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História Nem Tudo são Flores - Um Trágico Final


Escrita por: Mikkie25

Notas do Autor


Bem, para compensar o tempo absurdo que fiquei desaparecida do site, aqui vai mais um capítulo para vocês. Esse é o último capítulo pronto que eu tenho da fanfic. O próximo capítulo eu vou tentar escrever aos poucos, e quando ele estiver pronto, eu posto, mas já aviso de antemão que pode demorar. Faz muito, muito tempo que eu não escrevo, e acho que até mesmo perdi o dom. Tentei vários métodos, e até mesmo cheguei a fechar uma parceria com outra autora aqui da categoria para poder ter uma motivação para voltar a escrever, só que ela ainda não iniciou a parte dela da one-shot então eu terei que esperar. Tenho até medo de postar esse capítulo, porque sei que daqui pra frente eu vou ser obrigada a voltar a escrever e a motivação está zero : (

Isso é tudo.

A ~Yasamina, dedico o único capítulo desta história que eu verdadeiramente gostei de escrever. Muito obrigada por se preocupar comigo e agradeço de todo o coração, por tudo.

Capítulo 8 - Um Trágico Final


Fanfic / Fanfiction Nem Tudo são Flores - Um Trágico Final

 

Capítulo 7

 

Os raios riscavam os céus de forma violenta, criando clarões assustadores, enquanto que os trovões pareciam sacudir as nuvens e amedrontar aqueles que viviam nas terras do leste. Em um pequeno povoado nas planícies de Musashi, mais especificamente em uma de suas casas, gritos femininos ecoavam pelas paredes, mesclando-se a cada raio ou trovão que surgia.

— Koyoto! Minako! Já chega de toda essa gritaria! — uma voz em tom autoritário se sobressaltou entre os gritos das meninas, fazendo os sons se cessarem no mesmo instante.

— Mas hahaue... essa tempestade está muito assustadora. — a pequena Koyoto tentou se explicar, porém, Sango nada respondeu, apenas se virou, e deixando seus quatro filhos sozinhos no cômodo principal, se dirigiu até a cozinha, se sentando em um pequeno banco que havia perto da porta dos fundos.

A escuridão do cômodo era observado a todo momento pelo olhar acastanhado da exterminadora enquanto sua mente se recordava dos diversos problemas que ela enfrentara em sua vida de casada. Lembrou-se da época em que havia tido uma grande briga com Miroku, devido a seu serviço, e os sentimentos ruins trazidos pela situação inundaram seu interior, mesmo que naquele momento não tivesse havido discussão alguma. Isso porque seu marido ainda não tinha retornado para casa, porém, ela sabia que quando ele chegasse ambos acabariam discutindo, porque mesmo que Kagome não tivesse coragem de enfrentar InuYasha e apontar sua traição, ela iria enfrentar Miroku e lhe questionar sobre a infidelidade do amigo e de como o houshi poderia ter passado tanto tempo encobertando aquele ato. Isso se o mesmo não tivesse também participando daquilo. "Eu deveria saber que aquele canalha não tomaria jeito.", a dona de casa pensou, soltando uma bufada irritada, porém, antes que mais pensamentos odiosos se alastrassem em seu interior, o som da porta da frente e os gritos de alegria de seus filhos se fizeram presente, anunciando o que ela já sabia: Miroku tinha chegado. Ao ouvir tais sons a mulher se levantou rapidamente e se pôs a andar em direção ao cômodo onde o marido estava.

O houshi estava brincando com seus filhos alegremente, feliz pelo fato de ter chegado em casa e os encontrado acordados. Ele passara tanto tempo fora de casa e tinha sentido muita falta deles, porém, antes que pudesse pegar sua filha mais nova, Miyako, no colo, Sango entrou no cômodo com passos firmes e praticamente o arrastou pela gola de seu quimono até a cozinha, pedindo a seus filhos em tom de ordem que eles fossem para seus quartos e não saíssem de lá de modo algum. Quando chegou até o cômodo a mulher o colocou de frente a um banco e gesticulou com a mão para que o mesmo se sentasse.

— Sango, eu não sei o que está acontecendo com você, mas poderi... — o homem começou a falar com voz calma quando foi interrompido pela exterminadora que apontou o dedo indicador em sua direção, o fazendo se calar.

