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História Nerve - Fora do tempo


Escrita por: LustForJohn

Notas do Autor


Boa leitura para vocês, e eu espero que todos vocês gostem!

Capítulo 6 - Fora do tempo


POR $200,

DEIXE NICK TE LEVAR

AO PARQUE DE DIVERSÃO.

Fecho os olhos, solto todo o ar que estava prendendo e sorrio sozinho. Finalmente um desafio que não envolva café. Ir ao parque de diversões com um desconhecido por duzentos dólares — só isso? Me parece fácil. Ainda somos desconhecidos?

— O que você recebeu aí? — Aponto para o celular dele com a boca.

— Tenho que te levar ao parque de diversões — responde.

— Sua namorada não vai ficar com ciúmes? — Questiono como quem não quer nada.

Ele fica com um olhar pensativo, como se eu estivesse falando outro idioma, e então ri. Sou um palhaço?

— Bobagem. Ela deve estar nos assistindo agora mesmo. Então, são duzentos dólares, vamos?

Olho para o meu celular e a notificação do desafio fica piscando em cores claras sobre o fundo preto. Quanto tempo faz que eu não vou à um parque de diversões? Dias, semanas, meses? Sou muito ocupado.

— Vamos.

— Coloca o sinto de segurança — alerta, com todo seu charme.

Tocamos ao mesmo tempo em aceitar e travamos o sinto. Depois de dar a partida, o carro de Nick dá um ronco ao mesmo tempo em que um jovem de moicano colorido bate repentinamente na janela do meu lado, me fazendo soltar um baixo palavrão pelo susto. Nick abaixa o vidro para que ele fale o que deseja.

— Ei, o que vão fazer agora? — Pergunta, segurando seu celular na minha cara enquanto me grava. O flash me faz ver estrelas.

— Se eu contar, vai perder a graça — respondo, espremendo os olhos. Como se tivesse alguma graça em ir à um parque de diversão.

— É. Assista e descubra — diz Nick, soltando uma piscadela. — É para isso que estão pagando.

O garoto xinga alguma coisa enquanto Nick sobe o vidro do carro. Ele pede para o Observador se afastar, e sai dirigindo pelas ruas de Seattle lentamente. Nossos fãs acenam e nós acenamos de volta. Conforme ele manobra pelas esquinas, vejo algumas pessoas apontando a câmera para o nosso carro, como se soubessem que somos nós. Certo, estou em um carro com um cara que ainda é desconhecido para mim — eu acho. Melhor eu começar a interagir para não deixar esse clima silencioso no ar.

— Nick é para Nicholas ou Nicolau? — Jogo essa.

Ele me fita de realce e volta a olhar para a rua, soltando uma risadinha.

— Segredo.

— Ah. — Entendi a jogada dele. — E com o que você trabalha, Sr. Segredo?

Ele pestaneja.

— Não me chame de senhor — ele fala enquanto sorri —, temos quase a mesma idade.

— E quantos anos você tem, Segredo?

Uma ruga surge no meio da testa dele.

— Pare de me chamar de Segredo.

Eu o irritei? Droga, não foi minha intenção.

— Me desculpa — rogo —, eu só estava tentando interagir.

Ele solta uma pequena gargalhada e sorri para mim, depois volta os olhos para a estrada. Ele realmente pensa que sou um palhaço.

— Estou brincando. Tenho vinte e quatro, e você...

— Tenho dezoito — tusso. — Não parece ser quase a mesma idade, parece?

Ele ri, sem tirar os olhos da estrada.

— Pensei que você fosse mais velho, ou ainda não caiu a ficha que estou envelhecendo. — Faltou apenas um cachimbo para ele parecer com um pensador atemporal. — Eu não tenho bem um emprego. Eu jogo NERVE e recebo coisas legais, as vezes vendo para ter como pagar o aluguel. Demi ajuda como pode com as migalhas que recebe no bico que arrumou na biblioteca pública.

Ele prefere jogar NERVE do que procurar um emprego? Não o julgo, toda forma de receber dinheiro limpo é honesta. E eu não sei como está a vida dele. Pelo menos meu parceiro é um veterano.

— Me parece justo — digo, ainda pensando nas suas palavras. — Eu faço entregas de patins para a uma loja de discos e livros. Esse também é o nome da loja: Discos e Livros.

