Se teve uma coisa que Changkyun nunca gostou, foi de se abrir muito. Preferia guardar suas ideias e sentimentos para si; parecia ser a coisa mais segura para eles. Mas depois de conhecer Minseok e se tornar próximo do manager, ainda antes de debutar, isso pareceu se tornar uma missão cada vez mais difícil: quando percebia, já tinha se aberto com o outro, e daquela vez não foi muito diferente.
— Eu não acredito nisso. Vocês tiveram que esperar eu sair pra se beijarem? Eu queria ter assistido. Estou extremamente decepcionado com você, Im Changkyun.
Em resposta, o platinado só sabia rir. Uma risada nervosa, claro.
— Você é ridículo — sibilou, colocando mais um bolinho de arroz na boca. O bom daquele programa era que eles não precisavam se preocupar com as dietas rígidas que seguiam normalmente.
— Por que ridículo? Eu não sou ridículo, eu sou completamente normal. E você faça o favor de me respeitar, eu sou seu manager e sou mais velho que você — reclamou, de boca cheia. Ele realmente parece uma criança. Que tipo de adulto fala de boca cheia?, Changkyun se perguntava.
— Está bem, está bem, desculpe, Hyung — cedeu. — Mas você não está entendendo o meu problema.
— É claro que eu não estou entendendo o seu problema, você sequer me falou sobre ele ainda. Tenho muitos talentos, mas adivinhação não é um deles. — Certo. Minseok estava umas trinta vezes mais insuportável do que o normal naquele dia. Changkyun não sabia porque ainda insistia em falar com ele.
— Pelo amor de deus, Kim Minseok, pense um pouco. Nós estamos em um reality show, sendo monitorados vinte e quatro horas por dia, lembra? É óbvio que as câmeras pegaram aquilo. Se for transmitido, nós dois estamos basicamente mortos — resumiu, sentindo-se extremamente impaciente. Seu manager já tinha tido um raciocínio mais rápido.
— Ah, é só isso? — Minseok respondeu, uma expressão despreocupada no rosto. — Nem esquenta sua cabeça com isso, não vão nem cogitar colocar isso no ar. Tenho certeza de que a KBS não tá com nem um pouco de vontade de receber um processo da Starship ou até seu ou do Kihyun, relaxa. — O mais velho nem terminou de falar e já ia se levantando do tapete do quarto, oficialmente seu lugar favorito da casa. — Os bolinhos de arroz acabaram e eu quero mais, 'tô indo lá na cozinha buscar, você vem comigo ou vai ficar aí fazendo drama por causa de nada?
Changkyun bufou, sem saber se estava se sentindo mais irritado ou preocupado. Sua carreira inteira estava completamente em jogo naquele momento e Minseok estava dando mais atenção para os bolinhos de arroz do que para ele, seu suposto dongsaeng favorito.
Acabou por se levantar também.
— Aish, não se fazem mais hyungs como antigamente, mesmo — resmungou, baixinho, mas é claro que o outro ia ouvir mesmo assim. Seu manager só era tonto quando queria. — Okay, vamos buscar mais bolinhos de arroz, só porque eu ainda estou com fome — concordou, passando as duas mãos por suas roupas, em uma tentativa claramente falha de desamassá-las um pouco.
Minseok sibilou alguma reclamação do tipo "nesse antigamente aí você nem era nascido, para de reclamar", a qual Changkyun ficou com preguiça de responder, e ambos foram em silêncio até a cozinha.
— Meu Deus! — Não deviam fazer nem dois minutos que o mais velho estava enchendo uma tigela com bolinhos de arroz como um legítimo morto de fome quando Changkyun exclamou, extremamente assustado com o que tinha passado por sua cabeça.
— O que foi dessa vez, imundícia? — Kim Minseok estava ficando cada vez mais amoroso, confirmado cientificamente por Im Changkyun. Ainda bem que o platinado estava ocupado demais ficando assustado para dar atenção ao que o manager tinha dito, senão ambos acabariam discutindo de novo. Obviamente, nada sério, já que não viviam um sem o outro (faltavam só que admitissem).
— As câmeras também pegaram aquela nossa conversa no quarto. Sabe o que isso significa? — O platinado começou, com uma expressão de terror. Minseok o respondeu com um arquear de sobrancelhas não muito interessado. — Significa que eles podem usar aquele vídeo também, fazer um mega evil edit e uma historinha inteira inventada sobre mim e Kihyun, apenas para receber audiência. Minha carreira está acabada, e eu nem lancei meu primeiro full álbum ainda! — dramatizou, preocupado de verdade com o que os editores do vídeo poderiam fazer com ele.
