
-- Não é proibido, Musakui. Ele está com ciúme. – Emerald abraça o humano que faz carinho na sua cabeça.
-- Daqui a pouco já vai dar sete horas e eu não vou sair de casa. O que realmente vocês vieram fazer aqui?
-- Eu vim trazer ela. – Sapphire aponta para Emerald.
-- Eu vim passar umas temporadas com meu irmão! É que eu tive uns problemas lá em casa, sabe como é.
-- Você pôs fogo na casa de novo? – Ela balança a cabeça positivamente sem tirar o sorriso do rosto. – E você realmente acha que eu vou deixar?
-- Sim. – Ela começa a fazer os olhos de gato. – Por favor!
-- Por favor! – Sapphire começa a fazer olhos de gato também. – Eu não quero essa inútil na minha casa!
-- Por favor! – Musakui também faz os olhos de gato. – Ela é tão fofa!
--... Ok. Agora dá licença que eu tenho que ir trabalhar.
-- Eu também vou, mestre!
-- Ah, não. Nem pensar que eu vou deixar essa desmiolada dentro da minha casa sem supervisão. Você fica aqui e cuida dela, ok?
-- Sim, mestre!
P.O.V. Musakui.
Assisti pela janela o mestre pegar seu carro e ir embora. Sapphire disse que já ia, pois não queria se responsabilizar caso a casa pegue fogo.
-- Eu nem parei pra saber o seu nome inteiro. Só sei o primeiro.
-- O mestre disse que meu nome é... Musakui Jisho.
-- Entendi! Eu sou Emerald! A mais nova!
-- Mais nova? Eu soube que sua mãe só teve duas ninhadas e uma delas foi a do meu mestre.
-- Por minutos, bobo! Eu fui a última a sair!
-- Ah sim! Então... O que vamos fazer agora?
-- Carinho! – Ela pega uma das minhas mãos e põe no alto de sua cabeça.
-- M-Mestra? – Um garoto aparece no cômodo. – Mestra! A senhora sumiu tão depressa que eu...
-- Vamos. – Emerald pega minha mão e sai correndo comigo pela casa.
-- Quem era aquele garoto?
-- Ele é meu servo pessoal. – Chegamos num lugar que parece ser uma varanda. – Aqui estamos seguros. Agora... – Ela se joga no meu colo. – Carinho!
-- Ok, então.
Essa é a primeira Neko que eu vejo ronronar com um simples carinho atrás da orelha. Na verdade essa é a primeira Neko que eu vejo ronronar na minha vida inteira.
-- Suas mãos são tão macias, Musakui-san... Dá vontade de morder!
-- Você vai me morder?
-- Eu não ia, mas me parece uma boa idéia.
-- Não! – A esverdeada avança para o meu pescoço como um vampiro e morde meu pescoço. – Emerald! Isso dói muito!
-- Eu sei! Sua pele é tão macia! Eu quero morder mais!
-- Não! –Saio correndo da Neko com a maior velocidade o possível.
Mesmo depois de vários corredores, salas e obstáculos ela ainda corre atrás de mim. Ela é uma maníaca. Vou para fora da casa e subo numa árvore no jardim. Depois de vários minutos de silêncio, a Neko aparece.
-- Eu juro que vi o Musakui-san aqui. MUSAKUI-SAN! ONDE VOCÊ ESTÁ? APAREÇA PARA EU TE MORDER! EU QUERO CARINHO! – Ela cruza os braços e fica os as orelhas em pé, esperando um som. Como não fiz nenhum tipo de barulho, ela voltou a correr pela casa me procurando. Depois de vários minutos, eu decido descer da árvore, pois não dá pra ficar aqui o dia inteiro. Vai que ela fica insana e põe fogo na casa espontaneamente.
Só decido mesmo. Ao olhar para baixo, tudo começa a girar. Um homem feito com medo de altura. Meus ancestrais estão rindo de mim, eu sei.
Bom, tenho duas opções. A primeira é gritar por ajuda e a maníaca vir me buscar. A segunda é esperar até o mestre chegar.
Mesmo sabendo que vou perder mais da metade do meu sangue, a primeira opção é mais sensata.
-- EMERALD! ME AJUDA! – Grito a Neko que não demora a vir.
-- Meu deus, Musakui-san, como você chegou aí em cima?
-- Não importa! Me ajuda descer, por favor!
-- Temos aí um problema.
-- O quê? Por quê?
-- Eu sou uma péssima escaladora. Provavelmente eu vou acabar derrubando nós dois se tentar te resgatar.
