1. Spirit Fanfics >
  2. Neptune >
  3. 2:15

História Neptune - 2:15


Escrita por: Miya-sensei

Notas do Autor


Eu prometi a mim mesma que a minha fase Vocaloid tinha passado, mas de vez em quando tenho umas recaídas e coisas como essa acabam saindo. Vou esclarecer umas coisas: 1) estou escrevendo isso para passar o tempo, ou seja, não levem muito a sério, ou levem, porque posso mudar de idéia e transformar isso numa puta fic foda hauauhahahah. 2) sim, Genderbend, eu amo Genderbend. 3) eu escrevo melhor do que isso, só quero causar mistério, por isso descrições e parágrafos curtos. 4) não sei se vou demorar para postar o próximo cap, mas provavelmente não muito.
É isso! Beijos. :3

Capítulo 1 - 2:15


— Luki, aqui é o Gakupo, e sei que a gente se falou uma vez na vida, e que apesar de estudarmos o mesmo curso a gente mal olha na cara um do outro, e imagino que deva estar se perguntando "como esse idiota conseguiu o meu número?" e...

Ao fundo do outro lado da linha, risadas e música alta. Luki não tem tempo de sequer abrir os olhos para ver que horas são antes de Gakupo desatar a falar, mas imagina que seja tarde o suficiente para deixá-lo muito, muito irritado. 

— Porque está me ligando? 

— Ok, direto ao ponto: eu não faço idéia de como esse cara ainda está vivo, ele não parou de beber desde que chegou e já arrumou briga com todo mundo. Se você quer evitar uma possível morte, é melhor vir buscá-lo agora, ou vou ter que deixá-lo na rua e isso não vai ser nada legal pra vizinhança.

— De quem você está falando? 

— Akaito! Como é o nome desse guri que você trouxe? Meito. Isso. Sakine. Ele é seu amigo, certo?

Meito. Quem mais poderia ser? 

— Esse idiota... Droga. E onde é essa festa? 

— Anota o endereço.

Luki rastejava pelo quarto procurando um casaco e um par de tênis enquanto Gakupo dava detalhes da deplorável situação do seu amigo. Meito não saía para beber dessa maneira há um bom tempo, o que era preocupante. 

— Então eu perguntei pra ele enquanto ele vomitava pela terceira vez se tinha alguém pra quem eu pudesse ligar, então ele me deu o celular e disse "se tem uma pessoa em quem eu posso confiar a saúde do meu fígado, esse alguém é o Megurine".

Apesar de tudo, ouvir esse tipo de coisa o fez sorrir. 

— Tranque ele em algum lugar. Chego em alguns minutos. 

2:15 da manhã, Luki estaciona o carro em frente a uma casa no subúrbio da cidade, uma terra sem lei. A música alta ecoa pelo bairro inteiro, mas ninguém parece realmente incomodado. Luki entra e vê alguns rostos conhecidos, porém sem nenhum sinal de Gakupo ou Meito. Gumiya, que estava sentado mexendo no celular, desfaz a cara de tédio quando Luki se aproxima.

— Megurine-san, o que está fazendo aqui?

— Vim matar certa pessoa. Por acaso viu o Meito por aí? 

— Sakine-san está lá em cima no banheiro, eu acho. Ele se machucou feio. Um cara deu o maior soco na cara dele. 

— Eu vou acabar com ele. 

— Espera! Olha, tenha um pouco de paciência, a Kaiko deu um pé nele ontem e hoje ele viu ela saindo com outro cara, ele tá arrasado.

— Puta merda — a cabeça de Luki começou a doer só de imaginar a situação. — Eu vou lá buscar ele. 

— Boa sorte!

Subiu as escadas com pressa, desviando de uns dois casais aos amassos. O lugar está quente. Luki tenta pensar no motivo para Kaiko terminar com Meito, o relacionamento deles até então nunca havia dado sinais de que estava mal. Na verdade, Luki mal consegue se lembrar de um dia que os dois saíram juntos para beber, comer comida árabe ou simplesmente conversar, desde que eles começaram a namorar. Luki até cogitou começar a sair com alguém. Caminhou pelo corredor, seguindo o som de alguém botando as tripas para fora no banheiro. Abriu a porta, Meito está debruçado na privada, sozinho. Luki sente o seu estômago revirar como se fosse vomitar também, mas é apenas pena. Nunca quis tanto matar e abraçar Meito como agora.

— Meito — ajoelhou-se ao lado dele, afastando a franja da testa suada. Seus olhos estão tristes, irritados, e o esquerdo inchado e roxo, provavelmente por causa de uma briga. Ele cheira a uma mistura peculiar de almoço estragado, vodka com refrigerante, perfume e suor, e tudo isso aconteceu por causa de uma garota.

"Não é qualquer garota, é a Kaiko", ele diria.