Seu manager teve de rir antes de responder, colocando o último bolinho de arroz dentro da tigela:
— Eu tenho certeza absoluta de que nenhum dos editores da KBS vai ter pensado nisso até assistir a essa filmagem, Changkyun. Mas você deu essa super ideia para eles, meus parabéns — Minseok parabenizou, extremamente sarcástico, e Changkyun só faltou morrer de desespero ao ouvir o que seu hyung tinha dito. O mais velho, por sua vez, não conseguia parar de achar graça em toda aquela preocupação de Changkyun: em sua cabeça, era óbvio que nada daquilo seria transmitido, mas o outro não conseguia pensar daquele jeito de forma nenhuma.
— A minha carreira está sendo destruída ao vivo aqui e você continua rindo sem parar — Changkyun reclamava enquanto andavam de volta para o quarto. — Esperava mais de você, Kim Minseok, sinceramente.
— Estou rindo de como você está se preocupando á toa. É claro que nenhuma dessas filmagens vai ser transmitida, você já foi mais racional antes, Changkyun.
O mais novo bufou em resposta.
— Como você pode ter tanta certeza?
— Olha só, esses dias eu fiz amizade com um cara que trabalha com os vídeos, se você quiser que eu fale com ele e peça pra ele apagar, eu falo, tudo bem? Agora vê se acalma um pouco esse coração que você tá muito nervoso por nada. Pega um bolinho aí — Minseok finalmente ofereceu uma solução realmente plausível nos critérios de Changkyun, logo em seguida literalmente enfiando um bolinho de arroz na boca do mais novo, que tentava abrir a porta do quarto.
Mais um dia normal.
•
Dois dias se passaram, e Kihyun encarava o relógio só faltando começar a roer as unhas devido ao nervosismo: marcava meio dia em ponto, horário em que as letras das músicas que eles tinham escrito seriam finalmente apresentadas ao público. Um monte de perguntas passavam ao mesmo tempo por sua cabeça e ele mal conseguia processá-las direito, muito menos respondê-las. A única certeza que tinha era que esperava do fundo do seu coração que o público gostasse da música que ele e Changkyun tinham escrito com tanto esforço.
Não que o processo tivesse sido realmente complicado ou qualquer coisa do tipo; na realidade, tinha sido mais divertido e prazeroso do que qualquer outra coisa. Os dois estavam cheios de ideias e realmente empolgados com a missão quando se encontraram para começar, tanto que acabaram fazendo tudo de uma vez. Decidiram não mexer muito depois de pronta, apenas uma revisão para garantir que não tivesse erros gramaticais e de concordância, não querendo mexer muito no texto e, mesmo sem intenção, tirar dele o sentimento que tinham conseguido passar enquanto escreviam. Nenhum dos dois poderia dizer que estava insatisfeito com o resultado, pois seria a maior mentira: ambos tinham ficado extremamente orgulhosos do bom trabalho que tinham feito. Kihyun até se sentia mais confiante em escrever letras, e planejava não demorar muito para escrever sua próxima.
Sem tirar os olhos da tela do celular por nem um instante, o ruivo atualizou o site da KBS e lá estavam as letras das músicas, um título chamativo em negrito e uma pequena explicação do que exatamente era aquilo, junto com dizeres pedindo que ninguém deixasse de escolher sua favorita. Kihyun rapidamente passou os olhos pela letra que tinha escrito com Changkyun, um pouquinho arrependido de não ter feito uma revisão geral melhor, com medo de que o público encontrasse erros que tivessem passado despercebidos por ele e o mais novo.
Bufou, tentando aceitar que não tinha nada que pudesse fazer por si no momento, e largou o celular em cima da cama, levantando-se para ir beber água na sequência.
Espero que entendam a mensagem que nós quisemos passar com a letra, pensou quando pôs os pés no corredor. Inclusive teria continuado com a cabeça nisso durante um longo tempo caso não tivesse topado com Hyungwon e Hyunwoo passando no corredor; assim que avistou os dois que, temporariamente, eram seus rivais, Hyungwon não pôde deixar a chance de uma implicânciazinha de brincadeira passar:
— E aí, já estão preparados para a derrota?
Shownu deixou uma risada sarcástica e propositalmente alta sair antes de responder.
— Quem deveria se preparar para perder é você! Não vai ter uma pessoa que não se apaixone pela letra que eu e o Jooheon escrevemos. Só não chorem quando forem eliminados depois de amanhã — se gabou, parando encostado à parede branca e cruzando os braços.
