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História Nerve - Um telefonema para a verdade


Escrita por: LustForJohn

Notas do Autor


Olá, Observadores.
Boa leitura.

Capítulo 13 - Um telefonema para a verdade


Fanfic / Fanfiction Nerve - Um telefonema para a verdade

O som dos nossos lábios se separando é o primeiro que ouço. O segundo é o som de Zayn caindo no chão depois de Nick dar um soco bem forte no rosto dele. Em terceiro, vem Martin urrando de agitação. É a segunda vez que beijo um estranho hoje, mas até que ele beija bem — e tem hálito de hortelã.

Tento dar alguns passos para trás, mas já estou grudado na parede, sem folego.

— Que porra! — grita Nick.

— Que porra — repito, e acrescento: — foi essa?

Continuo petrificado. Todo mundo na sala está nos olhando com semblantes curiosos. Inclusive Guy e Gayle e os Observadores, já que a tela permanece alternando a audiência entre diversos cantos do país.

Gigi corre para ajudar o derrubado Zayn, e o abraça como uma mãe faz quando vê seu filho machucado. Seus cabelos loiros cobrem o rosto do seu namorado platinado, mas consigo ver um sorriso por entre os fios. Nick está com as mãos na cabeça, cambaleando para os lados. Volto minha atenção para Zayn.

— Por que você me beijou? — pergunto, limpando o canto da minha boca.

Ele ri.

— Porque você é um gatinho. — Opa. — E porque eu queria deixar seu namorado com raivinha.

Nick passa a mão na cabeça e me abraça.

Desculpe-me — ele murmura baixinho em português.

— Desculpar por quê? — Pestanejo.

Ele me aperta mais forte.

— Parece que tivemos um pequeno imprevisto — diz Guy, impressionado.

— Imprevisto! Isso não foi um desafio? — Bella faz a pergunta que eu estava prestes a fazer. Guy e Gayle balançam a cabeça negativamente juntos.

— Vamos dar alguns minutinhos para vocês se reorganizarem — diz Gayle, e então o painel apaga, fortalecendo as luzes da sala. A música permanece igual.

Zayn está deitado bem em cima de onde as espirais do carpete vermelho apontam. Gigi carrega ele até uma das namoradeiras. Ela pega uma garrafa de cerveja recém-aberta e desliza gentilmente sobre o hematoma em seu rosto. Vejo tudo por cima do ombro do Nick, que não me solta.

— Esse tempo todo e você ainda não contou para ele — Zayn balbucia, a voz rouca.

— Não ouve ele — sussurra Nick ao meu ouvido.

— O que ele não me contou? — Direciono minha voz para Zayn.

Charli beberica sua cerveja.

— Estou sentindo uma treta.

Empurro Nick para trás.

— É melhor me contar logo.

Ele não diz nada. Zayn gargalha tossindo.

— Ele te escondeu algum desafio, estou errado?

Então uma luz se acende na minha cabeça, e tenho a oportunidade de falar todos os meus pensamentos que estava guardando para mim.

— Está certo. — Digo, orgulhoso. — Ele nunca me falou nada sobre sua namorada com quem estava na lanchonete, mesmo depois de tê-la trocado por mim de repente. E no parque ele simplesmente evaporou quando fui fazer meu desafio e fiquei misteriosamente preso de cabeça para baixo no alto da montanha-russa. Ele nunca me contou qual foi o desafio dele lá.

Ele não teria coragem de fazer aquilo comigo.

Teria?

Os olhos trêmulos de Nick não desviam dos meus. Escondendo metade do rosto atrás da sua manga vermelha, dá alguns passos para trás. As luzes abaixam de tonalidade e o painel é ligado novamente, mostrando os rostos dos anfitriões.

— Shawn, você tem razão. Achamos que você passou por um desafio muito complicado e merece ser compensado — diz Gayle, segurando as mãos com dedos cruzados.

— Não! — berra Nick.

— Sim! — Martin levanta sua bebida.

As luzes strobo piscam colorido e a música é cortada, dando lugar a notas eletrônicas tocando em harmonia, enquanto o rosto dos anfitriões some, dando lugar a um texto. Um desafio.

