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História Nem tão firmes e fortes - My Little Poney


Escrita por: Elena_33

Notas do Autor


Então gente a net voltou e isso quer dizer que irei postar mais continuamente, só peço que vcs me incentivem, ok?
Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 3 - My Little Poney


Sentamos em nossas bancas, o professor demora um pouco para chegar. Era um professor novo de geometria, ele se apresentou e foi logo botando o conteúdo na lousa e eu fui logo anotando tudo, era assim todo inicio de ano: eu começava a tentar ir bem, anotava tudo e lá pro meio do ano desistia de tudo que havia começado. Tinha tocado o sinal e lá estava eu no corredor novamente, eu estava esperando por Marcela, ela finalmente estava falando com o namorado, ela parece feliz por ve-lo, ele também, ela fala alguma coisa, ele responde algo que ela não gosta, ele puxa ela pra um beijo a força, ela fica irritada, ele sai irritado também.

- Vamos?- Marcela me pergunta com um ar irritado

- Tá!- digo e seguimos juntos para a fila do refeitório.

Pegamos a comida e sentamos com alguns amigos e outros conhecidos, tantos rostos novos e tantos rostos antigos com aparências novas. Laura era uma amiga nossa, ela estava diferente, seu cabelo estava totalmente rosa e a maquiagem estava linda, ela nunca tinha se maquiado assim antes e eu finalmente estava vendo a Laura que sempre soube estar lá.

- Cê tá linda, Laura!- digo sorrindo para ela

- Sério? Todo mundo me achou esquisita!

- Eu não te acho esquisita- Tomas diz, Tomas era o típico garoto na dele que gostava de videogame e séries de ficção cientifica, e além dessas coisas ele gostava de Laura e aposto que com esse novo visual ela, sem querer, tenha acertado um tiro maior ainda em seu coração.

- Obrigado por isso, então- ela diz e ele abre um sorriso.

Nosso grupo de amigos era constituído por: Eu, Marcela, Laura, Tomas, Yago e João. Yago era um cara divertido, ele era quem mais falava de todos tirando eu e Marcela, sempre sorrindo e tentando ser prestativo, ele não parecia ter dias ruins. Já João era a pessoa que mais me chamava atenção, ele quase não falava, não sabíamos muitas coisas sobre tal, ele sentava com a gente, mas nunca parecia estar realmente lá, ele colocava os fones de ouvido e se desligava totalmente do ambiente ao redor.

- Vocês estão sabendo?- Yago diz entusiasmado com a notícia que queria dissipar.

-O que?

- Outro carro caiu da ponte, o motorista morreu- ele fala com um tom de repórter de noticiário local

- Credo!- Laura fala com uma cara de terror

- A gente passou o dia na ponte ontem, não vimos nada!- Marcela diz parecendo um pouco chocada. Na nossa cidade havia uma lenda que os mais velhos contavam, me lembro do meu avô dizendo ela pra mim quando era pequeno: “Olha menino, cuidado com a ponte, quando pessoas tristes veem a ponte é como um imã, eles não resistem e se jogam como se não pensassem que é fundo e que existe correnteza. Em oito, em oito anos sempre tem a temporada de depressivos se jogando de toda forma naquele rio e não é só um ou dois, são vários.”    

- A temporada começou- João diz como o mestre dos magos aparecendo do nada com algo a dizer. Todos nós conhecíamos a lenda, mas muita gente da cidade não gostava dela, eram tantos que afundavam no rio que parecia que a cidade tinham muitos depressivos, infelizes, mas o pior é que isso é verdade.

- Cês realmente acreditam nisso?- Tomas pergunta

- Não acredito e nem deixo de acreditar, sei lá, é muita gente se afogando nesse rio por acidente- digo e depois fico pensativo.

- Eu não me importo, adoro aquela velha ponte, ela é nosso refúgio... - Marcela diz e olha pra mim

- Pelo visto não só o refúgio de vocês, essas pessoas que se jogam também encontram um refúgio lá!- João novamente como o mestre dos magos diz. Ele tinha razão, se pensarmos bem elas se jogam procurando um refúgio de todo tormento, de toda dor, de toda tristeza e lá está à saída perfeita, uma velha ponte com um fundo rio passando por baixo.

- Já se passou oito anos da última vez?- Laura pergunta

- Sim, me lembro que eu tinha oito anos- Yago fala com um pouco de tristeza na voz

- Eu também, meu avô que me falou da lenda, ele morreu um ano depois- digo me lembrando do velho José, um senhor cheio de energia, que fumava mais que uma caipora, porém morreu de pneumonia.

- Tem gente dizendo que vai ficar na ponte pra ver se assiste alguém se jogar- Tomas diz

- Esse tipo de gente é a escória dessa merda de sociedade!- Marcela diz indignada

- Então ser a escória da merda da sociedade deve estar em alta!- João diz

- Sempre esteve- eu completo o pensamento.

Terminamos de comer e em vez de Marcela e eu irmos para a sala de aula nós apenas fomos até a parte de trás do colégio, lá havia um enorme pinheiro, onde dava para subir um pouco e até ficar confortável.  Eu e Marcela já tínhamos pratica de subir lá, me lembro da primeira vez que tentamos: Eu fui primeiro, quase cai de bunda no chão, mas consegui. Marcela não teve a mesma sorte ela se esborrachou no chão e eu me acabei de rir.

- Eu tava pensando... – Marcela diz dando uma pausa - Acho que estou um pouco perdida

- Se tu tá um pouco perdida eu tô pior que cego num tiroteio e sem GPS-  ela dá uma risada - Aí miga, eu tô perdido e cansado.

- Também estou cansada, mas é que eu não faço nada para me cansar- ela diz e pega uma folhinha.