— Você só está achando isso porque não leu a minha e do Changkyun — Kihyun começou, aparentando mais confiança do que realmente sentia. Não que estivesse realmente inseguro, era mais nervosismo do que qualquer outra coisa. — Quando ler, quem vai chorar é você de arrependimento por não ter tido uma ideia tão genial quanto nós tivemos. — E saiu andando assim que terminou de falar, deixando Hyungwon e Hyunwoo continuando com a briguinha de brincadeira.
Soltou uma risada enquanto ainda andava; todo aquele clima bom de camaradagem era realmente animador, ainda mais por ser diferente do esperado para um programa cheio de competições como aquele. O ruivo tinha se perguntado muito sobre se os participantes do programa iam ser extremamente competitivos uns com os outros ou fazer amizade, e ficava extremamente satisfeito em saber que estava mais para a segunda opção.
Porém o ruivo mal colocou os pés na cozinha e já deu de cara com uma pessoa que claramente estava bem mais mal-humorada do que os dois que Kihyun tinha visto anteriormente. Changkyun abaixava-se para juntar uma jarra de suco que aparentemente tinha derrubado no chão, ao mesmo tempo em que soltava xingamentos baixinho.
— Teria sido pior se ela tivesse quebrado — o mais velho comentou, observando a jarra de vidro que, por mais que tivesse derrubado boa parte de seu conteúdo sobre o tapete branquinho da cozinha, continuava intacta.
Changkyun se assustou um pouco ao ouvir a voz do outro; tinha a mais absoluta certeza de que estava sozinho no cômodo.
— Aish, quando foi que você surgiu aqui? Quase me mata do coração! — reclamou, levantando-se e indo colocar a jarra dentro da pia. Podia até limpar o chão sujo de suco porque tinha sido culpa sua, mas o platinado definitivamente não ia adotar a tarefa de lavar a louça. Ainda mais ele, que detestava tanto aquela tarefa.
— Foi mal, eu não percebi que você estava distraído — Kihyun se desculpou, parando em frente à parte do chão molhada pelo suco e sentindo-se internamente feliz pelo outro estar (aparentemente) normal consigo depois do que fizeram. Não esperava que o outro passasse a ignorá-lo na cara dura ou qualquer outra coisa assim, mas nunca se sabe, e ele definitivamente não conhecia Changkyun o suficiente pra afirmar qualquer coisa sobre ele com certeza.
— Eu te desculpo, mas você me ajude a limpar essa bagunça aqui porque eu não estou com nem um pouco de vontade de receber bronca de staff — o platinado pediu, sentindo-se meio idiota com a proposta.
Kihyun apenas assentiu e disse que tudo bem, indo procurar algum pano para tirar o excesso de suco do chão antes de qualquer outra coisa. Voltou em menos de um minuto com um rolo de papel toalha, ajoelhando-se no chão e começando a colocar várias folhas uma em cima da outra sobre o líquido, embora o papel não estivesse exatamente dando conta do serviço.
Changkyun soltou um riso baixo.
— Sua técnica não me parece muito eficiente — comentou, agaixando-se e começando a ajudar o outro.
— Foi o que deu pra conseguir. Deixa que eu faço isso daqui e vai colocar aquele tapete pra secar, por favor — pediu, extremamente concentrado a ponto de não tirar os olhos do que estava fazendo nem para olhar para o outro.
Changkyun apenas concordou, não querendo atrapalhar o mais velho.
— Já passou do meio dia? — o platinado perguntou, voltando de onde tinha largado o tapete para secar. Kihyun já tinha terminado de secar o chão (o que pareceu extremamente rápido para Changkyun, visto que quando ele tinha saído as coisas ainda estavam um caos) e bebia um gole de àgua em frente à geladeira.
— Já, faz um tempinho.
— Aish, o Minseok Hyung vai me bater; ele disse que era pra mim estar no quarto pra gente ver os comentários sobre as músicas ao meio dia em ponto, e ele é aquele tipo de pessoa que não gosta de atrasos. Você quer ir comigo? Já deve ter um monte de comentários sobre a nossa música — chamou, já perto da porta da cozinha. A pressa era real, assim como a chatice de Minseok com relação a atrasos.
— Ah, eu quero sim, mas pode ir indo na frente que eu vou no meu quarto ligar para a minha mãe antes e pedir pra ela ver as músicas também — Kihyun explicou, morrendo de preguiça de se levantar da cadeira onde estava sentado e ir fazer qualquer coisa, mesmo que tivesse gostado da ideia de ir ver as coisas com Minseok e Changkyun. Ele realmente tinha que falar com sua mãe, de qualquer forma.