PARA GANHAR O LAPTOP,

VÁ À CAFETERIA ANEXADA NO MAPA

COM SUA AMIGA ÀS 10H45. UM RAPAZ CHAMADO

SHAWN (FOTO ANEXADA) ESTARÁ-LA.

FINJA QUE VOCÊ E SUA AMIGA SÃO UM CASAL,

COMPRE UM BOLINHO E ESPERE-O PEDIR

POR UMA MORDIDA. FAÇA-O LHE CONVENCER

A DIVIDIR SEU BOLINHO COM ELE.

DESAFIO COMPLETO

Minha língua estala dentro da minha boca.

— Bem, era óbvio que era encenação, principalmente agora que a gente se aproximou — digo, indiferente. — Ele está escondendo mais alguma coisa?

— Shawn, por favor, me ouça. — A voz de Nick agora nada menos é do que um fantasma murmurando na minha cabeça.

Então ela era apenas amiga? Não sou idiota, mas por que esconder isso? O texto do desafio some, dando espaço para outro texto. Outro desafio, deixando Nick mais desesperado ainda. Quando leio, fico aterrorizado.

PARA CONSEGUIR ESSE PRÊMIO,

PARE A MONTANHA-RUSSA QUANDO SHAWN

ESTIVER DE PONTA-CABEÇA POR 15 SEGUNDOS.

DESAFIO COMPLETO

Minha visão parece escurecer.

— Nossa — diz Martin. — Que filho da puta.

Parques de diversão não dão pane do nada, era impossível ter sido coincidência. Eu sabia que tinha sido sabotagem. Mas eu nunca teria pensado em Nick. Merda. Camz estava certa, NERVE plantou ele para me machucar. Estou enjoado.

Desculpe-me — ele repete.

Nick segura meu braço, mas me solto instintivamente.

— Esse golpe baixo não vai funcionar comigo — digo, ríspido.

— Me deixe explicar.

— Já está explicado. Você quase me matou em troca de alguma merda que NERVE te propôs. O que valeria mais que minha vida, um carrinho de controle remoto de luxo?

E pensar que eu acabei de passar Sete Minutos no Paraíso com ele. Valeu a pena, de qualquer forma. Mas valeu para ele?

— Shawn, por favor, me deixe—

— Eu não estou a fim de falar com você agora. Fique longe de mim.

Ele vem para cima de mim e eu o empurro forte para trás. Minha cabeça está queimando estrelas. Pego outra cerveja e me sento na poltrona do outro lado, ao lado de Bella — só falta ela se revelar a cabeça principal por trás de NERVE. Nick, perplexo, senta sozinho nas poltronas opostas. Martin e Charli voltam para a namoradeira e me encaram.

— Isso foi sacanagem — diz Charli.

— Muita — Martin bebe um gole de sua cerveja.

Os babacas da sala estão do meu lado? Por enquanto. Zayn está com um sorriso sujo para mim, enquanto Gigi acaricia seus cabelos gentilmente. Cerro os olhos para ele e pergunto:

— Como você sabia?

Ele endireita sua postura na namoradeira, como se estivesse prestes a contar uma história épica.

— Gigi e eu também estávamos lá no parque fazendo desafios que não é da sua conta. — Ele pisca para sua namorada, depois volta a falar. — Sabíamos que tinha outros jogadores por causa dos Observadores e fomos dar uma espiada, foi aí que vi o Nick com a mão na massa: deu cinquenta paus para o operador ir pastar e parou as engrenagens da montanha-russa quando você estava de cabeça para baixo.

Martin ouve a história atentamente enquanto bebe sua cerveja. Nick esfrega a manga da blusa no nariz.

— Seu cretino. Eu nem te percebi lá.

Zayn pisca para ele, mas é Gigi quem responde:

— Essa é a parte boa em ser famoso; os Observadores nos escondiam ao mesmo tempo que estavam sedentos por fotos e vídeos. — Ela sorri e bebe um gole da cerveja que massageava o olho de seu namorado.

— Por que você não está uma fera por seu namorado ter beijado outra pessoa? — Pergunta Bella, colocando seus ondulosos cabelos para trás. — Sem preconceito, mas um cara ainda por cima?

