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História Netuno - Então, baby, não se preocupe.


Escrita por: kyravee

Capítulo 16 - Então, baby, não se preocupe.


Fanfic / Fanfiction Netuno - Então, baby, não se preocupe.

“Coroa Boreal.”

 

 

Apertei os dedos em meu bíceps, empurrando minha testa contra o ombro de Jimin, que apenas ria e conversava alegremente com outros convidados. Sorri ao senti-lo acariciar meu cabelo, sempre cuidadoso em seus toques. Virei minha cabeça para beijar seu pescoço, em total admiração em seu pomo de Adão. Estava tão arrumado e deslumbrante que mal conseguia me concentrar para conversar com outras pessoas. Seu brilho roubava meu foco.

Tentava ao máximo aproveitar todos os segundos ao seu lado, precisava contar sobre a internação da Suk para ele. Era a sua irmã, é direito dele saber tudo o que ela fez. Só não sei como dizer, como chegar no tema, ou como demonstrar o quanto todo o assunto também me afeta.

— Pensei que nesse andar houvessem menos pessoas, que aqui estaria praticamente vazio. – Jimin falou próximo ao meu ouvido enquanto nos distanciávamos daquele grupo e íamos rumo à fila do bar.

— O único lugar vazio aqui é o armário das vassouras. Onde eu adoraria te “cortejar” ao longo da noite... – Park riu e negou com a cabeça. – Sou um cavalheiro, ouviu meu ótimo vocabulário?

— Você só usou a palavra “cortejar” ao invés de “transar”, Yoongi. – Entrelaçou seus dedos aos meus. – Precisamos de duas garrafas de espumante para o segundo andar. – Pediu ao chegarmos na bancada. Park tentou se lembrar do restante de pedidos do Namjoon. – As garrafas especiais! Namjoon pediu para que enviasse mais drinks para o primeiro andar e para o quarto andar o envio de mais dois seguranças, é preciso doar para poder entrar lá.  

— Sim, claro. Tudo o que pedir. – O atendente nos respondeu com um sorriso no rosto. – Park Jimin, certo? – Perguntou entusiasmado. Hum, pressentimento ruim, estado de alerta!

— Sim, sou eu. – Vi o moreno abrir um sorriso largo.

— Conheci sua irmã, a Suk. Ela falou muito bem de você e me mostrou uma foto sua. – É pior do que eu pensei, ele não vai dar em cima dele, vai fazer com que eu seja morto pelo Jimin. – Por que ela não está aqui no baile? – Estou mais fodido que uma puta gostosa! Minhas pernas estão adormecendo, será impossível fugir a pé desse jeito.

— Ah... – Jimin respirou fundo, comecei a suar frio. – Não sei como te dizer isso, mas minha irmã foi internada ontem. – Espera, como ele soube? – Reabilitação, ela não estava bem. Enfim, apenas mande os pedidos e obrigado.

Em silêncio, ainda de mãos dadas, Jimin e eu subimos a escada. Tensos. Extremamente tensos. O ar até parecia rarefeito e o estômago embrulhado. No quarto andar Jimin largou minha mão, o que fez meu coração surtar dentro do peito.

Andamos até o terraço. Jimin se apoiou na bancada, visava a rua pouco movimentada e não parecia se importar com o frio. Estava fodidamente puto. Seu rosto, seus músculos, seu olhar vazio e sua indiferença com a temperatura entregavam isso. Floquinhos de neve pousavam sob seus fios loiros, davam ainda mais graça à sua imagem. Mesmo que suas bochechas acerejadas entregassem a raiva.

Segundos silenciosos. Tinha certeza de que estava pensando as palavras certas para me assassinar com argumentos e lógica.

O vento bateu contra nossos corpos, contemplei o terraço solitário tendo apenas nossas duas companhias. Apoiei-me ao seu lado, o vendo desviar o olhar para não me encarar.

— Não acha impressionante como um assunto pode mudar todo o comportamento de alguém? Se chama gatilho, não é? – Prendi a respiração. – Sabe, Yoongi, eu não estaria agindo de tal forma se tivesse me contado antes de já partir pra cima! Mas preferiu me chupar ao falar comigo.

— Achei que não era o momento certo. Pensei que quisesse...

— Se eu não quisesse teria dito, sei que não faria caso eu dissesse não. O problema é nem ter tentado falar, estava esperando por você tomar coragem e conversar comigo. Mas parece que você precisa ser pressionado...

— Ainda não acredito no que aconteceu, Jimin. Suk usou algo que condenamos. Ela podia ter morrido... – Mencionei. – Namjoon quem lhe contou?

