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História Nem tão firmes e fortes - Outra pessoa pulou...


Escrita por: Elena_33

Notas do Autor


Esperem que gostem e boa leitura, meus amores! s2

Capítulo 4 - Outra pessoa pulou...


                                                                  01, Março-2015

Cama bagunçada, eu dormi no chão, livros espalhados, celular tocando sem parar, eu acordo.

Era Marcela ligando, ela estava nervosa, parecia que tinha chorado, ela queria sair para tomar um ar e como sempre íamos nos encontrar na ponte. Vou até o banheiro e me olho bem no espelho e lá estava um garoto com os cabelos bagunçados e com a marca do chão no rosto, eu olho bem fundo nos meus próprios olhos e me hipnotizo por poucos segundos, claro. Tomo meu banho e visto minha roupa, uma roupa que eu e Marcela chamamos de farda de tanto que uso.

- Pensa que vai onde?- minha mãe pergunta com um tom de voz que me irrita

- Para a ponte

- Cuidado para não cair de lá!- ela diz com ironia

- Não te daria esse gostinho, beijinhos- digo e solto um beijo para ela, que se irrita bastante.

Não demoro muito para chegar à ponte, sabe quando você conhece tanto um caminho que ás vezes apaga e nem percebe que estava indo pra lá, tipo um piloto automático. Um de meus sonhos era ter um piloto automático para as coisas cotidianas mais chatas e repetitivas.

 Marcela estava sentada na ponte encarando a água com uma latinha de cerveja na mão e outra ao seu lado, ela realmente não parecia bem. Eu me aproximo bem devagar, não sei porque, talvez pra não causar espanto. Chego ao seu lado e me sento, me sento como uma pena pousa em uma superfície solida. Ela me vê, mas demora um pouco para olhar no meu rosto, ela me entrega a cerveja e olha nos meus olhos.

- O que houve?- pergunto

- Apenas um dia ruim!- ela responde forçando um sorriso

- Vou ter que te embebedar pra descobrir?

- Não é necessário, deixa que eu faço isso por conta própria- ela diz e me faz rir

- Me diz logo, tô curioso agora!

- Bicha afobada! – ela diz

- Sou mesma!- digo e ela rir, ela olha para a água novamente, pensa em dizer alguma coisa, mas fica calada por uns dois minutos.

- Outra pessoa se atirou!

- Daqui? Quando?- pergunto curioso, mas não chocado. Já era o quinto desde o inicio do ano e até o final seriam muitos.

- Sim, hoje de madrugada- ela não se segura e começa a chorar. Era estranho ver Marcela chorando, ela era uma das pessoas mais fortes que eu já havia visto, era como ver um pilar de concreto se desfazer.

- O que houve Marcela?

- Foi meu primo, ele me pediu pra leva-lo para ver a ponte- ela começa chorar sem parar – Eu não sabia o que ele ia fazer...

- Calma, Cela!- digo e vou abraça-la, ela estava tremendo, apertou meu braço com força e os olhos também.

- Não foi sua culpa!

- Eu gostava tanto dele, nunca pensei que ia acontecer isso...- ela diz e continua se desmanchando em lágrimas.

- Minha flor... Nunca pensamos que isso vai acontecer, mas temos que superar!

- Log, você nunca pensou em fazer isso, não é?- ela pergunta olhando para mim

- Acho que sim, mas eu desisto rápido, imagina como seria o mundo sem essa maravilhosa pessoa que sou!- eu digo tentando não piorar sua situação

- Seria egoísmo pedir pra você não tentar fazer isso?

- Eu diria que sim, mas um egoísmo com boa causa- digo e ela ri

- Você é como um irmão, cê sabe, não é?- ela pergunta

- Tinha certeza que você me tinha como um fetiche sexual- digo e ela começa a gargalhar

- Merda! Como você descobriu?- ela diz e me faz rir.

- Bem que eu podia dormir na tua casa, né?- eu pergunto

- Só vem!- Dessa vez eu aviso aos meus pais e aos pais de Marcela também, então dessa vez nada de treta.

Ás vezes eu me pegava pensando em como seria se eu me atirasse daquela ponte, sei lá, talvez eu não morresse e a correnteza me levasse para uma ilha deserta e lá eu construiria uma cabaninha e sobreviveria de bananas e água de cocó, mas talvez eu morresse e descobrisse que o paraíso é na verdade uma ilha deserta onde eu construiria uma cabaninha e sobreviveria de banana e água de cocó. 

Chegamos na casa de Marcela, ela estava um pouco mais animada que antes, falamos com seus pais, subimos para seu quarto, sentamos cada um em uma cadeira que dava pra janela, era umas nove horas da noite, as estrelas estavam lindas.

- Sempre quis pegar uma estrela quando pequena- Marcela diz dando um gole na cerveja que perdurava desde a ponte.

- Sempre quis comer uma nuvem quando pequeno- digo e também dou um gole na cerveja, espero ela descer arranhando minha garganta e batendo no meu estômago, como uma pedra bate quando jogada ao mar.

-Ser criança era legal- ela diz, acho que ela lembra de sua infância

- Nem tanto, não no meu caso!

- Por que?- ela pergunta

- Nunca me deram a Barbie que sempre quis- falo e finjo um choro.

Eu estava brincando, mas no fundo era verdade. Quando pequeno eu gostava de ambos brinquedos os considerados femininos e masculinos, mas só me deixavam brincar com os brinquedos considerados de meninos. Me lembro de uma boneca que eu me encantei, mas minha mãe me deu um tapa e disse que não era brinquedo para mim, então me deu um bonequinho de ação, eu brinquei bastante com ele, mas foi mais por falta de opção. Hoje sei que brinquedo não tem sexo, cor não tem sexo, roupa não tem sexo e se eu quiser eu posso sim ter uma boneca maravilinda em vez de um bonequinho de ação maromba.

- Já sei o que te darei de presente esse ano- ela diz rindo

- Grato, mas a senha da Netflix pra assistir sens8 já basta!

Ficamos ali vendo as estrelas, conversando besteira, bebendo um pouco, reclamando de um vizinho que nos encarava da janela de sua cozinha, falamos da escola, ela se esquivou quando falei de Marcos e assim foi passando a noite.

Já eram duas e meia da manhã, eu e Marcela estávamos finalmente deitados.

- Brigado por hoje!- ela diz

- Tá, mas eu não vou transar contigo!

- Sério? Tinha esperanças!- ela diz e me faz rir

- Miga, tu tem que superar esse fetiche!

- Eu tento, mas ele é mais forte que eu!- ficamos calados por alguns segundos e depois caímos na gargalhada.

- Boa noite, seu bosta!

- Durma bem, sua merda!


Notas Finais


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Grata desde já, bjs s2


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