— Quieto! Agora quem fala aqui sou eu! — a mulher falou em tom de voz alto e assustador — Você tem exatamente cinco minutos para me explicar o que está acontecendo, e eu quero a verdade! Quem é a mulher que o InuYasha anda visitando na vila vizinha? — a dona de casa perguntou, vendo o rosto do marido perder a cor e ficar pálido por alguns instantes, enquanto ele a olhava pasmado. "Então  o que os aldeões disseram a Kagome-chan é verdade... Aaaaaah Miroku seu desgraçado!", a exterminadora concluiu, fechando seus punhos com força, e se preparou para avançar em seu marido, quando a voz do houshi chegou em seus ouvidos.

— C-como você soube sobre ela? Quem te contou? O que te contaram? — seu tom de voz parecia desesperado. Ele se levantou.

— Nem pense em se aproximar! — Sango gritou e colocou suas mãos frente ao corpo, como para evitar que ele chegasse perto. Ela conhecia Miroku muito bem e sabia sobre seus métodos de lhe dobrar e fazê-la se render e esquecer as discussões, mas dessa vez ele não iria escapar. A sua reação a pergunta a fez concluir que a possibilidade de a Kagome não ser a única traída na história era muito alta, e se caso não fosse, ela chegaria até o fim de tudo para fazê-lo pagar. Já havia aturado muitas coisas do marido, mas a traição ela jamais perdoaria — Pelo o que vejo a história era mesmo verdadeira, não é mesmo? InuYasha estava mesmo se encontrando com uma prostituta na vila vizinha. Como você teve coragem de esconder isso de mim?! Como teve coragem de fazer isso comigo?! Eu larguei tudo por causa de você! Deixei meu serviço, meu vilarejo, minha liberdade, minha vida de lado! Pra quê?! Pra você jogar tudo pro alto por causa de uma vadia miserável! — no momento em que gritava essas frases a exterminadora já havia partido pra cima do marido e tentava golpeá-lo, porém, o houshi foi mais ágil e conseguiu prensá-la na parede e imobilizar seus braços.

— Será que antes de sair me espancando você poderia deixar eu falar e tentar me explicar? — o homem pediu com a voz tensa, observando a mulher tentar se acalmar. Ele afrouxou o aperto nos braços dela, mas sem soltá-la — Sim, é verdade o que você disse. O InuYasha, e até eu mesmo íamos visitar essa mulher no outro vilarejo. — ele respondeu, vendo os olhos da esposa se encherem de lágrimas — Mas eu quero que você saiba que eu não traí você! Pelos deuses Sango! Eu sei que a situação não sugere outra coisa, e que meu passado não é lá o melhor, mas eu sempre fui fiel a você desde que nós noivamos! Sempre pensei que você confiasse em mim! Nós temos uma família! Eu jamais seria louco de jogar tudo isso pro alto por causa de uma simples aventura! — homem falava com a voz indignada, vendo Sango lhe fitar de forma descrente.

— Então como você explica as idas do InuYasha a casa daquela mulher e o porque de você nunca ter me contado nada? Por acaso resolveu acobertar ele? — a jovem  perguntou com aparente nojo em sua voz, enquanto se afastava do seu esposo.

— E por acaso você viu InuYasha fazendo alguma coisa com essa mulher para ter essa voz tão indignada? Ou está apenas julgando toda a situação pelos simples fato dela ser uma ex-prostituta? — o houshi perguntou, observando sua esposa fazer uma careta ao ouvir a palavra 'ex' — É isso mesmo que você ouviu, ela não trabalha mais nesse ramo. Mas antes de lhe contar tudo eu quero saber. Quem te disse onde InuYasha estava indo? Foi o Kohaku? — Miroku supôs, devido ao fato do jovem andar para todos os lados. Sango fez uma expressão de tristeza antes de responder.

— Foi a Kagome-chan. Ela tinha ido no vilarejo vizinho comprar temperos e acabou vendo o marido entrando na casa da mulher. — a exterminadora respondeu. O houshi levou uma das mãos até a boca e arregalou os olhos.

