História Neuheit - Quarto.

Os três percorreram afobadamente o corredor que separava o quarto de Wonho da sala, lugar de onde tinham ouvido um grito. Ao chegar no destino, encontravam-se ofegantes, já que tinham saído em disparada, e sem entender nada. 

Tudo que viam era Minhyuk parado no meio da sala com as mãos na cintura e uma expressão de revolta, olhando para o que parecia ser um cartaz, colado na tela da televisão. Logo suposições do tipo "a tv deve ter pifado e ele ficou bravo" começaram a surgir na mente de Wonho, mas foram um tanto quanto equivocadas. 

— Por que caralhos você 'tava gritando? — Hyungwon foi o primeiro a se pronunciar, saindo do lado dos mais velhos e indo em direção ao loiro. Minhyuk apenas fez sinal com a cabeça para que Hyungwon lesse os dizeres no cartaz escrito em letras grandes, e assim o moreno fez. 

— Ah, eu também quero ler, deixa eu ler! — Wonho, o mais velho entre todos os presentes exclamou, disparando (de uma forma um pouco saltitante e bem humorada demais para a situação) em direção aos outros. 

— Isso não faz o menor sentido. — Foi tudo que Hyungwon conseguiu encontrar para expressar-se.

Kihyun fora o último a se juntar a seus mais novos amigos na volta da grande televisão, apenas com o propósito de ler o tal cartaz, e sua expressão de "que merda esses organizadores têm na cabeça" não tardou a aparecer. 

As expressões de todos eram um tanto quanto cômicas, na verdade. É mais do que certo que vários de seus fãs usariam prints dessa parte do episódio como meme. 

— O que é? — Changkyun surgiu do nada, recostando-se no batente da porta da sala. 

— Vem ver você mesmo, suas pernas estão aí pra quê? — Kihyun teve de reprimir uma risadinha ao ouvir Hyungwon dando tal patada no rapper de cabelos platinados e humor oscilante. 

— Eu não, a tv 'tá tão longe... O que é que custa me dizer? — Changkyun respondeu, cruzando os braços; tal ação resultou apenas em um revirar de olhos da parte de Hyungwon. 

— "Nós da produção acreditamos que vocês estejam realmente muito ansiosos para o primeiro desafio, e, consequentemente, primeira eliminação." — Kihyun começou a ler os dizeres do cartaz, enquanto entrelaçava os próprios dedos. — "O melhor é começar logo com isso, então lhes lançamos o primeiro desafio: vocês terão de ficar sem falar. Isto é, se quiserem permanecer no jogo, claro. O primeiro que rir ou falar uma palavra que for será enviado de volta para casa. A partir das 21:00. Boa sorte a todos." — concluiu, jogando-se no sofá assim que pronunciou a última palavra. 

Changkyun permaneceu imóvel, ainda processando tal informação. Será que todas as missões daquele reality seriam naquele estilo, ou era apenas um início mais calmo? Bom, mais calmo pelo menos em teoria. Ficar sem falar nada e nem rir podia parecer algo fácil, mas o platinado considerava mais do que óbvio o fato de que a produção devia ter várias cartas na manga. Enviar alguém pra, pessoalmente, fazer cosquinhas nos participantes, talvez? Ou quem sabe uma ligação telefônica dos maiores ídolos de cada um? Changkyun não tinha certeza. 

Sua única certeza era que ali tinha coisa. 

— Que horas são? — Minhyuk questionou a ninguém em especial e, ao ouvir Wonho lhe informar que passava das oito e quinze da noite, retirou-se, alegando estar indo avisar aos outros sobre o início oficial do jogo. 

"É agora que as coisas começam a ficar tensas", Kihyun dizia para si mesmo. Teria que ter muito autocontrole para não ser vítima de nenhum dos ataques de risos que frequentemente tinha. Verdade, os ataques de risos! O nervosismo começava a tomar conta de si. E se ele fosse eliminado logo no primeiro desafio? Se sentiria muito mal, tinha esperado tanto por aquele reality show, não podia fazer feio em sua estréia no universo da variedade. 

Concluiu que o melhor seria ir para seu quarto e permanecer por lá mesmo. Teria menos chances de interagir com pessoas e assim, automaticamente, teria também menos chances de perder o jogo e ser eliminado. 

Levantou-se do sofá, e estava prestes a iniciar sua caminhada em direção ao quarto três, seu quarto, quando a voz grossa daquele bipolar de cabelos platinados invadiu seus ouvidos. 