Tenho essa mesma dúvida, mas decidi guardar para mim mesmo. Gigi sorri.

— O nosso relacionamento é poliamoroso, docinho. Também não tive ciúmes quando Zayn e Nick se beijaram mês passado.

Opa! Espera aí, quê? Eles não só se conheciam, como se beijaram! Estou processando muita informação nos últimos minutos. Não consigo evitar minha boca de despencar.

— Você tem a língua maior que o salto, Gigi. — Nick levanta seu capuz e abaixa a cabeça, cruzando os braços.

Agora é Zayn quem fala:

— Era segredo? Pensei que pelo menos isso tivesse falado para ele. Mas não vamos discutir isso agora, vamos?

Isso explica muito sobre eles trocarem olhares suspeitos desde que chegamos. Eu não sou ciumento, não há motivos para ele ter escondido isso de mim. Já a parte da montanha-russa... Não acredito. A merda por trás disso era Nick; eu quase morri e foi por causa dele. Meu maior erro foi confiar em quem eu estava gostando.

Nick se inclina e olha para mim. Luto contra meu olhar para mudar de direção, mas é quase impossível.

— Foi um desafio de NERVE — Ele diz rapidamente. —  Eu-eu tinha que fazer.

— Claro. Foi um desafio de NERVE. — Finalmente desvio o meu olhar e apoio meu antebraço nas costas da poltrona, segurando minha cabeça.

— Shawn, me desculpe, por favor. Eu não tive intenção, eu tive que fazer. Eu não queria te desapontar, eu queria ficar com você. Você foi forte, olha onde chegamos.

Eu apenas ignoro fechando meus olhos em um aperto. Termino de beber minha cerveja enquanto aguardo Guy e Gayle aparecerem no painel, avisando que os desafios vão começar — eles estão demorando mais que o necessário. Coloco a garrafa vazia ao lado no chão e relaxo na poltrona saltitante. Gigi continua abraçada de Zayn. Martin e Charli estão calados, mas frequentemente trocam cochichos. Bella faz cara de tédio e assopra sem paciência.

— Shawn... — Nick clama pela minha atenção mais uma vez.

Martin, por algum motivo, responde por mim:

— Droga, você ainda não entendeu que ele está uma fúria contigo? Ele não vai falar e pronto, fica na sua.

Nick não fica calado.

— Fica você na sua, a conversa não chegou na idade das pedras.

Martin ergue os braços e solta uma risada, como se estivesse debochando. Charli também ri, mas parece que ela realmente achou engraçado.

— Agora o assunto é intelectualidade? — Martin levanta. — Por que meus punhos conhecem vários idiomas diferentes.

Nick também levanta, furioso, esbarrando acidentalmente na mesa suspensa no teto, que balança como um pêndulo em direção às minhas pernas. Martin segura os cabos com velocidade, impedindo a mesa de encostar em mim.

— Olha só, parece que você realmente quer machucar seu príncipe — diz Martin, ainda em tom de deboche.

Nick olha para mim com arrependimento no semblante, mas eu apenas balanço a cabeça e olho para minhas coxas.

— Foi sem querer.

Charli passa a mãos nas pernas de Martin e o puxa de volta à namoradeira.

— Não vale a pena, fofinho.

Nick volta para a sua poltrona e abaixa a cabeça.

Alguns segundos mais tarde, os rostos de nossos anfitriões aparecem novamente nos painéis, me deixando mais desperto. Bella e eu vemos a imagem do projetor acima de Nick.

— Olá, jogadores — diz Guy. — Vejo que já se entenderam.

— Foi uma revelação e tanto — diz Gayle, fingindo estar surpresa.

Claro, aposto que gerou bastante conteúdo para quem está assistindo. Vai sair em todos os blogs de fofoca.

— Viemos aqui para anunciar o primeiro desafio!

A imagem deles começa a alternar com um texto iluminado escrito “PRIMEIRO DESAFIO”, e gifs de dinheiro caindo rodeiam a tela. Eles se inclinam para frente. Como se fossem contar um segredo, sussurram em uníssono:

— Será um telefonema. Rápido e fácil.

As palavras NERVE e fácil não combinam. Aposto que tem alguma sujeira escondida nisso. Contudo, espero que realmente seja rápido.