- Eis a questão, acho que estamos cansados de não fazer nada.

- Bem que meu tio falava: “O ócio prolongado por muito tempo também é chato”- ela diz lembrando do tio.

- Tá parecendo comigo citando pensamentos dos velos entes queridos- digo rindo

- É a convivência, tô virando uma chata perecida contigo!

- Há, há, há, eu sou muito legal para sua informação. - ela dá um soquinho no meu ombro e eu finjo estar ofendido.

Todas as aulas já haviam acabado e estava finalmente na hora de ir para casa. Sempre que tenho que voltar pra casa eu me sinto um derrotado por antecipação, sei que quando chegar serei crucificado por não ter dormido em casa na noite passada. Minha relação com meus pais não era das melhores, dois conservadores, fanáticos religiosos, preconceituosos. Minha mãe, Marta, ainda conseguia ser pior que meu pai, Raul, ela acabava com o psicológico de um jovem gay de 16 anos, acho que ela acabava com o psicológico de seu velho marido de 48 anos também.

Eu me despeço de Marcela e dos demais amigos, ando um pouco, penso em desculpas e no fim descido não dizer nada, ando mais um pouco, chuto uma pedra por uma parte do percurso e finalmente chego em casa. Toco a campainha e quem abre é minha irmãzinha, Joane.

Joane é meu xodozinho desde seu nascimento, ela tinha oito anos, mas parecia uma adulta em um corpinho de nada. A única pessoinha que fazia a rotina familiar se tornar suportável, Joane era inocente e ela era pra mim como uma brisa em dia de verão, um chá quentinho no inverno, uma canção triste no carro em dia de chuva.

- Log!!- a pequena corre em minha direção e me dá um abraço apertado e eu fico com ela em meus braços.

- Pequena!

- Eu cresci!- ela fala com um tom de adulta, como se não fosse pequena e sim uma gigante.

- Desculpa. Agora eu tô vendo que tu cresceu mesmo.

- Te perdoou!- ela diz e beija minha bochecha, entramos em casa e estão meus pais sentados um do lado do outro só a minha espera. Ponho Joane no chão e tento ir sorrateiramente para o meu quarto, missão falha!

- Nem ouse ir para o seu quarto sem nossa permissão!- minha mãe diz e meu pai fica calado

- Tu tá ferrado!- Joane diz pra mim com a cara de quem sabia que coisa boa não viria.

- Joane, que tal você ir brincar no seu quarto- meu pai diz

- O Log pode ir brincar comigo?- amo minha irmã!

- O Lorran não vai a lugar nenhum!- minha mãe diz com a voz mais seca do mundo. Joane me abraça e sobe para seu castelo, era assim que eu e ela tínhamos batizado seu quarto.

- Onde você dormiu ontem à noite?- meu pai pergunta

- Na casa da Marcela

- A Maria disse ter visto os dois enchendo a cara pela cidade- minha mãe diz com raiva

- A Maria vê demais!

- Olha garoto, não me desafie!- minha mãe eleva a voz

- Não tô desafiando ninguém!

- Olha filho, é que você desde que entrou na adolescência anda meio estranho- meu pai diz tentando acalmar as coisas.

- Eu sempre fui assim

- Não, você era uma criança pura, mas agora... - minha mãe diz e eu não a deixo completar

-Mas agora o que? Eu desandei? Sempre fui assim! Só nunca me deixei ser quem sou, mas agora eu não vou esconder mais nada!- digo elevando a voz

- NEM OUSE SAIR ME ENVERGONHADO POR AÍ!- ela grita me apontando o dedo

- PELO VISTO NÃO SOU EU A VERGONHA DESSA MERDA DE FAMÍLIA!- eu grito de volta

- Lorran, sobe agora pro teu quarto, tá de castigo!- meu pai diz, sendo a pessoa mais calma daquela discursão.

- Vou subir sim, mas antes eu tenho um aviso: EU GOSTO DE MENINOS!- digo e saiu bem tranquilo pro meu quarto, claro que minha mãe tem que ser segurada por meu pai pra não me bater, ela fica dizendo que eu vou pagar.

Subo até o meu quarto, entro nele e me jogo na cama, fico encarando as constelações que havia pintado lá. Não dá cinco minutos e os adultos da casa começam a discutir por causa do filho transgressor da família.

- Posso ficar com você?- Joane pergunta.

- Você realmente quer ficar aqui comigo?- pergunto e ela balança a cabeça positivamente

- Eles estão brigando porque você gosta de meninos?

- Sim! – digo tentando não desmanchar em lágrimas na frente da minha irmã

- Eu sempre soube que você era gay- dou um sorriso

- Como assim?

- Você sempre foi diferente dos outros meninos, mais doce, mais parecido comigo e também assistia My Little Poney comigo. – certo, nesse momento as lagrimas caem sem o menor controle.

- Você parou de assistir My Little Poney, prefere esses desenhos novos sem nenhum glamour- digo rindo entre as lágrimas.

- Eu gosto de meninos, por que eles não estão brigando comigo?

- Porque eles dizem ser “normal” você gostar de meninos, mas você não é muito nova para saber do que você gosta?

- Você não era muito novo para gostar de My Little Poney?- dou uma risada gostosa, nossa, a minha pequena irmã era a pessoinha mais genial que eu já vi em toda a minha vida!

- Sabe, bem que a gente poderia ver My Little Poney, né? – sugiro, ela olha para mim com aquela carinha animada e diz:

- SIMMM!- Então a noite prosseguiu comigo abraçado com minha irmã, assistindo My Little Poney que abafava o barulho da briga.   


Notas Finais


Gostou? Então comenta e favorita, até a próxima e saiba que cê mora no meu coraçãozinho s2
Bjs!


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