— Tudo bem, vou dizer pro Minseok Hyung te esperar chegar pra depois a gente começar a ler tudo. Você já viu alguma coisa? — Changkyun concordou, pensando que talvez estivesse na hora de ele contatar seus pais também.
— Nada, só conferi se as coisas tinham sido lançadas mesmo. A gente nunca sabe, né — o mais velho contou, passando a mão pelos cabelos e, antes que um silêncio estranho se instalasse no local, continuou a falar: — Se eu fosse você parava de enrolar e ia logo, seu manager é muito legal mas ele pode querer te matar também — aconselhou, bem humorado. Changkyun soltou um riso baixo.
— Você 'tá certo, eu vou lá. E, Kihyun? — chamou. O ruivo estranhou a mudança de tom de voz repentina do outro.
— Sim?
Changkyun não disse nada; simplesmente andou até onde Kihyun estava sentado, inclinou seu corpo para a frente e deixou um selar nos lábios do outro. O mais velho obviamente assustou-se com o ocorrido, conseguindo processar o que exatamente tinha acontecido só depois de Changkyun se separar dele e sair marchando em direção ao quarto com uma pressa nunca vista antes.
— Por que eu fiz isso? Foi tão idiota — se perguntou, pouco antes de abrir a porta e dar de cara com um Kim Minseok roncando e babando no seu travesseiro.
A cena foi revoltante o suficiente para fazer com que Changkyun, pelo menos momentaneamente, se esquecesse da coisa idiota que tinha acabado de fazer e se preocupasse mais com tirar seu Hyung dali o mais rápido possível. Onde é que já se viu, dormindo na cama de Changkyun! E ele com certeza estava mais do que ciente do quanto o outro detestava que mexessem em sua cama, quanto mais dormir nela!
— Hyung! — chamou, o tom de voz bem alto logo de cara. — Hyung, eu não deixei você dormir na minha cama! Você bagunçou todos os lençóis, olha pra isso, tava tudo tão bem arrumadinho antes de eu sair! — reclamou, e Minseok já acordou rindo dos exageros do outro. O que tinha de tão horrível em alguém bagunçar um pouquinho a cama? Changkyun era muito exagerado.
— Changkyun, você finalmente está aqui! — começou, tentando tirar o foco da conversa dos benditos lençóis, antes que o platinado se irritasse. Da última vez que isso tinha acontecido, o mais novo tinha passado um mês inteirinho reclamando do maldito dia em que seu manager bagunçou a sua cama. E Minseok nem tinha dormido lá, ele apenas se sentou para assistir a um vídeo no celular. — Você demorou demais, Im Changkyun, eu não disse que te queria aqui ao meio dia em ponto? Está atrasado, e eu não tolero atrasos; fiquei tanto tempo te esperando que o tédio me consumiu e eu peguei no sono sem querer. — Minseok se levantou da cama do mais novo, que foi direto arrumar tudo como se sua vida dependesse disso. Um baita de um exagerado, nos conceitos do manager.
— Eu até posso ter me atrasado — Changkyun começou, sentando-se na cama após esticar os lençóis —, mas você dormiu na minha cama então estamos quites. Não pode reclamar de mim.
— Você também não pode reclamar de mim, então — o mais velho observou, dessa vez sentando-se no tapete do chão em vez da cama do platinado.
— Acho justo — Changkyun concordou, pegando seu celular e indo responder alguma mensagem qualquer que tinham lhe mandado. — E eu estava falando com o Kihyun e chamei ele pra vir ver os comentários com a gente, então não podemos começar antes de ele chegar — contou.
— Ah, então quer dizer que você estava com o Kihyun, é? — Minseok perguntou, erguendo as sobrancelhas sugestivamente e entrando em seu modo implicante completamente do nada.
— Aish, lá vem você com isso de novo! Nem começa, tá bom? — o platinado reclamou, parecendo idêntico a um adolescente do ensino médio quando descobrem sobre a pessoa que ele gosta.
— Ih, tá de mau humor? Levou um fora ou o quê? Não posso mais nem brincar, que horror. Você já foi mais legal comigo, Changkyun. Sua puberdade chegou mais tarde ou o quê?
— É só que você tá mais chato do que o normal essa semana — observou, abandonando a posição anterior, em que estava sentado, e deitando-se na cama.
O manager apenas riu, desacreditado do que estava ouvindo, e os dois ficaram em silêncio por alguns instantes: Changkyun ainda conversando no celular, Minseok xeretando em um livro que tinha encontrado perdido pelo quarto mais cedo.
— Hyung? — o mais novo chamou, de repente parecendo um pouco envergonhado. Minseok estranhou.
