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História Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru não quer trabalhar hoje


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal. :)

Bem... Este capítulo já estava pronto, então resolvi postá-lo logo. Quanto aos próximos, não sei quando serão atualizados XD
Ferguson Manor, que é a mansão do Sesshoumaru, é semelhante a esta da foto... *-*

Como o ambiente da história é todo na Inglaterra, pode ser que haja detalhes um pouco diferentes/confusos. Fiquem à vontade para tirarem dúvidas nos comentários, se houverem.

ATENÇÃO
Sesshoumaru e Naraku, nesta fanfic, são extremamente desbocados. Tapem os ouvidos. kkkkk

Boa leitura!

Capítulo 2 - John Sesshoumaru não quer trabalhar hoje


Fanfic / Fanfiction Nem por Meio Milhão de Libras! - John Sesshoumaru não quer trabalhar hoje

Inglaterra, março de 2014.

 

Era uma tarde quente e irritantemente abafada em Paddington, Westminster. Dentro de Ferguson Manor, uma mansão bela e suntuosa situada na parte norte da cidade, John Sesshoumaru Craddock Ferguson, um físico e engenheiro belo e loiro de 32 anos, alto e amargurado, se encontrava sozinho em seu quarto, trancado por dentro. No banheiro, um espelho espatifado. Há alguns minutos, um barulho irritante de pneus cantando soou lá fora. O homem estranhou, mas não esboçou reação alguma.

Subitamente, um som de passos apressados na escada se fez ouvir. Sesshoumaru, entretanto, permaneceu quieto, sentado à sua escrivaninha, com os olhos azuis muito abertos e um pequeno cigarro entre os lábios. Então a porta de seu quarto foi destrancada e se abriu com um estrondo. Ele voltou o rosto inexpressivo em direção ao recém-chegado, que estava ofegante e furioso.

— Ah, é você, Octavio? — murmurou ele com desdém para o espanhol Naraku Octavio DeMarco, também de 32 anos, um psicanalista de pele morena clara e cabelos cacheados, razoavelmente magro e de fisionomia usualmente intimidante.

— Então você estava aqui o tempo todo, filho da p***... – sibilou Naraku, ao passo que Sesshoumaru apenas o ignorou. Logo seu rosto foi alvejado por um soco. Então, ele saiu de sua letargia, revidando com outro soco, na barriga do outro, que gemeu de dor.

— Você bateu no meu rosto, desgraçado!

— Bati e bato de novo, milorde cegueta! Te procurei pela cidade inteira... – volveu Naraku, que parecia estar muito aborrecido com o loiro, que, notando a momentânea distração do moreno, chutou-lhe a canela. Em instantes, os dois rolavam no chão.

— Devolva o meu cigarro, Naraku!

— Já disse que não te quero fumando! – berrou o hispânico, já com o nariz sangrando, enchendo o rosto do outro de tapas.

— Vá dar o rabo, sua bicha! – foi a réplica do outro, que se defendia chutando o moreno. Ambos tentavam subjugar o outro sob si, sem sucesso, já que eram igualmente fortes.

— Bem que eu gostaria de poder ir dar o rabo agora, mas não posso, tenho responsabilidades! Você bagunçou o meu planejamento ao faltar à reunião do...

— NÃO VOU SAIR DE DENTRO DESTA CASA NUNCA MAIS!

— LARGA DE FRESCURA, SEU MIMADO!

— FRESCURA?! NÃO FOI VOCÊ QUE ACORDOU HOJE SEM CONSEGUIR VER O PRÓPRIO REFLEXO NO ESPELHO! – urrou o loiro.

— NÃO É MOTIVO PARA FALTAR À REUNIÃO, SEU IRRESPONSÁVEL!

— OCTAVIO, SEU FILHO DA P***! ESTOU FICANDO CEGO!

— E PROVAVELMENTE VAI FICAR CEGO MESMO, MAS ISSO NÃO QUER DIZER QUE EU VOU DEIXAR VOCÊ FUMAR E ESTRAGAR O ÚNICO RIM QUE TEM, JOHN SESSHOUMARU!

Um som estomacal ruidoso e característico se fez ouvir; Naraku soltou os cabelos do loiro, atônito.

Qué carajo... Não me diga que não comeu nada hoje, seu maluco inconsequente!

— Não te digo, porque não te devo satisfação alguma da minha vida – rosnou o outro, tentando tirar as mãos do moreno de seu ombro. – Me solta, arrombado...