— Pelos deuses... Kagome-sama... — ele disse incrédulo e assustado, se sentando no banco onde anteriormente repousara. Pelo visto, InuYasha encontraria um sério problema quando chegasse em casa, mas ele rezava aos deuses que o amigo conseguisse explicar toda a verdade a amiga antes que esta lhe cobrisse de tapas. Ele viu a mulher lhe fitar com os olhos ávidos por uma devida explicação, e desta vez, foi ele quem acenou com a mão para que ela se sentasse a sua frente, antes de começar a falar  — Eu sei que a situação sugere que InuYasha traiu a Kagome, e que até eu mesmo possa ter traído você, pelo fato de ter escondido, mas acredite em mim Sango, há muita coisa que nem você, e muito menos ela, podem imaginar. — o houshi soltou um suspiro alto, e olhou para a vela encima da pequena mesa, acesa por Sango horas mais cedo, antes de continuar — Na verdade, meu plano era lhe contar tudo amanhã, com mais calma, mas como não tive tempo nem de cumprimentar meus próprios filhos — nesse momento ele olhou indignado para a esposa — não vejo outra escolha a não ser colocar tudo em pratos limpos agora mesmo. Bom, tudo isso começou quando enfrentamos Naraku, e InuYasha e Kagome-sama acabaram presos dentro da Shikon no Tama. Segundo o que InuYasha me contou, quando a joia havia desaparecido  tanto ele quanto a Kagome-sama foram enviados até a era dela. Aí ele começou a ser puxado pelo poço come-ossos e foi obrigado a retornar. Nesse momento o.........

Sango ouvia todo o relato do esposo atentamente, porém, com o passar do tempo foi inevitável que os olhos da mulher não se enchessem de lágrimas com todas as coisas horríveis que ela escutava. Ao terminar de contar tudo, Miroku fitou a esposa e esperou por uma resposta, que não veio. A exterminadora olhou a tempestade que caía pela janela aberta, sentindo um aperto em seu coração. Ela e Kagome se precipitaram! "Meus deuses.... pobre InuYasha.", a mulher pensou, sentindo pena do amigo que nunca conseguia encontrar paz em sua vida, mas agora sentia seu coração aliviado, apesar de tudo. Depois de escutar toda a história ela chegou a conclusão ao qual secretamente suspeitara desde o início: Definitivamente InuYasha não havia traído a Kagome.

 

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A chuva forte continuava a cair de forma violenta, alheia a toda a situação crítica que se passava dentro da pequena casa. Seus raios listravam os céus, iluminando, nem que fosse por alguns segundos, os olhos vermelhos e o corpo trêmulo do hanyou irado. Os trovões abafavam seu rosnado que parecia riscar as paredes do quarto escuro e, junto ao forte estalar dos dedos adornados de garras letais, alertavam a todos a seu redor do perigo que corriam, e isso incluía principalmente a desnuda Kagome encolhida na cama. A sacerdotisa fitava o marido com os olhos castanhos tão esbugalhados que pareciam que saltariam de sua face. Seu coração batia acelerado, porém, começou a ir a mil quando viu o esposo se aproximar lentamente de sua cama.

— I-i-nuY-y-asha, p-por -f-favor.... — a jovem começou a pedir, com a voz extremamente falha, mas parou quando viu o mesmo aspirar o ar com força.

— Ah meu deus! — foi tudo o que ele conseguiu dizer, com a voz embargada, antes de cair no chão.

— InuYasha!! — Kagome gritou desesperada, e sem se importar com sua nudez, se levantou e foi correndo ao seu socorro. Quando chegou até onde ele estava ela se ajoelhou e o puxou até seu colo, mas levou um grande susto ao se deparar com um ofusco olhar dourado.

— Me solte. — foi tudo o que ele disse, agora com um tom de voz normal, porém ofegante. Assim que o ouviu, a miko prontamente o obedeceu e observou o mesmo se levantar cambaleante — Tome um banho, e depois venha até a cozinha. Estarei lhe esperando. — ele lhe ordenou, se levantando e saindo pela porta como um furacão vermelho, desaparecendo pelo corredor.