— Ya, seu tênis 'tá desamarrado. Cuidado pra não tropeçar e cair um tombo, é bem capaz de fazerem memes com isso e usarem pelo resto do ano. — Certo, aquilo foi realmente estranho. Kihyun, por ter se ocupado demais em pensar sobre o quanto aquela ação do mais novo tinha sido esquisita, acabou por apenas abaixar-se e amarrar os cadarços; em seguida prosseguindo com seu caminho até seu quarto, sem dar nenhum tipo de resposta ao outro. 

Changkyun negaria até a morte o fato de ter se sentido levemente ofendido com a falta de uma resposta à sua preocupação.

                                                                                                      • • • 

Deviam fazer umas duas horas que Kihyun tinha voltado para seu quarto. Duas horas que praticamente se arrastaram, já que o ruivo não tinha absolutamente nada pra fazer e ficava apenas lá, jogado em sua cama, encarando o teto e remoendo o receio de perder o desafio. 

Já fazia mais ou menos uma hora que a competição tinha se iniciado, e a mansão mantia-se mergulhada em um completo silêncio, que só era quebrado vez ou outra quando alguém ia mexer em alguma coisa na cozinha ou derrubava algum objeto no chão. Um tanto quanto sufocante, Kihyun diria. E tinha acabado de começar. 

Estava começando a se questionar sobre se seu gato estaria bem quando leves batidinhas contra a madeira da porta de seu quarto quebraram aquele silêncio agonizante. Estava prestes a abrir a boca e murmurar um "pode entrar" para seja lá quem fosse que estivesse ali, quando lembrou-se da missão. 

Levantou-se da cama, amaldiçoando mentalmente a si próprio por ter quase eliminado-se do jogo, e tão rápido. 

Abriu a porta esperando deparar-se com Daeyeol, seu manager; por tal motivo sentiu-se realmente surpreso ao ver Wonho ali, sorrindo para si. 

Enquanto saía da frente da porta e dava passagem para que o loiro entrasse em seu quarto, Kihyun perguntava-se o porquê do mais velho estar ali. Nem mesmo poderiam conversar sem utilizar mímica, já que estavam proíbidos de falar, caso quisessem continuar no programa. 

O ruivo sentou-se no centro de sua cama, sendo seguido por Wonho, que limitou-se a sentar na beirada, com os pés em cima do tapete felpudo que Kihyun mal conhecia e já considerava horrores. 

Os dois ficaram se encarando durante um ou dois minutos, o cantor novato não tinha a menor intenção de esconder a expressão de ponto de interrogação que seu rosto certamente exibia naquele momento. O loiro rapidamente retirou seu celular de seu bolso e começou a digitar algo no bloco de notas, entregando para Kihyun, que finalmente pareceu entender como iriam se comunicar. 

"Por que você veio pra cá do nada, depois daquela hora que a gente ficou sabendo do desafio?" 

Kihyun encarou a frase por alguns instantes, formulando uma resposta. 

 "Eu 'tava com medo de ter alguma crise de risos no meio de vocês quando a missão começasse. Achei mais seguro ficar por aqui mesmo. Sabe como é, eu sou idiota e tudo mais mas não tem muita graça pra ver em um teto e parede brancos." 

Hoseok sorriu ao ler o que o mais novo tinha escrito. 

"Faz sentido, afinal de contas. Aish, queria poder falar. Sinto falta de ouvir minha linda voz." 

Dessa vez quem sorriu foi Kihyun. O quão convencido aquele hyung poderia ser?

"Nem um pouco convencido você, hein? Mas devo admitir que também queria falar. E ouvir. 'Tá tudo tão silencioso, isso é agonizante."

"Espero que nenhum de nós três seja eliminado, pelo menos não por agora." 

"Nós três?"

"É. Eu, você e o Hyungwon. Vocês são os únicos com quem eu converso por aqui, e eu e você ainda devemos nos tornar bem mais próximos. Já cheguei a comentar sobre minha vontade de ser próximo de você, né?" 

Kihyun sentiu-se um tanto quanto envergonhado e encabulado ao ler aquilo. Então quer dizer que realmente existiam pessoas que o admiravam e queriam tornar-se próximas de si? Ele não podia acreditar, era surreal demais. Ele era apenas mais um cantor como tantos outros. 

"Aish, eu realmente não sei o que te dizer. Um obrigado soaria muito cínico e/ou convencido? Espero que possamos continuar conversando mesmo depois daqui. Aprecio sua companhia, ela é tão agradável." E completou com um emoticon sorridente. Kihyun realmente esperava não estar soando cínico, já que era a última coisa que pretendia. Ele apenas ainda não sabia lidar com todo e qualquer tipo de admiração para consigo. 