— Megurine? 

— Vem, levanta — Luki o levanta, ele está mais pesado que o normal. Meito nem consegue olhá-lo nos olhos. — Vamos embora.

— Não... Agora não...

— Você está uma merda e é melhor irmos embora para que eu possa te matar em um lugar privado. 

— O que você está fazendo aqui? Você não é amigo do Gakupo. Bom, eu também não sou, mas o Akaito é, e ele me trouxe porque precisava de um porre urgente e...

— Gakupo me ligou para vir te buscar. A gente conversa sobre isso em casa, vamos.

O braço mole de Meito desliza pelos seus ombros, de modo que ele possa se apoiar. Luki abre a porta do banheiro com o pé, tentando tirar os dois daquele cômodo minúsculo e abafado e triste. 

— Eu não quero ir agora, Luki... Eu vou encontrar ela lá fora...

Meito nunca chamou Luki de Luki. Nem em suas piores bebedeiras, em que quase entrou em coma álcoolico. Nem quando precisava de ajuda para levantar, ou para bater naquele cara que na verdade era um guarda-roupa. Mais um sinal de que Meito está fodido e Luki responsável por não deixá-lo se afundar mais na merda que a crise existencial pós-termino de relacionamento proporciona. Às vezes a vida é uma merda.

— Eu não posso deixar você se destruir sem fazer nada, muito menos por causa de uma garota. 

— É a Kaiko. Faz parte do processo de cura me destruir por causa dela.

— Não me venha com essa.

— Você não entende porque você é viado e obviamente mais feliz com seus casos de uma noite do que com um relacionamento sério e estável como o meu.

— Esse não é o termo correto e cala a boca que você acabou de levar um pé na bunda.

Meito não disse mais nada pelo caminho das escadas até o carro. Agradeceu Gakupo assim que passou pelo jardim. Colocou Meito no banco do passageiro, passou o cinto de segurança e o cobriu com uma manta que guardava nos bancos de trás. Suspirou profundamente, tentando entender o porquê ele não lhe disse nada sobre o que aconteceu, e sim para Akaito, o idiota que só sabia de festas e drogas. Luki é seu melhor amigo. Luki sempre cuidou dele, não Akaito. Pisou no acelerador sem perceber que estava quase a oitenta por hora.

— Não para — Meito murmurou, quase desmaiando.

— O quê? 

— Não para. 

Luki arqueou as sobrancelhas, parando de olhar para a rua vazia por alguns segundos.

— Vamos para algum lugar legal.

— Você acabou de sair de uma festa.

Meito sorriu.

— Não era um lugar legal. Não conhece nenhum lugar legal? Você não é legal.

— Cala a boca. Você precisa descansar.

— Você sabe porquê ela terminou comigo?

Meito encostou a cabeça no vidro da janela. Sua voz está oscilante, como se a qualquer momento ele fosse cair — do carro ou para dentro de um sonho.

— Não acho que você queira falar sobre isso agora.

— Eu fiz tudo por ela. Deixei de sair com meus amigos todos os sábados para almoçar na casa dos pais dela. Me vesti de policial na primeira vez que a gente transou.

— Como? — Luki gargalhou. A noite dele valeu a pena só pelo que acabou de ouvir.

— Só bebia cerveja sem álcool. E quando ela precisou de dinheiro pra pagar o aluguel, eu dei.

— Você não pode culpá-la porque ela não gosta mais de você. 

— Luki, estou de porre, deixe eu praticar minha auto-piedade em paz sem ser julgado.

— Me agradeça por ter vindo te buscar, babaca.

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Luki ultrapassava os sinais vermelhos para chegar mais rápido, e de repente, a mão de Meito pousou na sua perna. Luki tomou um susto, mas mal teve tempo de dizer alguma coisa.

— Para. Para o carro agora. Encosta essa merda.

— O que ac--

— MERDA, LUKI, PARA O CARRO!

Luki encostou o carro. Meito abriu a porta e se debruçou para fora, vomitando uma gosma laranja nojenta, grunhindo e apertando o estômago com força. Luki desce e para ao seu lado, tirando a franja da testa e batendo de leve nas suas costas. Não é a primeira vez que Luki presencia Meito nessa situação, mas é a primeira vez que um porre não significa apenas um porre. 

— Eu tava pensando em chamar ela pra morar comigo — ele disse entre uma gorfada e outra, fungando. — Sabe, ela brigou com os pais dela e queria sair de lá. 

— Você não tem que lembrar disso agora, cara.

— Não era para ter terminado assim. 

— Meito, para de falar. 

E parou assim que apagou, caindo de cara na poça do próprio vômito. Luki se pergunta como ele consegue continuar tão lindo destruído desse jeito.


Notas Finais


Cair de cara no próprio vômito, que visão maravilhosa.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...