Com a cabeça balançando, ele aprova.

— Meio irônico, mas também me parece justo. Deve ser legal seu emprego: patinar por aí.

— É super cansativo — revelo com sinceridade. Olho para a rua, observando os raios de luzes coloridos em tons de rosa e azul. Seattle é muito bem iluminada de noite. — Estuda?

— Estou no último ano da faculdade. O curso também é segredo.

Fico boquiaberto. Ele não parece possuir dinheiro nem para ter onde cair morto, como tem dinheiro para pagar faculdade? Fico curioso, mas não quero fazer essa pergunta para ele pensar que estou me desfazendo dele, então assobio. Vai ver ele é bolsista. Ele olha para mim e sorri de lado, como se tivesse acabado de saborear meus pensamentos.

Depois de quase meia hora de conversa aleatória, chegamos em uma parte afastada da cidade, quase no limite. Aqui tudo é verde: cheio de árvores bem cuidadas pela natureza, gramado alto e pedras cobertas por musgo. Seria um local perfeito para uma cena de crime, se não fosse pelos holofotes gritando estrelas em uma clareira do lado da estrada, onde se encontra o parque — aberto todos os dias do ano, exceto feriados.

— E aqui nós estamos.

Ele para o carro em uma vaga de terra, perto das grades. Olho pela janela e vejo um pequeno grupo de Observadores há alguns metros de nós. Eles são sempre assim, grudentos como chicletes? E como sabiam que viríamos aqui? Saímos do carro e eu ouço o meu celular reproduzir o som que faz quando um desafio é cumprido. Uma tela mostrando duzentos dólares escrito em amarelo aparece piscando no meu celular, me fazendo gritar de felicidade. Os Observadores denunciaram nossa chegada, ou foi meu GPS que enviou dados sem minha permissão?

— Olha! — Mostro o meu celular para Nick e ele me mostra o dele de volta, com a mesma tela. — Vou usar o dinheiro para estocar os filmes da minha câmera instantânea velha.

— Esse treco é bem antigo — comenta Nick.

— Eu sou um garoto fora do tempo — digo de olhos fechados. Quem eu quero conquistar usando frases reformuladas? — E minhas fotografias são bonitas.

Nick se curva e me aplaude, entrando na brincadeira.

— Gostaria de ver o seu portfólio qualquer dia, ou quem sabe estar dentro dele.

Ah, com certeza você vai estar.

— Faço seu ensaio se prometer divulgar em todas as redes sociais. — Finjo ser uma pessoa séria falando com alguém importante no telefone. — E pagar o meu lanche.

— Temos um acordo.

Rimos ao mesmo tempo, e quando percebemos que nossas risadas são parecidas, rimos mais ainda. Quanto tempo que eu não me sinto tão feliz assim?

Aproveitamos que aos sábados a entrada é dois por um e rachamos os nossos passaportes. Entramos e atravessamos o parque, parando em uma tenda de comida para nos sentarmos. Está movimentado, várias famílias e poucos Observadores. Quero dizer, até eles nos encontrarem.

— O que acha que vai acontecer agora? — Pergunto, puxando assunto.

— Provavelmente, o NERVE vai mandar algum desafio para completarmos aqui. Não nos mandariam para um parque para a gente se divertir. — Seu tom irônico me rouba um sorriso.

Meu celular começa a vibrar. Gelo de susto e medo. Mas não é NERVE, é apenas a minha irmã mais nova, Aaliyah, me ligando. O que ela quer?

— Onde você está? — Pergunta ela bem antes de eu responder a ligação.

— Onde você está?! Eu não te vejo desde ontem — revido.

— Shawn — silaba. — Eu sei que você está jogando aquela porcaria. Pare.

— Quê? Eu não estou. — Minha voz me trai.

— Não seja boboca. Eu sou Observadora, eu sei que você está naquele parque mal supervisionado na saída da cidade. Mamãe vai ficar uma fera.

De onde essa pirralha arranjou dinheiro? Pestanejo para Nick, que me observa curiosamente, ouvindo meu diálogo com minha irmã. Meus pais não podem saber que eu estou metido nisto, ou vão vir atrás de mim com toda a unidade canina do Estado de Washington.

— Aaliyah, bico fechado — digo rígida e rispidamente.

