História Nerve - Prólogo

A depressão é uma das piores dores.

Eu não sou depressivo, mas já tive uma fase ruim.

Desde que a nova febre veio com tudo, o pessoal não parou de jogar. Este jogo estúpido é chamado NERVE. É como se fosse “Verdade ou Desafio”, mas só o desafio.

Aquele foi o pior dia da minha vida. Me sinto totalmente arrependido de ter ido ao shopping com a minha amiga. Eu ainda me lembro de inventar uma desculpa para irmos outro dia, porque eu não estava muito no clima. Mas ela insistiu e eu não pude negar. Estava devendo uma a ela.

Foi o meu dia D. O dia em que eu pensei que nunca mais seria o mesmo. Estávamos voltando para casa e eu vi aquilo, no meio de um desafio desse jogo ridículo. Apareceu do nada na minha frente. Aquele som bizarro. Rezei para que o resto fosse suco de uva.

Eu entrei em pânico, me traumatizei. Não o conhecia, mas foi como se fosse alguém muito próximo. Jamais desejaria essa cena para ninguém, ou pelo menos para pessoas fracas como eu.

Eu mudei a partir desse dia. Ficava diariamente, todo o dia sozinho no meu quarto, pensando naquela cena de novo, e de novo, e de novo sem parar. É como estar assistindo um filme horripilante, mas sem fim.

Minha amiga e meus familiares tentaram me ajudar, mas nada adiantava. Eu fiquei sobrevivendo à base daquelas pílulas coloridas. Aquelas malditas pílulas viciantes que me deixavam no mundo da Lua, distante. O vício que quase me matou uma vez.

Foi naquele dia que decretei que eu nunca irei me tornar um jogador de NERVE.