A mulher ainda passou algum tempo fitando, ainda sentada no chão do quarto, o lugar por onde seu marido havia saído. Sua mente não conseguia processar nada, e ela resolveu ir acatar a ordem dada por ele. Se levantou lentamente, pegou um quimono limpo na cesta localizada no canto, e se dirigiu ao ofurô. Resolveu tomar um banho frio mesmo, primeiro porque queria tirar os resquícios de cansaço que insistiam em ficar em seu corpo, e segundo porque não tinha coragem de ir até a cozinha esquentar a água. Enquanto se lavava, sua mente parecia ter despertado de um torpor com a água fria e funcionava a mil. "Meus deuses!! O que foi que eu fiz!!", a mulher se amaldiçoava mentalmente pela sua fraqueza. Agora, quem era a vilã era ela, pois mesmo que InuYasha a tivesse traído, deuses!! Ela dormiu com o próprio cunhado!! O que ela poderia fazer?! Ou falar?! O corpo, já cansado das longas horas de sexo com Sesshoumaru e a mente perturbada pelos pensamentos conflitantes fora mais do que ela pode suportar. Ao sair da banheira seu corpo desabou, e se segurando na borda da mesma ela se pôs chorar compulsivamente. Tinha medo, muito medo do que  InuYasha poderia fazer com ela. O modo como ele a olhou... deuses... era como se fosse retalhá-la naquele instante. De repente, os olhos da miko pousaram sobre a janela aberta, por onde um vento forte entrava, fazendo a luz da única vela acesa naquele cômodo bruxulear até quase se apagar. Ao observá-la, a ideia de fugir lhe passou pela cabeça. Se escapasse,  poderia ir para casa de Sango, onde com certeza a amiga lhe daria abrigo e ela poderia esperar até que a situação pudesse se acalmar, sua mente raciocinava enquanto se aproximava da janela, porém, quando seus dedos tocaram a batente da mesma e os pingos gelados da chuva, carregados pelo vento, tocaram seu corpo nu, ela desistiu da ideia, devido a  uma lembrança da amiga lhe pedindo para que não  tomasse nenhuma atitude precipitada. Como Sango reagiria se lhe contasse o que havia acontecido entre ela e Sesshoumaru? Ela concluiu que não pagaria para ver. Pior do que o olhar de ódio do esposo seria o de decepção da amiga, então decidiu que enfrentar InuYasha e resolver tudo seria a melhor decisão. Tendo esse pensamento, a jovem pegou o kimono, o vestiu e saiu do ofurô, se dirigindo a cozinha.

Ao passar pelo seu quarto, a visão do seu fiel arco-e-flechas preencheu seus olhos, fazendo-a se dirigir até ele, mas antes que pudesse pegá-lo, seus pés sentiram a textura mole do sangue coagulado no chão, levando seu olhar até ele. "Esse sangue é das mãos do InuYasha.", pensou a mulher, se lembrando das vezes que o marido ficava extremamente furioso e fincava as garras em suas mãos, as empapando de sangue. Ao se lembrar dessas imagens ela sentiu um arrepio em seu corpo e um frio na espinha. Junto a todo aquele sangue havia um belo lírio, o que a fez o pegar e analisar a flor, que apresentava diversas manchas vermelhas em suas delicadas pétalas brancas. "Ele tinha me trago um buquê de flores.", ela refletiu internamente, enquanto seus dedos passavam pela flor que o marido sempre costumava lhe dar nos tempos de noivado. Depois de observá-la, ela fitou chão mais uma vez, vendo todas as diversas flores espalhadas, enquanto várias perguntas se formavam em sua cabeça: Por qual motivo InuYasha havia lhe trago flores? Por que, depois de tanto tempo de brigas, desprezo e uma traição, ele havia decidido fazer isso? Será que ele desconfiava que ela soubesse de algo? Ele sempre havia lhe dito que flores eram para momentos especiais, e enquanto tais dúvidas inundavam sua mente, ela deixou o aposento, levando consigo o lírio manchado, e percebendo que, talvez, ter ficado teria sido mesmo a melhor opção. Talvez.

Todo o percurso até a cozinha, que em  todo o tempo em que morava naquela casa ela julgara ser tão curto, nunca fora tão longo. Ao sair de seu quarto, ela foi para a direita e seguiu em direção até o fim do corredor, onde viraria para esquerda e sairia no cômodo. Enquanto fazia este percurso foi inevitável que seus olhos não passassem pelo quarto dos filhos, a fazendo agradecer mentalmente a Kaede por ter pedido pra ficar com eles naquela noite. Ela não conseguia imaginar o que faria caso eles estivessem ali e presenciassem tudo aquilo. Seus pés continuaram o trajeto até que finalmente alcançaram seu objetivo. Quando a sacerdotisa chegou a cozinha, pôde perceber uma vela acesa, iluminando o hanyou que se encontrava sentado perto da mesa, com ambas as mãos apoiadas na mesma e segurando um copo de barro enchido até a borda de saquê. A sua frente, a jarra trazida por Sesshoumaru parecia brilhar iluminada pela luz do fogo. Quando percebeu que era observado, o jovem fechou seus olhos e os abriu, virando-os lentamente em direção à esposa que estava parada na batente da porta.

