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História Nerve - Queda livre


Escrita por: LustForJohn

Notas do Autor


Capítulo curtinho, sorry :c prometo recompensar no próximo!
Espero que gostem deste.
Boa leitura!

Capítulo 7 - Queda livre


A multidão grita por mim enquanto me vejo preso em um colete de segurança pressionando meu peitoral. Vai ficar todo bem. Respiração consciente. Tenho que me lembrar do que Nick disse: "Você só precisa não cair". Tudo bem, essa trava parece estar bem firme.

Olho por sobre o ombro para um homem com mais ou menos o dobro da minha idade manuseando o painel de comando do brinquedo. Ele vem até mim e confere se o colete está firme, volta ao controle e pressiona algum botão, o freio hidráulico assoprando forte. O carrinho treme e começa a andar, fazendo a multidão gritar mais ainda.

Fecho os olhos fortemente e me perco em pensamentos.

Já são quase dez da noite. Minha mãe deve estar sentada com uma xícara de chá perto da porta, esperando cada segundo ela ser aberta na esperança de ser eu. Se eu atrasar um único minuto que seja, ela vai pensar que eu estou em uma construção abandonada com um cachimbo na boca. Na verdade, eu queria estar em casa.

Meus pais não podem saber que eu estou jogando isto. Eles não descobririam por conta própria, já que mal conseguem mexer no controle da televisão. Minha irmã não vai contar. E por que ela se inscreveu como Observadora? Além de jogar dinheiro no lixo, é doentio ver pessoas bobas fazendo desafios bobos que podem dar errado. Eu acabei de me chamar de bobo?

Falando em Observadora, Camila deve estar me assistindo agora, pensando no quão ganancioso estou sendo em dar uma volta numa montanha-russa, sabendo que eu morro de medo de altura. Ela também deve estar me xingando por não ter ficado com ela na nossa noite de cinema e pipoca. De qualquer forma, quero aqueles patins bonitos.

Quando abro os olhos, percebo que já estou no topo da montanha. A primeira subida é muito alta, maior ainda que a roda-gigante. A vista daqui de cima é bem mais ampla, podendo ver o canal do oceano pacífico que divide os Estados Unidos do Canadá.

Sinto um ar forte no meu rosto, o carrinho cai com tudo trilho abaixo e eu instintivamente grito alto. Ele passa por outra subida e cai de novo, depois segue em uma curva na diagonal. Sinto que vou cair para o lado.

Qual era o desafio de Nick? Ele simplesmente sumiu sem me dizer o que era ou para onde ia. Isso não foi justo. E se o dele for mais fácil que o meu, ou até mesmo difícil? NERVE mandaria ele para o trem fantasma enfrentar sua maior assombração? Até mesmo os durões têm medo de algo. Qual seria o maior medo de Nick?

O frio da noite não ajuda em nada. São muitas as hipóteses: a trave de segurança pode abrir do nada e eu sairei voando, o carrinho pode descarrilhar, as vigas de metal podem desabar me levando junto. São tantos pensamentos que nem percebo que estou indo em direção a um looping gigante, não tenho mais nem voz para gritar. Ele parece ser tão alto quanto um prédio. Não gosto da ideia de ficar de cabeça para baixo nessa altura.

Olho para os lados e vejo várias pessoas apontando seus celulares para mim. De repente, a recomendação de Camila sobre eu me inscrever como Observador invade minha mente. Realmente, é bem menos perigoso apenas assistir e gravar, enquanto os outros se ferram.

O carrinho vai cada vez mais rápido em direção ao looping, começando a subir nele. Meu coração dispara e eu sinto uma náusea repentino. Por que eu aceitei esse desafio?

Quanto mais o carrinho vai subindo, mais ele perde a velocidade. Isso deveria acontecer? Chegando ao pico, a droga do carrinho para completamente, então eu sinto todo o sangue cair para a minha cabeça.

De repente, a trava de segurança abre sozinha. Puta que pariu, isso definitivamente não deveria ter acontecido.

Instintivamente faço força contra o colete aberto, ele é firme o bastante para que eu consiga manter minha bunda no assento, mas mesmo assim meu grito é rouco. Estou tão desesperado que não consigo nem fechar os olhos. Eu deveria ter deixado meu testamento antes de jogar NERVE.

— Socorro! — rogo. — Me ajudem!

Fico sem resposta. Quanto mais o tempo passa, mais eu sinto meu corpo se cansar. São uns trinta metros de queda livre. O suor escorre pelo meu rosto e pinga da minha testa. Estou há tanto tempo de cabeça para baixo que sinto que vou desmaiar a qualquer momento.

Camz e Aaliyah me alertaram que o mesmo poderia acontecer comigo, e agora estou na mesmíssima situação que aquele desconhecido estava alguns meses atrás. Continuo fazendo esforço contra a trava de segurança, quase sem forças restante.