"Quem agora não sabe o que dizer sou eu. Acho melhor mudarmos de assunto. Você gosta de Harry Potter?" 

E foi assim que um debate sobre os livros e filmes da saga de J.K. Rowling se iniciou. Ambos eram grandes fãs da história, e não lhes faltava assuntos para dissertar sobre tal. 

"Eu também não consigo escolher meu livro favorito, mas tenho uma leve preferência pelo primeiro, já que me fascinou logo de cara. Eu me tornei um grande viciado em Harry Potter assim que pus os olhos no primeiro parágrafo do primeiro livro. Mas, espera só um minuto. Nos quartos já têm câmeras, encontrei uma aqui um pouco antes de você chegar. E se virem que estamos conversando por escrita e quiserem nos eliminar?" 

De novo o espírito inseguro de Kihyun se fazia presente, mas o motivo não deixava de ser uma coisa com que se preocupar de verdade. Wonho, que agora permanecia deitado no meio do tapete felpudo do ruivo, encarou Kihyun, que encontrava-se sentado no mesmo tapete com as costas na cama,por um instante antes de responder. 

"O primeiro livro é realmente maravilhoso. E sobre sua preocupação, acho e espero que eles não seriam capazes de fazer isso. Porque, veja bem, eles disseram que não poderíamos falar, mas não disseram nada sobre comunicarmo-nos de outras formas."

"Você escreve cada vez mais formalmente, santo Deus. Só por favor certifique-se de não começar a usar palavras difíceis demais, senão não vou entender mais nada. Pareço culto, mas não sou tanto assim." 

"Escrevo? Perdão, eu nem mesmo tava notando isso; podia ter me avisado antes. Enfim, já tá meio tarde. Vou pro meu quarto, meus olhos pesam de tanto sono. Boa noite, Kihyun. E vá comer alguma coisa antes de deitar, todo o mundo jantou e você nem saiu daqui." 

"Vou comer sim, não se preocupe. Boa noite, hyung." Kihyun esperava que Hoseok lesse o que tinha escrito, levantasse e fosse embora, mas ele ainda escreveu uma última coisa no celular. 

"Aliás, acho que o Changkyun gostou, pelo menos um pouquinho, de você. O de cabelo platinado, sabe?" Claro que Kihyun sabia, todo o mundo o conhecia. Aliás, por essa o cantor realmente não esperava. Fitou o celular por uns bons minutos antes de digitar uma resposta. 

"Que viagem, por que você acha isso?"

"Sei lá, ele ficou te olhando desde quando você levantou, amarrou o cadarço e tudo mais, até entrar no quarto. Na verdade ele ainda ficou olhando pro corredor por um tempo depois que você entrou." 

Hoseok não tinha notado que Changkyun tinha dirigido a palavra ao ruivo, e por isso o segundo parou para amarrar o cadarço. Na cabeça de Kihyun, se era assim, ele também podia não ter notado o rapper falando com alguém que estivesse no corredor, ou qualquer outra coisa. Essa história de ficar encarando o corredor devia ter sido apenas a mente fértil de Wonho.  

"Eita. De qualquer forma, ainda acho que isso é viagem sua. Vá dormir, tá ficando cada vez mais tarde. Boa noite, hyung."

Hoseok apenas recolheu o celular, leu o que o outro escreveu, sorriu fraco e se retirou. 

                                                                                                  • • • 

Kihyun despertou com uma voz buzinando nos seus ouvidos. Já começava a se perguntar se a missão tinha acabado e quem teria perdido quando abriu os olhos e se deparou com Daeyeol lhe olhando com uma cara de poucos amigos. 

— Você está atrasado. — Atrasado para quê? O ruivo não lembrava de ter ouvido qualquer pessoa lhe dizer sobre horários que teria de seguir durante as filmagens. — Já 'tá todo o mundo lá na cozinha tomando o café da manhã, e você aqui, roncando. Será que roncar te elimina do jogo? Tomara que sim, já não aguento mais ficar aqui. Quero voltar pra minha casa, a cama do quarto em que eu estou ficando é dura demais. Se eu tiver problema de coluna por causa dela no futuro, pode ter certeza de que vou processar o canal desse programa. — Não importava o dia ou situação, Daeyeol nunca pararia com suas reclamações matinais. E daquela vez, Kihyun não podia nem mesmo lhe pedir licença ou alegar estar com dor de cabeça para ficar um pouco sozinho. Maldita missão.

Depois de um verdadeiro jogo de mímica para o manager entender que Kihyun queria ficar sozinho pra se trocar, o ruivo finalmente pôde ouvir o silêncio e suspirar, aliviado. Na noite anterior tinha querido tanto poder ouvir a voz de alguém, e agora que podia ter isso, almejava silêncio novamente. Confuso, muito confuso. 