— I-inuYasha... pelos... deuses...  — a mulher falou aos sussurros, com seu tom de voz incrédulo, ao mesmo tempo que fitava a, agora, figura iluminada do marido, ou o que sobrara dela. Aquele não era InuYasha! Não, não era! O homem por quem se apaixonara perdidamente e amara de todas as formas,  a quem havia se entregado fervorosamente a poucas semanas atrás não lembrava em nada o ser a sua frente. Seu rosto, antes tão tempestuoso e belo, agora era a própria figura da decadência e da fraqueza; suas bochechas, que ela tanto gostara de apertar, agora não existiam mais, em todo o total, o rosto do marido estava ossudo e chupado, como o de uma pessoa doente. Seus olhos, de um dourado arrebatador e brilhante, agora eram foscos e sem um traço de felicidade, apresentando olheiras profundas e negras ao redor deles, dando como um toque final, uma obscuridade a sua expressão. O olhar arregalado da miko analisou o corpo do marido desde sua face abatida, suas mãos machucadas e magras, repleta de veias, até os pés, sujos de sangue, tentando encontrar em seu interior a resposta para quando o hanyou ficara daquele jeito. "Meu deus, o que aconteceu com ele?!", a mulher se perguntou desesperada. Ela duvidava muito que uma luta contra um youkai pudesse ter causado aquilo. InuYasha era muito poderoso, e dificilmente se deixaria ficar daquele modo por alguma coisa, então o que poderia ter acontecido? De repente, a resposta pra aquela pergunta se tornou algo perigoso para  ela descobrir e novamente o medo de estar sozinha com o esposo ali, se abateu sobre si. InuYasha passou algum tempo fitando a face da mulher, antes de falar.

— Kagome, por favor, somente me responda: Ele te forçou a fazer isso? — a voz do hanyou saiu cansada e fraca, sussurrante. Em sua mão, o copo de barro balançava, na mesma medida que sua mão tremia, mostrando todo o seu nervosismo, provavelmente pela resposta que a miko pudesse dar. Ele a viu soltar um longo suspiro, fechar os olhos e abri-los novamente antes de dar sua resposta.

— Não. — foi tudo que Kagome conseguiu dizer, com seu coração batendo a toda velocidade. Ela não iria mentir. Essa história já tinha mentiras demais. Naquele momento ela precisava da verdade. E iria consegui-las, mas pra isso também precisava ser sincera.

— E-então p-por q-que? — dessa vez InuYasha perguntou, com a voz embargada e os olhos incrédulos. Por que ela estava fazendo aquilo? Por que estava sendo tão cruel? Por que estava destruindo seu coração daquela forma? O que ele tinha feito para merecer aquilo? Sua simples pergunta abordava tudo isso. Ele não compreendia nada.

— I-inuYasha,  e-eu... — a pergunta tinha pego Kagome de surpresa. Na verdade, por mais que estivesse preparada para que, mais cedo ou mais tarde, fosse escutá-la, ela não sabia como explicar. O que deveria dizer? Que tinha dormido com Sesshoumaru por carência? Seria este um argumento válido? Ela continuou fitando o rosto do marido sem conseguir dar continuidade a sua frase.

— Kagome, eu te fiz uma pergunta e quero que você me responda! — o hanyou falou, enquanto se levantava e largava o copo sobre a mesa, com seu tom de voz alto e autoritário. Ele observou a esposa se afastar, assustada com sua reação, e o olhar altamente inquisitivo que ele lançava sobre ela, soltando algo em sua mão em cima da pequena mesa que tinha perto da porta.

