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História Neptune - Sábado


Escrita por: Miya-sensei

Notas do Autor


o que há de errado comigo que não consigo fazer as coisas rápido?
enfim. desculpem a demora. aqui está.
escrevi várias versões, mas essa foi a mais perto de ser aceitável.
espero que gostem. beijão <3

Capítulo 2 - Sábado


 

"Como seu melhor amigo", Luki murmura contra o travesseiro, sentindo o cheiro que seu shampoo deixou nele. "Tenho o direito de saber o que aconteceu." 

"Minha cabeça está explodindo, cara", responde Meito, recebendo o calor das costas de Luki encostadas nas suas através da indução. "E mesmo que eu estivesse perfeitamente bem fisicamente, não estou nem um pouco afim de tocar nesse assunto."

"Você está com vergonha" conclui Luki sem muito esforço, o que o faz soar muito convicto. E ele está detestavelmente certo, claro. É quase como se os dois seguissem o mesmo roteiro, sempre. 

Meito resmunga algo ininteligível, recusando-se a admitir, mas querendo responder algo. Ele quer contar tudo para Luki, mas sabe que Luki está longe de entender o que é ter o coração esmagado. Quer explicar o motivo de usar a palavra esmagado no lugar de partido —  se estivesse partido, a dor teria como escapar. Mas esmagado, a dor dói mais.

"Eu deveria estar imune", diz ele. É rouco e cansado, como o som de um carro que está na estrada por horas. 

"Ao álcool, certamente", é quase possível ouvir um sorriso brincalhão, acolhedor, cuidadoso, crescer no rosto de Luki. "Ele corre nas suas veias no lugar do sangue."

"Quanta graça, Luki" ele tenta rir. "Eu estava falando de... Bem, você sabe. Kaiko e todo o resto."

"Achei que você não quisesse tocar no assunto" falou Luki. O próximo minuto segue em absoluto silêncio. "Para ser sincero, e sei que você não pediu a minha opinião sobre isso, você não teve muitos relacionamentos além da Kaiko para estar imune a alguma coisa." 

"É claro que eu tive" diz Meito nem um pouco confiante, encolhendo-se como uma criança tentando se defender de uma bolada na cara. 

"Ficar não é namorar." 

"Mas é um relacionamento."

"Mas não é sério."

"Certo. Ah, merda, esquece, ok?" ele se senta abruptamente na cama, esfregando o rosto com as mãos. 

Luki tem uma mania irritante de deixar as cortinas abertas. A luz da manhã entra fracamente pela janela, cobrindo o quarto de branco. 

"Não estou tentando fazer você se sentir mal."

"Não quero nem imaginar como é quando você quer fazer alguém se sentir mal."

"Tudo bem, me desculpe." 

Meito silencia. Por um momento longo, ele apenas permanece sentado, de olhos fechados, concentrando-se em não se desmontar em mil pedaços. Parece que o seu corpo inteiro é feito de peças de lego. 

"O que aconteceu naquela festa?"

"O que aconteceu é que eu não estava bêbado o suficiente para não vê-la chegando com outro cara" disparou dolorosamente. "Sabe o Kiyoteru, o cara que vivia dando em cima dela?"

"Puta merda."

"Exatamente."

"Ele não dava aulas particulares de Geometria pra ela?"

"Agora ele dá mais do que aulas particulares."

Lentamente uma canção entra pelos seus ouvidos. É difícil identificá-la no começo, mas o silêncio quente do quarto ajuda. Ela vem dos vizinhos. 

"Está ouvindo isso?" pergunta Luki. 

Meito vira o rosto para ele com um olhar de chocolate curioso. 

"Estou."

"É bonita."

"Quando está dito e feito, deixe ir. Que conveniente."

Eles sorriem um para o outro. 

"Preciso de café" diz Meito.

"Precisamos."

A casa inteira é preenchida pelo cheiro de café. Meito logo é bombardeado pelas memórias de quando Kaiko passava a noite no lugar que injustamente chama de casa, e preparava o café da manhã vestindo apenas uma camiseta sua, cantarolando uma canção qualquer. 

Não é exatamente o tipo de memória boa que Meito classificaria como dolorosa. Na verdade, é como se ele soubesse que, quando voltasse para casa, ela ligaria e apareceria por lá com seu vestido de gola em V e mangas longas e batom com gosto de tutti frutti, e isso o deixa feliz, por um curto momento. Ele não consegue acreditar, não consegue aceitar como tudo pode ter acabado tão simples para ela. 

Quando Luki senta no lado oposto da mesa, algo atravessa o seu corpo com uma força devastadora. É estranho e deixa suas pernas fracas, e ele, lentamente, movido por esse algo, cruza os braços em cima do vidro e abaixa a cabeça.

"Você não vai tomar o café?" pergunta Luki. "Meito?"

"Está tudo bem" responde ele. 

É tudo silêncio até não ser mais possível controlar o som dos soluços. 

"Estou bem, sério."

"Não, não está" diz Luki suspirando, a cadeira se arrastando lentamente no chão. "Essa é a última coisa que você está."

Meito encolhe os ombros. "Estou."

Luki se ajoelha ao seu lado, envolvendo o tronco do outro com os braços quentes e macios e cuidadosos, repousando a cabeça no ombro dele. 

"Está tudo bem não estar tudo bem."

Meito levanta o rosto molhado e vermelho. "Eu não acredito que estou chorando na sua frente."

Luki sorri, ainda deitado em seu ombro. "Você é o babaca mais sentimental que eu conheço." 

"Odeio me sentir assim quando ela provavelmente está se divertindo com aquele cara."

"Imagino."