Um, dois, três, e as travas finalmente me prendem de volta no assento na mesma velocidade que se abriu. Eu fecho os olhos e respiro fundo, ofegante. O carrinho faz força para frente, completando todo o percurso restante, cujo termina mais rápido quando não estou vendo. Quando chego à plataforma de partida, uma multidão me espera atrás das grades de proteção gritando meu nome. A trava de segurança abre e não sei se tenho forças o suficiente para me levantar do carrinho, mas eu consigo.

Caminho cambaleando até a saída do brinquedo, tudo ao meu redor está girando e escurecendo, sinto que vou me espatifar no chão. Estou enjoado, quero vomitar. A multidão ao meu redor jogando flashes no meu rosto só me deixa mais zonzo. Eles gritam meu nome, mas só ouço um som abafado no fundo. Estou andando sem rumo.

— Shawn.

Só percebo que Nick chegou depois que ele me segurou em seus braços, me prensando contra seu peito. Sem nenhum motivo para continuar segurando, minhas lágrimas me traem e eu choro como uma criança, ensopando o ombro do casaco vermelho de Nick.

— Shawn, você está bem?

Não tenho nem força para me manter em pé, quanto mais para responder.

— Ei. — Ele continua me abraçando, dessa vez mais forte. — Eu sinto muito. Me desculpa.

A única vontade que eu tenho agora é de empurrá-lo para longe de mim e culpá-lo por não estar comigo. Socar sua cara, esmurrar seu peito. Mas não consigo, minha saúde mental chegou ao limite. Só me resta o apertar bem forte de volta e soluçar em seu ombro.

— Me desculpa por te colocar nesse brinquedo — ele suplica. — Já passou.

Nick se desgruda de mim, me equilibrando com seus braços fortes. Enxugo o meu rosto que continua a derramar lágrimas com a manga da minha camisa azul.

— Você está bem?

— Eu só quero ficar um tempo sozinho. — Consegui juntar uma frase sem soluçar.

— Tudo bem. Pode ficar no meu carro.

Ele me leva até à saída do parque, enquanto vários Observadores nos gravam e nos parabenizam. Eles agem como se fosse uma conquista? Talvez eles pensem que eu tenha superpoderes para ter conseguido sair voando dali. Sair voando direto pro chão, só se for.

Chegando ao estacionamento, Nick abre a porta do banco traseiro e eu entro lá, tampando todo o meu rosto com as minhas mãos, forçando todas as lágrimas restantes. Eu respiro fundo e relaxo, apoiando as costas no assento.

Me assusto quando vejo que o ursinho azul que Nick me deu está bem ao meu lado, com o meu celular em seu colo. Como isso veio parar aqui? Talvez o garoto para quem entreguei tenha dado um jeito de abrir o carro — ou NERVE implantou aqui —, mas não importa. Eu apenas o abraço, encharcando sua pelúcia azul com minhas lágrimas quentes.

Deixo o ursinho no meu colo e pego o meu celular. Ao desbloquear, vejo uma tela piscando as palavras "desafio completo". É claro. Tudo o que eles mais queriam, não é mesmo? Pelo menos não foi em vão.

Fecho o aplicativo e abro o telefone, discando o número da Camila. Coloco o celular no ouvido e a chamada é encerrada instantaneamente. Ou derrubaram as torres celulares da cidade, ou realmente bloquearam as minhas ligações.

— Qual é — choramingo. — Funciona.

Jogo o celular com força no assento. Minha irmã me avisou que poderia acontecer a mesma coisa. Ela assistiu? Minha nossa, isso sim ela pode contar aos meus pais. Eu não quero que eles saibam que eu quase morri. Digo, quero. Mas tenho medo de ficar em um castigo eterno, trancafiado no alto da torre mais alta. Ainda estou de castigo por causa da última vez que eu quase morri, mas eu também não tive culpa.

— Está melhor? — Nick enfia sua cabeça na janela, me assustando.

— Não sei. — Já não soluço mais.

— Hum... Quer que eu te leve para casa? Eu entendo se quiser desistir agora.

Começa a passar todos os desafios cumpridos pela a minha cabeça: beber café extra quente, beijar um desconhecido, mendigar à dez pessoas e dar uma volta quase mortal na montanha-russa. Eu já fui tão longe, eu deveria desistir agora? Tenho menos de uma hora para chegar em casa e não levar uma bronca dos meus pais. Continuar ou desistir, Shawn?

Dadá.

Meus pensamentos são interrompidos com o som irritante da notificação. Olho em meu celular. É outro desafio. Acho que não vou desistir tão cedo. Eu posso ir mais além. Eu vou fazer isso. Se eu chegar tarde em casa, digo aos meus pais que eu estava na festa da traíra Lele. Se eu sobrevivi a esse desafio, também vou sobreviver ao próximo.

Miro para Nick com os olhos ainda inchados e marejados. Ele está com os braços apoiados no vidro do carro, o semblante sério e esperando por uma resposta definitiva.

— Não vou te deixar na mão — digo. — Vamos completar o próximo desafio.


Notas Finais


Espero que tenham gostados, meus queridos Observadores.

Deixa seu comentário.

Beijos.


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