— InuYasha, eu.... eu não sei por onde explicar! — a mulher começou a se defender, se sentindo ameaçada com a aproximação lenta do marido, acabando por deixar seu pequeno lírio sobre a mesa — Eu estava tão carente! Você não era mais o mesmo comigo! Desprezo! Brigas! Frieza! Droga, era só isso o  que recebia de você! Isso quando você não resolveu aparecer aqui em casa, depois de dias, semanas, meses desaparecido, e me atacar no meio da noite, me usando e descartando no dia seguinte como uma puta qualquer!! — a jovem falava, com a voz chorosa e alta, sentindo seus olhos se embaraçarem com as lágrimas ao se lembrar de todas as coisas horríveis que passara nos últimos dois anos — Eu estava desesperada! Chorava todas as vezes que acordava e não  via você do meu lado, sentia sua falta, pior, eu ainda sinto... — ela deu uma pausa, secando as lágrimas que nesse momento já caíam de seus olhos — Tudo um dia cansa InuYasha. Eu acreditava do fundo do meu coração, quando nos casamos, que o amor que eu tinha por você seria capaz de superar tudo, mas agora, eu vejo que estava errada, completamente errada. O amor não supre toda a dor e abandono que estou sentindo, e parece que foi o mesmo pra você, não é mesmo? Bastou nosso casamento entrar na rotina... a paixão acabar... pra você se deixar levar por uma prostituta miserável! ATÉ QUANDO VOCÊ ACHAVA QUE CONSEGUIRIA ESCONDER DE MIM, SEU FILHO DA PUTA DESGRAÇADO, A VADIA QUE VOCÊ TINHA NA RUA?!!! ACHOU QUE EU NUNCA FOSSE DESCOBRIR?!! FICA AÍ ME OLHANDO COM CARA DE IDIOTA, MAS VOCÊ NÃO FOI O ÚNICO TRAÍDO DA HISTÓRIA NÃO É MESMO?!!! COMO TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO COMIGO INUYASHA?!!! — Kagome berrava e o acusava, com sua face completamente avermelhada, enquanto as lágrimas desciam grossas e mancharem seu rosto de veias saltadas. Ela observou o marido a olhar com os olhos dourados arregalados de pura descrença, quando ela citou sua suposta amante secreta.

— O-o que.... — o rapaz começou, com a voz baixa — Mas do que diabos, inferno, você está falando?!! — ele gritou, assustando Kagome, que não esperava uma reação dessas — Amante?!!! Eu chego em casa, pego minha esposa nua na minha cama, impregnada com o cheiro do filho da puta do meu irmão, e ela vem 'me' acusar de traição?!! K-kagome, você faz ideia do que está falando?!! Faz mesmo ideia?!!! Por acaso você tem provas disso?!!! Tem provas de que eu traí você?!! Por acaso você me pegou em alguma situação indecente com essa 'tal' prostituta pra falar isso de mim?!!! — InuYasha fazia todas essas perguntas, vendo Kagome  o olhar de forma confiante, como se já esperasse por aquilo.

— Se esta é sua defesa, saiba que eu vi sim você entrando na casa dela, que fica na vila vizinha. Até mesmo presenciei o modo carinhoso como ela recebeu você, e também como você a tratou. Nunca pensei que iria vê-lo rindo tanto quanto naquele dia. — a sacerdotisa revelou com a voz repleta de desprezo, se sentindo enciumada com as lembranças do sorriso que o marido tinha dirigido a linda youkai. InuYasha, ao ouvir o que a esposa havia dito, começou a rir alto, o que a deixou preocupada.

— É isso que você chama de traição? Isso que vai usar em sua defesa? Kagome, mesmo que eu realmente tivesse traído você, acha mesmo que isso iria justificar o que você fez? Deuses!!! Você transou com meu irmão!! Meu próprio irmão!!! Acha mesmo que isso tem comparação? Ou não concorda que você diz isso só porque é uma puta desgraçada que só estava esperando a oportunidade para servir qualquer vagabundo maldito com esse seu corpo sujo!! — as palavras altas e carregadas de ódio entraram fundo em Kagome, que teve que se segurar na batente da porta para não cair no chão. 'Mesmo que ele tivesse a traído?' "Então quer dizer que não havia traição alguma?", a sacerdotisa pensou, confusa. Como se tivesse lendo seus pensamentos, o hanyou resolveu retomar a fala novamente — É isso mesmo. O que você acusa ser uma traição, nada mais foi do que eu visitando uma amiga minha, que vive na vila vizinha, junto com o marido e a filha. Eu sempre ia visitá-la, para poder ver a menina, que tem uma doença terminal e gostava da minha companhia, e era por esse motivo que eu costumava passar tanto tempo lá. — ele terminou, observando a mulher o fitar com os olhos arregalados devido a informação. Kagome ficou sem palavras, mas se esforçou para fazer uma pergunta.

— E-então por que me você n-nunca me apresentou a eles, se não tinha nada a esconder? — ela perguntou com a voz baixa,ainda abalada com tudo aquilo que tinha escutado.