Enquanto se trocava, após jogar algumas peças qualquer de roupas sobre as duas câmeras que tinha localizado em seu quarto, Kihyun pensava sobre o quanto aquilo lembrava os jogos de vaca amarela que brincava na sua infância. Bons tempos, boas memórias. Às vezes o cantor se pegava sentindo uma enorme saudade de sua infância. 

Mas agora não era hora para aquilo, por isso tratou de afastar aqueles pensamentos o mais rápido que pôde, colocando uma touca na cabeça ao mesmo tempo que abria a porta do quarto, para sair do cômodo. Após uma breve passada no banheiro do final do corredor, onde tinha levado Hyungwon no dia anterior, o ruivo dirigiu-se à mesa da cozinha. Apenas Jooheon, Shownu e Changkyun ainda estavam comendo. Fez uma breve reverência aos três, mais uma vez pensando sobre o quanto gostaria de poder falar qualquer coisa agora. 

Changkyun já estava surtando internamente por causa daquele jogo. Na teoria era realmente fácil, mas não tinha podido nem mesmo direcionar um "bom dia" a seu manager hyung naquele dia. Ou reclamar sobre a madeira barulhenta do chão daquela casa e o tamanho de seu quarto, novamente. E muito menos comentar sobre os cabelos desorganizados de Kihyun, que mantinham-se debaixo de uma touca. 

Realmente agonizante. Quando aquilo tudo acabasse, Changkyun achava que conversaria até com Hyungwon, e o rapper nem mesmo ìa com a cara dele. 

Aish, o que ele estava pensando? 

O de cabelos platinados bufou irritado, levantando-se de onde estava sentado e saindo do cômodo na sequência. Ao chegar na sala, deparou-se com um filme de comédia passando na televisão, e Hyungwon esparramado no sofá enquanto assistia ao mesmo, concentrado, porém sem soltar um risinho sequer. Que autocontrole todo era aquele? 

Changkyun ficou parado assistindo ao filme por cerca de cinco minutos, mas decidiu sair logo dali. Era realmente cômico, e por mais que o platinado não risse de qualquer coisa, o melhor era não arriscar. 

Dirigia-se para o banheiro quando foi parado por Park Yujin, a apresentadora do programa. Ela foi curta e grossa consigo: 

— Se arrume. Estamos indo fazer compras.

                                                                                                                        • • • 

Changkyun já esperava por algo daquele tipo, mas ir para um shopping não tinha mesmo passado pela sua cabeça. Pelo menos não antes de ter de se arrumar às pressas, já que em pouco tempo ele e os outros artistas estariam dentro de uma van, a caminho de um dos maiores shoppings de Seul. 

Passaram praticamente o caminho todo questionando um ao outro com o olhar sobre o que estaria acontecendo ali. Quero dizer, menos o platinado, que quase cochilou com a cabeça encostada na janela da van. 

Ao entrarem no shopping, literalmente todos os olhares se voltaram para eles. Quem não os conhecia, olhava por conta das inúmeras câmeras que a produção carregava, a maioria delas voltada para os artistas. 

Andaram um pouco dentro do lugar, até serem orientados a pararem em frente a uma espécie de fonte; era o melhor lugar para começarem as gravações daquela parte do episódio. Logo todas as câmeras voltaram-se para a apresentadora, Park Yujin, e os participantes. 

— Olá, telespectadores! Eu sou Park Yujin, e estou aqui com os participantes do seu novo reality show favorito. Eu realmente queria dizer o nome do reality com uma enorme exclamação animada, mas ainda não posso fazer isso, já que não temos um nome. Por isso, antes de ir ao que interessa, gostaria de convidar todos a acessar o site da KBS, que vai estar aparecendo aqui na tela — levou a mão direita até a altura do queixo e apontou para baixo com o dedo indicador; com uma pequena edição no vídeo, o site mencionado apareceria no exato lugar onde ela apontava — e votar na enquete que pergunta sobre o nome de nosso programa.

Os artistas, ao lado da mulher de meia idade, permaneciam quietos, parados e sérios. Até porque não podiam fazer nenhum comentário. Pelo menos se quisessem estar nas próximas gravações. 

— Bem, mas chega de enrolar. Hoje eu estou aqui com eles, os participantes de nosso reality que em breve terá um nome. — Acenaram brevemente quando o foco voltou-se para eles. — E está tão silencioso aqui, né? Eu mesma não aguento mais ouvir apenas minha própria voz. Mas há um motivo, eles já estão no meio da nossa primeira missão de eliminação; se você está assistindo ao programa desde o início, certamente sabe qual é. E agora nós estamos aqui no shopping para que eles possam provar que são dignos de continuar no programa.