Guy procede:

— Passaremos os requisitos para completar o desafio de cada um de vocês, enquanto só precisarão discar e falar o que foi ordenado. Alguém quer começar?

Parece fácil demais para acreditar. Todos permanecem em silêncio, até Charli se oferecer como tributo.

— Eu não gosto muito de falar ao telefone, mas como todo mundo aqui são uns frouxos, eu faço primeiro.

Guy bate palmas enquanto parabeniza a garota.

— Cinquenta dólares de bônus na conta de Charli! Agora, seu desafio: você vai ligar para o Ryan, seu ex-namorado com quem acabou de terminar, e dizer que você está completamente arrependida de ter passado um ano com ele, que ele é terrível na cama.

Isso foi muito pessoal e específico.

O orgulho de Charli se desfaz aos poucos.

— Quem foi a fofoqueira? Bem, não importa. — Ela dá de ombros. — É verdade, ele era péssimo.

Guy cruza os braços e se curva para frente.

— Então faça o telefonema.

Charli e Martin trocam olhares. Ela fica de pé e morde o lábio inferior. Quando ela pega o celular, todos nós nos inclinamos para frente para ouvir a conversa. Desta vez, nós somos os Observadores. Será que vai rolar treta? Adoro uma briga bem-feita, principalmente entre ex-namorados. Além disso, podemos ter ideia do que vamos falar em nossas ligações individuais. Não tenho ex-namorado algum, para quem vou ligar? Se for para meus pais, estou frito.

Charli, intimidada e nervosa, bate passos pesados pela sala andando de um lado ao outro. O som dos toques da chamada ecoa pela sala, como se tivesse sido conectado por Bluetooth. Então agora eles vão liberar minhas chamadas? Acredito que será explicitamente limitado.

A imagem de Charli aparece nas telas. A ligação é finalmente atendida após alguns segundos.

— É você, Charlotte? — Pergunta uma voz masculina, curiosa.

Um barulho alto de música ecoa pelo telefonema, denunciando que ele está em uma boate ou festa de fraternidade. Ela responde:

— É Charli, baby.

Parece que ele não sabe que Charli está participando de NERVE, tampouco parece saber que o jogo existe. Tenho certeza que Las Vegas não é nada pacato a ponto de uma noticia não se espalhar, como ele não saberia? Teria NERVE bloqueado a gravação ao vivo para ele, ou ele realmente não quer mais saber da sua ex-namorada? Vai ver está sendo pago para fingir.

Charli engole seco e respira fundo.

— Está passando da hora de você saber que eu estou arrependida de ter passado um ano com você. Você é horrível na cama! Nunca me fez ter explosões e coisa do tipo. — Ela parece estar sendo muito sincera.

Todo mundo espera por uma resposta furiosa, mas Ryan soluça como se estivesse prestes a chorar baldes.

— Então quer dizer que você fingiu aquele tempo todo? Você é uma vaca! Sua—

Ela desliga o celular na hora, a sua expressão está pesada.

— Satisfeitos?

Ela senta ao lado de Martin e bebe um gole da cerveja de seu parceiro. Ele, com as bochechas vermelhas, coça a barba abaixo do queixo.

— Você me diria se eu não te fizesse ter explosões, né?

— A gente nunca nem dormiu junto, Martin.

Guy bate palmas sem nenhum esforço.

— Bravo, Charli. Eu falei que seria rápido e fácil.

O desafio segue o mesmo roteiro para todo mundo. Cada um tem que ligar para alguém e falar algo que vai deixar os dois com algum tipo de humor alterado, como tristeza, raiva ou alegria. Existe um padrão: há verdades. Mesmo que já tenha passado bastante tempo, é ou já foi verdade.

Nick passa o telefonema dele todo olhando para mim, com tristeza no semblante. É como se ele não estivesse nem aí para a pessoa do outro lado da linha, mas noto um leve tremor em sua mão que segura o celular na orelha e suas pernas batucando o chão sem parar. Ele teve que telefonar para uma garota chamada Miley, do colegial, a qual ele era apaixonado, mas nunca foi notado. Ele foi basicamente forçado a se declarar para alguém cujo ele não possui mais sentimentos. A risada e as ofensas do outro lado da linha deixam claro o motivo de ele nunca ter revelado seus sentimentos para ela antes: ela é patricinha.