"Eu não sou feio, sou? Estou desempregado e tranquei a faculdade, certo, mas ela nunca pareceu se importar com isso."

"Ah, por favor" Luki se levanta rapidamente, virando o rosto de Meito para si e limpando-o com a manga da sua blusa, de um jeito meio bruto. "Você definitivamente não é feio, com todo o respeito."

Meito gosta do fato de Luki ter se atentado apenas a essa parte, para não machucá-lo com o resto. 

"Que eu me lembre, você era um dos primeiros na lista dos Garotos Mais Bonitos no Ensino Médio."

"O segundo. Maldito Hatsune. Ele nem era tão bonito" ele finge estar realmente bravo. "E você também estava na lista."

"Porque foi minha irmã que fez."

Luki o olha por alguns cuidadosos segundos, para ter certeza que está tudo bem. Enfim, relaxa os ombros. 

"Você não..." ele tenta procurar as palavras certas e colocá-las nos lugares certos, mas se lembra que nunca foi bom com discursos animadores. "Você não precisa se sentir um merda, sabe, por causa dela."

"É um pouco tarde demais" suspira Meito. "Mas obrigado. Por tudo."

Luki bagunça seus cabelos e se afasta para pegar alguma coisa na geladeira.

"E, ah, você não estava na lista por acaso. Eu meio que dei o seu nome, e as garotas gostaram da ideia. Você ficou bem na frente daquele cara que você odiava, o Yuma."

Luki o olha por cima do ombro.

"Quer um prêmio pela historinha?"

Eles riem. Mas Meito não disse nada menos que a verdade.

.

Como é sábado, eles não tem nada especialmente importante para fazer. 

"Você tem alguma ideia?" 

Luki está olhando para os quadros pendurados na sua parede, depois de desligar a droga da televisão. A maioria ele mesmo pintou quando acabara de entrar na faculdade, no período em que ele estava apaixonadamente iludido com o curso de Artes. 

"Eu não sou o cara das ideias."

Meito está esticado no sofá, encarando as infiltrações do teto. Obviamente ele está imerso no universo do coração estraçalhado.

Quando estão quase pegando no sono, depois de praticamente quinze minutos em silêncio, o celular de Meito toca. Ele se assusta mais pelo fato do toque ser o dela.

"É ela" ele diz com a voz falha, sentando-se abruptamente. Sem pensar duas vezes, ele atende, com os olhos arregalados. "Alô?"

"Por que caralhos você--" antes que possa completar, Meito enfia o pé na boca dele.

"Kaiko?"

"Oi, é... Como você está?"

Como ela ousa fazer essa pergunta?

"Estou bem... E você, como está?"

"Bem. Sei que deve achar estranho eu estar te ligando" no fundo, ele espera que ela esteja arrependida, que esteja triste e que sinta a falta dele. Ele torce tanto para qualquer uma dessas opções que o seu coração começa a bombear sangue desesperadamente. "É que, lembra? O Kaito vai se casar amanhã e ele quer muito que você apareça... E eu não quero que você deixe de ir porque nós terminamos."

"Ah" é o que consegue atravessar a sua garganta apertada.

"Nós podemos ser amigos, não é?"

Definitivamente não.

"É. Claro."

"Você vai, então?"

Ele pensa por alguns segundos, mas não necessariamente no casamento. Será que ela estará com Kiyoteru, esfregando os lábios de tutti frutti nos dele? Ele provavelmente deve estar se divertindo com toda essa situação. Se pudesse acertar um soco na cara daquele filho da puta, só um. 

"Vou."

"Que bom!" ela parece estar sorrindo. A voz dela é alegre e fina como verão e gaivotas. Sempre pensou nisso. "Fique bem, certo? Nos vemos amanhã."

"Uhum" antes de desligar, ele não esquece dizer. "Kaiko. Eu te amo."

Ele espera mesmo que ela entenda o quanto isso é verdade. Mas só o que ouve é o silêncio desconfortável do outro lado. Ele pode vê-la desmanchando. Luki esfrega a mão na testa. 

"Até amanhã, Meito" e desliga. 

É estranho imaginar que essa conversaria normalmente duraria horas. É estranho pensar que as coisas estão tão diferentes. Em dois dias, sua vida mudou completamente. É díficil acompanhar.

"O que ela queria?"

"Saber se vou ao casamento do Kaito amanhã."

Um buraco cresce esmagadoramente no seu estômago, uma sensação muito parecida com levar um tiro. Não que tenha levado um tiro para saber, mas imagina que seja algo muito próximo disso. Dessa coisa que está engolindo ele. 

"Você não deveria..." aconselha cuidadosamente.

"Kaito é meu amigo. E nós vamos."

Luki balança a cabeça negativamente. "Não. Eu não fui convidado."

"Estou te convidando agora."

"Não. Não, não, não. Eu odeio casamentos. Pode esquecer."

"Ah, qual é! Vou ter que me ajoelhar e implorar? Certo, é o que vou fazer" ele se ajoelha na frente dele no sofá, puxando suas mãos. "Luki Megurine, oh, meu amor, você aceita ir ao baile como minha adorável acompanhante?"

Luki sufoca uma risada. "Devo admitir que a parte do meu amor me comoveu."

"Por favor, vamos. Preciso de você lá ou vou acabar explodindo."

Luki revira os olhos. "Não precisa exagerar" ele pondera por uns instantes. "Certo, eu vou. Mas sem bebidas."

"Isso eu não posso garantir."


Notas Finais


ah. então. eu não disse umas coisas. eles estão tipo numa faixa etária de 23/24 anos. faculdade, trabalho e os caralho.
sobre o casamento do kaito. posso prometer umas coisinhas em relação.


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