— Ele me conta tudo, Yoongi. Namjoon gosta de conversar comigo, ele acha importante.

— Por que está falando dessa forma? – O loiro apoiou as costas na barreira de concreto, finalmente olhando para mim. – Por que fala como se quisesse me punir com indiferença?

— Park Suk era uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sempre segurou a minha mão, sempre me deu suporte e nunca pediu algo em troca. Ela é minha irmã, estava ao meu lado por algo muito maior que nós dois. E como ela sempre disse, o universo enfiaria uma grande, grossa, não-lubrificada rola no meu cu em algum momento. – Eu não pretendia fazer isso... – Minha irmã não estava bem.

— Suk fez coisas ruins. Custei a acreditar em todas as coisas que ela fez. Precisei manda-la para a reabilitação, antes que fosse tarde.

— Me pergunto se os erros dela pesaram mais que os seus. – Essa doeu Park Jimin. – Algemaram ela para poder ir à clínica, Suk estava sangrando na sua porta. – Suspirou. – O que quer que eu pense?

— Ao menos sabe o que a porra da sua irmã fez? – Não sei se dizer isto foi o certo.

— NÃO! – Exclamou irritado. – Sou a porra de um cego em meio a um tiroteio. Não tenho informações sobre a minha própria irmã! Namjoon não me deu detalhes, achou que eu não acreditaria.

— Eu ia falar com você.

— Depois da gente transar no armário de vassouras? Ia me contar depois de gozar? “Oh, olha só Jimin, sei que acabamos de nos foder, mas meu amado babe eu tenho uma notícia importantíssima: sua irmã foi internada, teve de ir para a reabilitação, oh, que pena. Quer que eu meta em você de novo?”

— Nunca faria algo assim, Jimin! Só não sabia como dizer, como te contar.

— Você nunca faz nada, não é? – Inspirei e expirei profundamente, não podia perder a calma.

— Do que está falando?

— Me culpa por esconder da minha família que sou gay, sempre que ESPORRA NA MINHA CARA QUE EU MINTO PARA MIM MESMO você faz com que eu me sinta o pior SER HUMANO da face da Terra. Sei que sou confuso, mas me pressionar e me culpar como se nada mais me machucasse e somente machucasse a você... É egoísta! É egoísta quando em nossa primeira noite você não estava sóbrio, é egoísta quando, em todas as suas declarações, está chapado, é egoísta quando julga a Suk POR FAZER O MESMO QUE VOCÊ! FAZER A MESMA MERDA QUE VOCÊ FAZ TODOS OS DIAS, SE DROGAR PRA FUGIR DE SI MESMO!

— Larguei muitas coisas por você... – Mordi minha língua, meus olhos ardiam em lágrimas. Ao contrário de Jimin, que estava com muita raiva para chorar na minha frente. Permanecia firme, frio. Eu não. Minhas bochechas estavam lavadas pelo choro. – Estou fazendo terapia, Park Jimin, quero parar de fugir de mim mesmo... quero parar de fugir da realidade! Quero estar sóbrio ao seu lado, quero estar limpo!

— Você largou a Suk. Não cuidou dela como prometeu. Não estaria te culpando caso não tivesse prometido, caso não tivesse se responsabilizado por ela... Você se aproximou e a fez confiar em você, e no final... ABANDONOU ELA COMO LIXO IGUAL TODOS OS OUTROS! COMO A MINHA MÃE, COMO O MEU PAI, COMO O RESTANTE DA NOSSA FAMÍLIA DE MERDA! – Ao menos não mencionou o Jihyun.

— Suk usou crack, fumou com algum desconhecido na estação de trem. Sangrou na minha porta, gritou com os enfermeiros da clínica e mordeu um deles. Estava completamente fora de si. Incendiou um carro, quase matou uma mulher. Ameaçou inúmeras pessoas de morte, ligou de madrugada para Namjoon e o ameaçou também. – Passei uma de minhas mãos por meu rosto. – Ela, definitivamente, precisava de ajuda. E não era mais a minha.

Jimin atirou a cabeça para trás, escondendo a face com as palmas das mãos. É óbvio que doeria, era sua única irmã viva. Viciada em drogas, criminosa.

É óbvio que eu deveria ter dialogado com ele antes.

