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História Nevasca - Morte?


Escrita por: zCorvosVoadores

Capítulo 5 - Morte?


Pov. Tobias (Quatro)

 

 

Horas de comilança e conversas educadas e calculadas, depois, Minha mãe decide ir embora.

Não seria bom para uma criança como Melissa ficar até tarde da noite acordada.

Chegando em casa, deixo que os outros passem primeiro. Não tenho pressa alguma. Principalmente porque acabo de sair de um funeral, seguido por um “Café de Melhore seu humor”. Algo do tipo: “Foda-se a Pearl, vamos comer, afinal, quem já morreu é ela e não nós.”

Terrivelmente indiscreto.

Mesmo com a neve caindo sobre os ombros e se acumulando no meu cabelo, permaneço estático. O que nessa vida vale a pena? Giro a cabeça para os lados, branco por todos os lugares, casas de luzes apagadas, portas e janelas fechadas.

Então, vejo Tris. Ela está na casa vizinha da nossa.

Tris, com seus cabelos soltos e braços cruzados, olha para o céu. Parece distante...

Tiro um pouco de neve do cabelo e caminho até ela, que nem nota minha presença. Toco seu ombro. Ela se assusta, mas depois ao me ver, se tranquiliza.

- Ah, é você. – Ela diz.

- Esperava quem? – Sorrio – Jesus?

Arranco um pequeno sorriso em seu rosto.

- Na verdade, não.

- Estranharia se estivesse esperando. – Esfrego as mãos e as enfio no bolso do casaco.

Uma pequena pausa. Tris descruza os braços e passa a mão por sobre o cabelo.

- Estou aproveitando meu final de dia.

- Ãn, como assim? – Franzo a sobrancelha.

Um pequeno riso.

- Qualquer um pode morrer a qualquer momento, em qualquer dia e hora. Vivo cada um dos meus dias como se não houvesse amanhã.

- Isso é loucura. – Balanço a cabeça.

- Não é não. Imagine, se você soubesse que iria morrer amanhã, não iria aproveitar cada segundo do dia?

Penso por um instante. Ela parece correta, de certo modo.

- Com certeza. – Respondo.

- Pois é. Então, bem-vindo ao meu mundo. – Sua voz parece calma, mas coloca peso sobre cada palavra.

Ainda não entendi aonde ela pretende chegar.

- Me desculpe, mas... Ainda não entendi.

Um suspiro longo, seguido de um toque no meu ombro. Seus olhos encaram os meus com intensidade.

- Eu estou morrendo.

A neve se intensifica, não consigo nem enxergar direito.

- Não, você está bem, não está? – Pergunto confuso e assustado.

- Bem... estou morrendo. – Diz novamente.

Sinto que agora minha ficha caiu. Por que ela estaria morrendo? Por que isso estaria acontecendo com ela? E o mais importante: Pelo QUE ela estaria morrendo?

- Eu... – As palavras se enrolam na minha cabeça.

- Não quero que pense muito sobre isso. – Ela diz convincente. – Vá para sua casa, talvez nós falamos amanhã.

Quero recusar ter que voltar para casa. Quero saber mais sobre o porquê de sua morte e ainda quero descobrir sobre ela. É difícil não se importar com um fato tão grande.

- Mas...

- Não, apenas vá.

Assinto.

E então, cheio de dúvidas e incertezas sobre Tris, volto para dentro de casa. Quente, seguro e confortável. Por outro lado, estou sabendo que alguém mais nessa vizinhança pode morrer. E este alguém é Tris.

 

 

 

 

 

Pov. Beatrice (Tris) 

 

 

Entro em casa e fecho a porta com o trinco.

Se eu não morrer esta noite, amanhã falarei com Tobias. Preciso dele para meu funeral. Preciso que ele faça meu obituário.

 

 

Pov. Tobias (Quatro)

 

 

Assim que deito a cabeça no travesseiro, milhares de coisas se passam pela minha cabeça.

Tris, neve, morte, família, livros.

São tantas coisas ao mesmo tempo. Coisas das quais realmente me importo, mas em cada uma delas, encontro receio.

Deixo tudo separado em um compartimento na minha cabeça, e digo que é hora de dormir. Devo esvaziar qualquer coisa que possa me proporcionar um pesadelo. Ficar vazio. Uma tarefa bem fácil.

Reviro-me na cama e seguro meu cobertor com força.

Ouço batidas na porta.

- Pode entrar. – Digo forçado.

O barulho da porta se abrindo é grande. Ignoro a situação até que ela se feche novamente.

- Eu vi você falando com a Beatrice. – É Christina.

Levanto minha cabeça do travesseiro e a olho.

- O que tem? – Dou de ombros.

Christina consegue se sentar na ponta da cama.

- Ela é minha amiga.

Sorrio surpreso.

- Que bela irmã, nem para me apresentar...

Ela bate no meu ombro e faz uma cara feia.

- Não precisei fazer isso. – Diz rindo. – Sua cara de otário falando com ela é a melhor.

- Eu não fiquei com cara de otário.

- Imagina se tivesse. – Ela abafa sua risada com a mão na boca.

Reviro os olhos e volto a recostar a cabeça no travesseiro.

- Sabe... não que eu ache que você não se importa, mas ela vem aqui amanhã de manhã.

Arregalo os olhos.

- Acho que você quis dizer, se ela estiver viva, não?

- É, esqueci desse detalhe. – Um suspiro escapa de sua boca. – Ela é uma pessoa legal Tobias, mas sinceramente, quando ela fala sobre esse lance de morrer e tudo o mais, a ignoro completamente.

Franzo a testa.

- Que bela amiga.

- Eu sei. – Ela sorri. – Me desculpe, mas não que eu não me importe, mas essa história de morrer sem motivo nenhum é uma...

- Como assim sem motivo nenhum? – Interrompo-a.

Ela parece confusa.

- Tris não te contou?

- Se estou perguntando, é óbvio que não. – Digo seco.

- Que ignorante você hein? – Cruza os braços. – Ok. Tris acha que está morrendo sem motivo algum. Ela nem sequer tem um câncer ou algo do tipo. É tudo ilusão da cabeça dela.

- Está me dizendo que ela é hipocondríaca?

- O que é isso? – Christina pergunta.

- Uma pessoa que acha que está doente, mas não está. – Digo superficialmente. – É isso mesmo?

- Bom, nesse caso, é sim.

O silêncio paira sobre o ar.

Confesso que sinto alívio em saber que ela não está realmente morrendo.

- Bom, acho que vou dormir maninho. Boa noite. – Chris se levanta.

- Boa noite. – Lhe respondo sonolento.

Parece que o sono agora me cai bem. A notícia me tranquilizou.

Decido dormir. Amanhã, de acordo com Christina, Tris virá aqui, e não quero estar morto de cansaço quando isso acontecer. Pelo contrário, quero estar bem acordado. 



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