— Nana... – fez uma voz feminina à porta. Era Izayoi, uma senhora também hispânica de 48 anos, morena e ainda muito bela, com uma bandeja de lanchinhos em mãos; a madrasta de Sesshoumaru, que parecia não estranhar seu enteado quase cego em flagrante luta corporal com o amigo. – Convença Sesshy a comer pelo menos um pãozinho, ele está sem comer desde que acordou... Sesshy, você machucou o nariz dele de novo? Isso não se faz, meu bem.

— Não me chame de Sesshy, sua espanholazinha desclassificada! – gritou Sesshoumaru, levando um novo golpe, dessa vez nas costelas. – AAAARGH! SEU VIADO DE MERDA!

— Não gosto que fale assim com Iza — aparteou Naraku, analisando o conteúdo da bandeja da dona da casa. — Esse pãozinho é de batata, mama? Não se importe com meu nariz, eu estou bem.

O moreno tinha um respeito infinito por Izayoi e a chamava de mama praticamente desde que ela se casara com Sir Anthony “Toga” Weston Ferguson, o pai de seu melhor amigo. Naraku dizia que ela era a única pessoa no mundo que merecia ser bem tratada por ele. A mulher, que o amava como a um filho apesar de seus palavrões e afirmativas chulas e blasfemas, lhe respondeu em tom de voz meigo e terno:

Sí, cariño. Tem de batata e os de cebola que o Sesshy gosta. Mas você vai machucá-lo se continuar apertando-o dessa maneira contra o chão, Nana.

— Não, ele INFELIZMENTE não vai se machucar, pois preciso dele inteiro na reunião com os coordenadores da pós-graduação. Falta uma semana para o início das aulas e o merdinha aqui faltou a todas as reuniões. Levante-se, Sesshoumaru.

— Eu já disse que NÃO vou sair daqui, Naraku! Cadê o meu cig-

— Você NÃO vai fumar, seu fresco! Se eu te pegar de novo com um cigarro, vou apagá-lo no seu rabo, entendeu?! E veja o estado dessa mão... Mama! — exclamou Naraku, chamando a atenção de Izayoi para a mão do amigo, que estava ferida e com cortes. — Você pode fazer um curativo aqui, enquanto eu pego umas roupas para ele?

Sesshoumaru ergueu os olhos muito abertos para os invasores de seu quarto, com ódio.

— Vocês são uns malditos que não estão nem aí para o meu problema! Estou ficando cego! CEGO, P****!

— Por favor, Sesshy, não se desespere... — afirmou delicadamente sua madrasta, deixando a bandeja de lanches sobre a escrivaninha e procurando a maletinha de primeiros socorros no meio dos pertences do enteado. — Seu pai prometeu que conseguiria o transplante de córneas para você. Hoje mesmo iremos ao Centro Espírita de Paddington consultar os guias, sem contar que estou também fazendo uma novena. Tenha fé em Deus e na Virgem Santíssima...

— PARA DE FALAR DESSAS SANDICES PARA MIM, IZAYOI! DEUS NÃO EXISTE! — berrou ele. Naraku, que estava perto dele, lhe deu um forte puxão de orelhas. — AAAAI! O QUE FOI AGORA, NARAKU?!

— Não grite nem fale essas coisas com ela — objetou o moreno azedo, com uma camisa social de brancura impecável nas mãos.

— Que palhaçada é essa agora? Você também é ateu!

— Sou — anuiu o outro. — Mas exijo que respeite Iza. Você não tem educação?

— Nana, eu não o entendo. Como pode dizer que Deus não existe? Não vê que maravilha é a natureza? E a beleza das flores e dos animaizinhos? Você acha mesmo que foi o nada que causou isso tudo, meu anjo? — inquiriu a mulher, cuidando da mão machucada do enteado. Naraku suspirou com força:

— Ah, mama... Sabe que não gosto de falar sobre isso com você para não magoá-la. Vamos conversar sobre outra coisa? Sesshoumaru quebrou o espelho do banheiro, você viu?

— Não cheguei a ver, mas escutei quando ele o quebrou. Sesshy...

A resposta foi um rosnado quase canino.

— Não fique tão triste. Você é um excelente profissional, vá lá, dê o melhor de si. Aproveite que Nana veio te buscar e compareça à reunião com ele. Não pode ficar aqui depressivo! É como seu pai lhe disse: sua vida não pode parar porque esse transplante ainda não saiu.

— É fácil falar! Não é você que pode acordar cega a qualquer momento!