— Oh — pigarreia. — E o que eu ganho com isso?

Meu celular vibra na minha orelha, me assustando com o dadá infantil. Olho a tela e é uma mensagem de NERVE. Eles estão me oferecendo mais cinquenta dólares de bônus para convencer a minha irmã a não me delatar. Eles estão ouvindo minha ligação?! Isso já é invasão de privacidade, mas prefiro deixar essa passar por enquanto.

— Ok, eu te dou cinquenta dólares contados, que tal?

— Fechado. Cuidado, não vai querer que aquela mesma coisa aconteça com você.

Ela desliga. As pessoas não vão parar de me lembrar isto? Estou curioso para saber quando esse dinheiro vai cair na minha conta.

Nick continua me olhando, todo misterioso e charmoso. Passo a mão em meu cabelo e levanto.

— Vamos andar, não aguento mais ficar parado.

— Beleza.

Ele levanta e caminha comigo pelo gramado recém cortado. Está agitado hoje. O parque é grande, muita música, atrações e brinquedos em excesso — espero que NERVE não me mande para o trem fantasma.

— Você joga NERVE há quanto tempo? — Pergunto, chutando o chão.

— Hum... Esta é a minha segunda edição em NERVE. Comecei a jogar desde o mês passado, quando me mudei.

— Se mudou! — Não finjo estar surpreso. — Pensei que fosse daqui. De onde você vem?

— Eu morava com o meu irmão, em Los Angeles.

— L.A.! — Fico surpreso novamente. Meu sonho é conhecer aquelas praias calorosas — as daqui são frias e bastante nubladas. — O que um californiano faz em Washington?

— Eu e Demi queríamos tentar ganhar a vida no norte do país. — A imagem da moça na cafeteria aparece na minha cabeça. Ele olha para o próprio tênis. — Consegui convencer a diretora a permitir que eu conclua minha graduação à distância. Comecei a jogar NERVE por influência de um casal que conhecemos numa boate daqui e acabei gostando. Além do aluguel, também quebra o galho para alguns materiais didáticos para a faculdade.

Ficamos em silêncio por um momento antes de eu perguntar:

— Até onde você foi na última edição de NERVE?

Paramos em uma tenda de jogos, dessas onde deve arremessar uma bola em algumas latas para derrubá-las. Nick compra um lance de três bolas e arremessa a primeira no alvo, acertando apenas uma lata.

— Não muito longe. Eu falhei no quarto, ou terceiro desafio. Eu estava sem parceiro, ele tinha desistido. — Mira na segunda pilha, derrubando três. — Ficou difícil jogar sozinho.

— Que chato — murmuro. — Até onde você espera chegar hoje?

— Até a Grande Final. — Sua resposta é rápida. — E quero que seja com você; eu preciso de você. — Mira na última pilha e atira, derrubando todas as cinco latas.

A última oração arrepiou os cabelos da minha nuca. Não sei se está sendo romântico ou ganancioso.

Ele ganha como prêmio — não do NERVE — um pequeno urso azul, e o presenteia para mim. Ele é rechonchudo e felpudo, com um assimétrico desenho de coração bem no meio da barriga. Estou me sentindo num encontro.

— Quer passar um tempo na roda-gigante?

Meu estômago revira com a pergunta. Ai, droga.

— Não mesmo, morro de medo de altura.

— Este é o propósito de NERVE: fazer você encarar os seus próprios medos.

Essa frase de efeito não convenceria nem uma criança.

— E se eu cair lá de cima?

Ele gargalha, me fazendo de palhaço mais uma vez. Meu medo virou motivo de piada?

— Quê? Não seja bobo, você não vai cair. É seguro.

Não tem um cliente que diga que este parque de diversão é seguro, mas eu cedo e deixo ele me arrastar até uma das cabines abertas do enorme brinquedo. Ao sentarmos, o brinquedo dá uma chacoalhada e começa a subir. Seguro é como vou estar se eu saltar neste momento, enquanto ainda estamos baixo.

E a cabine começa a elevar.

Fecho os olhos e agarro com força o ursinho que ganhei. Nick, ao meu lado, fica falando alguma coisa, mas eu não presto atenção. Aperto mais ainda os olhos e abaixo a cabeça, sentindo a brisa forte e fria do vento no meu rosto. Sinto a mão de Nick pousar na minha coxa, fazendo meu coração embrulhar.