— Se enxerga, seu otário.

Ela desliga antes dele, deixando Nick com o celular pendurado na orelha, envergonhado. Isso foi humilhante e cruel. Ele pode ter sido escroto comigo, mas fiquei com pena. Ainda gosto dele? Estou tão confuso.

O último sou eu e parece ser moleza: vou telefonar para Camila e dizer que estou farto dela me dizendo o que fazer, que isso faz dela uma péssima amiga. Bom, é verdade, estou farto. Mas gosto de ter uma segunda opinião e ela é minha melhor amiga, nada péssima. Pelo menos sei que Camz deve estar me assistindo nesse exato momento, não tem como ela cair nessa.

Quando telefono para seu contato, ela atende depois de três segundos.

— Oi — digo. — Está dando certo com a Lauren?

Um texto pisca sem parar no painel.

SEJA RÁPIDO E FÁCIL.

Ótimo, vou morrer de curiosidade. Não quero receber um carão, então sigo o roteiro.

— Eu só queria dizer que eu não aguento mais isso, sabe, do seu jeito de ser muito mandona. — Até agora não menti, ela realmente quer agir como minha mãe. — Ninguém quer uma amiga superprotetora como você. É chato e eu não aguento mais. Isso te faz uma péssima amiga, posso tomar minhas decisões por conta própria.

Espero que Camila saiba que não acho ela péssima. Ela responde de imediato:

— Você realmente só pensa no próprio rabo. Não é, Shawn?

Opa. Ela está atuando? Impossível ela ter achado que foi para valer.

— Se eu tento te avisar que algo ruim pode acontecer é porque vai acontecer. Você passou cada minuto desse jogo estupido se humilhando por atenção e algumas bobagens, enfrentando diversos desafios que colocaram sua vida em risco. O que você não percebeu ainda é que você só continua neste maldito jogo por causa de Nick. Os Observadores gostam dele, e não de um bebe chorão fracassado como você. O que você tem a oferecer além de uma cara de bunda e essa história de que se cansou de ficar atrás das cortinas? Eu só tenho uma coisa para te dizer: nos poupe. Depois que você cansar de se humilhar, voltará correndo para mim e falará “Camila, desculpa, você estava certa”. E eu irei responder: “eu sei que estava”.

O som de chamada encerrada ecoa pelos alto-falantes da sala. Estou chocado. Ou ela estava sendo sincera ou foi muito bem paga, porque acreditei em cada palavra. Perdi minha melhor amiga, meu parceiro e minha dignidade. Só me resta a Bella do meu lado, que parece ser mais falsa que unha postiça. Mas ela parece me apoiar com uma mão no meu ombro.

— Vai ficar tudo bem, ela vai entender.

Nem eu entendi. Fui derrotado por apenas um telefonema. Não sei se essas pessoas para quem ligamos receberam instruções de NERVE do que fazer no meio da chamada, mas conseguiram ser realistas. Até Martin está nervoso, apesar de parecer durão. Zayn já não possui mais expressão — NERVE o roubou — e Gigi está chorando. Apenas Bella está indiferente, mas ela também parece um robô, então não sei se ela conta.

Não demora muito para Gayle surgir no painel, desta vez usando uma roupa social e com o cabelo preso. Ela está séria.

— A parte fácil já foi. Agora vocês vão telefonar para a família.

Agora lascou. Dependendo do que vamos ter que falar, vou levar uma surra quando chegar em casa. E, se meus pais descobrirem que estou jogando NERVE, vou ver o sol nascer quadrado atrás de grades que colocarão na janela do meu quarto. Espero que Camila não esteja com raiva de mim e ligue para eles explicando que era apenas um trote.

Guy aparece ao lado de Gayle. Ele também está usando roupas sociais.

— As orientações disferem um pouco da rodada anterior. Nesta vocês ligarão para o familiar mais próximo de algum jogador e simplesmente dirão que seu parceiro sofreu um gravíssimo acidente. Sejam criativos.