— Sesshoumaru — interrompeu-o Naraku, soturno. — Cala essa p**** dessa boca e vem tomar banho. Falta muito para terminar com a mão dele, Iza?

— Não, cariño. Já está pronto.

Gracias, mama.

— Parem com essa viadagem de falar em castelhano perto de mim, seus hispânicos plebeus da p****!

Tapa.

— VOCÊ ME BATEU DE NOVO!

— Sim, bati — respondeu ele, com naturalidade, se voltando para a senhora. — Iza, vou ajudá-lo com o banho. Não vai dar tempo de ele comer. Pode embrulhar os pãezinhos?

— Sim, Nana. Muito obrigada por tudo o que está fazendo pelo Sesshy. Eu e o pai dele já não sabíamos mais o que fazer para tirá-lo desse quarto... — afirmou Izayoi, com uma fisionomia pesarosa. O moreno, levantando o amigo à força, sorriu para ela.

— Não é preciso agradecer. Devo minha vida a vocês todos.

— Você é um amor, Nana. Antes de sair passe pela cozinha, para tomar pelo menos um chocolate quente — afirmou Izayoi, saindo do quarto.

— Vire o disco, Naraku — resmungou Sesshoumaru, escutando a porta se fechar e intuindo que estavam sozinhos no cômodo. — Você não sabe falar outra coisa? ‘Devo minha vida a vocês’, ‘Sesshoumaru, você salvou minha vida’, blá, blá, blá...

— Sei — respondeu ele, conduzindo o amigo até a porta do banheiro e deixando-o ali, enquanto afastava os muitos cacos de espelho para o lado com um rodo, para evitar que o loiro ferisse os pés. — É claro que sei, principalmente com os gostosos com quem saio à noite. Já tirou a roupa, John? A propósito, depois da reunião, vamos pegar umas universitárias? Ainda tem aula no campus. Calce os chinelos, estamos atrasados.

— Que mulher vai querer dar para mim, seu retardado? Estou ficando ceg-

— Você transa com os olhos? — aparteou o outro, sarcástico, enquanto trazia o loiro nu para dentro do banheiro, evitando o local com a pequena pilha de cacos no chão.

— Octavio, para com isso! Eu não quero mais nada dessa vida, cansei! Quero morrer!

O chuveiro foi aberto e Sesshoumaru entrou sob a água, relaxando ligeiramente.

— Pensando bem... — comentou Naraku, ignorando totalmente a autocomiseração de Sesshoumaru, que tateava discretamente a parede em busca do sabonete. — Em vez de ir para o campus, podemos ir ao teatro assistir La Traviata. É a última apresentação de Anna Netrebko e Rolando Villazón em Londres, depois eles irão para Berlim. Achou o sabonete?

— Achei... C******, Izayoi colocou outro sabonete de bebê aqui, merda! — resmungou ele, cheirando a barrinha.

— Não é de bebê, é de glicerina, seu ingrato...

— Dá na mesma!

— Tá, tá, que seja. Então, está certo. A gente assiste La Traviata e pega as fãs da Netrebko depois.

— E o que deu em você para querer pegar mulher hoje, seu viado?

— Já faz um mês que só pego uns rapazinhos que são meus ex-alunos. A propósito, você está inscrito para dar aulas de Inferência em Processos Estocásticos no curso de Estatística.

Sesshoumaru olhou para o amigo, que, no momento, digitava algo em seu celular. Viu um borrão de cores — o preto dos cabelos cacheados dele, o bege da camisa e o cinza da calça social. Franziu o cenho.

— Como vou dar aulas sendo que não estou enxerg-

— Você SEMPRE deu aulas sem enxergar direito. Fala sério, Sesshoumaru... Vai me dizer que esqueceu que descobriram sua distrofia de córnea poucos meses antes de nós dois terminarmos o mestrado?

O loiro, frustrado por não ter como replicar, sussurrou:

— Para um viado, você é bastante insensível, Naraku.

Bissexual. E desde quando você espera por piedade de minha parte? Nunca a terá.

Sesshoumaru fechou o chuveiro e discerniu um borrão branco diante de seus olhos lhe sendo estendido pelo borrão que era Naraku. Agarrou a toalha e se enrolou com ela, logo estendendo a mão para frente. O moreno se aproximou e pôs a mão de Sesshoumaru sobre seu ombro, caminhando devagar para fora do banheiro.