— Na verdade, eu tinha sim algo a esconder, mas isso não vem mais ao caso. — ele respondeu, de forma fria — Agora  que eu me expliquei, você vai me responder a quanto tempo essa palhaçada toda está acontecendo. Desde quando você anda 'curando a sua carência' fodendo com o meu irmão feito uma vadia pelas minhas costas? — o jovem perguntou de forma agressiva, enquanto fitava a mulher a sua frente esperando a sua resposta. A miko sentiu sua espinha gelar e seus instintos ficarem em alerta, mas se manteve firme e respondeu com a mais pura verdade.

— InuYasha, seu irmão pareceu aqui em casa depois anos desaparecido, dizendo que queria conversar com você, mas como não estava em casa ele ficou por aqui alguns dias — ela interrompeu sua frase, soltando um longo suspiro — e aí acabou acontecendo. Então, não existe nenhum caso entre eu e ele. Foi apenas um erro. — ela terminou, vendo o jovem a sua frente a analisar durante algum tempo, enquanto ponderava suas palavras.

— Hmmm, é mesmo? — o hanyou disse com ironia enquanto se virava, voltando para a mesa e, chegando nela, pegou a jarra de saquê e o fitou entre seus dedos — Pois é difícil acreditar em suas palavras vendo isto aqui. Sabe, posso até não ter convivido muito com Sesshoumaru, mas o conheço bem o suficiente para saber que ele jamais traria o melhor saquê servido nas terras do oeste para um simples jantar. Faz muito tempo que eu não o provava, mas mesmo assim nunca esqueci seu sabor. Kagome... — ele se virou para a esposa com o objeto seguro em suas mãos — tem realmente certeza que está falando a verdade? Porque esta será a última vez que eu irei perguntar. Desde quando isso tudo está acontecendo? — o rapaz tinha uma voz assustadora. Kagome sentiu um nó se formar em sua garganta e o instinto martelar forte em sua cabeça, implorando-a para fugir dali o mais rápido que pudesse, mas ela ignorou e novamente começou a dar a mesma resposta ao marido.

— InuYasha, eu disse a verdade. Eu e Sesshoumaru não temos um ....

MENTIROSA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! — o hanyou gritou com todas as suas forças, lançando com tudo o jarro de porcelana no chão, que se espatifou com um som estridente de vidro quebrado, o espalhando por toda parte, junto com o saquê. Kagome tomou um grande susto com  o ato do marido, e o olhou assustada, vendo a face dele se contorcer em pura fúria — VOCÊ É UMA GRANDE MENTIROSA!! — ele avançou na direção da esposa e, antes que ela pudesse fugir, a agarrou pelos braços — Não ouse mentir mais do que já mentiu pra mim Kagome. Fale a verdade pelo menos uma vez nessa sua maldita vida miserável!! — o rapaz disse com a voz ameaçadora. A miko fitava o marido com a face apavorada.

— M-mas eu juro que não estou mentindo. E-eu não sei porque Sesshoumaru trouxe essa bebida, mas eu juro pelos nossos filhos que eu não tenho um caso com ele. — a mulher falou com a voz entrecortada de dor, sentindo as garras afiadas do marido adentrarem a carne dos seus braços com força.

— Não coloque meus filhos no meio disso tudo!! — o rapaz falou em voz alta, antes de girar o corpo da jovem e a lançar em direção a extensa mesa atrás de si. Kagome sentiu a aresta de madeira do móvel bater com força em suas costas, causando uma dor lancinante que a fez ir ao chão e soltar um silvo quando os diversos cacos de vidro no assoalho perfuraram sua pele. Ela sentiu o sangue escorrer dos cortes e banhar o local onde estava. Permaneceu algum tempo deitada, até que resolveu tentar se levantar, mas a dor nas costas, braços e pernas só a permitiu levantar a cabeça a tempo de ver o marido se aproximar de si, com um olhar predador que a arrepiou até os ossos.

— Sabe, eu até consigo imaginar tudo o que aconteceu enquanto eu estive fora. — ele dizia, ao mesmo tempo que se ajoelhava ao lado da jovem lentamente — Pra dizer a verdade, é tão intenso que eu quase consigo ouvir os gemidos safados de vocês dois nas diversas vezes que se deitaram na minha cama, as risadas que devem ter dado da minha cara. O quanto devem ter me chamado de 'idiota' por nunca ter desconfiado de nada, não é mesmo? — o rapaz disse agressivo, ao mesmo tempo que pegava nos cabelos da mulher e puxava sua cabeça pra que ela pudesse olhá-lo. Kagome arfou de dor, quando sentiu o forte puxão, e fitou a face do marido, que possuía uma expressão contorcida. "Ele está cego de ódio! O que eu posso fazer para ele acreditar na verdade!", os pensamentos da jovem corriam desesperados, assim como seu coração. Forçando a voz pela sua boca, ela tentou se defender.