— ...Eu tinha três anos quando Suk nasceu. – Sua voz falhava e estava nitidamente fraca. – Quando não tinha ninguém para segurar a minha mão, quando eu não tinha mais você para me segurar caso eu caísse... Tive ela. Nas vezes em que tentei me matar, nas vezes em que tentei me machucar, ou quando consegui me ferir, Suk suportou tudo para ficar ao meu lado dando total apoio. Ela me abraçou e me trancou junto dela em um armário. Repetia baixinho “há um mundo que precisamos explorar, ficará tudo bem”. – Voltou sua cabeça para frente, mostrando-me finalmente o rosto inteiramente molhado por lágrimas. – Suk vem salvando minha vida desde o dia em que nasceu. Ela é extraordinária! – Soluçou e passou as mangas da camisa em suas bochechas. – Você consegue entender o quanto está doendo vê-la perdida? – Meu coração doía por vê-lo assim, sensível e vulnerável. – Desculpe-me por tentar culpar você... – Sussurrou. – Só... está doendo demais!

 

Estou chegando apenas para te segurar

 

O som de um violão ritmado a de um piano soou por todo o local, um arrepio na espinha me ocorreu ao identificar que música era. Nossos olhares se encontraram, Jimin tinha um expressão melancólica e complicada de decifrar. Mordi o lábio inferior e estendi a mão em sua direção. Era uma bela música e Park não negaria dança-la comigo.

 

Estou chegando apenas para te mostrar que está errado

 

Park derramou exatas duas lágrimas antes de juntar sua mão na minha. Deu um sorriso sem jeito enquanto caminhava em passos lentos até mim. Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura e Jimin repousou seu outro braço em meu ombro. Park suspirou e voltou a olhar fixo em meus olhos. Meu peito doeu e minha garganta ardeu ao ver aquelas orbes tão lindas e brilhantes – que na maioria do tempo expressavam felicidade – tristes e sombrias.

 

Te conhecer é difícil, nós imaginamos

 

Há um mundo que precisamos explorar, ficará tudo bem... – Murmurei ao pé de seu ouvido, senti seu corpo agarrar ao meu. – Não tenho um armário para ficarmos dentro agora, mas vou te acolher com esse abraço!

Passamos a nos locomover lentamente tendo poucas luzes nos iluminando e a lua de companhia. Aos poucos a respiração do loiro foi tranquilizando e seus olhos se fecharam. A cabeça em meu peito, o rosto calmo, o corpo minimamente tenso e os lábios entreabertos.

 

Te conhecer toda errada, nós fomos

 

Depositei um selar longo em seu pescoço, o mais novo sorriu. E eu pude sorrir também. Era aquele sorriso que me motivava a ser alguém melhor, que me motivava a querer largar tudo e apenas viver com ele para o resto dos meus dias; que me fazia desejar casamento e filhos, algo que eu nunca tive o sonho de realizar. Era aquele sorriso que me permitia encarar todas as situações de cabeça erguida.

Pela primeira vez, queria uma família. Uma família de verdade que eu nunca tive.

— Jimin... Não quis contar sobre sua irmã logo que te vi porque queria te ver sorrindo essa noite. O seu sorriso é muito importante para mim. – Riu soprado. – Queria ver o brilho nos seus olhos, o brilho “bom” ...

— Espero que me perdoe pelas coisas que gritei! – Apertou-me em seus braços. – Estou feliz que esteja fazendo terapia...

— Ainda me ama?

— Sim. Como não amaria?

 

Muito tarde pra ligar

 

— O bastante para ir pra Taean Haean comigo?

 

Então nós esperamos pela manhã para te acordar

 

— O que? – A parte explosiva da música teve início. – Como assim? – Enxugou as poucas lágrimas que ainda o incomodavam. – Taean Haean?

— Você me ama o suficiente para fugir de tudo isso e ir comigo para Taean Haean? Recomeçar a sua vida? – Jimin sorriu. – É o meu sonho. – Sussurrei. – Poderia ser o seu, caso goste de praias. – Brinquei.

 

É tudo o que temos

 

— Precisaria resolver alguns problemas antes de ir com você.

— Sim. Eu também. – Ri.

— Se importa se eu tirar um tempinho para pensar?

— Contanto que sua resposta seja “sim”, tudo bem!

 

Me conhecer tão duro, é me conhecer todo errado

 

— Agora, me perdoe, mas eu tenho que ir. – O que? – Tem que conversar com uma pessoa, que acabou de entrar aqui. – Olhei ao nosso redor e vi Hoseok distante de nós, fitava o horizonte com um charuto na boca. – Namjoon e Seokjin irão me levar de volta para o convento. – Abriu um sorriso fraco. – Me ligue quando for dormir? – Assenti e recebi um selinho longo. – Boa noite.

— Durma bem...

 

Eles foram

 

Vi Jimin partir com uma expressão de pouca felicidade, meu coração estava um caco por vê-lo tão frágil e minha mente estava um caos por também ter de resolver algumas questões antes de fugir do mapa com Jimin – ele dirá sim, eu o conheço.