— Shawn — seu murmúrio é perto do meu ouvido. — Abra os olhos, a vista é linda.

Suspiro e obedeço, abrindo os olhos lenta e dolorosamente. Pisco duas vezes e vejo o brilho eletrizante do parque, as luzes por trás da floresta de Seattle, a nublada noite de sábado. Sinto um sorriso se formar pelo meu rosto, e percebo que a mão de Nick ainda está sobre a minha coxa. Pigarreio, fazendo com que ele tire instintivamente.

— Por que tanto medo?

Opa, prefiro não tocar no assunto.

— Ah, é besteira. Apenas fobia.

— Acrofobia? Acho isso bobo. A altura não vai te fazer nada, é apenas sua imaginação querendo te empurrar. Você só precisa não cair.

Fácil assim?

— Acho que ela me vence.

— Não seja fraco — ele manda essa. — Quer conversar sobre algo?

— Não sei. Me diga você.

Ele não para de sorrir. Que sentimento eletrizante é esse?

— Que tal sobre o nosso famoso beijo? — Sugere. Ele ainda pensa nisso?

— Ah. Você não está chateado, está?

— Não. Apenas foi algo novo para mim. E repentino.

— Eu causei problemas com a sua namorada?

— Quê? — Ele faz aquela mesma cara de desentendido e depois ri. — Ah, não. Digo, sim. Discutimos quando você foi embora, mas ela entendeu quando expliquei que foi um desafio de NERVE. — Quem ele quer enganar? Deixo passar.

— Foi o seu primeiro beijo com um rapaz? — Minha pergunta é discreta, mas curiosa.

Volto meu olhar para a paisagem brilhante do parque, e a cabine continua subindo.

— Chama aquilo de beijo? — Nick responde com essa. Já sei onde ele quer chegar.

Dou uma leve esmurrada em seu ombro e rio. A cabine para de repente e chacoalha novamente. Ela fica parada bem no topo, mostrando uma visão bem mais panorâmica de Seattle. Daqui do alto posso ver a ponta do disco do Space Needle.

— Não gostaria de tentar mais uma vez? — Aprofundo-me.

Seu sorriso some. Ele pestaneja para mim e prende a respiração, espremendo os lábios.

— Ah, não sei. Tipo, eu tenho namorada, você sabe. Estou tão confuso.

— Ela não vai saber — insisto. — Estamos longe de qualquer Observador. Eu sei que você quer. Eu também quero — revelo, confiante.

Ele solta todo o ar que prendeu, agarra meu rosto e, polarizando minha surpresa, me beija. A pequena cabine balança, e seus lábios macios estão colados nos meus. Fecho os olhos e retribuo seu beijo, sentindo seu hálito de baunilha e o calor de seu corpo perto do meu.

Deslizo minhas mãos pelas suas costas, chegando à sua nuca, e cada vez mais a cabine balança. Sinto sua língua invadir minha boca pela terceira vez. O brinquedo chacoalha de novo e começa a descer. Tento me separar dele, mas, dessa vez, ele quem não quer. Um, dois, três, quatro, cinco, e continuamos nos beijando. Só para ter certeza de que não foi um desafio para ele. Opa, estou sentindo um gosto de Fanta na minha Coca?

Dou um forte — e cuidadoso — empurrão para trás, fazendo-o se desgrudar de mim e os nossos lábios estalam alto em resposta. Olhamos um para o outro e rimos de nós mesmos. Até que ele beija bem quando é pra valer. Eu quero mais.

Quanto cabine chega ao chão eu saio saltitando. Nunca mais fico trinta centímetros acima do chão. Se bem que sacrificar o meu medo de altura valeu a pena. Eu acabei beijando uma segunda vez Nick, e foi bem melhor!

Meu celular vibra de novo, fazendo aquele assustador dadá como notificação do NERVE. Outro desafio? Ah, logo agora que eu estava começando a me divertir de verdade com Nick. Ele também lê a mensagem que chegou para ele. A minha notificação diz:

VOCÊ QUER GANHAR ISTO?

Aparece a imagem de um par de patins modernos e de última geração, um lindo azul cromado, com rodas resistentes e freios reforçados. Os caras da loja onde trabalho não me dariam um desses nem se eu fosse funcionário do mês por dez anos consecutivos. Em vez disso, me deram um par de patins baratos que provavelmente encontraram no lixo. Eu quero estes na foto.