— I-inuYasha, por favor... — ela sentiu o aperto em sua cabeça ficar maior, quando começou a falar, fazendo-a  quase desmaiar, mas se manteve consciente e continuou — Eu já lhe disse a verdade! Por favor, me solte! Está doendo muito. — terminou suplicante. InuYasha, ao ouvir o pedido da esposa a soltou, porém, virou o corpo dela de forma bruta para cima, assustando a jovem.

— Você ainda insiste nessa merda de mentira, o que será que eu terei que fazer pra você me contar a maldita verdade!!!! Será que eu vou ter que te matar?!!! — o jovem disse transtornado, ao mesmo tempo que se colocava sobre a esposa e suas mãos iam até o pescoço da jovem, o apertando com força. Os olhos de Kagome se arregalaram e seu corpo deu uma forte arqueada ao sentir as mãos fortes do marido lhe prenderem o pescoço, tirando o ar de seus pulmões aos poucos. As garras afiadas entraram certeiras em sua carne, fazendo o sangue esguichar. Suas mãos foram instintivamente até as dele para tentar pará-lo, mas foi em vão. Ao observar o rosto da moça passar do corado para branco e do branco para o roxo, foi que InuYasha se deu conta do que estava fazendo. O ódio, a raiva, a tristeza foram tantas e tão intensas que acabaram por tirar sua sanidade, que já estava abalada. Ao perceber isso, suas mãos afrouxaram até que ele largou o pescoço da mulher, que começou a tossir sangue e puxar o ar com urgência. Os olhos dourados fitavam o desespero do outro corpo. Aquilo doía tanto. Sua vontade era de arrancar o coração do peito tamanha era dor que sentia. Mas como, como aquilo podia estar acontecendo?! Só podia ser um pesadelo. E ele queria, rezava aos deuses que fosse. Pelos deuses!! Que pecado tão grande ele teria cometido para merecer uma punição dessas?!! Ao mesmo tempo que estes pensamentos chacoalhavam seu interior ele começou a sentir os olhos arderem a as lágrimas brotarem e caírem desesperadamente, até o ponto que seu corpo soluçava e sua face era fortemente banhada pelo líquido. Sua vontade era de se deixar levar pelas lágrimas e abraçar a esposa, mas um súbito pensamento o fez agir completamente diferente. Com o corpo tremendo ele se levantou, e, encarando Kagome pela última vez, deixou que sua voz chorosa ecoasse pelo cômodo.

— Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas amaldiçoo o dia que você cruzou o meu caminho, e me amaldiçoo ainda mais por ter sido tão idiota e ter acreditado em você. E pensar que até cheguei a venerá-la, a achar que você fosse melhor que a Kikyou! Agora eu vejo quem você realmente é, e sinto pena dos meus filhos por eu  ter escolhido esse tipo baixo de mulher pra ser a mãe deles, mas irei me redimir. Vou embora desse lugar e levarei eles comigo. Então pode ficar com a casa, com tudo o que você quiser que estiver aqui!! Eu nunca mais quero te ver novamente, nunca mais!!!! — ao terminar a frase, ele se virou e, correndo, saiu pela porta dos fundos, sumindo em meio a escuridão da tempestade.

Kagome permaneceu estirada no chão. Seu corpo todo sangrava e doía, mas talvez a dor maior estivesse em seu coração. Ela iria perder os filhos!!! Seu doce Shibuya e seu amado Sattoro. Seu olhar ainda permanecia fitando o lugar por onde ela vira o marido sair e ao imaginar que ele levaria seus meninos tentou se levantar, porém, os diversos ferimentos não permitiam que ela movesse um músculo sequer. Depois de tanto tentar, conseguiu se colocar de pé, se apoiando na mesa ao seu lado, mas já havia perdido tanto sangue que a vertigem que bateu sobre si não a deixou levantada nem um minuto. Seu corpo tombou, e ao bater a cabeça violentamente no solo e a escuridão começar a lhe envolver os olhos, ela ouviu gritos que pareciam distantes e uma figura disforme surgir e chamar por seu nome.

 

 

                                                          

 

 

 



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