A roupa e o par de sapatos dele estavam dispostos sobre a cama e o chão. Naraku o conhecia muito bem para saber que ele não aceitaria ajuda para se vestir, então apenas o ajudou a chegar perto da cama, indo se sentar na cadeira do amigo e olhando com insistência para a cicatriz transversal nas costelas dele.

Aquela marca no corpo belo de Sesshoumaru sempre atraía os olhares do moreno, que se perdia em lembranças de um passado relativamente distante.

O corpo de Naraku também tinha uma cicatriz semelhante. Ele também possuía apenas um rim.

O rim que Sesshoumaru lhe doara há nove anos.

— Naraku... Naraku! OCTAVIO! Ficou surdo?

— Oi? – fez ele, momentaneamente distraído. Sesshoumaru já estava vestido e o encarava com uma expressão medonha:

— Acorda, maricón, para de me olhar como se estivesse querendo dar pra mim. Preciso da minha gravata cor de cobre.

— O que o faz pensar que estou te olhando com vontade de te dar, seu cegueta? Eu poderia estar te olhando como se estivesse querendo te comer, pense nisso.

— Se mata, Naraku. Anda, a minha gravata.

O moreno, rindo sarcasticamente, estendeu a gravata para o loiro. Dez minutos depois, ele estava pronto para sair. Naraku se aproximou do amigo, oferecendo-lhe o ombro para conduzi-lo. Sesshoumaru, decifrando o que era o grupo disforme de cores à sua frente, desferiu um cascudo certeiro na cabeça de cabelos cacheados.

— Lordezinho ingrato filho de uma rameira desgraçada! – berrou Naraku, que quase perdera o equilíbrio devido ao golpe.

— Não vou sair agarrado a você como se eu fosse um pobre ceguinho, sua bicha.

— Ninguém vai te ver como um ceguinho, retardado – replicou o outro, furioso.

— Não?

— Não! Você tem mais de 1,85m! Apontarão para nós e dirão: “Lá vai o cara mais gostoso do Reino Unido junto com um CEGÃO ao seu lado”.

— P****, Naraku! Vai tomar no meio do c*, seu viado de merda!

— Hoje não, Sesshy, hoje quero ser ativo... Mas me diga: E o seu olho cego, quando estará disponível? Você se incomoda tanto com minha bissexualidade. Essa homofobia não será um desejo enrustido?

— Eu sou um homem de verdade, desgraçado...

— Mas eu também sou homem, ora. Homem até mesmo estando debaixo de outro homem.

— Cala a boca e para com essa viadagem. Vamos! – exclamou Sesshoumaru, dando alguns passos incertos para a frente.

Naraku estendeu discretamente o próprio pé diante do amigo, fazendo-o tropeçar e cair — essa foi a forma do moreno demonstrar para o loiro que andar sozinho não era seguro como antigamente.

— P****! Em que foi que eu caí?

— Em um dos seus chinelos, John — mentiu ele, sem o mínimo remorso. — Agora deixe de ser burro e pegue em meu ombro.

— Odeio isso. Odeio essa dependência.

— Pois é, você escolhe. Ou meu ombro ou a bengala.

A tristeza toldou os olhos ainda brilhantes de Sesshoumaru, atemorizado só de pensar em ter que se locomover com uma bengala para cegos. O moreno, notando seu pesar, comentou:

— Aposto duas mil libras que consigo pegar duas ao mesmo tempo antes das onze.

— Pois eu aposto três mil que quem conseguirá primeiro serei eu.

— Feito. Três mil — respondeu o outro, satisfeito. Faria o possível e o impossível para não ver seu parceiro depressivo.

Afinal de contas, Naraku jamais encontraria alguém com um senso de humor tão distorcido quanto o seu próprio. Desceram as escadas da mansão rapidamente, Sesshoumaru segurando em seu ombro. De fato, ele se orientava bem melhor acompanhado. Ao pé da escada, o moreno se desvencilhou do dono da casa, que, repentinamente, o puxou de volta.

— O que é, John?

— Não vi você trazendo sua garrafa de água, Octavio.

Naraku deu um de seus raros sorrisos sinceros para o loiro que o encarava com os olhos parados bem abertos. Contudo, apesar de tocado pela preocupação do amigo, seu senso de humor distorcido falou mais alto. Apertou de leve o braço de Sesshoumaru, respondendo:

— Ver com que olhos, se você está quase cego, Mister Magoo¹?

— Se você estivesse com a garrafa, eu ouviria, viado. Aposto que esqueceu a água no campus de novo — acusou Sesshoumaru, mal humorado. — Izayoi! IZAYOI!