-- Não tem nenhuma escada lá dentro?
-- Boa idéia, eu vou ver! – A Neko saiu em disparada para dentro da casa e volta com uma escada. – Musakui-san! Desça! – Ela apóia a escada na árvore. – Temos um problema.
-- Não acredito! – A escada não vem até onde eu estou. – Porra, mestre! Por que um carvalho? Não podia ser uma cerejeira?
-- Por que você não tenta ir até a escada?
-- Você está maluca? E se eu cair e morrer?
-- Bom, temos uma alternativa sobrando.
-- Qual?
-- Chamar meu irmão.
-- O QUÊ?FORA DE COGITAÇÃO! ELE VAI FICAR FURIOSO COMIGO!
-- Ok! Então fica preso aí até ele chegar.
-- Não dá pra chamar uma de suas irmãs?
-- Nope. Elas não são tão desocupadas quanto parecem. Só eu e meu irmão idiota.
-- O mestre não é idiota nem desocupado! Ele é importante.
-- Ele pode até ser importante, mas ele pode sair do trabalho quando ele quiser.
-- Não pode! Sabia que ele é uma pessoa importante no trabalho dele?
-- Ele? Importante? – Emerald levanta suas orelhas.
-- Sim! Ele é a pessoa que organiza os papéis e impede o caos no trabalho dele.
-- Porque ele não faz o caos só para ver todo mundo desesperado e perdido?
-- Se ele fizer isso, qual é o sentido dele estar lá?
-- Não acredito que você conhece meu irmão mais do que eu!
-- Não conheço! Eu literalmente o conheci ontem! E já causei problemas!
-- Sabia que tinha algo errado. – O mestre aparece atrás de Emerald.
-- Ryo! O que você está fazendo aqui tão cedo?
-- Tive um mau pressentimento e voltei. Emerald, o que meu humano está fazendo na árvore?
-- MESTRE! ME TIRA DAQUI! ESSA MANÍACA ESTAVA ME BULINANDO!
-- Você. Eu. Conversa. Daqui a pouco. – Ele encara a Neko como se fosse a matar.
P.O.V. Ryo.
Subo na árvore e me sento no galho que está o humano.
-- Hey. Venha. – Eu digo e de imediato o pequeno se agarra no meu pescoço. – O que aconteceu?
-- Bem... Depois que você saiu, ela quis mais carinho e depois apareceu o servo dela e ela correu comigo e me mordeu e eu saí correndo e acabei aqui. Depois de chegar aqui eu lembrei que tinha medo de altura.
-- Espera. Ela te mordeu? – Musakui balança a cabeça de modo afirmativo. – Aonde?
-- Na mão e no pescoço.
-- Tadinho. – Pego a mão dele e dou um beijo. – Eu preciso impor umas regras para essa maluca.
Desço da árvore e encaro Emerald.
-- Então...
-- Então você vem comigo agora. – Pego a menor pela orelha e arrasto para dentro de casa.
-- RYO! NÃO AS ORELHAS! ELAS SÃO SENSÍVEIS. – Emerald se debate.
-- É para você aprender a não machucar o MEU humano.
Percebo que ainda não soltei Musakui. Encaro o humano. Seus olhos pareciam brilhar. Ele tinha um sorriso bobo no rosto.
-- Musakui? Você está bem?
-- Uh? – Ele parece dormir acordado. – Sim, mestre! Melhor impossível.
-- EU não estou bem! Solta minhas orelhas! Eu juro que não vou mais morder o humano.
-- Emerald. Se você vai ficar na minha casa, vai seguir minhas regras. A partir de agora, você só vai receber carinho do seu servo. Você está estritamente proibida de tocar ou morder meu humano. Pode qualquer um. Menos o meu. E não pode brincar com fogo. Se estiver com fome, peça para alguma empregada te servir qualquer coisa. Mantenha a distância segura de sete metros da cozinha. Entendido?
-- Sim, Ryo.
-- Obrigado. Agora, vamos para voltar para o trabalho.
-- Como assim, vamos?
-- Nem ferrando que eu vou te deixar sozinho de novo com essa maluca. Eu gosto de cuidar bem das minhas coisas.
-- Suas... Coisas... Mestre! Deixa que eu dirija para o senhor!
-- Você sabe dirigir?
-- Claro!
-- Hum... Não. Eu gosto de dirigir meu carro.
-- Por favor, mestre!
-- Ou eu dirijo, ou eu te devolvo para a maníaca da minha irmã.
-- Ok.
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