PARA CONSEGUIR ESSE PRÊMIO,

DÊ UMA VOLTA NA MONTANHA-RUSSA!

Nem a pau Juvenal.

— O que diz no seu? — Pergunta Nick, colocando seu celular no bolso da calça.

— Eu tenho que dar uma volta na montanha-russa.

— Ah, fácil.

Não acredito que vou desapontar este homem perfeito.

— Ai, Nick. Eu não vou — determino.

Seu rosto, que pensei ser alegre eternamente, entristece.

Ele pestaneja para mim.

— Quê? Por quê?

— Eu tenho medo de altura. Já falei. — Chuto a grama no chão, tentando evitar contato visual. — Eu não vou nisso.

— Shawn, por favor — ele implora. — Você não vai colocar tudo a perder, a essa altura, por causa de um desafio bobo como esse, vai?

— Você não entende. — Olho as horas no meu celular. — Escute, está tarde. Eu preciso ir para casa. Foi muito legal passar a noite com você, mas para mim a diversão acaba aqui.

— Sério isso? Eu vou ficar sem parceiro, de novo? Shawn, olhe até onde nós chegamos, podemos ir mais longe ainda. O brinquedo tem total segurança, nada de mal vai acontecer com você. Por favor, confie em mim e não desista. Não agora. Vamos conquistar este jogo até o final. Juntos. Não desista, por favor.

Ele estica a mão para mim e eu olho para ela. Uma mão bem grande e trêmula. Enrubesço. É, talvez ele esteja certo. Já fiz quatro desafios, um a mais não fará mal. Mas montanha-russa... Não sei se é o melhor jeito de perder este medo.

— Ok, eu vou. — Seguro a mão dele, que me puxa para um abraço apertado. — Mas primeiro eu tenho que falar com a minha amiga.

— Tudo bem.

Abro o teclado numérico e disco o número da Camila, depois coloco o celular no meu ouvido. Ouço um toque duplo e a chamada é encerrada. Tento ligar de novo, ainda sem sucesso. Agora estão bloqueando minhas ligações? Reviro os olhos para Nick.

— Não consigo. É como se meu celular estivesse fora de área.

— Acho que você não precisa ligar para a sua amiga.

Ele tem razão, eu não preciso. Te amo, Camz, sei que me apoiará.

— Ela é minha fiel escudeira. — Dou de ombros. — Mas o que os olhos não veem, o coração não sente.

Isto é irônico, porque os olhos dela devem estar me vendo agora mesmo junto dos outros Observadores na festa da Lele.

Ele sorri, depois caminha comigo até a fila da montanha-russa que, estranhamente, está bem vazia. Hum. Os Observadores estão nos gravando em uma multidão de pelo menos dois metros de distância da gente.

— Você vem comigo?

— Não, desculpe. Eu tenho que fazer o meu desafio.

Pestanejo.

— Eu vou sozinho nisso?

Ele me abraça forte e sussurra em meu ouvido:

— Você é forte.

E então, ele me beija de novo. Assim: ao vivo, na frente de todo mundo. Com os Observadores observando, e gravando, e conseguindo mais fama para nós! A multidão faz um breve som de surpresa antes de gritar. Os Observadores nos adoram.

Desta vez, o beijo de Nick é mais lento e prazeroso. Ele separa de mim e sorri, se despedindo e sumindo no meio do aglomerado, enquanto flashes apontam para ele.

Peço para um Observador gravar para mim, e ele aceita animadamente. Entrego meu celular e o ursinho para ele e me sento na parte do meio da longa fileira de carrinhos. Por que eu sou o único aqui dentro?

— Vocês não vêm comigo? — Grito aos Observadores.

— Desculpe — responde gritando uma garota. — O NERVE não deixa a gente entrar, se bem que é o que nós mais queremos. — Eles riem. — Nós te amamos!

Sorrio e dou um tchauzinho para eles. As travas de segurança são fechadas automaticamente, fazendo o meu coração acelerar. Eu estou com muito medo, preciso de alguém comigo.

Eu preciso de Nick comigo.

Mas estou sozinho nessa.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, meus Observadores.

Deixa seu comentário.

Beijos.


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