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História Nem tão firmes e fortes - 1x1


Escrita por: Elena_33

Notas do Autor


Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 2 - 1x1


Não demorou muito a amanhecer, não dormi, não consegui. Tem vezes que você está exausto, esgotado, mas sua mente não te deixa descansar. Ela vai viajando em cada momento que você passou ou que você imagina que vai passar, ela ás vezes finge que vai deixar você quieto, mas ela não consegue, você não consegue.

 E o meu problema é o problema de tantos, o meu tormento é o tormento de muitos. Tantas pessoas do mesmo jeito que eu, mas eu ainda me sinto perdido, sozinho, como um pássaro que cai do ninho e torce pra que sua mãe se dê conta de seu sumiço. Meu problema era que quase todos ao meu redor dizem que é errado um menino gostar de outro menino. Eu nunca me apaixonei perdidamente, mas sempre me peguei imaginando como seria se eu ficasse junto daquele serzinho, sempre me peguei imaginando uma história de amor fofa e cordial e no clímax dela algo que nos separasse e no fim conseguíamos ficar juntos, até agora não aconteceu. Mas mesmo assim eu já fiquei com garotos e também com meninas, mas essas realmente nunca me interessaram.

O sol invadia o quarto de mansinho, com certo receio de ser invasivo, mas no fim ele se alastra por todos os metros quadrados do ambiente. Eu já estava acordado, porém Marcela ainda dormia quando o sol sorrateiramente lhe acorda.

- Não quero! Escola não!- ela diz com a voz sonolenta e tentando se proteger do sol

- Deixa de preguiça e se levanta!- digo já de pé

- Tua culpa!- ela vai se desvencilhando do coberto – Se eu não tivesse ficado na rua até tarde eu estaria disposta!

- Tu nunca tá disposta!

- Tu é um bosta, cê sabe, né?- ela fala também em pé

- Nada como um bosta sendo o melhor amigo de uma merda- digo sorrindo e ela me dá uma tapa nas costas.

- Pior que é verdade.

Marcela tinha um banheiro no quarto, que ela diz ser seu cantinho mais íntimo. Banheiros realmente são os lugares mais íntimos que temos. Mesmo minha casa tendo apenas um banheiro para quatro pessoas, cada um tinha sua intimidade naquele cubículo apertado, mas aconchegante. Era uma intimidade particular que todos compartilhavam.

- Tu toma banho primeiro!- ela diz me jogando uma toalha – Tem umas roupas tuas no cantinho do armário.

Eu pego a toalha, entro no banheiro, encaro meu rosto cansado mais uma vez no espelho, pego uma escova de um pacote lacrado e escovo meus dentes. Fico sorrindo e tirando o sorriso rapidamente, tento bagunçar meu cabelo, tento me distrair.

Abro o chuveiro e deixo a água esquentar lentamente, é quase inverno e estava frio pra caramba. A água estava pelando, entro com tudo e aproveito ao máximo a sensação de estar sendo abraçado por cada gota fervendo que batia em meu corpo, era uma sensação boa e ruim, era perfeito para mim. Não consegui parar de agir como uma pessoa em um clipe melancólico de uma banda depressiva dos anos 80, o vapor fazia me sentir em meio à neblina, as gotas me faziam sentir no *Blane Runner*, meu corpo nu me fazia sentir no útero novamente. Eu, encolhido, molhado, sozinho, esperando para alguém me puxar, isso me faz rir. Eu saiu do Box e me enxugo rapidamente, visto a roupa e nem penteio o meu cabelo ando usando ele bagunçado ultimamente.

Espero Marcela se arrumar para tomar café com ela e seus pais, descemos e eles já estavam lá sentados um ao lado do outro, o pai de Marcela lia um jornal e sua mãe uma revista sobre arte moderna.

- Bom dia garotos!- sua mãe diz

- Bom dia- seu pai também fala.

Conversamos um pouco sobre coisas superficiais, comemos sanduiche e suco de laranja, saímos e entramos no carros. Pouco tempo depois estávamos na porta do colégio. Minha visão de colégio não é aquela clichê que sempre aparece nos livros ou filmes, não acho o colégio um inferno onde no fim era uma maravilha. Sempre achei o colégio uma obrigação que ás vezes conseguia me esgotar ao máximo, as coisas no colégio nunca foram as mais fáceis. Eu, menino negro e gay, era pedir pra sofrer e não vou mentir, eu sofro em vários momentos.

Sempre achei o sofrimento dos filmes e dos livros clichês um sofrimento simples e até feliz, uma coisa boba e superficial, uma coisa fácil de contornar, mas esse pensamento me prejudicou um pouco por um tempo. Quando pensava que o sofrimento era uma coisa fácil de contornar eu me tornava um romântico esperançoso, mas como uma tia falecida me dizia “Não era atoa que a esperança estava na caixa de Pandora.” Quando o sofrimento não passava como os clichês eu chorava e me julgando um pobre coitado e perguntava para Deus “porque eu?” Então o tempo foi passando e eu finalmente compreendi que os filmes e livros clichês eram apenas mentiras que enganam jovens com uma sábia tia falecida.

- Preparado?- Marcela me pergunta, olho pra ela e forço um sorriso

- Não!- ela sorri de volta, pega na minha mão e entramos no prédio.

Pessoas andando de um lado pro outro, umas falando com as outras, velhos amigos se cumprimentando, novatos perdidos, os mesmos solitários do ano passado sozinhos, os professores fingindo um falso entusiasmo por um novo ano letivo ter começado. O velho diretor Carlos continuava com aquela cara de cansaço acumulado, os cabelos a cada ano que passava diminuíam e ficavam mais brancos, seus óculos com as lentes, mais grossas que um vidro de uma vidraça, estavam mais desgastados também. Os corredores estavam cada vez mais cheios, eu e Marcela caminhamos um pouco, falamos com uns amigos e entramos na sala.

- Marcos nem falou contigo!- digo para Marcela

- Eu e ele somos namorados não irmãos siameses!- Um lindo chihuahua de madame raivoso e ranzinza!

- Já te disseram que você é um doce?

- Não –  ela responde com uma cara sínica

- Entendo o motivo!

- Eu prefiro as balinhas azedas, elas são mais gostosas e venhamos meu bem eu sou gostosa para um senhor caralho!- ela dá uma voltinha sexy e eu fico batendo palmas.

 - Ele nunca fez questão de falar, não é?- pergunto

- Um dia fez

- Isso faz 84 anos- digo e ela ri

- 1x0, seu bosta! Sabe o que deveríamos fazer mais tarde?

- Estudar?- digo e ela me repreende

- Não! Matar aula, faz tempo que não fazemos isso!

- Fizemos isso durante toda última semana de aula do ano passado- digo me lembrando desse episódio.

- Por isso mesmo, faz um mês que não matamos aula

- Tá bem, não estarei fazendo nada mesmo

- Todos já sabíamos disso!- ela diz

- 1x1, sua merda!- digo e ela rir.


Notas Finais


Gente um aviso: estou sem net, por isso a demora em postar e responder, mas isso já está sendo resolvido.
Se gostaram comentem e favoritem.


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