Certamente quase o shopping inteiro reconhecia a apresentadora e pelo menos alguns dos artistas quando passava, mas ninguém se atreveu a atrapalhar a gravação, o que era bem admirável. 

— Basicamente eu vou passar a cada um de vocês uma pequena lista de itens que precisam comprar, juntamente com o dinheiro necessário. Vocês só vão poder voltar para casa quando me trouxerem, exatamente nesse local, todos os itens da lista. Ah, e não se esqueçam que vão ter de comprar tudo sem dizer uma palavra. Quem não conseguir, perde a missão. — Dito isso, um membro da produção apareceu em frente às câmeras, distribuindo aos artistas um papel amarelado para cada um, com a lista de itens escrita à mão com canetinha azul escuro. A caligrafia da pessoa que escreveu era muito bonita, por sinal. Junto da lista com cinco itens, cada um dos participantes recebeu um envelope branco, com certa quantidade de wons. 

Changkyun rapidamente leu o que constava em sua lista: 

1. Um par de meias verde escuro; 

2. Um espanador;

3. Uma caixinha de cotonetes; 

4. Fones de ouvido vermelhos; 

5. Uma moldura de fotografia. 

Arregalou os olhos por um instante, vendo o quão aleatórios eram os itens. Realmente estranho. Aquele programa era muito estranho. 

Espichou os olhos para tentar enxergar os itens na lista de Jooheon, e quase soltou uma risada ao perceber que eram diferentes. Mas uma risada de nervoso, claro. Aquele programa era definitivamente muito esquisito.

Começou a reparar nas reações dos outros ao lerem suas listas; eram dignas de muitos memes. Wonho tinha arregalado os olhos como se tivesse visto um fantasma. Shownu sorria de canto, e Minhyuk só faltava começar a saltitar de empolgação. E Kihyun, bom, ele carregava uma expressão serena. 

Aquilo era estranho, será que o ruivo tinha recebido itens muito fáceis? Talvez ele fosse bom com mímica. Ou podia estar apenas disfarçando o nervosismo. Changkyun nunca saberia, no final das contas. 

A missão foi dada como iniciada, e logo cada um dos participantes ia para um lado; alguns já começavam a entrar em desespero sem nem mesmo ter chegado nas lojas ainda. Aquilo certamente renderia filmagens muito boas. 

Changkyun decidiu começar pelos cotonetes, o que acreditava ser o mais fácil. Era só entrar em uma farmácia, pegar a caixinha, passar no caixa e pronto. Não precisaria falar com atendente nenhuma. 

Entretanto, foi só o platinado colocar os pés para dentro da farmácia e uma menina baixinha, de óculos redondos e cabelos tingidos de ruivo apareceu em sua frente, perguntando no que poderia lhe ser útil. O rapper a dispensou com um aceno de cabeça, e o sorriso que a garota exibia sumiu instantaneamente. 

O platinado nem se importou; provavelmente ela se encantou com as câmeras, e queria aparecer na televisão. Seguiu com sua busca pelos cotonetes, e logo obteve sucesso em encontrá-los: estavam em uma prateleira, ao lado da balança do local. Changkyun sorriu, contido, e apanhou uma das caixinhas, dirigindo-se para o caixa. 

— C-com licença... Você por acaso é Lim Changkyun? — Antes mesmo que o platinado pudesse achar que aquela parte da missão tinha sido fácil, uma garota de cabelos compridos e quase na sua altura o parou, hesitante. 

O rapper teve de utilizar muito de seu autocontrole para não bufar em frente a garota, antes de assentir fracamente. 

— Omo, minha amiga é muito sua fã! Você pode deixar um autógrafo aqui pra ela, por favor? Seu nome é Chaesool. — E então um caderninho de capa verde foi estendido para Changkyun, junto com uma caneta azul. O platinado se obrigou a esquecer do mal humor que sentia por ter sido abordado durante alguns segundos, enquanto escrevia para sua fã. Não queria transparecer sua irritação no autógrafo, já que ela não tinha culpa. Além de que Changkyun queria ver os fãs felizes; seria muita mancada sua decepcionar a tal Chaesool. 

Sorriu após desenhar um coração desajeitado e entregar o caderno novamente para a garota, se curvando e saindo na sequência, sem que ela nem mesmo tivesse chances de dizer mais alguma coisa. 

Ele ainda tinha muitas compras a fazer.