— O que que foi, criança? — respondeu, esperando ouvir mais alguma besteira.
— Será que aquele seu novo amigo que edita os vídeos poderia apagar outra filmagem com beijo?
•
Changkyun parou em frente ao quarto número três, um pouco envergonhado em bater na porta, embora não tivesse certeza sobre se realmente haviam motivos para isso. Talvez se metade das besteiras que Minseok tinha dito depois de saber que ele e o ruivo tinham se beijado de novo fossem verdade, ele pudesse realmente ter algum motivo pra ficar com vergonha de bater na porta do quarto do outro.
Mas enquanto elas continuassem sendo apenas idiotices que passavam pela cabeça de vento de Kim Minseok — e Changkyun esperava que continuassem sempre sendo —, ele não tinha nenhum motivo para não bater na porta de seu parceiro de missão, e foi isso que o fez destravar e dar míseras três batidinhas na porta de madeira branca.
O platinado esperou um, dois, três minutos e nada além de uma conversa aparentemente amigável do outro lado se fez notável; não querendo atrapalhar Kihyun e seja lá quem fosse a outra pessoa, já estava virando-se para ir embora quando o volume das vozes começou a se fazer desnecessariamente alto. Não precisava de muita inteligência para presumir que estava acontecendo uma discussão, e o platinado travou no meio do caminho, estranhamente inseguro em deixar Kihyun sozinho discutindo com outra pessoa. Como se ele fosse algum tipo de criancinha indefesa que não sabe se defender direito, Changkyun zombou mentalmente da própria preocupação. Mas mesmo assim não conseguiu sair do lugar, tentando entender as palavras que vinham do outro lado da porta até que, em um ato infinitamente impensado e irracional, saiu abrindo a porta e entrando no quarto alheio com tudo, uma expressão autoritária de quem chegava na própria casa.
— É inacreditável que você esteja fazendo todo esse escândalozinho só porque eu não quis te dizer qual a minha música — retrucou Kihyun a qualquer fosse o que o outro cara tivesse falado, rindo com escárnio. — Sinceramente, Daeyeol, isso aí que você chama de comportamento é mais... — interrompeu sua fala completamente na metade quando notou a presença de um Changkyun completamente arrependido de sua impulsividade que não se encontrava ali dois minutos antes.
— De onde você surgiu? — aquele cara alto, de cabelo azul desbotado e expressão nada amigável indagou para Changkyun, franzindo as sobrancelhas.
Changkyun piscou os olhos frenéticamente, se sentindo meio abalado pelo clima irritadiço do local. O olhar intimidante do outro cara o impedindo de se sentir confiante para dizer qualquer coisa para ele, virou-se para Kihyun:
— Você estava começando a demorar demais, aí o Minseok Hyung me pediu para vir te chamar... Eu não pretendia incomodar. — O jeito como sua voz soava baixa e assustada irritava Changkyun mais do que qualquer coisa o tinha irritado antes, mas ele não conseguia fazer nada para impedir aquilo de continuar acontecendo.
— Ah, eu não sabia que você tinha um compromisso marcado com o seu namoradinho — Daeyeol, o manager de Kihyun que Changkyun até o momento não tinha conhecido, fez questão de deixar sua voz sair bem alta, aquele tom sarcástico que sempre usava quando queria tirar o ruivo do sério. Não teve uma vez em que não funcionasse. — Podem ir, eu não estava com muita paciência para acabar com isso agora, mesmo. Apenas não se esqueçam de que as câmeras estão em todos os lugares, e coisas que não se quer podem acabar indo para o ar. — Daeyeol saiu porta afora, sentindo-se muito inteligente pelo projeto de ameaça que tinha feito, embora soubesse que na verdade a influência que tinha para fazer com que qualquer coisa que quisesse fosse transmitida era menor que zero.
Vendo-se finalmente livre da presença de seu manager, Kihyun suspirou, sentando-se no chão mesmo e parecendo exausto.
— Você está bem? — Changkyun questionou, feliz por estar novamente com grande parte da confiança de sua voz, que soava alta novamente.
— Talvez esteja na hora de você começar a me chamar de Hyung. Sabe como é, eu sou mais velho — Kihyun respondeu, ignorando completamente a pergunta do mais novo.
Changkyun assentiu, entendendo que talvez o outro não estivesse com vontade de falar sobre aquele assunto agora, e logo ambos andavam em direção ao quarto de Changkyun, o mais velho sinceramente esperando conseguir deixar pra trás todo aquele clima ruim que o projeto de discussão tinha colocado sobre si.
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