Precisava resolver as mensagens. Consertar.

 

Em cada ocasião, estarei pronto para o funeral

 

FDP:

preciso te ver hoje, tenho ansiedade!

não aguento mais.

 

Em cada ocasião, é mais uma vez, chamada de funeral

 

Guardei o celular no bolso e fui em direção ao ruivo de olhos tristes, envolvi sua cintura em um abraço por trás carinhoso, isso sempre lhe ajudava a passar por momentos difíceis. O vento chocou contra nossa pele e Hoseok jogou o charuto ao asfalto.

— O que aconteceu, Hobi? – Hesitei um pouco, Jung apertou minhas mãos.

— O garoto de sorriso dócil e humor específico me traiu. – O ruivo suspirou e percebi seu corpo trêmulo. – Fui traído. Namjoon e eu, na verdade. – Fiquei boquiaberto. – Nam descobriu antes de mim, mas ainda assim... Deve estar doendo para ele também. – Pressionou ainda mais minhas mãos em seu corpo. – Taehyung me traiu com Jungkook! – Mais lágrimas. – Ele... traiu o irmão dele e me traiu, como alguém pode ter tanta indiferença...?

— Posso surrar os dois? – Caçoei, apertando-o em meu abraço.

— Por enquanto, fico feliz só com esse abraço. – Suspirou. – Estou preocupado com Namjoon.

— Eu também ficaria. – Disse entre sussurros.

— Ele está fazendo de novo... Sabe? Escondendo tudo o que sente de nós. – Assenti.

 

Um dia brilhante, funeral

 

— Acha que devo resolver as coisas com o FDP? – Ele riu.

— Se não resolver, eu resolvo por você.

— Sério?

— Não, amor! – Exclamou – Isso é um problema totalmente seu.

— Posso dar minha opinião sobre uma coisa? – Troquei rapidamente de assunto.

— Fale...

— Se Namjoon e Seokjin não se pegarem hoje, o pegue. – Me afastou do abraço, dando-me um tapa no braço.

— Pegar o Namjoon? Ele é meu amigo.

— Qual é? Amigos podem se beijar!

— Posso dar minha opinião sobre uma coisa? Resolva as coisas com o “FDP” e vá dar a bunda depois!

— O amor é recíproco.

 

Estou chegando apenas para te segurar

 

Precisava resolver.

Com certa pressa, fui à saída do prédio após me despedir devidamente de alguns de meus convidados e conhecidos. Entrei em meu carro e encarei minha aparência no retrovisor.

Estou fazendo a coisa certa, estou tentando fazer a coisa certa. Preciso encarar a minha vida, preciso encarar o meu passado!

 

Estou chegando apenas para te mostrar que está errado

 

Dirigi ao meu antigo orfanato, o nosso ponto de encontro. Minha falha tentativa de manter a calma foi executada, e com rapidez cheguei ao meu destino. O orfanato era a poucos quarteirões do prédio e era fácil de acha-lo, quer dizer, era um lugar queimado e esquecido pelas almas vivas.

Trêmulo, continuei dentro do carro por alguns segundos. Encarava o que um dia foi meu lar, o meu melhor abrigo. Lambi meus lábios, doía ver os rastros do incêndio, os rastros da minha vida queimados e destruídos.

 

Do lado de fora, as folhas secas são sopradas antes de morrer

 

Saí do carro, abri o portão enferrujado com lentidão, cheguei a pensar na hipótese de fugir e deixar essa conversa para outra hora, porém não seria a primeira vez que eu faria isso.

 

Haviam árvores para pendurar suas cordas

 

Quando entrei no condomínio todas as memórias daquele lugar contagiaram minha mente. Crianças correndo, visitantes escolhendo a dedo o futuro filho, brincadeiras de mau gosto e a incrível rejeição que eu sempre recebia por meus desenhos serem estranhos.

 

Cada ocasião, estarei pronto para o funeral

 

Ao caminhar cuidadosamente por um corredor escuro com madeiras velhas, deslumbrei o corpo do indivíduo que eu esperava não ter que ver tão cedo. Inspirei e expirei com dor em meu pulmão, tendo como companhia seu perfume extremamente doce e feminino.

 

Cada ocasião, de um dia de um bilhão, funeral

 

— Oi, pai.


Notas Finais


catchau filho da puta

música: The Funeral - Band of Horses (quem assistiu how i met your mother vai chorar...)

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instagram: https://www.instagram.com/veronicappicinini/?hl=pt-br
carta de um romântico de esquina [namjoon + jungkook]: https://www.spiritfanfiction.com/historia/carta-de-um-romantico-de-esquina-15790263


| capítulo corrigido |


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