— O que foi, meu querido? — soou a voz dela, lá de dentro de um dos cômodos da casa.

— Faça esse boqueteiro beber, pelo menos, meio litro de água.

— Sesshoumaru, estamos atrasados! — reclamou Naraku, atento ao aroma dos pãezinhos. O loiro aproveitou a proximidade para lhe dar outro cascudo. — Aaaaaaai, coño²...

— F***-se. Você não pode ficar sem água, idiota irresponsável.

— É difícil acostumar com esse jeito diferente de vocês expressarem carinho um pelo outro — comentou Izayoi, vindo com duas garrafinhas de água da cozinha. — Água para você também.

— Está louca, Izayoi? Eu odeio esse espanholzinho filho da p***, podia tê-lo deixado morrer com seus rins podres! — retrucou Sesshoumaru, mal tendo tempo de pegar as garrafinhas e acompanhar o outro, que saía apressadamente. De longe, Naraku se virou para a dona da casa, acenando e jogando beijos para ela e gritando, assim que acomodou Sesshoumaru dentro do veículo:

— Não se preocupe conosco, mama! Sobre o nosso jeito diferente de demonstrar afeto um pelo outro, não se engane: este seu enteado John Sesshoumaru quer se casar comigo! E ambos viveremos felizes para sempre como um próspero casal gay! Aliás, posso passar a te chamar de sogra?

— Cala essa boca, maricón jodido! — protestou o loiro. Contudo, Izayoi não ouviu o restante dos diversos xingamentos que o enteado dirigiu ao amigo, pois o telefone tocou e ela voltou para dentro, apressada.

— Ferguson Manor... — disse Izayoi.

Eu desejo falar com ‘doña’ Izayoi Ferguson, a flor mais bela do que as joias de Sua Majestade — respondeu uma voz masculina. A mulher sorriu, feliz com o carinho do marido.

— Você não é de ligar durante a tarde, Toga. O que conta de novo, cariño?

Duas coisas muito boas. A primeira é: estou apaixonado por você... — ela deu uma risadinha. — E a segunda é que o nosso John...

— Conseguiu o transplante?! — gritou ela. Toga suspirou, desanimado.

Ainda não, meu amor. Mas eu conheci uma linda garotinha latina hoje e resolvi investir nela para que seja uma guia vidente para o nosso John...

— O quê?!

— ... E eu estou te ligando para que o avise disso. Irani Tibiriçá da Silva é uma indígena brasileira, tem 18 anos e estava em um abrigo do primo de Sir Evans, aquele que gosta de comer os seus bolinhos de jalapeño. A polícia a encontrou junto com outras meninas em um galpão abandonado em Devon, com certeza elas seriam vendidas. Graças a Deus nenhuma delas estava ferida ou com sinais de violência sexual.

— Graças a Deus — ecoou a mulher.

As garotinhas chamam-na de Rin e eu também a chamo assim, ela parece gostar. Recomendo também que aprenda um pouco de português, meu amor... Ela não sabe falar a nossa língua.

— Mas, Toga, como você está sendo precipitado! Você nem conhece a menina e vai trazê-la para dentro de casa?!

Não é precipitação e sim intuição, Iza. Acho que os meus mentores espirituais querem que eu faça isso... Ao olhar para ela, senti a mesma obrigação de tirá-la dali como quando estive em León com John e vimos...

— Naraku — completou Izayoi.

— Justamente, meu amor. Naraku pode me tirar do sério às vezes com aquele monte de indecências que fala, mas não há como negar que foi uma providência divina trazê-lo conosco. Enfim, preciso desligar. Devo providenciar a papelada para conseguir trazê-la para cá sem complicações com a justiça.

— Mas eu tenho medo de que Sesshy não a receba bem... Ele anda tão nervoso... E é bem preconceituoso quando quer.

— Não se preocupe! Vai dar tudo certo se Deus quiser, cariño. Te ligo, caso demore a poder voltar para casa, certo?

Hasta luego, mi amor.

Izayoi suspirou enquanto a ligação era encerrada, levando a mão ao crucifixo em seu pescoço.

 

***

 

¹ — Mister Magoo é um personagem de desenho animado famoso por sua péssima visão.

² — Coño: palavra chula (palavrão) que quer dizer "boceta".


Notas Finais


Depois venho editar corretamente estas notas.
Obrigada a quem tem favorito, lido e comentado! :)

~Okaasan


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