Puta merda. Meus pais vão enlouquecer se ouvirem uma notícia dessas. Eles já devem estar preocupados pelo atraso, o que então caso ouçam que estou dentro de um saco preto? Minha mãe vai se despedaçar. Abraço a mim mesmo, e espero o jogo continuar.

Desta vez eu começo. E, para a minha tristeza, terei que ligar para Joe, o irmão de Nick. Ele se remexe com incomodo na poltrona do meu lado oposto.

— Shawn, eu sei que você me odeia, mas pega leve. Por favor. — Olheiras voltaram a aparecer nele, e sua expressão pede por piedade.

Ele pensa que sou um monstro? Claro que vou pegar leve, mas não posso convencer ao irmão dele que é apenas um trote. Um número surge na tela, e espero que seja censurado para os Observadores que nos assistem.

Disco impaciente no meu teclado e aguardo. Os toques ecoam pela sala, e eu torço para que ele não atenda, apesar de saber que NERVE tenha garantido de alguma forma que ele o faça. Ele atende:

— Quem é?

— Alô, é o Joe? Hum, eu só queria que soubesse que Nick sofreu um terrível acidente de carro.

Desligo antes que pudesse ouvir qualquer suspiro em resposta, meu coraçãozinho é fraco demais para isso. Espero que os amigos de Nick em Los Angeles avisem que era apenas um trote. Um trote sem graça nenhuma. Demi conhece Joe?

Nick abaixa a cabeça em desespero e tenho vontade de abraçá-lo.

Depois de vários telefonemas, Zayn é o último e ele deve ligar para meus pais. Me sentiria mais confortado se fosse Gigi ou Bella, mas o problema dele é com Nick, não comigo. Mesmo assim, não confio nele.

Meu pai atende, e posso ouvir o murmúrio de minha mãe no fundo. Zayn fecha o semblante, me encarando. Ele começa a fingir que está desesperado, o que me faz espremer os olhos para ele. Meus pais cairiam numa atuação fajuta?

— Vocês são os pais do Shawn? Aconteceu uma coisa horrível, ele caiu da ponte e os mergulhadores não o encontram!

Ele não desliga de imediato, fazendo os choros e lamentos dos meus pais ecoarem pela sala. Isso é tortura psicológica, preciso fazer algo para amenizar. Então, com o intuito de acalmar meus pais, fico de pé em um pulo.

— Mãe, Pai, é mentira! — Eu grito, e todos olham para mim.

Zayn abre a boca e desliga a chamada. Passo as mãos pelo meu cabelo e penso na reação da minha mãe. Espero que ela tenha me ouvido, não aguento mais essa dor no peito.

Depois que me sento, todo mundo cobre os ouvidos por causa de um zumbido bem alto. Na tela surge diversas imagens de grupos de Observadores ao redor do país com olhares furiosos e vaias em uníssonos. Sinto que são para mim. Na frente das imagens que permanecem alternando, o semblante de Guy mostra apenas decepção.

— Você me disse que mudar faz bem, Shawn. Mas, pelo visto, ainda é o mesmo.

Não sei onde meus pais se encaixam nessa frase, mas prefiro guardar para mim mesmo. Sinto que vou ser apedrejado pelos nossos anfitriões.

Um texto enorme digitado em vermelho pisca sem parar bem no meio da tela, e Guy e Gayle mostram polegares apontados para baixo.

SHAWN VIOLOU A INTEGRIDADE DO

ÚLTIMO DESAFIO. A PUNIÇÃO SERÁ APLICADA

QUANDO JULGARMOS OPORTUNO.

Pelo visto, era isso que Guy tanto me alertou na nossa entrevista. Massageio a têmpora com movimentos violentos. Não é como se eu tivesse puxado o celular da mão de Zayn, ou jogado cerveja alemã nas câmeras da balada; eu só quis tirar o peso do peito dos meus pais. Serei punido por ter coração? Só falta eles fazerem o que Zayn contou aos meus pais se tornar realidade absoluta.

Pelo menos eu sei nadar, mas obviamente não é isso que farão.

E nem quero saber o que vem pela frente.


Notas Finais


Obrigado pela leitura :D

Não se esqueçam do comentário o/

xxxooo


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